2 Samuel 7 Estudo: Um Reino Eterno
O capítulo narra que, tendo Davi encontrado descanso de seus inimigos, ele fala ao profeta Natã que habitava em casa de cedros e que a arca do Senhor se encontrava em tendas. O profeta o incentiva, então, a fazer o que melhor lhe parecia.
Após, veio a palavra de Deus ao profeta, o qual aduziu a Davi que o Senhor o daria casa e, quando seus dias se cumprissem, Ele levantaria um descendente de Davi que edificaria uma casa ao Criador.
Deus estabeleceria o reino de Davi para sempre. Por fim, o capítulo mostra Davi, perante o Senhor, oferendo ações de graças.
2 Samuel 7 estudo: Contexto histórico
Davi vai até Baalá buscar a Arca da Aliança. Durante o trajeto de volta, Uzá segura a Arca, após os bois tropeçarem, oportunidade em que morre, devido a ira do Senhor. Por temer, Davi deixa a Arca em Obede-Edom, onde permaneceu por três meses.
Em seguida, ele é informado que a casa de Obede-Edom é muito abençoada por conta da Arca e, então, ele manda busca-la, novamente.
Enquanto trazia a Arca, Davi dançava, fortemente e sacrificava ao Senhor. Mical, ao vê-lo danças, o repreende. As escrituras aduzem que ela nunca gerou filhos.
(2 Samuel 7:1) Deus dá descanso a Davi
v. 1 E sucedeu, quando o rei se assentou na sua casa, e o SENHOR lhe tinha dado descanso de todos os seus inimigos ao seu redor;
Davi havia protegido suas fronteiras e subjugado todos os seus inimigos, e, como consequência, a nação podia desfrutar de descanso de todos os lados. Contudo, tudo isto tinha vindo por intermédio da bênção de Deus.
(2 Samuel 7:2) O coração de Davi
v. 2 que o rei disse a Natã, o profeta: Vê, agora que habito em uma casa de cedro, mas a arca de Deus habita dentro de cortinas.
As palavras de Davi revelaram ainda mais seu coração voltado para o Senhor. Para ele, não fazia sentido que o rei possuísse tanto e a arca de Deus ficasse abrigada apenas dentro de cortinas.
(2 Samuel 7:3) Deus era com ele
v. 3 E Natã disse ao rei: Vai, faz tudo o que está no teu coração; porquanto o SENHOR está contigo.
Natã é chamado em outros lugares de “o profeta Natã” (1Rs 1:8). Aparentemente, ele pensou que não precisaria consultar o SENHOR a respeito da intenção de Davi em construir um templo para Deus, por isso o profeta deu ao rei a sua bênção.
(2 Samuel 7:6) Deus não habitava em casas
v. 6 Ainda que eu não tenha habitado em nenhuma casa desde o tempo em que fiz subir os filhos de Israel do Egito, até este dia, mas eu adentro uma tenda e em um tabernáculo.
Deus havia tirado os filhos de Israel do Egito há mais de 400 anos e os tinha guiado ao Sinai, onde lhes dera os Seus estatutos.
Por todo esse tempo, o Eterno escolheu fazer Sua morada entre o Seu povo em um tabernáculo.
(2 Samuel 7:7) A prioridade divina
v. 7 Em todos os lugares nos quais tenho caminhado com todos os filhos de Israel, falei alguma palavra com cada uma das tribos de Israel, a quem ordenei que alimentasse o meu povo Israel, dizendo: Por que não me edifiqueis uma casa de cedro?
A pergunta de Deus “falei uma palavra com cada das tribos de Israel” dava a entender, talvez, que não era Sua prerrogativa ter um templo. Ele determinou o modo como o Seu povo deveria adorá-Lo.
(2 Samuel 7:8) Davi pastor
v. 8 Agora, portanto, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu te tirei do aprisco, do apascentar das ovelhas, para ser soberano sobre o meu povo, sobre Israel;
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O Senhor havia tirado Davi do aprisco… para ser soberano – de uma profissão muito humilde para a mais elevada posição de liderança na nação.
(2 Samuel 7:10) A terra prometida
v. 10 Ademais, indicarei um lugar para o meu povo, Israel, e os plantarei, para que possam habitar em um local que lhes seja próprio, e não mais se mudem, tampouco os filhos da impiedade voltarão a afligi-los como outrora,
As promessas do Senhor de uma segurança duradoura significavam muito para pessoas cuja vida estava sujeita a invasores estrangeiros ou ataques de tribos locais.
(2 Samuel 7:11) Uma dinastia
v. 11 e desde a época em que ordenei juízes para estarem sobre o meu povo, Israel; tenho feito com que descanses de todos os teus inimigos. O SENHOR também te declara que te edificará uma casa.
