Juízes 11 Estudo: Um Voto Insensato

Neste capítulo de Juízes 11 estudo, veremos que Deus levanta Jefté. Ele era gileadita e filho de uma prostituta, razão pela qual seus irmãos o expulsaram, por ser filho de outra mulher. Ele, então, fora para Tobe.

Os filhos de Amom foram, então, pelejar contra Israel. Por isso, os anciãos foram ter com Jefte e solicitaram que ele os liderassem contra os filhos de Amom.

Após prometerem que, caso vencesse, ele seria o cabeça de Israel, Jefte enviou mensageiros para o rei de Amom, para compreender o motivo da peleja.

O rei, então, lhe expos que pelejava contra eles em razão de que, quando Israel subiu do Egito, tomou suas terras, desde Arnom, até ao Jordão e, por fim, a requereu de volta, pacificamente.

Jefte, contudo, informou que o Senhor foi quem os deu aquelas regiões e, portanto, eles não estariam sendo justos em seu intento. Contudo, aquele rei não lhe dera ouvidos.

Jefté, portanto, fez um voto ao Senhor, aduzindo que, caso vencesse, o primeiro que lhe saísse ao encontro, em sua casa, após a vitória, ele entregaria como holocausto.

Deus, então, entrega os filhos de Amom, em suas mãos e, ao retornar, sua única filha saiu-lhe ao encontro, celebrando a vitória. Jefté, então, rasgou suas vestes e informou a situação a sua filha.

Ela, então, rogou ao pai que lhe concedesse dois meses para que saísse aos montes para chorar sua virgindade e, sendo concedido, assim o fez. Quando retornou, Jefté cumpriu seu voto.

Juízes 11 estudo: Contexto histórico

No capítulo anterior, vimos que Tola e Jair foram juízes sobre Israel. Após, os israelitas abandonaram a Deus, novamente, o qual os entregou aos filisteus e aos filhos de Amom.

Por isso, eles clamaram e passaram a deixar os falsos ídolos, razão pela qual o Senhor não teve como reter Sua compaixão.

Por fim, os filhos de Amom se acamparam em Gileade e questionaram quem se levantaria para pelejar contra eles.

(Juízes 11:1-3) Jefté

v. 1 Ora, Jefté, o gileadita, era um homem poderoso e valente, e ele era filho de uma prostituta; e Gileade gerou Jefté. 


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v. 2 E a mulher de Gileade deu-lhe à luz filhos; os filhos da sua mulher cresceram, e eles expulsaram Jefté, e lhe disseram: Tu não herdarás a casa do nosso pai; pois tu és filho de uma mulher estranha. 

v. 3 Então Jefté fugiu dos seus irmãos, e habitou na terra de Tobe; e ali estavam reunidos com Jefté homens vãos, e eles saíram com ele. 

O candidato que os gileaditas estavam procurando logo apareceu. Jefté é descrito como um homem poderoso e valente, designação idêntica à que o Anjo do Senhor usou para se referir a Gideão em Jz 6:12.

No entanto, Jefté também era um pária, pois era filho de uma prostituta. Expulso de sua família, Jefté viveu uma vida de bandido na terra de Tobe, onde um bando de vadios se uniu a ele.

Esta expressão é a mesma que foi usada em Jz 9:4 para descrever os mercenários de Abimeleque. Jefté era um homem sem casa, sem família e sem futuro.

(Juízes 11:4-6) A liderança de Jefté

v. 4 E sucedeu que, com o passar do tempo, os filhos de Amom perpetraram guerra contra Israel. 
v. 5 E assim foi que, quando os filhos de Amom perpetraram guerra contra Israel, os anciãos de Gileade foram retirar Jefté da terra de Tobe; 

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v. 6 e eles disseram a Jefté: Vem e sê o nosso capitão, para que possamos lutar contra os filhos de Amom. 

Quando os amonitas foram à guerra contra Israel, os líderes de Gileade convidaram Jefté para ser seu comandante.

Há um paralelo entre o repentino interesse de Israel no Senhor, quando os amonitas os atacaram no capítulo 10, e o súbito interesse dos gileaditas em Jefté.

