1 Reis 2 Estudo: Os Conselhos de Davi

Neste capítulo de 1 Reis 2, Davi dá as últimas instruções a Salomão, vez que estava no fim da vida. Ele aconselha Salomão a observar a lei de Moisés e obedecer ao Senhor, para jamais lhe faltar sucessor ao trono.

Ele, ainda, pede que Salomão vingasse a morte de Amnom, Absalão, Abner e Amasa, os quais foram mortos por Joabe. Também, pediu que Salomão honrasse aos filhos de Barzilai. Rogou que não tivesse por inculpável a Simei.

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Então, Davi morre. Após, vemos que Adonias pede a Bate-Seba que ela rogasse a Salomão para que lhe concedesse Abisague, concubina de seu pai. Quando Bate-Seba faz o pedido a Salomão, ele se indigna e manda matar a Adonias.

Ele, ainda, expulsou Abiatar, não o permitindo mais ser sacerdote. Em seguida, Joabe foge para o Tabernáculo e segura nas pontas do altar, porém Salomão, mesmo assim, manda mata-lo, a fim de que se retirasse a culpa pelos inocentes mortos pelo comandante.

Por fim, Salomão manda que Simei construísse uma casa em Jerusalém e da cidade não saísse, vez que, se saísse, seria morto.

Simei entende como boa aquela palavra, no entanto, passados três anos, ele foi até Gate, para recuperar alguns escravos que haviam fugido. Quando Salomão fica sabendo disso, manda matar a Simei. Assim fora firmado o reino de Salomão.

(1 Reis 2:1-3)

v. 1 Ora, aproximavam-se os dias da morte de Davi; e ele encarregou a Salomão, o seu filho, dizendo: 

v. 2 Eu vou pelo caminho de toda a terra; sê tu forte, portanto, e mostra-te um homem; 

v. 3 e guarda o encargo do SENHOR teu Deus, para caminhar nos seus caminhos, para guardar os seus estatutos e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés, para que possas prosperar em tudo o que fazes, e para onde quer que te voltes; 

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As instruções de Davi para que Salomão fosse constante, firme e obediente eram desafios pactuais típicos feitos a líderes e a hebreus comuns por todo o antigo testamento (cp. Js 1:9).

O resultado da obediência à lei foi explicitada a Salomão: ela traria prosperidade em tudo (Js 1:6-8; Sl 1).

(1 Samuel 2:4)

v. 4 para que o SENHOR possa continuar a sua palavra que falou a teu respeito, dizendo: Se os teus filhos atentarem ao seu caminho, para caminharem diante de mim em verdade com todo o seu coração e com toda a sua alma, não te faltará (disse ele) um homem no trono de Israel. 

A obediência também assegurava a permanência da dinastia de Davi. 2 Samuel 7:11-16 não afirmou isso de maneira explícita como condição necessária para uma dinastia permanente.

Essa é outra indicação de que o leitor às vezes deve examinar várias passagens para obter o quadro completo.

Em termos da salvação eterna, essa permanência depende do reinado eterno do Messias do novo testamento, o filho de Davi.

No entanto, 1 e 2 Reis nunca trataram abertamente dessa permanência como algo mais que a dinastia humana, davídica, embora esse conceito seja enriquecido e expandido em outras partes do antigo testamento.

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(1 Reis 2:5)

v. 5 Além disso, tu sabes também o que Joabe, o filho de Zeruia fez a mim, e o que ele fez aos dois capitães dos exércitos de Israel, a Abner, o filho de Ner, e a Amasa, o filho de Jéter, a quem ele matou, e derramou o sangue da guerra em paz, e colocou o sangue da guerra sobre o seu cinto que estava junto aos seus lombos, e nos seus calçados que estavam nos seus pés. 

Davi aconselha Salomão sobre alguns perigos reais do Estado. Davi foi reconhecido como homem segundo o coração de Deus no antigo regime.

Ainda assim, como homem de sangue, Davi não teve permissão para construir o templo de Deus (1Cr 22:7-9).

Outros, que foram particularmente tolerados no passado, constituíam agora uma ameaça para a nova sociedade mais pacífica.

Talvez Davi estivesse advertindo Salomão contra a tolerância para homens cujo caráter os fez perigosos para essa nova sociedade.

Nesse conselho, Davi pode ter reconhecido a profunda mudança do ideal de guerreiro saqueador e rei conquistador do passado para o imperador mercante do novo dia.