O Senhor não consentiu no desejo de Davi de Lhe construir uma casa (templo), no entanto, Ele recompensou o coração do rei construindo-lhe uma casa (dinastia), que seria composta pelos seus descendentes.
(2 Samuel 7:12) O descendente de Davi
v. 12 E quando os teus dias se cumprirem, e tu dormires com os teus pais, prepararei a tua semente após ti, a qual procederá das tuas entranhas, e estabelecerei o teu reino.
Deus prometeu a Davi a dinastia permanente que Saul poderia ter obtido (1Sm 13:13-14).
(2 Samuel 7:13) Um reino eterno
v. 13 Ele edificará uma casa para o meu nome, e eu estabelecerei o trono do seu reino para sempre.
A frase eu estabelecerei o trono do seu reino para sempre não implicava que os descendentes de Davi viveriam para sempre,mas sim sua dinastia e reino.
(2 Samuel 7:14) Uma relação paternal
v. 14 Eu serei o seu pai, e ele será o meu filho. Se ele cometer iniquidade, eu o castigarei com a vara dos homens, e com os açoites dos filhos dos homens;
O conceito de castigar implica repreensão ou correção, mas geralmente com boa intenção (Is 2:4).
(2 Samuel 7:15) A misericórdia divina
v. 15 porém a minha misericórdia não se retirará dele, como a retirei de Saul, o qual eu retirei de diante de ti.
Deus prometeu a Davi o Seu amor (Heb. chesed). Esta é uma palavra rica, incluindo tudo o que sucederia à linhagem de Davi por ele pertencer a Deus. Por outro lado, o Senhor tinha retirado esse amor de Saul por causa de seu coração tíbio.
(2 Samuel 7:16) Uma linhagem real
v. 16 E a tua casa e o teu reino serão estabelecidos para sempre diante de ti; o teu trono será estabelecido para sempre.
Em termos finais, a promessa de Deus a Davi se cumpriu no descendente mais importante do rei, o Senhor Jesus Cristo, cujo trono seria estabelecido para sempre (Lc 1:32-33).
(2 Samuel 7:18) Ações de graças
v. 18 Então o rei Davi entrou, e se assentou diante do SENHOR, e disse: Quem sou eu, ó Senhor DEUS? E o que é a minha casa, para que tu me tragas para aqui?
As perguntas de Davi: Quem sou eu… o que é a minha casa, revelam como o rei ficou maravilhado diante da graça de Deus para com ele e sua família.
O monarca também considerou essas questões a respeito da humanidade em geral quando escreveu o Salmo 8.
(2 Samuel 7:19) Os planos divinos
v. 19 E isto ainda foi algo pequeno à tua vista, ó Senhor DEUS; mas tu também tens falado da casa do teu servo por um grande período por vir. E é esta a maneira do homem, ó Senhor DEUS?
Davi afirmou que aquilo que o Senhor DEUS (“Adonay YHVH”) havia feito até esse momento nem ao menos desafiou o Seu poder, e era apenas o início daquilo que o Eterno faria através da linhagem do novo rei.
As palavras de Davi E esta a maneira do homem, podem ser traduzidas como “Isto é instrução para os homens” ou “Isto é a instrução dos homens” (“quão grande desígnio para um homem”), sugerem que Davi imaginou que a obra de Deus para com ele pudesse ser um exemplo para toda a humanidade. O Senhor desejava operar por meio de um coração a Ele entregue.
(2 Samuel 7:20-21) O favor de Deus
v. 20 E o que mais Davi pode te dizer? Porque tu, SENHOR Deus, conheces o teu servo.
v. 21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu próprio coração, tens feito todas estas grandes coisas, para fazer o teu servo conhecê-las.
Davi estava cônscio da graça de Deus em sua vida, e afirmou que este feito grandioso que o Senhor tinha prometido aconteceria somente à luz da palavra e do coração de Deus.
(2 Samuel 7:22) Um Deus grande
v. 22 Por que tu és grande, ó SENHOR DEUS; pois não há nenhum como tu, nem há qualquer Deus ao teu lado, segundo tudo o que temos ouvido com os nossos ouvidos.
A afirmação de Davi a respeito da singularidade do Senhor contrastava nitidamente com as visões politeístas das nações ao seu redor.
(2 Samuel 7:23) Israel
v. 23 E que nação na terra é como o teu povo, como Israel, a quem Deus foi redimir como um povo para si mesmo, e para fazer dele um nome, coisas grandes e tremendas, para a tua terra, diante do teu povo, o qual tu redimiste do Egito, das nações e dos seus deuses?
