1 Reis 1 Estudo: Salomão é Constituído Rei
Neste capítulo de 1 Reis 1, veremos que era Davi velho e já não conseguia se aquecer, de modo que escolheram uma jovem formosa para cuidar dele e o acalorar, porém Davi jamais a tomou. Em seguida, é relatado que Adonias se auto proclama rei de Israel, com o apoio de Joabe e Abiatar, o sacerdote.
Zadoque, Benaia, Natã, Simei, Reí e os valentes de Davi, porém, não o apoiaram. Adonias, então, imolou animais, em Zoelete e convidou seus irmãos, os homens de Judá e os servos do rei, porém ao profeta Natã, Benaia, aos valentes e a Salomão, não convidou.
O profeta Natã, então, sugeriu que Bate-Seba intervisse junto ao rei sobre aquilo e ele a ajudaria. Bate-Seba, então, informa o rei sobre a atitude de Adonias e questiona a Davi sobre sua promessa em constituir a Salomão como rei. Enquanto ela falava, Natã se inclina ao rei e reitera todas aquelas coisas.
Davi, então, jura a Bate-Seba que Salomão seria rei. Em seguida, ele manda que Zadoque, Natã e Benaia, juntamente com os servos, fizessem Salomão montar a mula de Davi, para leva-lo a Giom, oportunidade em que deveriam tocar trombetas e saudar o novo rei.
Assim o fizeram. Adonias e seus convidados ainda estavam comendo quando ouviram o alvoroço que vinha das ruas, em decorrência da proclamação do novo rei.
Em seguida, Jônatas, filho de Abiatar, entra e comunica a Adonias tudo que havia ocorrido, de modo que ele teme.
Por fim, é narrado que Adonias segura nas pontas do altar, pedindo indulto a Salomão e este o perdoa.
1 Reis 1 estudo: Contexto histórico
No último capítulo, do segundo livro de Samuel, vimos que Deus se ira com Israel, pelo que incita Davi a levantar um novo censo. Davi, então, manda que Joabe percorresse a terra para fazer a contagem do povo.
Davi se arrepende e reconhece que pecou fazendo aquilo. Então, o profeta Gate aduz que o Senhor dava três opções de castigo a Davi, sendo que ele acaba escolhendo a terceira, consistente em uma praga que assolaria o povo por três dias.
Por fim, Davi adquire a eira de Araúna e ali oferece sacrifícios aos Senhor, de modo que volta a ser favorecido por Ele.
(1 Reis 1:1) Davi envelhece
v. 1 Ora, o rei Davi era velho e ferido pelos anos; e eles o cobriam com roupas, mas ele não retinha calor.
O reinado do rei Davi deu início à primeira era de divina grandeza, prosperidade e poder na história dos hebreus.
Poderia tal grandeza continuar após a morte de Davi? No plano de Deus, ela continuaria com Salomão, mas será que os propósitos de Deus sobreviveriam à crise da morte de Davi?
(1 Reis 1:2) A concubina
v. 2 Portanto os seus servos lhe disseram: Busquem para o rei, meu senhor, uma jovem virgem; e deixe-a diante do rei, e deixe-a acalentá-lo, e que ela deite sobre o teu seio, para que meu senhor, o rei, possa obter calor.
A palavra hebraica mais forte para virgem (betulah) usada aqui. A palavra para os lençóis nupciais que forneciam a prova da virgindade da noiva (Dt 22:15) é derivada dessa palavra.
(1 Reis 1:4) A beleza da nova concubina
v. 4 E a donzela era mui formosa, e acalentou o rei, e ministrou a ele; porém o rei não a conheceu.
Os antigos acreditavam no valor curativo de se juntar um corpo humano aquecido a um corpo enfermo, e assim a expressão não a conheceu comunica primariamente o fato de que o único propósito da donzela foi prover calor cuidado.
No entanto, mesmo entre os estudiosos conservadores, alguns acreditam que, dado o contexto, a expressão acima pode também indicar de maneira indireta que o idoso Davi não mais podia ter intimidade com uma mulher.
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Aos olhos de seus detratores, isso seria tomado como prova de que Davi carecia de força e aptidão para continuar como rei. Uma vez conhecido, isso pode ter encorajado Adonias a tentar usurpar o trono.
(1 Reis 1:5-10) A disputa pelo reino
Na luta pelo futuro de Israel, nenhum dos lados (quer daqueles alinhados com Davi e seu herdeiro designado ou daqueles contrários a eles) buscou abertamente o apoio das autoridades tribais ou de outros líderes (observar autoridades tribais em 1Rs 12:1-7).
