Marcos 14 Estudo: O Início do Sofrimento de Jesus

O capítulo 14 de Marcos, começa narrando a intenção das autoridades em matar Jesus. Destaca também a presença dele em Betânia, durante uma refeição na casa de Simão. Neste encontro, uma mulher unge a Jesus com um perfume caríssimo em sinal de amor, reverência e gratidão, algo que o Senhor elogia e diz que a atitude dela será lembrada para sempre.

Após, o relato é de que Judas Iscariotes se reúne com as autoridades para entregar Jesus, ele agora procura oportunidades para entregá-lo. Durante a sua última Páscoa, Jesus institui a Ceia do Senhor, um memorial em seu nome que é celebrado pela Igreja até os dias de hoje.

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O Senhor os deixam cada vez mais intrigados sobre sua morte e cada um, vez após vez diz que jamais permitiriam isso.

Pedro reage de forma ainda mais eloquente, dizendo que jamais o deixaria, mesmo que todos o fizessem. Neste ponto, Jesus anuncia que ele o negará três vezes antes que o galo cante duas. Jesus então vai ao Getsêmani para orar, para derramar a sua alma diante de seu Pai.



Ele vai pedir que o prepare para o difícil momento do julgamento e da crucificação. Enquanto está no Getsêmani, Judas Iscariotes aparece com vários soldados para prendê-lo, fazendo isso na calada da noite, longe da multidão que poderia o impedir.

Um julgamento ilegal é montado para condenar Jesus, muitas acusações e testemunhas falsas foram reunidas contra o Senhor.

(Mc 14:1) A trama da morte de Jesus

v. 1 Após dois dias era a festa da Páscoa, e dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas buscavam como poderiam prendê-lo com astúcia, e matá-lo.

Após dois dias aponta para o início da Páscoa judaica e da festa… dos pães ázimos. Isso significa que o Sinédrio tramou a morte de Jesus em algum momento entre o pôr do sol da terça-feira e o pôr do sol da quarta-feira.

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(Mc 14:2) Os fariseus hesitam por causa multidão

v. 2 Mas eles disseram: Não no dia da festa, para que não haja tumulto entre as pessoas.

O Sinédrio hesitou em agir por causa da popularidade de Jesus entre as pessoas que afluíram para a cidade por ocasião da Páscoa.

(Mc 14:3) A mulher da casa de Simão

v. 3 E, estando ele em Betânia, na casa de Simão, o leproso, assentado à mesa, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro com unguento de nardo puro muito precioso, e ela, quebrando o vaso, derramou sobre a sua cabeça.

Sobre Betânia, ver notas em Mc 11:1. Um vaso de alabastro era um vaso de perfume com gargalo comprido, considerado um item de luxo.


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Uma mulher (Maria de Betânia, segundo Jo 12:2-3) derramou unguento de nardo puro muito precioso sobre a cabeça de Jesus.

(Mc 14:4-5) O valor de um pecado

v. 4 E houve alguns que em si mesmos se indignaram, e disseram: Para que se fez este desperdício do unguento?

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v. 5 Porque podia ser vendido por mais de trezentos denários, e ter dado aos pobres. E eles murmuravam contra ela.

Alguns ali se indignaram com o desperdício do perfume caro. Um denário era o salário de um dia de um trabalhador comum (Mt 20:2). Sendo assim, o valor do perfume, trezentos denários, quase equivalia ao salário de um ano de trabalho.

(Mc 14:6)  Jesus repreende os discípulos

v. 6 E Jesus disse: Deixai-a sozinha, por que a afligis? Ela tem praticado uma boa obra para comigo.

Jesus repreendeu os que criticavam a mulher, Aquilo que eles consideravam um desperdício era, na verdade, uma boa obra. Seu ato foi nobre porque ela o fez para o Filho de Deus, que é digno de grandes sacrifícios.

(Mc 14:7) Nem sempre me tereis

v. 7 Porquanto tendes os pobres sempre convosco, e sempre que quiserdes podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes.


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Os seguidores de Cristo sempre poderiam ministrar aos pobres, mas nem sempre teriam a chance de servir a Jesus em pessoa. Sobre preocupação com os pobres, ver Dt 15:1-11.

(Mc 14:8) Jesus reconhece sacrifícios

v. 8 Esta fez o que podia; ela antecipou-se a ungir o meu corpo para o sepultamento.