Ambos parecem ter sido motivados mais pelo desespero do que por uma genuína mudança de coração.

Em 10:18 chefe (Heb. ro’sh), que significava liderar a tribo por um longo tempo, porém eles ofereceram a Jefté a posição de comandante militar (Heb. gatsin), uma posição inferior.

(Juízes 11:7-11) A promessa dos anciãos

v. 7 E Jefté disse aos anciãos de Gileade: Não me odiastes, e não me expulsastes da casa do meu pai? E por que agora vindes até mim, agora quando estais em aflição? 

v. 8 E os anciãos de Gileade disseram a Jefté: Por isso, voltamo-nos para ti agora, para que possas ir conosco, e lutar contra os filhos de Amom, e ser o nosso cabeça sobre todos os habitantes de Gileade. 

v. 9 E Jefté disse aos anciãos de Gileade: Se vós me trouxerdes de volta para casa para lutar contra os filhos de Amom, e o SENHOR os entregar diante de mim, serei eu o vosso cabeça? 

v. 10 E os anciãos de Gileade disseram a Jefté: O SENHOR seja testemunha entre nós, se não procedermos de acordo com as tuas palavras. 

v. 11 Então Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo fez dele o cabeça e capitão sobre eles; e Jefté declarou todas as suas palavras diante do SENHOR em Mispá. 

 Jefté não aceitou de imediato este pedido. Antes os líderes de Gileade tinham ficado contentes em mandá-lo embora; e agora, na hora da necessidade, queriam sua ajuda.

Em resposta, os anciãos de Gileade aumentaram sua oferta a Jefté, dizendo que realmente lhe fariam a cabeça (Heb.ro’sh, v. 8).

Jefté trouxe o nome do Senhor para a discussão ao aceitar a oferta deles sob uma condição. Os líderes de Gileade fizeram votos na presença do Senhor e tornaram Jefté Seu cabeça e capitão.

Tanto os líderes como Jefté parecem ter usado o nome do Senhor para sustentar seus próprios interesses.

(Juízes 11:12-13) A reivindicação dos amonitas

v. 12 E Jefté enviou mensageiros até o rei dos filhos de Amom, dizendo: O que tens tu para fazer comigo, que viestes contra mim para lutar na minha terra? 

v. 13 E o rei dos filhos de Amom respondeu aos mensageiros de Jefté: Como Israel tomou a minha terra, quando subiu do Egito, desde Arnom até o Jaboque, e até o Jordão; agora, portanto, restitui aquelas terras novamente de modo pacífico. 

Sendo o novo líder, Jefte agiu como um rei, falando ao rei dos amonitas de igual para igual e reivindicando a terra de Gileade como sua propriedade pessoal (minha terra).

O rei dos amonitas contestou esta alegação, dizendo que a região a leste do Jordão, do rio Arnom no sul até o rio Jaboque no norte, pertenciam a ele e tinham sido tomadas ilegalmente quando Israel veio do Egito.

Esta declaração era falsa. No tempo em que Israel subiu do Egito, a terra era ocupada pelos amorreus, e não pelos amonitas (Nm 21:21-35).

(Juízes 11:14-22) A resposta de Jefté

As negociações passaram para outro nível quando Jefté enviou mais mensageiros ao rei. Eles começaram a falar utilizando o discurso diplomático real padrão, “Assim diz Jefté”.

Eles disseram que a terra de Gileade nunca havia pertencido nem a Arnom nem a Moabe, vizinho de Amom ao sul.

Pelo contrário, quando Israel saiu do Egito, eles tiveram o cuidado de respeitar os limites territoriais de Edom e Moabe.

Contudo, quando Seom, rei dos amorreus, atacou os israelitas, eles não tiveram escolha a não ser lutar contra ele. Então o Senhor deu a Israel a terra de Seom, que o rei dos amonitas havia descrito (v. 21-22; cp. v. 13).