Ambos os lados acreditavam que se tomassem o poder em Jerusalém, os líderes tradicionais aceitariam o resultado. Adonias reuniu seus apoiadores e tentou usurpar o trono.
Alguns seguidores leais a Davi, como Joabe e Abiatar, juntaram-se a Adonias. Talvez eles tivessem desistido de Davi, por ele parecer um tanto afastado e até mesmo irresponsável.
Bate-Seba e Natã, apoiados por alguns dos bravos guerreiros remanescentes de Davi e por seus leais quereteus e peletitas (ver nota em 1Rs 1:38), reagiram rapidamente e colocaram um fim à tentativa de golpe.
Um prudente planejamento humano ajudou a ganhar o apoio ativo de Davi. A advertência de Natā a Bate-Seba para agir com vistas a salvar a própria vida e a de Salomão (v. 12) revelou a probabilidade de violência nessa luta.
Embora houvesse pontos positivos e fraquezas em ambos os lados, a questão decisiva dizia respeito a que lado Deus apoiava – a despeito de suas fraquezas.
Os propósitos de Deus e o futuro dos hebreus estavam ligados aos novos rumos, ao governo centralizado, e à dinastia de Davi.
(1 Reis 1:5) Adonias
v. 5 Então, Adonias, o filho de Hagite exaltou-se, dizendo: Eu serei rei; e preparou para si carruagens e cavaleiros, e cinquenta homens para correr diante de si.
Exaltou-se que Adonias já vinha proclamando o seu futuro reinado e estabelecendo sua comitiva para tomar o trono. As tentativas de golpe não surgem da noite para o dia.
Davi já tinha prometido a Bate-Seba que seu filho Salomão seria o rei e já tinha anunciado publicamente à nação reunida que Salomão era o seu herdeiro (1Cr 28:5).
Entretanto, Adonias parece ter feito os seus movimentos com a aquiescência silenciosa de seu pai, de modo que a vontade de Davi para a sucessão ficou indistinta. Nesse contexto, o primeiro a agir poderia obter o trono.
Carruagem e cavaleiros provavelmente se referem aos condutores de carros” uma vez que guerreiros montados em cavalos (cavalaria) não são documentados para esse período primitivo.
No início da história da guerra com carruagens, os termos para guerreiros de carruagens eram os mesmos que os termos usados mais tarde para guerreiros da cavalaria.
Por volta do tempo de Acabe (1Rs 16:28), os registros assírios reconhecem a existência de guerreiros montados na região.
Durante o reinado de Salomão, o exército seria um exército de carruagens, provavelmente composto por mercenários estrangeiros, uma vez que o desenvolvimento de uma força local de carruagens era um processo longo e dispendioso.
(1 Reis 1:8) Os oponentes de Adonias
v. 8 Porém, Zadoque, o sacerdote, e Benaia, o filho de Joiada, e Natã, o profeta, e Simei, e Reí e os valentes que pertenciam a Davi, não estavam com Adonias.
Os valentes que pertenciam a Davi (lit. “os poderosos”) provavelmente se refere (1) aos remanescentes e/ou sucessores dos guerreiros de Davi (2Sm 23:8-39); ou (2) a leal guarda palaciana de Davi, os quereteus e os peleteus (ver nota em 1Rs 1:38).
(1 Reis 1:9) Uma coroação improvisada
v. 9 E Adonias matou ovelhas e bois e gado gordo junto à pedra de Zoelete, que fica junto a En-Rogel, e chamou todos os seus irmãos, os filhos do rei, e todos os homens de Judá, servos do rei;
A grande festa de Adonias equivalia a uma coroação improvisada, com muitas das características esperadas: um cenário reverenciado, um líder militar, um sacerdote, pompa, e seguidores leais.
(1 Reis 1:11-12) Natã se posiciona
v. 11 Pelo que Natã falou a Bate-Seba, a mãe de Salomão, dizendo: Não ouviste que Adonias, o filho de Hagite, reina, e Davi o nosso senhor não o sabe?
v. 12 Agora, portanto, vem, rogo-te, e deixa-me dar-te um conselho para que possas salvar a tua própria vida, e a vida do teu filho, Salomão.
Com o golpe de Adonias já em andamento, alguém de reputação perante o povo tinha de iniciar um movimento contrário em favor de Salomão ou o trono seria perdido.