A expressão esta fez o que podia é quase idêntica ao que Jesus disse sobre a oferta da viúva pobre (ver nota em Mc 12:42-44).

O que a viúva deu quase não tinha valor monetário; esta mulher deu um presente caro, mas Jesus louva ambos da mesma maneira. Jesus interpretou o perfume como um óleo de unção provisório para Seu sepultamento próximo.

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(Mc 14:9) Todos saberão

v. 9 Na verdade eu vos digo que: Onde quer que este evangelho seja pregado em todo o mundo, isso também que ela fez será contado para sua memória.

Jesus predisse que o evangelho seria pregado em todo o mundo (cp. Mc 13:10). Quando isso acontecesse, esta ação da mulher seria contada em sua memória (cp. Mt 26:13). O fato de você estar lendo este versículo cumpre esta promessa.

(Mc 14:10) A escolha de Judas Iscariotes, o traidor

v. 10 E Judas Iscariotes, um dos doze, foi até aos principais sacerdotes para o trair. 

Marcos menciona Judas Iscariotes aqui, no relato da prisão de Jesus (v. 43-45) e na lista dos Doze (Mc 3:19).

A expressão foi mostra claramente que a iniciativa da traição de Jesus foi de Judas; ele não foi recrutado pelas autoridades.

(Mc 14:11) A promessa dos fariseus

v. 11 E eles ouvindo isso, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele buscava como poderia traí-lo em ocasião oportuna.

Somente Mateus (Mt 26:15) indicou quanto dinheiro Judas recebeu. A expressão ocasião oportuna lembra a expectativa do Sinédrio de prender Jesus “na ausência “da multidão” (Lc 22:6), para não causar qualquer tumulto”.

(Mc 14:12) Os discípulos preparam a Páscoa

v. 12 E, no primeiro dia dos pães ázimos, quando eles sacrificavam a Páscoa, disseram-lhe os seus discípulos: Aonde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?

Jesus decidiu onde eles celebrariam a Páscoa, mas Seus discípulos foram os responsáveis por prepará-la.

Os preparativos incluíam comprar e preparar um cordeiro, ervas amargas, pão ázimo, vinho, frutas picadas etc.

(Mc 14:13-14) O homem do cântaro de água

v. 13 E ele enviou dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e ali encontrareis um homem levando um cântaro de água; segui-o.

v. 14 E, onde quer que entrar, dizei ao bom homem da casa: O Mestre diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?

 Lucas (Lc 22:8) identificou os dois… discípulos como Pedro e João. Ide à cidade indica que eles estavam fora de Jerusalém, provavelmente em Betânia.

Um homem levando um cântaro de água era algo incomum. Normalmente as mulheres é que carregavam água em jarros de barro, ao passo que os homens a carregavam em peles de animais.

Encontrareis poderia significar que houve um “encontro” casual ou que o homem estava procurando por eles. Este homem aparentemente conhecia Jesus, visto que os discípulos identificaram Jesus de forma secreta, como o Mestre.

(Mc 14:15-16) O grande quarto

v. 15 E ele vos mostrará um grande quarto superior mobiliado e pronto; ali fazei-nos os preparativos.

v. 16 E, os seus discípulos foram e entraram na cidade, e acharam como ele lhes tinha dito; e eles prepararam a Páscoa.

O “aposento” (v. 14) era um grande quarto superior, provavelmente a câmara espaçosa do terraço de um homem rico. A sala estava pronta para acomodar um grupo grande.

(Mc 14:17) Uma noite com os doze

v. 17 E, ao anoitecer, ele chegou com os doze.

Ao anoitecer marcava o início de um novo dia, pela contagem judaica. De acordo com Êx 12:8, a refeição da Páscoa tinha que ser comida à noite e terminada à meia noite.

(Mc 14:18) Um de vocês me trairá

v. 18 E, quando estavam assentados e comendo, Jesus disse: Na verdade eu vos digo que: Um de vós, que comigo come, há de trair-me.

 Jesus já havia dito que seria traído (Mc 9:31Mc 10:33). Agora Ele acrescenta que o traidor seria um de Seus discípulos.

As palavras um de vós, que come comigo não identifica o traidor imediatamente, visto que todos os discípulos estavam comendo juntos.

