Tiago 2 Estudo: A Fé e as Obras
Em Tiago 2, veremos que haverá uma ênfase na relação entre a fé e as obras. Ele começará falando novamente sobre a discriminação entre o rico e o pobre e apresentará a forma como deve ser tratada a questão.
A misericórdia deverá sempre guiar os nossos relacionamentos e por isso, nossos julgamentos e decisões devem ser influenciados por ela.
O irmão de Jesus discorrerá contundentemente sobre a importância de uma fé cristã embasada no comportamento e pelas obras. Ele não vê sentido em um cristão que não apresenta no seu dia-a-dia, traços de generosidade, compaixão e amor.
Contexto histórico
O irmão de Jesus começou com conselhos úteis. O propósito é fortalecer os cristãos em sua vida, menção feita a sabedoria. Ele entende que os problemas serão resolvidos com uma atitude firme.
Se faltar sabedoria, peça a Deus, para uma ação sobrenatural de Deus, devemos empregar a fé, sem duvidar. A fé só funcionará se for real, autêntica, senão, não surtirá efeito.
O rico e o pobre na época se tornara um problema social, a desigualdade social, como nos dias de hoje, por isso, ele nos dá preciosos conselhos sobre.
Encerra ensinando sobre a importância de praticar a Palavra, e não apenas ouvir e sobre a verdadeira religião. Acompanhe a seguir o estudo de todos os versículos de Tiago 2.
Tiago 2:1-26
Neste capítulo, Tiago discute a adoração na sinagoga. A referência ao tratamento diferenciado dos ricos em relação aos pobres nos faz lembrar Tg 1:9-11. O foco na ética da verdadeira espiritualidade está intimamente ligado ao capítulo 1.
(Tiago 2:1) Sem acepção
v. 1 Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, com acepção de pessoas.
A expressão acepção de pessoas é usada quatro vezes nas páginas do novo testamento (cp. Rm 2:11), todas elas indicando que Deus não usa de favoritismo.
Quando pecamos mostrando “favoritismo”, estamos dizendo que Deus não fez todos iguais. Portanto, quem usa de favoritismo é culpado de usar “maus pensamentos” (Tg 2:4).
(Tiago 2:2-3) Os dois são iguais
v. 2 Porque se vier à vossa assembleia um homem com um anel de ouro, em bons trajes, e entrar também um homem pobre com vestes imundas,
v. 3 e mostrardes respeito ao que veste bons trajes, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui em um bom lugar; e disserdes ao pobre: Fica tu em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado.
Tiago ilustrou o favoritismo contrastando a atitude da igreja para com um rico e um pobre entrando na assembleia (Gr. sunogogeyn).
Se o rico frequentasse a igreja, isso traria proveito financeiro, pois seus dízimos e ofertas seriam grandes; por isso, as pessoas da assembleia lhe dão atenção especial. “Mostrardes respeito” é o mesmo que “acepção” no v. 1.
(Tiago 2:4) Juízes de maus pensamentos
v. 4 Não estais sendo parciais entre vós mesmos, e não vos tornastes juízes de maus pensamentos?
Tiago condenou o favoritismo com uma pergunta retórica: não estais sendo parciais entre vós mesmos, e não vos tornastes juízes de maus pensamentos? Seus leitores só poderiam responder “sim”.
A palavra “sendo parciais” sugere que o favoritismo tinha criado divisões dentro da comunhão da sinagoga. Provavelmente nem o rico nem o pobre do exemplo eram membros da sinagoga.
(Tiago 2:5) Deus os escolheu antes
v. 5 Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu àqueles que o amam?
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O fato de Deus ter escolhido os que são pobres não é favoritismo, porque a escolha não se baseou em preconceitos.
A discriminação ocorre quando se ignora o fato de que a “lei perfeita da liberdade” se aplica a todos, o que nos obriga a tratar todos da mesma forma.
