Juízes 16 Estudo: A Força da Resistência
Neste capítulo de Juízes 16 estudo, inicia contando que Sansão fora até Gaza e coabitou com uma prostituta. Os Gazitas intentavam matá-lo, porém sem êxito. Após, Sansão se afeiçoa a Dalila.
Os filisteus a subornaram, mandando que descobrisse a fraqueza de Sansão, para que, então, o subjugassem. Dalila, deste modo, incansavelmente, se propõe a descobrir aquilo que, eventualmente, viesse a ser a fraqueza de Sansão.
Inicialmente, ele não o revela. Pelo contrário, Sansão a engana, informando erroneamente sobre a fonte de sua força.
Após insistência da mulher, as escrituras relatam que Sansão se vê impaciente, de modo que abriu seu coração a Dalila e a declarou que sua força se dava ao fato de que era consagrado nazireu desde o nascimento e, portanto, nunca navalha alguma lhe passou na cabeça, para lhe cortar os cabeços, o que o tornava forte.
Dalila, sem perda de tempo, informou isso aos príncipes filisteus e, ao fazer Sansão dormir em seus joelhos, cortou seus cabeços. Os filisteus subjugam Sansão, vazando seus olhos e lhe encarcerando.
Por fim, é relatado que os filisteus se juntaram para sacrificar a seus deuses e, para alegrarem-se, mandaram trazer Sansão, para com ele divertirem-se. O cabelo de Sansão estava voltando a crescer.
Quando ele foi levado e colocado entre duas colunas, que sustentavam aquela casa, ele rogou ao Senhor e pediu que, uma vez mais, lhe fosse dado forças para, ainda que morresse, viesse a prevalecer sobre os filisteus.
Deus assim o permitiu e, então, Sansão, naquele momento, se inclinou contra aquelas colunas, de modo que toda a casa ruiu e morreram mais pessoas do que Sansão havia matado em vida.
Juízes 16 estudo: Contexto histórico
Sansão havia descoberto que sua noiva havia sido entregue a seu companheiro de honra, razão pela qual ele provocou uma queimada nas plantações dos filisteus.
Os filisteus, então, mataram a mulher timnamita e seu pai. Descobrindo isso, Sansão promove uma carnificina e se esconde na fenda de uma rocha, em Etã. Os homens de Judá, após entrarem num acordo com Sansão, o amarram, para entrega-lo aos filisteus.
Ao ser entregue, o Espírito do Senhor o tomou e, com apenas uma queixada de jumento, ele matou mil homens. Por fim, Deus provê, sobrenaturalmente, água a Sansão.
(Juízes 16:1-3) A prostituta gazita
v. 1 Então Sansão foi a Gaza, e lá viu uma prostituta, e entrou a ela.
v. 2 E foi dito aos gazitas: Sansão veio para cá. E eles o cercaram, e ficaram esperando por ele toda a noite no portão da cidade, e ficaram quietos toda a noite, dizendo: Pela manhã, quando for dia, nós o mataremos.
v. 3 E Sansão ficou deitado até meia-noite, e se levantou à meia-noite, e pegou as portas do portão da cidade, e os dois postes, e saiu com eles, com a barra e tudo, e os pôs em cima dos seus ombros, e os carregou até o topo de uma colina que fica diante de Hebrom.
O versículo de abertura é um paralelo de Jz 14:1. Sansão foi até uma cidade dos filisteus e viu uma mulher. Tal como a história de Israel, a espiral na vida de Sansão também vai descendo.
Desta vez ele não quis se casar com ela, quis apenas dormir com a mulher. Gaza era a cidade filisteia mais distante da casa de Sansão, o que simboliza o quanto ele tinha ido para longe de Deus.
Quando os filisteus ouviram que ele estava ali, cercaram a cidade e esperaram por ele na única saída, o portão da cidade. Contudo, a força de Sansão era tão imensa que os filisteus não conseguiram apanhá-lo na armadilha.
Sua enorme demonstração de força ao arrancar a porta da cidade e carregá-la por cerca de 64 quilômetros morro acima até a colina que fica diante de Hebrom amplia a ironia de sua fraqueza subsequente nas mãos de uma mulher.