(Mc 14:19) Os discípulos se questionam

v. 19 E eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro: Sou eu? E outro disseSou eu?

 Ninguém tentou contradizer Jesus ou fazer acusações. Aparentemente, Judas estava acima de qualquer suspeita naquele momento.

A declaração dos discípulos, “sou eu?”, esperava uma resposta negativa e uma palavra que os tranquilizasse da parte de Jesus.

(Mc 14:20) O traidor estava próximo

v. 20 20 Mas ele, respondendo, disse-lhes: É um dos doze, que molha comigo o pão no prato.

O fato do traidor estar comendo com Jesus significava que ele estava sentado ali perto (Jo 13:23-30).

(Mc 14:21) Ai daquele que trair o filho do Homem

v. 21 Na verdade o Filho do homem vai, conforme está escrito sobre ele; mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido.

Sobre Filho do homem, ver nota em Mc 2:8-11. Anteriormente, Jesus tinha dito que a traição fora predita pela Escritura.

Este versículo liga o plano de Deus profetizado (conforme está escrito) às ações e responsabilidade humanas.

(Mc 14:22) A ceia do Senhor

v. 22 E, enquanto eles comiam, Jesus tomou o pão, e abençoou, e o partiu, e deu-lhos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.

 Marcos não especificou em que parte do andamento tradicional da refeição da Páscoa Jesus instituiu a Ceia do Senhor. Isto é o meu corpo é uma metáfora.

(Mc 14:23) O cálice da nova aliança

v. 23 E, tomando o cálice, e tendo dado graças, deu-lhos; e todos beberam dele.

Todos beberam do mesmo cálice. “Eucaristia” deriva da palavra graças.

(Mc 14:24) O sangue de Cristo

v. 24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue do novo testamento, que por muitos é derramado.

 A expressão sangue do novo testamento lembra a instituição do pacto mosaico no monte Sinai, quando os israelitas foram aspergidos com sangue (Ex 24:1-8 – Hb 9:19-20 – Hb 10:28-30).

O sangue de Jesus estabeleceu um novo pacto. Por muitos é derramado recorda as palavras de Jesus em Mc 10:45 e as palavras de Isaías (Is 53:11-12) sobre O Messias morrer em favor de outros.

(Mc 14:25) O Reino de Deus virá

v. 25 Na verdade eu vos digo, não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus.

 A fórmula solene de Jesus, na verdade eu vos digo, foca a atenção do grupo no futuro escatológico. Embora Jesus tivesse explicado Sua morte e o significado dela, este não seria o Seu fim. Viria um dia (cp. Mc 13:17) em que Ele beberia com eles no reino de Deus (cp. Mc 15:43-46).

(Mc 14:26) O hino de aleluia

v. 26 E, tendo cantado um hino, eles saíram para o monte das Oliveiras.

Tradicionalmente, a refeição da Páscoa terminava com as pessoas cantando um hino de Aleluia (Sl 115-118).

(Mc 14:27) As ovelhas serão dispersas

v. 27 E Jesus lhes disse: Todos vós vos escandalizareis de mim esta noite; porque está escrito: Eu ferirei o pastor, e as ovelhas serão espalhadas.

Jesus disse aos discípulos, vos escandalizareis. A palavra grega skondolizein significa, literalmente, “tropeçar”. Está escrito fundamenta a predição de Jesus na Escritura do antigo testamento, especificamente em Zc 13:7.

(Mc 14:28) Jesus prediz sua ressurreição

v. 28 Mas, depois de haver ressuscitado, irei adiante de vós para a Galileia.

Jesus aludiu a Sua ressurreição e acrescentou que iria reunir Seus discípulos mais uma vez na Galileia, para uma nova missão (cp Mc 16:7).

(Mc 14:29-31) Pedro é confrontado que negará sua fé

v. 29 Mas disse-lhe Pedro: Ainda que todos se ofendam, eu todavia não. 

v. 30 E disse-lhe Jesus: Na verdade eu te digo: Que neste dia, ainda nesta noite, antes do galo cantar duas vezes, tu me negarás três vezes.

v. 31 Mas ele falou com mais veemência: Ainda que se fosse preciso morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos eles.

O impulsivo Pedro declarou ser inabalável, mas Jesus predisse infalivelmente que ele se curvaria diante da oposição.