(Tiago 2:7) A blasfêmia dos ricos
v. 7 Porventura não blasfemam eles o nome digno pelo qual fostes chamados?
Este nome digno é Jesus Cristo. Blasfemam significa que os ricos blasfemavam, difamando Jesus direta ou indiretamente (agindo contra os membros da igreja).
(Tiago 2:8-11) Cumprir a lei real
v. 8 Se cumprirdes a lei real, conforme a escritura: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem.
v. 9 Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois condenados pela lei como transgressores.
v. 10 Porque qualquer que guardar toda a lei, e errar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.
v. 11 Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não assassinarás. Ora, se tu pois não cometeres adultério, mas matares, és transgressor da lei.
As atitudes dos cristãos devem se basear na lei real, que diz: amarás a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19:18). O favoritismo viola este mandamento, culpando aquele que o pratica de (Tiago 2:12-13).
Tiago exortou seus leitores a terem uma atitude apropriada. A expressão falai e procedei se refere a “ouvir e pôr em prática” e ao falar moderado. A lei da liberdade (o evangelho) será o critério do julgamento escatológico.
Tiago 2:14-26
Nesta seção, Tiago dá continuidade ao tema de “sede cumpridores da palavra, e não ouvintes apenas (Tg 1:19-27), focalizando a relação entre fé e obras.
(Tiago 2:14) Obras e fé
v. 14 Pois qual é o proveito, meus irmãos, se um homem disser que tem fé, e não tiver as obras? Poderá a fé salvá-lo?
Poderá a fé salvá-lo? deve ser entendida como “Acas, uma fé que não se expressa em boas obras pode ser uma fé salvadora?” A resposta é não.
(Tiago 2:15-17) Qual será o proveito?
v. 15 Se uma irmã ou um irmão estiverem nus, carentes do alimento diário,
v. 16 e algum de vós lhe disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, qual será o proveito?
v. 17 Assim é a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
Abençoar uma pessoa necessitada sem te oferecer ajuda tangível é inútil. Se a fé não for acompanhada por obras, ela é morta em si mesma.
(Tiago 2:18) Fé pelas obras
v. 18 Porquanto o homem pode dizer: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
A discussão volta para a relação entre fé e obras. A partir deste versículo. Tiago respondeu uma pergunta sem importância (o homem pode dizer) contrariando sua alegação de que a fé sem obras é morta.
(Tiago 2:19-20) Os demônios creem também
v. 19 Tu crês que há um só Deus; fazes bem; os demônios também creem, e tremem.
v. 20 Porém, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras está morta?
Os demônios também creem, e tremem é uma resposta ao pensamento equivoco de que basta crer em Deus para ser salvo. Os demônios também creem, mas é impossível serem salvos.
Ó homem vão, isto é, vazio, sem conteúdo, inútil. A fé salvadora envolve mais do que simples conhecimento. Ela envolve confiança e obediência, porque a fé sem as obras está morta.
(Tiago 2:21-23) Exemplo de Abraão
v. 21 Porventura não foi Abraão, nosso pai, justificado pelas obras, quando ofereceu Isaque, o seu filho, sobre o altar?
v. 22 Vede que a fé operou com as suas obras, e que pelas suas obras a fé foi aperfeiçoada?
v. 23 E a escritura cumpriu-se, a qual diz: E Abraão creu em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e ele foi chamado o Amigo de Deus.
O exemplo de Abraão oferecendo Isaque como sacrifício (Gn 22:1-19) confirma o ensinamento de Tiago sobre fé. O significado exato de justificado depende do contexto em que cada autor bíblico o utiliza.
Por exemplo Paulo (Rm 4:1-5) discutiu que a “prática da lei” não pode “justificar” ninguém, querendo deixar claro que a salvação é um dom que só se recebe pela fé.