Deus estabeleceu o Seu pacto com Israel não somente para resgatar um povo para si mesmo, mas para tornar o seu nome conhecido, para que os outros povos se voltassem para Ele (Is 45:22).
Suas coisas grandes e tremendas incluíam os Seus milagres operados no Egito e durante a viagem à terra prometida.
A intenção do Eterno era julgar nações e seus deuses que viviam em Canaã na ocasião em que Israel adentrou na terra.
(2 Samuel 7:24) O Deus de Israel
v. 24 Porque confirmaste para ti mesmo o teu povo Israel, para ser um povo para ti para sempre; e tu, SENHOR, tornaste-te o seu Deus.
A relação pactual de Israel com o Eterno (Porque confirmaste para ti mesmo o teu povo Israel,para ser um povo para ti para sempre) não impedia-O de usar os israelitas para abençoar as outras nações (Gn 12:3). Contudo, o pacto de Israel com Deus proporciona-lhe uma bênção maior (Rm 3:1-2).
(2 Samuel 7:26) A glória é do Senhor
v. 26 E que o teu nome seja magnificado para sempre, dizendo-se: O SENHOR dos Exércitos é o Deus sobre Israel; e que a casa do teu servo Davi seja estabelecida diante de ti.
Davi desejava acima de tudo que o nome de Deus fosse magnificado para sempre por meio de tudo o que Ele faria em favor da casa de Davi.
Há muito que existia no coração de Davi o zelo de que o SENHOR dos Exércitos (“YHVH Sebaot”) recebesse a glória que Lhe é devida (1Sm 17:26).
(2 Samuel 7:27) O desejo de Davi
v. 27 Porque tu, ó SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel, tens revelado ao teu servo, dizendo: Edificarei para ti uma casa; portanto, o teu servo achou no seu coração fazer esta oração a ti.
Como Daniel (Dn 9:2-5), Davi não se prevaleceu das promessas de Deus, mas orou ao Eterno para que as cumprisse graciosamente a despeito da indignidade da humanidade.
(2 Samuel 7:28) A verdade
v. 28 E agora, ó SENHOR Deus, tu és aquele Deus, e as tuas palavras são verdadeiras, e tu tens prometido esta bondade ao teu servo;
O rei Davi sabia que as palavras de Deus (“Há-Elohim”) eram verdadeiras (a palavra Heb. traduzida como “verdadeira” está relacionada com o termo amém”).
A veracidade de Deus proporcionava a Davi um fundamento para a sua vida, assim como ela proporciona para todos os fiéis em todos os tempos (Jo 8:31-32).
(2 Samuel 7:29) A bênção
v. 29 portanto, agora, que te compraza abençoar a casa do teu servo, para que ela possa continuar para sempre diante de ti; porque tu, ó Senhor DEUS, falaste isso e, com a tua bênção, que a casa do teu servo seja abençoada para sempre.
Uma bênção duradoura sobre a casa de Davi naturalmente beneficiaria o rei e seus descendentes, mas o monarca parecia mais preocupado com a honra de Deus. De fato, ele era um homem leal ao Eterno (1Sm 13:14).
Conclusão
Davi desejava honrar ao Senhor construindo um templo permanente, no entanto vemos que Deus revela ao profeta Natã que não estaria designado a ele fazer isso.
Vemos o profeta revelando que, embora Davi desejasse fazer uma casa a Deus, na realidade, o Senhor estava providenciando fazer uma casa para Seu servo.
Quando Deus promete fazer uma casa a Davi, Ele estaria se referindo não a algo material, mas, sim, a uma promessa a sua linhagem. Deus levantaria um descendente que Lhe faria uma casa.
Ao mesmo tempo que essa promessa fazia referência a Salomão, o qual levantaria um templo físico, ela, também, fazia alusão ao Messias, o qual viria da descendência de Davi, sendo que Seu reino não teria fim.
Vemos Cristo, nos evangelhos, diversas vezes falando sobre Seu reino. O interessante é que as referências a este reino acabam acontecendo de forma a expor uma natureza progressiva.
Ele é abordado como um reino que, com a vinda do Messias, era chegado, porém, de igual forma, vemos ele sendo tratado como um reino que deveria ser esperado, pois estaria próximo.
Entende-se que, quando da encarnação do Filho, o reino havia chegado por conta de que, aquele que recuperaria a jurisdição do mundo, abdicada por Adão, encontrava-se presente e toda autoridade, na terra e nos céus, lhe seria dada (Matheus 28:18).
Contudo, Seu reino ainda será pleno quando Ele vir pela segunda vez, oportunidade em que se assentará no Trono de Sua glória e as primeiras coisas, céus e terras, passarão e viveremos a Sua plena Justiça (Apocalipse 21).
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