(Juízes 16:4-5) Dalila
v. 4 E sucedeu que, posteriormente, ele amou uma mulher no vale de Soreque, cujo nome era Dalila.
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v. 5 E os senhores dos filisteus subiram até ela, e lhe disseram: Seduz-lhe, e vê onde repousa a sua grande força, e por quais meios poderemos prevalecer contra ele, para que possamos amarrá-lo e afligi-lo, e te daremos, cada um de nós, mil e cem peças de prata.
As mulheres sempre foram o problema de Sansão, mas seu encontro com Dalila foi o único caso em que é dito que ele se apaixonou. Mais uma vez, seu coração estava posto em uma mulher filisteia.
O nome de Dalila Soa parecido com a palavra hebraica correspondente a noite, combinando com as trevas que estavam prestes a cair sobre Sansão.
Os senhores dos filisteus, que governavam as cinco cidades-estado que compunham a região (1Sm 6:17-18), tentaram persuadir Dalila a descobrir o segredo da força de Sansão, prometendo a ela uma imensa soma de dinheiro-mil e cem peças de prata de cada líder.
Em comparação, o preço de um escravo comum era trezentos e sessenta gramas de prata (Ex 21:32).
(Juízes 16:6-9) As vimes verdes
v. 6 E Dalila disse a Sansão: Diz-me, rogo-te, onde repousa a tua grande força, e com o que tu podes ser amarrado e afligido.
v. 7 E Sansão lhe disse: Se me amarrarem com sete vimes verdes que jamais tenham sido ressecados, então ficarei fraco, e serei como qualquer outro homem.
v. 8 Então os senhores dos filisteus trouxeram até ela sete vimes verdes que não haviam sido ressecados, e ela o amarrou com eles.
v. 9 Ora, havia homens deitados em espera junto a ela na câmara. E ela lhe disse: Os filisteus estão sobre ti, Sansão. E ele rompeu os vimes, como um fio de estopa se rompe quando encosta no fogo. Então, a sua força não foi conhecida.
As vimes verdes são hastes que se tira de uma planta da família das salicáceas, chamada vimeiro ou salgueiro, e serve para fazer cestos, móveis e objetos.
Assim como nos incidentes anteriores com o mel do leāo e a mandíbula do jumento, Sansão mostrou desdém por seu voto de nazireu.
Sete era considerado o número da totalidade no antigo Oriente Próximo; assim, a ideia de ficar fraco por causa de sete vimes verdes sugeria (incorreta mente) que a fonte da força de Sansão estava na magia, e não no Senhor.
(Juízes 16:10-12) Cordas novas
v. 10 E Dalila disse a Sansão: Eis que zombaste de mim e me contaste mentiras; agora, diz-me, rogo-te, com o que tu podes ser amarrado.
v. 11 E ele lhe disse: Se me amarrarem firmemente com cordas novas, que jamais foram usadas, então serei fraco, e como qualquer outro homem.
v. 12 Dalila, portanto, tomou cordas novas, e com elas o amarrou, e lhe disse: Os filisteus estão sobre ti, Sansão. E havia homens deitados em espera na câmara. E ele as rompeu dos seus braços como se fossem um fio.
Desta vez, Sansão disse a Dalila para usar cordas novas para amarrá-lo. Esta foi a mesma estratégia que os israelitas usaram para amarrar Sansão em Jz 15:13. Logo, não é de se surpreender que a tentativa não tenha dado certo.
(Juízes 16:13-14) As sete tranças de Sansão
v. 13 E Dalila disse a Sansão: Até aqui tu tens zombado de mim e me contado mentiras; conta-me com o que tu podes ser amarrado. E ele lhe disse: Se tu teceres as sete tranças da minha cabeça com a trama.
v. 14 E ela o prendeu com o pino, e lhe disse: Os filisteus estão sobre ti, Sansão. E ele despertou do seu sono, e saiu com o pino da trave, e com a trama.
Na terceira vez que Dalila tentou descobrir o segredo da força de Sansão, ele lhe disse se tu teceres… as sete tranças de seu cabelo em uma trama. Apesar de não ter dado certo, esta tentativa foi mais nefasta que as anteriores.
Sansão não só apontou para a ligação entre sua força e seu cabelo, como também a imagem de uma mulher perto de um homem dormindo com uma trama nas mãos, lembra Jael se aproximando do adormecido Sísera.