Semelhantemente, havia a mudança do violento e vingativo guerreiro da família para o soldado profissional servindo aos interesses do Estado centralizado.

Joabe, o homicida duplo, seria o primeiro a ser tratado. Seu primeiro homicídio, ao matar Abner, tem sido considerado como uma vingança, posto que sangue derramado em guerra não era normalmente vingado em paz.

De qualquer modo, o assassinato de Amasa não podia ser justificado Davi parece ter sido incapaz de agir contra membros poderosos de sua própria família, embora ele tenha se distanciado publicamente da violência de Joabe (2Sm 3:28-29).

O sangue em seu cinto e em seus calçados indicaram vividamente a culpa de Joabe. Finalmente, o apoio de Joabe a Adonias no que poderia ter sido um violento conflito civil excedeu qualquer gratidão que Davi devia a Joabe por sua fidelidade passada.

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(1 Reis 2:7)

v. 7 Porém, demonstra bondade para com os filhos de Barzilai, o gileadita, e deixa-os estar entre aqueles que comem à tua mesa; pois assim eles vieram a mim quando eu fugia por causa de Absalão, o teu irmão.

Davi recomendou que se usasse de bondade para com a família de Barzilai, que apoiou Davi na revolta de Absalão. Essa palavra bondade é o termo usual para fidelidade pactual.

Para Barzilai, a fidelidade pactual adequada significava fidelidade ao rei. Para Davi, a fidelidade de Barzilai era digna da recíproca fidelidade do rei e sua família.

O conselho de Davi ilustrou a mútua responsabilidade ou lealdade nos relacionamentos pactuais. Essas mútuas responsabilidades pactuais eram vinculativas tanto a reis quanto a Deus.

(1 Reis 2:8)

v. 8 E, eis que, tu tens contigo Simei, o filho de Gera, um benjamita de Baurim, o qual me amaldiçoou com uma maldição dolorosa no dia em que fui a Maanaim; mas desceu para se encontrar comigo junto ao Jordão, e eu jurei-lhe pelo SENHOR, dizendo: Não te levarei à morte pela espada.

 Esse conselho implicava que Simei ainda exercia alguma influência. No tempo do retorno de Davi, a tolerância para com Simei pode ter sido benéfica para a estabilização do país.

Em contraste, o poder de Salomão era estável o suficiente para que Simei, e qualquer outro perigo que ele representasse,pudesse ser suprimido.

(1 Reis 2:10-12)

v. 10 Assim, Davi dormiu com os seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi. 

v. 11 E os dias em que Davi reinou sobre Israel foram quarenta anos; sete anos reinou ele em Hebrom, e trinta e três anos reinou em Jerusalém. 

v. 12 Depois, assentou-se Salomão no trono de Davi, o seu pai; e o seu reino foi estabelecido magnificamente. 

 Esta declaração formular: Davi dormiu com os seus pais, provê uma transição narrativa do reinado de Davi para o reinado de Salomão.

(1 Reis 2:13)

v. 13 E Adonias, o filho de Hagite, veio até Bate-Seba, a mãe de Salomão. E ela disse: Vens tu pacificamente? E ele disse: Pacificamente. 

 Esse incidente é um dos muitos indícios (v.19) de que a posição de rainha-mãe era de grande influência. A frequente inclusão dessa posição na formula real de Judá também sugere sua influência.

(1 Reis 2:15)

v. 15 E ele disse: Tu sabes que o reino era meu, e que todo o Israel virou a face para mim, para que eu reinasse; todavia o reino sofreu reviravolta, e tornou-se do meu irmão; pois era dele da parte do SENHOR.

 A declaração de Adonias era verdadeira para alguém que enxergava apenas as realidades humanas. No entanto, ela ignorava totalmente os propósitos de Deus.

(1 Reis 2:17)

v. 17 E ele disse: Dize ao rei Salomão, (pois ele não te dirá um não) para que ele me dê Abisague, a sunamita, como esposa. 

 Era costume no mundo antigo que o novo rei confirmasse sua posição tomando para si as mulheres do rei anterior (2Sm 16:22). Adonias deve ter considerado Salomão muito fraco para esse pedido arriscado.

(1 Reis 2:18)

v. 18 E Bate-Seba disse: Bem, falarei por ti ao rei. 