(Juízes 11:23-27) O direito de Israel

v. 23 Então o SENHOR Deus de Israel desapropriou os amorreus diante do seu povo, Israel, e deverias tu possuí-lo? 

v. 24 Não possuirás tu aquilo que o teu deus, Quemós, dá-te para possuirdes? Portanto, todos aqueles que, de diante de nós, o SENHOR nosso Deus expulsar, nós os possuiremos. 

v. 25 E, agora, és tu melhor do que Balaque, o filho de Zipor, rei de Moabe? Será que ele já pelejou contra Israel, ou já lutou contra eles, 

v. 26 enquanto Israel habitou em Hesbom e suas cidades, e em Aroer e as suas aldeias, e em todas as cidades que estão ao longo dos termos de Arnom, trezentos anos? Portanto, por que vós não as recuperastes durante aquele tempo? 

v. 27 Por isso, eu não pequei contra ti, mas tu me fazes mal ao guerrear contra mim; o SENHOR, que é juiz, julgue neste dia entre os filhos de Israel e os filhos de Amom. 

Era de entendimento comum naqueles dias que toda terra que um deus dava a seu povo pertencia a eles. O Senhor Deus de Israel, expulsou os amorreus e, portanto, aquela terra pertencia a Israel.

Se Quemós, deus dos amonitas, fosse realmente poderoso, ele poderia tomar aquela terra para eles, Neste discurso, por acidente ou de propósito, parece que Jefté confundiu os deuses de Moabe e Amom.

Em outros trechos da Bíblia, Quemós é o deus de Moabe e Moloque é o deus de Amom. Anteriormente, Balaque tentou amaldiçoar Israel por meio do profeta Balaão, mas não conseguiu (Nm 22-24).

O Senhor seria o Juiz supremo da disputa entre eles. A esta altura, a diplomacia já tinha acabado e começou a guerra.

(Juízes 11:29-33) O voto

v. 29 Então, o Espírito do SENHOR veio sobre Jefté, e ele atravessou Gileade, e Manassés, e atravessou Mispá de Gileade, e de Mispá de Gileade, ele atravessou até os filhos de Amom. 

v. 30 E Jefté fez um voto ao SENHOR, e disse: Se tu, sem falta, entregares os filhos de Amom nas minhas mãos, 

v. 31 então será que, o que quer que saia das portas da minha casa para me encontrar, quando eu retornar em paz dos filhos de Amom, certamente será do SENHOR, e eu oferecerei como oferta queimada. 

v. 32 Assim Jefté atravessou até os filhos de Amom para lutar contra eles; e o SENHOR os entregou nas suas mãos. 

v. 33 E ele os feriu desde Aroer, até chegarem a Minite, vinte cidades, e até a planície dos vinhedos, com um massacre mui grande. Assim os filhos de Amom foram subjugados diante dos filhos de Israel. 

O Espírito do Senhor veio sobre Jefté, capacitando-o para agir. Ele viajou por Gileade e Manassés para reunir suas tropas e avançou contra os amonitas.

Por Sua vez, o Senhor lhe concedeu vitória sobre os amonitas, desde Aroer, até chegar a Minite, vinte cidades, e até a planície dos vinhedos-três cidades que definiam a fronteira tradicional entre Israel e Amom.

Porém, entre a capacitação e a vitória, houve um episódio intermediário que corroeu o triunfo de Jefté.

Ele tentou garantir o favor do Senhor fazendo um voto de sacrifício como oferta queimada àquele que estivesse saindo da porta de sua casa ao seu encontro depois que ele vencesse.

É provável que Jefté tivesse em mente um sacrifício humano, já que não era comum que animais viessem saudar os exércitos que voltavam.

Assim como Jefté confundiu Quem é Moloque na seção anterior, agora ele confundiu o Senhor com Quemós e Moloque.

Os deuses dos moabitas e dos amonitas aceitavam ofertas de queimadas humanas como sinal de total dedicação (2Rs 3), mas estas ofertas eram abominação ao Senhor.

O Senhor teria livrado Israel de qualquer jeito, mesmo sem o voto precipitado de Jefté.