(Mc 14:32) O Getsêmani

v. 32 E eles foram a um lugar chamado Getsêmani; e ele disse aos seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.

Getsêmani significa “prensa de oliva”. Situado ao lado do vale do Cedrom, no declive oeste do monte das Oliveiras, era o ponto de encontro costumeiro de Jesus e os discípulos (Jo 18:2).

(Mc 14:33) Pedro, Tiago e João e a aflição do Mestre

v. 33 E ele tomou consigo Pedro e Tiago e João, e começou a ficar aflito, e profundamente abatido;

Pedro, Tiago e João eram o círculo interno dos discípulos de Jesus (Mc 5:37Mc 13:3). Todos garantiram estar prontos a morrer com Ele. Marcos usou duas palavras raras para descrever as emoções de Jesus.

Espantado só ocorre em Marcos (v. 33; 9:15; 16:5-6). e tem o sentido de “muito assustado”. A palavra abatido expressa inquietação extrema, e também ocorre em Fp 2:26.

(Mc 14:34) Vigiai

v. 34 e ele disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai.

A expressão até a morte indica a profundidade da angústia de Jesus (cp. Jn 4:9). Lucas 22:44 acrescentou que “seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue que caíam por terra”.

(Mc 14:35) Jesus se prostra, totalmente angustiado

v. 5 E ele indo um pouco mais adiante, prostrou-se em terra, e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.

Prostrou-se retrata Jesus desfalecendo sob o peso da missão (cp. Lc 22:41). Aquela hora se refere à morte de Jesus, estipulada por Deus (Jo 7:30Jo 8:20 –  Jo 12:23 – Jo 17:1). Se fosse possível era um pedido para que Deus mudasse o plano.

(Mc 14:36) O pedido de Jesus

v. 36 36 E ele disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.

Aba é “pai” em aramaico. As palavras de Jesus, todas as coisas te são possíveis, afirmaram o poder de Deus e lembraram Seus ensinamentos. Este cálice indica sofrimento e morte (cp. Mc 10:38-39), mas também o juízo de Deus sobre o pecado (Mc 14:24 – Jr 25:15-16 – 2Co 5:21 – Mc 1Pe 2:24).

Não seja como eu quero, mas como tu queres recorda a Oração Modelo de Jesus (Mt 6:10). O que definia a vida de Jesus não era Seu próprio desejo, mas a vontade do Pai ( Jo 6:38).

(Mc 14:37) O sono dos discípulos

v. 37 37 E ele voltando, encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: Simão, tu dormes? Não podes vigiar uma hora?

Ao falhar em manter-se acordado, Pedro foi destacado dos demais por causa de suas ousadas alegações naquela noite (v. 29-31). Uma hora pode ser uma expressão idiomática, e não literal.

(Mc 14:38) Vigiai, mais uma vez

v. 38 38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.

O reconhecimento de Jesus de que a carne é fraca também pode estar se referindo a Ele naquela noite, devido ao Seu sofrimento. As fraquezas naturais humanas (fome, cansaço etc.) podem oferecer grande perigo espiritual.

(Mc 14:39-40) Jesus volta a orar

v. 39 E retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.

v. 40 E retornando, encontrou-os outra vez adormecidos, (porque os seus olhos estavam pesados), e não souberam o que lhe responder.

Entorpecidos, os discípulos não souberam o que lhe responder. Isso lembra a experiência de Pedro no Monte da Transfiguração e o silêncio dos discípulos em Mc 9:34.

(Mc 14:41-42) Seus discípulos dormem mais uma vez

v. 41 E ele volta pela terceira vez, e disse-lhes: Dormi ainda e descansais, basta; é chegada a hora; eis que o Filho do homem é traído pelas mãos dos pecadores.
v. 42 Levantai-vos, vamos-nos; eis que é chegado aquele que me trai.

 Basta era uma expressão de irritação e serviu para acordar os que estavam dormindo. Jesus orou para que, se possível, aquela hora fosse afastada (v. 35), mas Deus não concedeu este pedido.

Levantai-vos, vamos-nos era um chamado para encontrar a turba logo adiante, e não um encorajamento para fugir (cp. Jo 14:31). As palavras eis e é chegado indicam que eles podiam ver as rochas da multidão que se aproximava.