 Parece muito ingênuo da parte de Bate-Seba interceder junto a Salomão por esse pedido. Ou será que ela pensava que encorajar a insensatez de Adonias seria um bom modo de deixar claro para Salomão a ameaça que Adonias representava? Se for assim, sua decisão aqui aproximou Adonias de sua morte.

(1 Reis 2:19)

v. 19 Bate-Seba, portanto, foi até ao rei Salomão, para falar com ele em favor de Adonias. E o rei se levantou para se encontrar com ela, e se curvou diante dela, e se assentou no seu trono, e fez com que um assento fosse preparado para a mãe do rei; e ela se assentou à sua direita. 

 O protocolo e a cerimônia dessa cena indicavam mais uma vez a influência da rainha-mãe.

(1 Reis 2:22)

v. 22 E o rei Salomão respondeu e disse à sua mãe: E por que pedes tu Abisague, a sunamita, para Adonias? Pede também para ele o reino; pois é meu irmão mais velho, sim para ele, e para o sacerdote Abiatar, e para Joabe, filho de Zeruia.

 As palavras de Salomão agruparam Adonias… Abiatar e Joabe como líderes do fracassado golpe. A insensata tentativa de Adonias de tirar alguma vantagem do fracasso deu a Salomão a oportunidade para lidar com todos os conspiradores.

(1 Reis 2:26-27)

v. 26 E para Abiatar, o sacerdote, disse o rei: Vai-te para Anatote, para os teus próprios campos; pois tu és digno de morte; mas, desta vez, não te levarei à morte, porque tu carregaste a Arca do SENHOR Deus adiante de Davi, o meu pai, e porquanto tu foste afligido em tudo o que meu pai estava aflito.

v. 27 Assim, Salomão expulsou Abiatar do sacerdócio do SENHOR; para que ele pudesse cumprir a palavra do SENHOR, a qual ele falou a respeito da casa de Eli em Siló.

A ação decisiva de Salomão revelou que ele e o escritor bíblico acreditavam que Salomão estava removendo graves ameaças ao seu governo.

Abiatar sabia que sua participação como sacerdote na abortiva coroação foi essencial para a conspiração de Adonias; sua participação não foi nem inocente nem casual.

O mero banimento foi uma penalidade branda; a morte seria justificável. O banimento o impedia de exercer um papel influente no tabernáculo ou no templo ainda a ser construído. A remoção de Abiatar do ofício cumpriu o julgamento anterior sobre a casa de Eli (1Sm 2:30-36).

(1 Reis 2:28-29)

v. 28 Então chegaram novas a Joabe; porque Joabe havia se desviado após Adonias, embora não tivesse se desviado após Absalão. E Joabe fugiu para o tabernáculo do SENHOR, e se agarrou aos chifres do altar. 

v. 29 E contaram ao rei Salomão que Joabe havia fugido para o tabernáculo do SENHOR; e, eis que ele está junto ao altar. Então, Salomão enviou Benaia, o filho de Joiada, dizendo: Vai, cai sobre ele. 

 Como comandante do exército, o apoio de Joabe a Adonias poderia ter mobilizado as antigas tropas tribais e das famílias em defesa de Adonias.

Tal ameaça constituía uma virtual traição, e esse potencial de traição permaneceria enquanto Joabe vivesse.

Além disso, julgar Joabe por seus assassinatos era uma medida necessária em repúdio à maneira violenta do passado – medida que Davi nunca tomou.

(1 Reis 2:30-33)

v. 30 E Benaia veio até o tabernáculo do SENHOR, e disse-lhe: Assim diz o rei: Sai. E ele disse: Não; mas morrerei aqui. E Benaia trouxe novamente palavra ao rei, dizendo: Assim disse Joabe, e assim me respondeu. 

v. 31 E disse-lhe o rei: Faz como ele disse, e cai sobre ele, e sepulta-o; para que tu possas remover o sangue inocente que Joabe derramou de mim e da casa do meu pai. 

v. 32 E o SENHOR devolverá o seu sangue sobre a sua própria cabeça, que caiu sobre dois homens mais justos e melhores do que ele, e os matou com a espada, sem o conhecimento do meu pai Davi, a saber, Abner, o filho de Ner, capitão do exército de Israel, e Amasa, o filho de Jéter, capitão do exército de Judá.

v. 33 O sangue deles, portanto, retornará sobre a cabeça de Joabe, e sobre a cabeça da sua semente para sempre; mas sobre Davi, e sobre a sua semente, e sobre a sua casa, e sobre o seu trono, haverá paz do SENHOR para sempre. 