Abraão creu em Deus,e sua confiança nele foi contada como justiça (Gn 15:6). Tiago focou mais o papel das boas obras em provar que uma fé é genuína. A fé de Abraão era genuína, pois ele obedeceu à ordem de Deus. Sua fé possibilitou que ele fizesse boas obras.
(Tiago 2:24-26) Viva a Fé
v. 24 Vede então como que, pelas obras, o homem é justificado, e não pela fé somente.
v. 25 E de igual modo, não foi também Raabe, a prostituta, justificada pelas obras, quando recebeu os mensageiros, e os enviou por outro caminho?
v. 26 Porque assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
A declaração de Tiago de que pelas obras, o homem é justificado, e não pela fé somente parece contradizer Rm 3:28, mas note que Paulo estava escrevendo sobre “obras da lei” (de Moisés), ao passo que Tiago falou apenas de “obras”, isto é, “boas obras”.
As referências de Tiago a lei são a “lei da liberdade” (o evangelho) e a “lei real” (v. 8; Lv 19:18), ambas confirmando sua afirmação de que a verdadeira fé é manifesta por meio de boas obras.
5 principais lições que aprendemos no estudo de Tiago 2
- A Fé e as Obras: Tiago enfatiza que a verdadeira fé não é apenas uma questão de crença intelectual, mas também envolve ações práticas que demonstram essa fé. As obras são o reflexo visível da nossa fé interior. Portanto, uma fé genuína deve ser acompanhada por ações de amor, serviço e obediência a Deus.
- O Respeito aos Pobres: Tiago adverte contra o favoritismo e a discriminação com base na aparência ou status social. Ele destaca a importância de tratarmos a todos com igualdade, independentemente de sua posição na sociedade. Isso significa demonstrar amor e compaixão pelos necessitados e marginalizados, seguindo o exemplo de Jesus.
- A Necessidade da Obediência: Tiago destaca que a verdadeira fé se evidencia na obediência à Palavra de Deus. Não basta apenas ouvir ou conhecer as Escrituras, mas devemos praticar o que aprendemos. A fé que não resulta em obediência é vazia e infrutífera.
- A Fé sem Obras é Morta: Tiago argumenta que a fé que não se manifesta em obras é inútil e comparável a uma árvore sem frutos. Uma fé genuína inevitavelmente produzirá um estilo de vida transformado, caracterizado por boas obras e uma conduta moral correta.
- O Julgamento pela Misericórdia: Tiago adverte que seremos julgados com base na maneira como tratamos os outros. Assim como Deus tem sido misericordioso conosco, Ele espera que também sejamos misericordiosos com os outros. A misericórdia é um princípio fundamental do Reino de Deus e deve ser praticada em nossas interações diárias com as pessoas ao nosso redor.
Conclusão
Uau, que capítulo! O irmão de Jesus nos deixa um ensinamento precioso nesse texto. Novamente ele fala dos pobres e ricos e como a igreja os tratava de maneira diferente, honrando a um e desprezando a outro.
Quantas vezes em nossas vidas julgamos o livro pela capa? Quantas vezes tivemos um preconceito sobre alguém, talvez, pelo que falava ou pelas vestimentas?
Nossa crença em Jesus não pode ser assim, o Mestre não viu diferença entre o paralítico do tanque de Betesda e Zaqueu, o rico publicano.
Para Cristo, os dois eram parte do seu propósito, importantes demais para que ele se preocupasse com julgamentos ou opiniões.
E sobre a fé, ah, que explicação de Tiago! A mesma fé que nos salva, através de acreditarmos na obra da cruz sem merecermos, sem fazermos nada por isso, é também a fé que nos impulsiona, em gratidão, a entregar tudo o que temos pelo que ele já fez, não pelo que fará.
Nossas obras são evidências de um coração grato e obediente, mediante o preço que devíamos, mas que foi pago, então, fazemos tudo por quem nos livrou dessa dívida. Já somos salvos, não nada mais a fazer, cremos nisso, e como forma de retribuição, agimos por ele. Glória a Deus!
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