(Juízes 16:15-17) O segredo é revelado
v. 15 E ela lhe disse: Como tu podes dizer: Eu te amo; quando o teu coração não está comigo? Zombaste de mim três vezes, e não me contaste onde repousa a tua grande força.
v. 16 E sucedeu que, quando ela o pressionava diariamente com as suas palavras, e com ele insistia, a sua alma ficou atormentada até a morte;
v. 17 até que ele contou-lhe todo o seu coração, e lhe disse: Jamais veio navalha sobre a minha cabeça; pois sou um nazireu para Deus desde o ventre da minha mãe. Se eu for raspado, então a minha força se irá de mim, e eu me tornarei fraco, e serei como qualquer outro homem.
Finalmente Sansão contou a Dalila o segredo (lit. “todo o seu coração”): que sua força vinha do voto de nazireu, simbolizado por seu cabelo que nunca fora cortado.
De fato, esta era a única parte de seu voto de nazireu que Sansão ainda não tinha quebrado, e esta revelação mostra como era pequena a consideração que Sansão tinha por ele.
(Juízes 16:18-20) A cabeça de Sansão é raspada
v. 18 E quando Dalila viu que ele havia lhe contado todo o seu coração, ela enviou e chamou os senhores dos filisteus, dizendo: Subi mais esta única vez, pois ele me revelou todo o seu coração. Então, os senhores dos filisteus subiram até ela, e trouxeram dinheiro nas suas mãos.
v. 19 E ela fez com que ele dormisse sobre os seus joelhos; e chamou um homem, e fez com que ele raspasse as sete tranças da sua cabeça; e ela começou a afligi-lo, e a sua força se foi dele.
v. 20 E ela lhe disse: Os filisteus estão sobre ti, Sansão. E ele despertou do seu sono, e disse: Eu sairei como nas outras vezes anteriores, e me sacudirei. E ele não sabia que o SENHOR havia se retirado dele.
Dalila viu que desta vez ela tinha conseguido o segredo. Por isso, em vez de simplesmente dizer, “os filisteus estão sobre ti!” (v. 9), ela chamou os líderes filisteus, que rasparam a cabeça de Sansão. Sem o último elemento de seu voto de nazireu, a força de Sansão se foi.
(Juízes 16:21-22) Sansão é encarcerado
v. 21 Mas os filisteus o apanharam, e lhe arrancaram os olhos, e o fizeram descer até Gaza, e o amarraram com grilhões de bronze; e ele fazia moagem na casa prisional.
v. 22 Todavia, o cabelo da sua cabeça começou a crescer novamente, depois de ter sido raspado.
Sansão foi levado para o exílio em Gaza, cidade onde antes tinha feito atos heroicos nos v. 1-3. Seus olhos, que lhe causaram tantos problemas, foram arrancados pelos filisteus, e sua força foi colocada a serviço deles, movendo cereais.
Em meio a sua situação desesperada havia um raio de esperança: o cabelo da sua cabeça começou a crescer novamente.
(Juízes 16:23-27) Sansão vira entretenimento
v. 23 Então, os senhores dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício a Dagom, o seu deus, e para se alegrar, pois diziam: O nosso deus entregou Sansão, o nosso inimigo, na nossa mão.
v. 24 E quando o povo o viu, louvou o seu deus; pois diziam: O nosso deus entregou em nossas mãos o nosso inimigo, e o destruidor da nossa terra, o qual matou muitos de nós.
v. 25 E sucedeu que, quando o coração deles estava alegre, disseram: Chamai Sansão, para que ele nos faça diversão. E chamaram Sansão da casa prisional; e ele lhes fez diversão; e eles o colocaram no meio de duas colunas.
v. 26 E Sansão disse ao moço que o segurava pela mão: Permite que eu possa sentir as colunas sobre as quais a casa se apoia, para que nelas eu possa me encostar.
v. 27 Ora, a casa estava repleta de homens e mulheres; e todos os senhores dos filisteus lá estavam; e havia sobre o telhado cerca de três mil homens e mulheres, que observavam enquanto Sansão os divertia.