Natã, o profeta, assumiu esse papel. Ele alertou Bate-Seba de que a penalidade pela inação podia ser a morte para ela e Salomão, e provavelmente também para outros apoiadores de Davi. Os perdedores em tais lutas de poder normalmente eram executados.
(1 Reis 1:15-21) Bate-Seba informa Davi
Bate-Seba levantou três questões para incitar Davi a agir. Primeira, pela vontade de Deus, Davi tinha prometido o trono a Salomão.
Segunda, Adonias tinha se proclamado rei sem o apoio público ou o conhecimento de Davi. Terceiro, ela ressaltou que ela e Salomão seriam considerados transgressores se Davi não agisse.
(1 Reis 1:24-25) Natã ajuda Bate-Seba
Natã chegou em seguida e reforçou os pontos que Bate-Seba tinha destacado ao rei.
(1 Reis 1:26-28) A denúncia
v. 26 Contudo, eu, o teu servo, e Zadoque, o sacerdote, e Benaia, o filho de Joiada, e o teu servo Salomão, ele não chamou.
v. 27 Foi feito isto pelo meu senhor, o rei, e tu não mostraste para o teu servo quem deveria se assentar no trono do meu senhor, o rei, depois dele?
v. 28 Então, o rei Davi respondeu e disse: Chamai-me Bate-Seba. E ela entrou na presença do rei, e se pôs de pé diante do rei.
Com o devido tato, Nata aludiu o perigo para si próprio, para Bate-Seba, e para os oficiais leais a Davi ao revelar que o círculo íntimo de Davi não tinha sido convidado para a coroação extra-oficial.
Isso fez deles estranhos, uma posição perigosa durante uma mudança de regime. Bate-Seba teve de ser chamada apesar do fato de ela já estar no quarto do rei com Davi quando Natã entrou (v. 22).
Os leitores podem pensar que o texto é inconsistente aqui porque parece esquecer que Bate-Seba já estava presente.
Mas devemos nos lembrar que a narrativa hebraica frequentemente é muito econômica, deixando de fora detalhes que podem ser deduzidos do contexto.
Neste caso, os leitores deveriam concluir que, algum tempo depois do versículo 22, Bate-Seba se ausentou temporariamente do quarto do rei, concedendo a Natã, como era próprio, uma audiência privada com o seu rei.
(1 Reis 1:32) Davi chama seus servos
v. 32 E o rei Davi disse: Chamai-me Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, o filho de Joiada. E eles vieram diante do rei.
Davi respondeu com as ordens que legitimaram a sucessão de Salomão. Benaia parecia ser o líder dos queretes e os peleteus. Na ausência de quaisquer tropas tribais, eles eram a força militar dominante na cidade.
(1 Reis 1:33) Davi dá ordens para a coroação de Salomão
v. 33 O rei também disse a eles: Tomai convosco os servos do vosso senhor, e fazei com que Salomão, o meu filho, monte sobre a minha própria mula, e fazei-o descer até Giom;
A mula era a tradicional montaria de honra para essa época. Numa era anterior, o jumento tinha exercido esse papel, um costume ainda lembrado mais tarde em Zc 9:9 Montar a mula do rei era reivindicar o trono.
A fonte de Giom era uma antiga, reverenciada, e necessária fonte de água para Jerusalém. Mais tarde, ela foi a fonte de água para o túnel do rei Ezequias.
Sua escolha para o local da coroação de Salomão indicava que Giom conferia especial importância e autoridade aos olhos do povo de Jerusalém, assim como a escolha de Adonias reconhecia a importância de En-Rogel (v. 9).
(1 Reis 1:34) Demais instruções
v. 34 e que Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, unja-o ali rei sobre Israel; e tocareis a trombeta, e dizei: Deus salve o rei Salomão.
O pessoal religioso apropriado deveria ungir Salomão. Isso era feito mediante a ordem do rei e na presença do exército pessoal do rei. Esses fatos eram suficientes para o povo de Jerusalém preferir Salomão a Adonias.
(1 Reis 1:38) Os servos de Davi cumprem suas instruções
v. 38 Assim desceram, Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, o filho de Joiada, e os quereteus, e os peleteus, e fizeram com que Salomão montasse sobre a mula do rei Davi, e o trouxeram para Giom.
Os queretes e os peleteus eram, anteriormente, mercenários filisteus, pessoalmente leais a Davi, e presume-se que, por essa época, estivessem convertidos à fé em Yahweh.
Eles formavam a guarda pessoal de Davi e eram uma eficaz infantaria. A provável razão pela qual a infantaria de Davi podia derrotar os carros arameus (2Sm 8:3-4), uma habilidade rara para uma infantaria, foi a presença desses habilidosos filisteus.