(Mc 14:43) Judas revela ser o traidor

v. 43 E, imediatamente, enquanto ele falava, veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, da parte dos principais sacerdotes, dos escribas, e dos anciãos.

Em cumprimento da predição de Jesus em Mc 8:31, a multidão vinha da parte dos principais sacerdotes… escribas e anciãos – os três grupos do Sinédrio. Era um destacamento de prisão oficialmente autorizado.

(Mc 14:44) O beijo

v. 44 E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, é ele; prendei-o, e levai-o com segurança.

 Sinal se refere a um gesto combinado previamente. Neste caso, o sinal era um beijo (provavelmente na bochecha). Embora o beijo fosse uma saudação comum (Lc 7:45At 20:37 –  Rm 16:16), esta é a única vez que se registra um discípulo saudando Jesus desse modo (cp. 2Sm 20:9-10).

(Mc 14:45) Judas entrega a Jesus

v. 45 E, chegando, aproximou-se dele imediatamente, e disse-lhe: Mestre, mestre; e o beijou.

Mestre rabil significa “meu grande homem”. Era uma forma honrosa de se dirigir aos que ensinavam.

(Mc 14:46-47) Jesus é preso

v. 46 E lhe lançaram as mãos, e o prenderam.
v. 47 E um dos que ali estavam, puxando sua espada, feriu um servo do sumo sacerdote, e cortou a sua orelha.

O ataque ao servo do sumo sacerdote é registrado nos quatro evangelhos ( Lc 22:49-51). João identifica o agressor como Pedro e o servo como Malco.

Aparentemente, os discípulos de Jesus perguntaram se deviam defendê-Lo com espadas (Lc 22:49), mas Pedro não esperou a resposta.

Sobre os discípulos de Jesus portarem espadas, ver nota em Lc 22:35-38. Jesus restaurou a orelha de Malco (Lc 22:51).

(Mc 14:48-50) Jesus os questiona e seus discípulos fogem

v. 48 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Saístes, como a um ladrão, com espadas e com varapaus para me prender?

v. 49 Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; mas devem cumprir-se as escrituras.

As Escrituras que precisam ser cumpridas não delas. Todos o deixaram se refere aos discípulos, que fugiram.

(Mc 14:51-52) João Marcos

v. 51 E certo jovem o seguia, envolto em um pano de linho sobre seu corpo nu; e lhe lançaram a mão;
v. 52 e ele, largando o pano de linho, fugiu despido.

O jovem não é identificado, mas muitos têm sugerido que era João Marcos, o autor deste evangelho.

(Mc 14:53-65) PARTE 2

Nenhum evangelho registra de forma abrangente os julgamentos de Jesus. Cada um enfatiza diferentes eventos e perspectivas. Todavia, está claro que as autoridades políticas romanas e os líderes religiosos judeus estavam envolvidos na determinação da sentença de morte de Jesus.

(Mc 14:53) Jesus é levado

v. 53 E eles conduziram Jesus ao sumo sacerdote; e com ele estavam reunidos todos os principais sacerdotes, e os anciãos, e os escribas.

Conduziram se refere aos que prenderam o Senhor Jesus (v. 43,46]. Mateus disse que o sumo sacerdote era Caifás, que serviu entre 18-36 d.C. O fato de que os três grupos estavam reunidos indica que este era um encontro do Sinédrio (v. 43,55).

(Mc 14:54) Pedro segue escondido

v. 54 E Pedro o seguiu de longe, até dentro do palácio do sumo sacerdote; e ele sentou-se com os servos, e aquecia-se no fogo.

Pedro seguiu o destacamento de prisão e por fim aquecia-se no palácio do sumo sacerdote.

(Mc 14:55-56) O sinédrio procura motivos

v. 55 E os principais sacerdotes e todo o conselho buscavam testemunho contra Jesus para condená-lo à morte; e não o achavam.

v. 56 Porque muitos testemunhavam falsamente contra ele, mas os testemunhos não concordavam.

O Sinédrio inteiro, especialmente os principais sacerdotes, já haviam decidido executar Jesus, de modo que ficaram procurando provas para justificar seu plano. Muitas pessoas testemunhavam falsamente coisas que não concordavam sob interrogatório cruzado.

O antigo testamento requeria a concordância de duas testemunhas em uma causa máxima (Nm 35:30 – Dt 17:6 – Dt 19:15).