(Juízes 11:34-35) A filha de Jefté

v. 34 E Jefté veio a Mispá, até a sua casa, e eis que a sua filha saiu para encontrá-lo com adufes e com danças; e ela era a sua única filha; além dela, ele não tinha nenhum outro filho ou filha. 

v. 35 E sucedeu que, quando ele a viu, rasgou as suas vestes, e disse: Ai, filha minha! Tu me colocaste muito para baixo, e tu és uma daquelas que me aflige; pois abri a minha boca para o SENHOR, e não posso voltar atrás. 

Depois da vitória, o voto de Jefté voltou para assombrá-lo. A pessoa que saiu para encontrá-lo foi sua filha, com adufes e com danças. Esta era a saudação tradicional para um herói que retornava.

Ela era sua única filha. Sacrificá-la o deixaria sem filhos. Jefté rasgou as suas vestes e pranteou sua perda, embora essa lamentação não fosse muito por ela, e sim por ele mesmo.

(Juízes 11:36-40) A reação da filha de Jefté

v. 36 E ela disse a ele: Meu pai, se tu abriste a tua boca para o SENHOR, faz comigo segundo aquilo que procedeu da tua boca; tanto mais que o SENHOR fez vingança por ti contra os teus inimigos, os filhos de Amom. 

v. 37 E ela disse ao seu pai: Que isto seja feito a mim; deixa-me a sós por dois meses, para que eu possa subir e descer os montes, e lamentar pela minha virgindade: eu e as minhas companheiras. 

v. 38 E ele disse: Vai. E ele a despediu por dois meses; e ela foi com as suas companheiras, e lamentou pela sua virgindade sobre os montes. 

v. 39 E sucedeu que, ao final de dois meses, ela retornou ao seu pai, que fez com ela segundo o seu voto que havia feito; e ela não conheceu homem algum. E tornou-se um costume em Israel, 

v. 40 que as filhas de Israel saíssem anualmente para lamentar a filha de Jefté, o gileadita, quatro dias por ano. 

 A filha de Jefté era muito diferente de seu pai. Ela não o recriminou, apenas o exortou a cumprir seu voto, já que o Senhor havia cumprido as condições.

Diferentemente de Abraão, cuja fidelidade à exigência do Senhor o levou a ter uma multidão de descendentes, a “fidelidade” de Jefté fez com que sua linhagem fosse totalmente exterminada.

Em parte, é por isso que o fato dela morrer virgem era algo a ser lamentado. Ela morreu insatisfeita porque jamais se casaria e teria filhos. Geralmente, tal sina condenava a pessoa a ser contada entre os imemoráveis de Israel.

Entretanto, embora o texto não tenha dito o nome da filha de Jefté, as filhas de Israel honraram sua memória ano após ano.

Conclusão

A resposta de Jefté, ao rei Amonita, expõe a audácia e ilegitimidade das razões daquele rei. Isso fica evidenciado pelo fato de que, aquelas terras, quando conquistadas pelos israelitas, pertenciam aos amorreus e, não, aos amonitas.

Não fazia sentido que os amonitas as reivindicassem trezentos anos após terem sido tomadas.O capítulo, ainda, expõe um voto desnecessário realizado por Jefté.

Deus havia proibido expressamente a realização de sacrifícios humanos, razão pela qual temos que o voto de Jefté fora influenciado pelas culturas pagãs, da região.

Há, ainda, o entendimento de que ele, na realidade, tenha dedicado a filha à virgindade perpétua, o que explica o fato dela ter saído chorar pelos montes. Independentemente, o voto de Jefté fez com que sua linhagem chegasse ao fim.

As escrituras nos ensinam que aquele que faz um voto, deve cumpri-lo, vez que Deus não se agrada de tolos que não cumprem o que votam (Eclesiastes 5:4).

De igual forma, elas ensinam que não é bom agir sem refletir e que, ser precipitado, ou seja, agir sem pensar, é pecado (Provérbios 19:2).

Qual não fora o dilema de Jefté ao concluir o tamanho de sua insensatez. Assim como ele sofreu pelos pecados de seus pais, sua filha, de igual forma, experimentou esta triste consequência.

Juízes 11 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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