(1 Reis 1:40) A celebração popular
v. 40 E todo o povo subiu após ele, e o povo tocava flautas, e se regozijava com grande alegria, de forma que a terra se fendeu com o som delas.
O povo que o acompanhou celebrando provavelmente era das classes que se beneficiaram de vários dos novos rumos que estavam surgindo no reino (ver nota nos v.1-53). Tanto para o bem quanto para o mal, o governo de Salomão intensificar esses novos rumos.
(1 Reis 1:41) O alvoroço
v. 41 E Adonias e todos os convidados que estavam com ele ouviram isto quando haviam terminado de comer. E quando Joabe ouviu o som da trombeta, ele disse: Por que este barulho e tumulto na cidade?
As coroações conflitantes estavam ocorrendo a menos de 500 metros uma da outra, a distância entre Giom e En-Rogel. Imaginem o desassossego no grupo de Adonias ouvirem o ruído da coroação de Salomão.
(1 Reis 1:44-46) A cerimônia
v. 44 E o rei enviou com ele Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, o filho de Joiada, e os quereteus, e os peleteus, e eles fizeram com que ele montasse na mula do rei;
v. 45 e Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, ungiram-no rei em Giom; e eles subiram de lá exultantes, de modo que a cidade ressoou novamente. Este é o barulho que vós ouvistes.
v. 46 E Salomão também se assenta no trono do reino.
Todas as cerimônias para a entronização de Salomão tinham sido realizadas. Somente uma força maior poderia reverter essas ações.
Os seguidores de Adonias não estavam dispostos a lutar por Jerusalém, principalmente porque Davi tinha falado e ainda estava vivo.
(1 Reis 1:47-48) As palavras dos servos
v. 47 E, além disso, os servos do rei vieram bendizer o nosso senhor, o rei Davi, dizendo: Deus faça o nome de Salomão melhor do que o teu nome, e faça o seu trono maior do que o teu trono. E o rei curvou-se sobre a cama.
v. 48 E também assim disse o rei: Bendito seja o SENHOR Deus de Israel, o qual concedeu um para se assentar no meu trono neste dia, e que os meus olhos o vissem.
Essas duas falas não foram meros sentimentos cordiais. Primeiro, elas representavam a vontade de Davi.
Em seguida, repetidas e registradas, elas confirmavam o novo rei do mesmo modo que o juramento público de posse legitima o titular de um cargo em nossa época.
(1 Reis 1:49) Os convidados de Adonias temeram
v. 49 E todos os convidados que estavam com Adonias tiveram medo, e se levantaram, e se foram, cada qual, pelo seu caminho.
Com o povo de Jerusalém aceitando a coroação de Salomão, e os seguidores de Adonias não tendo coragem de combater os quereteus e os peleteus, o golpe de Adonias fracassou.
(1 Reis 1:50) Adonias segura os chifres do altar
v. 50 E Adonias temeu por causa de Salomão, e se levantou, e se foi, e se agarrou aos chifres do altar.
O fracasso de Adonias ficou manifesto quando ele se pular da época, tal refúgio podia envolver proteção mágica em vez de princípio moral (ver nota em 1Rs 2:30-33).
O altar era o objeto mais sagrado além do tabernáculo propriamente e, com o passar do tempo, os chifres se tornaram a parte mais representativa do altar.
Conclusão
Neste momento, vemos a coroação de Salomão como rei, aquele que viria a suceder a Davi e ser conhecido por sua grande sabedoria e pela construção do templo. Naqueles tempos a sucessão do trono não possuía um sistema bem definido.
Davi era o segundo rei e não havia subido ao trono por questões hereditárias, mas por uma unção profética. Israel estava acostumado com lideranças que passavam a governar por sua influência, menos por uma dinastia. Por isso, não causa estranheza a atitude de Adonias, o qual se auto proclama rei.
Salomão, ao que se extrai do texto, possuía a seu favor o fato de o rei Davi tê-lo escolhido como sucessor e Bate-Seba acaba requerendo do rei o cumprimento desta promessa.
Por fim, Adonias, cheio de temor, acaba tocando nas pontas do altar, a fim de receber o indulto previsto pela lei mosaica.
Originalmente, esta previsão visava proteger aqueles homicidas culposos, que haviam matado sem intenção, contudo, ao que se pode presumir, passou a ser uma prática aceitável em outras circunstâncias. Salomão, numa de suas primeiras decisões relatadas, inicia seu reinado perdoando o irmão.
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