(Mc 14:57-58) Os falsos testemunhos

v. 57 E, levantando-se alguns, testemunharam falsamente contra ele, dizendo:

v. 58 Nós ouvimos-lhe dizer: Eu destruirei este templo feito por mãos, e em três dias eu construirei outro, não feito por mãos.

Alguns que testemunharam falsamente disseram ter tido uma experiência de primeira mão. Aparentemente, eles distorceram a observação de Jesus em Mc 13:2, em que é usada a mesma palavra para destruir.

(Mc 14:59) Testemunhos sem fundamento

v. 59 Mas nem assim o seu testemunho concordava.

Somente Marcos tomou nota que nem assim o… testemunho dos acusadores concordava. Os judeus levavam a sério ameaças contra o templo (cp. Jr 26:7-24). Esta acusação foi dirigida a Jesus mais uma vez, quando estava pendurado na cruz (Mc 15:29).

(Mc 14:60) Caifás

v. 60 E, levantando-se o sumo sacerdote no meio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? O que é isso que estes testemunham contra ti?

Frustrado com a incompetência da ação legal, Caifás levantou-se e ele mesmo interrogou Jesus.

(Mc 14:61-62) Vereis o filho do Homem

v. 61 Mas ele, manteve-se calado, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, o Filho do bendito?

v. 62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder, e vindo nas nuvens do céu.

Em todo o Evangelho de Marcos, Jesus se esquivou do título de Cristo para evitar mal entendimento, mas aqui Ele o abraçou. Sou ( Lc 22:67) ecoa o nome de Deus (Êx 3:14). Então, Jesus alternou para sua auto-designação favorita, Filho do homem, que vem de Sl 110:2 e Dn 7:13.

Estar assentado à direita era uma honra (cp. Mc 10:37,40). Vindo nas nuvens do céu frequentemente é entendido como uma referência à segunda vinda, mas vereis leva muitos intérpretes a entender que Jesus estava se referindo a Sua entronização nos céus após a ascensão.

(Mc 14:63) A indignação de Caifás

v. 63 Então, o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que nós necessitamos ainda de testemunhas?

 Rasgar as próprias vestes simbolizava tristeza (Gn 37:34 –  Js 7:6 – 2Sm 1:11-12 – 2Rs 2:12) ou horror diante de uma blasfêmia (2Rs 18:37; 19:1). Segundo o sumo sacerdote não havia necessidade de mais testemunhas porque Jesus tinha se incriminado ao declarar ser o Cristo.

(Mc 14:64) Jesus é acusado de blasfêmia

v. 64 Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como culpado de morte.

 Culpado de morte indica morte por apedrejamento, por blasfêmia (Lv 24:10-16).

(Mc 14:65) Jesus é agredido

v. 65 E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe a face, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza; e os servos o golpeavam com as palmas das suas mãos.

Cuspir no rosto de alguém era o pior dos insultos (Nm 12:14 – Dt 25:9 – Jó 30:9-10). Jesus predisse que isso iria acontecer. Isaías descreveu este como um dos sofrimentos do Servo do Senhor (Is 50:6).

(Mc 14:66) Pedro é reconhecido

v. 66 E, estando Pedro embaixo, no palácio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote;

Este versículo retoma o v. 54. A expressão embaixo, no palácio indica que a audição de Jesus foi feita no salão acima do nível da entrada da casa do sumo sacerdote.

(Mc 14:67) Pedro é acusado

v. 67 e vendo a Pedro se aquecendo, ela olhou para ele, e disse: Tu também estavas com Jesus de Nazaré.

Enquanto Pedro estava no pátio da casa do sumo sacerdote (ver nota em v. 54), uma serva disse que o tinha visto com Jesus de Nazaré (um uso depreciativo, assim como “o galileu”,).

(Mc 14:68) Pedro nega a Jesus uma primeira vez

v. 68 Mas ele negou-o, dizendo: Eu não o conheço, nem compreendo o que tu dizes. E ele saiu para o átrio, e o galo cantou.

Muitos manuscritos não incluem e o galo cantou. Somente Marcos registrou Jesus predizendo que o galo cantaria duas vezes (v. 29-31). Este é um ponto lógico para o primeiro canto, apesar de aparentemente ter escapado da atenção de Pedro.