O nome Dagon está relacionado à palavra “cereal”. Isto sugere que este deus, a quem os filisteus atribuíram o feito de capturar seu atormentador Sansão, tinha um papel agrícola. Na verdade, a captura de Sansão só foi possível porque o Senhor o tinha deixado (v. 20).
No decorrer da festa, os filisteus chamaram Sansão para entretê-los, provavelmente por ser ele o alvo de seu humor zombeteiro. Eles o levaram até o centro da casa, cujo teto provavelmente era sustentado por colunas de cedro.
(Juízes 16:28-31) O desfecho de Sansão
v. 28 E Sansão clamou ao SENHOR, e disse: Ó Senhor DEUS, recorda-te de mim, rogo-te, e me fortalece, rogo-te, só mais esta vez, ó Deus, para que eu possa ser, de uma vez, vingado dos filisteus pelos meus dois olhos.
v. 29 E Sansão se agarrou às duas colunas centrais sobre as quais a casa se colocava de pé, e sobre as quais ela se sustentava, uma com a sua mão direita, e outra com a sua esquerda.
v. 30 E Sansão disse: Que morra eu com os filisteus. E ele se curvou com toda a sua força; e a casa caiu sobre os senhores, e sobre todo o povo dentro dela. Assim, os mortos que ele provocou na sua morte foram mais do que aqueles que ele matou na sua vida.
v. 31 Então, os seus irmãos e toda a casa do seu pai desceram, e o tomaram, e o fizeram subir, e o sepultaram entre Zorá e Estaol no sepulcro de Manoá, seu pai. E ele julgou Israel por vinte anos.
Tal como fez em Jz 15:18, Sansão clamou ao Senhor pedindo que se lembrasse dele. No antigo testamento, “lembrar” não significa apenas pensar numa pessoa, e sim agir em favor dela (ver nota em Gn 8:1).
A motivação de Sansão ainda era centrada em si mesmo: ele queria se vingar dos filisteus pela perda de seus olhos.
Ao destruir o edifício, Sansão cumpriu seu próprio destino: ele começou a “libertar Israel das mãos dos filisteus” (Jz 13:5).
Contudo, ao morrer, sua tarefa ficou por terminar. Seu corpo foi recuperado para ser enterrado com sua família, mas este período de liderança não trouxe descanso para o povo.
Conclusão
Sansão era um Narizeu. Quando o Anjo havia visitado seus pais, havia os orientado sobre as abstenções exigidas para este voto.
Sansão não poderia beber vinho ou qualquer bebida forte, tampouco comer aquilo que procedesse da videira.
Ainda, deveria se abster de comer qualquer coisa imunda e, sobre sua cabeça, não poderia ser passada navalha.
Ele tinha o propósito de livrar os israelitas dos filisteus. Sua força física estava ligada a seu propósito.
Nos capítulos anteriores, as escrituras já haviam exposto Sansão descumprindo as exigências divinas para seu propósito. Ele não se absteve de bebidas fortes, tampouco de se alimentar daquilo que era imundo.
Como se não bastasse, neste capítulo, vemos a menção de uma terceira mulher com a qual ele se relacionara.
A única “exigência” que, ainda, não havia sido descumprida por Sansão, era a de não passar navalha em sua cabeça, o que nos faz compreender o porquê ele atribuía a essa questão “a fonte” de sua força.
Neste ponto, importante esclarecermos o óbvio, ou seja, que toda força de Sansão vinha de Deus, em razão do propósito para o qual existia.
As escrituras relatam que Dalila insistiu tanto para que ele revelasse seu segredo que Sansão fora vencido, não por homens, tampouco por aplicação de força física, mas pelas palavras de uma mulher, pela qual havia se apaixonado, indevidamente.
Ela, então, corta seu cabelo e, assim, Sansão quebra totalmente o voto de Nazireu e perde sua força.
Aprendemos, aqui, que a verdadeira força do homem, também, advém de sua capacidade de resistir.
Quando passamos a exercitar nosso corpo físico, aprendemos que a força muscular vem após muita resistência, ou seja, mais que suportar a dor, precisamos desenvolver a capacidade psicológica de não cedermos a ela logo que a sentimos.
Sansão era muito fraco moral e espiritualmente. Ele não havia desenvolvido a capacidade de resistir as tentações.
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