 Joabe entendia perfeitamente as consequências de seus atos e buscou segurança no altar, onde Benaia executou a sentença de morte contra ele.

Ao executar o comandante-chefe das tropas tribais, Salomão estava executando uma ação arriscada para remover um inimigo popular, ou estava tão confiante em seu poder que não temia qualquer repercussão.

Executar Joabe no altar levantava outras questões. A devoção a Yahweh entre as massas podia não ter ido além da superstição de que as pontas do altar proviam proteção mágica.

Admitindo-se a realidade da fé de Salomão, sua descrença da proteção mágica das pontas do altar constituía uma rejeição da superstição popular e uma afirmação de que os verdadeiros valores morais e sociais transcendiam esse tipo de superstição mágica (ver nota em 1Rs 1:50).

Joabe podia ter buscado refúgio no altar, mas o direito de refúgio se aplicava àqueles que cometiam homicídio acidental (Êx 21:12-14).

(1 Reis 2:35)

v. 35 E o rei colocou Benaia, o filho de Joiada, em seu lugar sobre o exército; e Zadoque, o sacerdote, o rei colocou no lugar de Abiatar.

A nomeação de Benaia no lugar de Joabe sobre o exercito indica que Joabe foi o comandante-chefe até sua morte.

A restruturação posterior do governo para reduzir as forças tradicionais (cap. 4) pode indicar a contínua preocupação com a lealdade das autoridades tribais tradicionais para com Salomão.

(1 Reis 2:36-46)

 A situação de Simei era oposta à de Abiatar. Abiatar constituía um perigo na capital, onde ele poderia interferir na adoração centralizada.

Simei constituía um perigo fora de Jerusalém, onde ele poderia gerar problemas em localidades distantes. Consequentemente, Simei foi colocado sob prisão domiciliar em Jerusalém.

Quando Simei violou sua prisão domiciliar, talvez pensando que a preocupação de Salomão tivesse diminuído após o período de três anos, ele foi executado.

O ribeiro de Cedrom,justamente a leste de Jerusalém, servia como um dos limites da cidade.

Conclusão

Davi, neste momento, ensina importante lições sobre reprimendas. Ele desejava que os oficiais que já haviam lhe colocado em situações embaraçosas não criassem problemas a Salomão. Deste modo, a ordem era para que Joabe fosse morto.

Ele havia matado a Absalão, mesmo sob a ordem de poupa-lo. Também, matou a Abner e a Amasa traiçoeiramente, mesmo sendo inocentes. Simei havia amaldiçoado a Davi e expressado o desejo da volta da dinastia de Saul.

Em seguida, é relatado que Adonias faz um pedido ousado a Bate-Seba, mãe de Salomão. Ocorre que, no antigo Oriente, era comum que o novo rei tomasse o harém do rei antecessor.

Portanto, o pedido de Adonias guardava más intenções, de modo que Salomão, que já havia demonstrado misericórdia ao irmão, se vê sem alternativas, pelo que acaba ordenando sua execução.

Conforme podemos perceber, os últimos conselhos de Davi a Salomão e as primeiras ações relatadas do rei, guardam relação com a inadmissão quanto à impunidade. Conforme aduzimos, em capítulos anteriores, os preceitos divinos são cristalinos ao exporem que o mal deve ser repreendido.

Embora haja perdão, haverá consequências. Quem se arrepende, alcança misericórdia, contudo, a repreensão, pelos conselhos bíblicos, jamais deve ser aborrecida.

Davi havia experimentado o preço da impunidade, quando ele mesmo se viu em juízo por omitir seus pecados.

Também, ao não repreender Amnom, seu filho, o qual abusou de sua filha Tamar, acabou gerando a revolta de seu filho Absalão, o que gerou morte.

A impunidade aos inimigos do reino poderia causar a Salomão os mesmos embaraços causados a seu pai.

1 Reis 2 estudo.

Sobre o Autor

Olá, me chamo Lázaro Correia, sou Cristão, formado em Teologia e apaixonado pela Bíblia. Aqui no Blog você vai encontrar diversos estudos Bíblicos e muito conteúdo sobre vida Cristã.

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