(Mc 14:69) Pedro é novamente reconhecido

v. 69 E a criada, vendo-o outra vez, começou a dizer aos que ali estavam: Este é um deles.

 A expressão e a criada, vendo-o outra vez parece implicar que a mesma serva confrontou Pedro de novo, mas Mateus disse que era uma pessoa diferente. Desta vez, os que ali estavam ficaram cientes da identidade de Pedro.

(Mc 14:70) Pedro nega a Jesus uma segunda vez

v. 70 E ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente és um deles; porque és também galileu, e tua fala é semelhante.

O tempo do verbo negou sugere que Pedro repetidamente negou conhecer Jesus. O sotaque de Pedro o identificou como galileu.

(Mc 14:71) A jura de Pedro

v. 71 Mas ele começou a amaldiçoar e a jurar, dizendo: Eu não conheço esse homem de quem falais.

As negações de Pedro aumentaram gradativamente. Amaldiçoar (Gr. gnothemotize) significa invocar a maldição de Deus sobre si (cp. At 23:12). Jurar se refere a fazer juramento em nome de Deus. A maldição e o juramento de Pedro endossaram sua forte negação – não conheço esse homem.

(Mc 14:72) O cumprimento da palavra de Jesus e o choro de Pedro

v. 72 E o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, tu me negarás três vezes. E pensando nisso, ele chorou.

Pela segunda vez (ver nota em Mc 1:9-11) liga a terceira negação de Pedro ao cumprimento da profecia de Jesus.

5 importantes lições que podemos aprender em Marcos 14

  1. Vigilância na Oração: No Jardim do Getsêmani, Jesus instrui seus discípulos a vigiarem e orarem para não caírem em tentação. Isso nos ensina a importância da vigilância espiritual e da oração constante em nossa vida cristã, especialmente nos momentos de provação e tentação.
  2. A Traição de Judas: A traição de Judas nos lembra da realidade da traição dentro da comunidade cristã. Isso nos alerta sobre a importância de estar vigilante contra a influência do pecado e da ganância em nossas próprias vidas, bem como em nossos relacionamentos com os outros.
  3. O Sacrifício de Jesus: A instituição da Ceia do Senhor durante a última ceia de Jesus com seus discípulos demonstra o sacrifício supremo de Jesus pela humanidade. Isso nos lembra do sacrifício expiatório de Cristo pelos nossos pecados e nos desafia a vivermos em gratidão e serviço ao Senhor.
  4. A Negativa de Pedro: A negação de Pedro de conhecer Jesus nos lembra da fraqueza da carne e da necessidade da graça de Deus. Isso nos ensina sobre a importância da humildade, do arrependimento e da restauração em nossa jornada espiritual, mesmo quando falhamos.
  5. A Submissão à Vontade de Deus: A rendição de Jesus à vontade do Pai no Getsêmani, mesmo diante da perspectiva do sofrimento e da morte, nos ensina sobre a importância da submissão à vontade de Deus em nossas vidas. Isso nos desafia a confiarmos na soberania de Deus e a obedecermos aos Seus planos, mesmo quando são difíceis de compreender.

Conclusão

Concluindo, tem início a narrativa que apresenta a morte e os sofrimentos do nosso Senhor, com os quais todos nós devemos nos preocupar em familiarizar, não considerando a sua história apenas, mas o seu mistério também.

Aqui vimos a trama dos sacerdotes contra Jesus, a unção sobre Jesus em uma ceia em Betânia, dois dias antes da sua morte, um acordo de Judas com os sacerdotes para traí-lo, a refeição de Páscoa com os discípulos, a instituição da Ceia do Senhor, e o seu sermão aos seus discípulos.

Depois dela vem a agonia de no jardim, a traição de Judas e sua prisão de. A acusação contra Jesus diante do sumo sacerdote, a sua condenação, e as indignidades cometidas contra Ele e a negação de Pedro. A maior parte dessas passagens nós já vimos antes, no capítulo 26 do Evangelho de Mateus.

Marcos 14 estudo.

Sobre o Autor

Olá, me chamo Lázaro Correia, sou Cristão, formado em Teologia e apaixonado pela Bíblia. Aqui no Blog você vai encontrar diversos estudos Bíblicos e muito conteúdo sobre vida Cristã.

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