Romanos 3 Estudo: Não Há um Justo Sequer
No capítulo 3 de Romanos, veremos que Paulo começará falando sobre a justiça de Deus e sua fidelidade. Ele afirmará que elas são independentes de nossa opinião e comportamento, aliás, a injustiça e o pecado confirmam a fidelidade e justiça dele.
O apóstolo, a partir disso, nos mostra que não há nenhum justo sequer e que todos pecaram! Em seguida, Paulo mostrará que a prática da lei não nos salvará e justamente isso, nossa incapacidade de obediência a lei de forma completa, torna este um caminho impossível de ser seguido por nós.
A justiça de Deus se revela salvadora e graciosa em Jesus, Ele sim é a propiciação perfeita e o sacrifício na cruz revela um Deus que ama a humanidade e não apenas um povo escolhido.
Contexto histórico
Acompanhamos Paulo falando sobre a hipocrisia. Não há como julgar ninguém sem nos julgarmos juntamente, mas Deus é completamente imparcial, retribuindo com alegria e justiça os que obedecem seus mandamentos e com sofrimento, pelas próprias mãos, os que escolhem não obedecer.
Paulo apresenta o valor da sinceridade dentro da obediência, que devemos ser aquilo que pregamos, que devemos cumprir aquilo que professamos com as palavras, e que de nada adiantará apenas conhecer, falar e não praticar. Nossa fé será morta. Acompanhe a seguir o estudo completo de Romanos 3.
(Romanos 3:1) Que vantagem há?
v. 1 Que vantagem então tem o judeu? Ou que proveito há na circuncisão?
Pelo capítulo 2, pode parecer que não havia vantagem em ser judeu ou ser circuncidado, mas Paulo listou muitas vantagens judaicas em Rm 9:4-5.
Em nossos dias, é uma vantagem ter pais cristãos, ir à igreja, ser batizado, frequentar uma escola cristā e ler a Bíblia – mas nenhuma dessas vantagens pode nos salvar.
(Romanos 3:2) Oráculos de Deus
v. 2 Muita, sob todos os aspectos: Principalmente, porque, foram-lhes confiados os oráculos de Deus.
É um grande privilégio ser judeu – sob todos os aspectos. Eles ouviram Deus falar as “dez palavras” ou os Dez Mandamentos (Êx 20:1-20) diretamente a eles.
Em seguida, através de uma longa série de profetas, as palavras de Deus vieram novamente ao povo do pacto. Nenhum outro povo na terra teve esse privilégio.
(Romanos 3:3) A fidelidade de Deus
v. 3 E se alguns deles não creram? A sua incredulidade anulará a fidelidade de Deus?
Mesmo que alguns judeus não creram, Deus será fiel ao Seu pacto e cumprirá Suas promessas. Paulo se referiu especialmente às promessas centradas no Messias, Jesus Cristo.
(Romanos 3:4) Deus é justificado!
v. 4 De forma alguma! Sim, que Deus seja verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.
Depois de ser confrontado pelo profeta Nata por seus pecados com Bate-Seba, Davi confessou, em Salmo 51:4, que Deus está justificado em Seus juízos. Seja Deus verdadeiro, uma vez que seria contra Sua natureza infinitamente perfeita ser de outra maneira.
(Romanos 3:5-8) Através de nossas falhas, honramos a Deus?
v. 5 Mas se a nossa injustiça ressalta a justiça de Deus, o que nós diremos? Seria Deus injusto por tomar a vingança? (eu falo como homem).
v. 6 De forma alguma! Pois então como Deus julgará o mundo?
v. 7 Pois, se a minha mentira fez abundar a verdade de Deus para sua glória, por que sou eu ainda julgado também como um pecador?
v. 8 E por que não dizemos (como somos caluniosamente reportados, e como alguns afirmam que dizemos): Façamos o mal, para que venha o bem? A condenação dos tais é justa.
Paulo lida com várias implicações errôneas a que, no entender dos críticos, esse ensino levaria. Por exemplo, se o pecado e o erro do homem mostram que Deus está correto, nesse caso o Senhor é honrado por nossas falhas.
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Como, então, pode Deus nos punir, sendo que ajudamos a manifestar Sua justiça? Mas Paulo respondeu que, por uma questão de princípio, o juízo divino do pecado é sempre justo.
As pessoas que pensam de outra maneira merecem condenação, pois seu verdadeiro foco não é glorificar a Deus, mas dar rédeas soltas aos seus desejos pecaminosos.
(Romanos 3:9) Todos estão debaixo do pecado
v. 9 Então o quê? Somos melhores do que eles? Não, de maneira nenhuma, pois nós já provamos antes que, tanto judeus como gentios, todos eles estão debaixo do pecado,
Todo o mundo está debaixo do pecado e, no entanto, o pecado é considerado um tópico arcaico em nossa sociedade secular. Não é difícil imaginar a razão.
O vício é algo feito contra a própria pessoa; o crime é algo feito contra a sociedade ou contra um indivíduo; mas o pecado é contra Deus. Uma vez que a cultura moderna é essencialmente ateia, “pecado” passou a ser um termo sem sentido.
(Romanos 3:10-18) Não há um justo sequer
v. 10 como está escrito: Não há nenhum justo, não, nem um.
Nesses versículos, Paulo encadeou sete passagens do Antigo Testamento para demonstrar que toda a humanidade está debaixo do jugo do pecado.
Ninguém é justo; não há quem entenda (Jo 8:43-44) e ninguém busca a Deus Desde a queda de Adão e Eva, as pessoas se escondem de Deus, mas o Pai enviou o Seu Filho “para buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10).
Todos se extraviaram (Is 1:2-4; 53:6) e, aos olhos do Eterno, ninguém é reto, Paulo citou passagens bíblicas para mostrar a extensão da corrupção.
Como Jesus ensinou, “do interior do coração dos homens” (Mc 7:21) vem todo o tipo de mal. O homem é ágil para derramar sangue.
No último século, mais de 3% milhões de pessoas perderam a vida em guerras. E, por estimativas conservadoras, governos humanos mataram mais 125 milhões de pessoas – liderados por Lênin, Stalin, Mao, Hitler e outros.
O problema básico é que os seres humanos são, com frequência, ateus práticos, mesmo quando professam crer em Deus. Eles escolhem contra a vontade de Deus e não demonstram medo algum por isso.
(Romanos 3:19) A lei é para todos
v. 19 Ora, nós sabemos que todas as coisas que diz a lei, ela o diz aos que estão debaixo da lei, para que toda a boca se cale, e todo o mundo se torne culpado diante de Deus.
Alguém pode argumentar que as sete passagens citadas acima são dirigidas não a judeus mas a nações pagãs.
Mas todas as coisas na Bíblia são primeiro dirigidas aos judeus, para sua instrução, a fim de que aprendam sobre o poder do pecado.
Todas as pessoas de todas as nações e etnias são pecadoras, e Deus julgará todo o mundo. No tribunal de Deus, todos são incapazes de falar.
(Romanos 3:20) Não há justificação pela lei
v. 20 Por isso, pelas obras da lei, nenhuma carne será justificada à sua vista, porque por meio da lei vem o conhecimento do pecado.
Ninguém pode obter justificação por meio da obediência aos requisitos da Lei. Ela nunca teve o propósito de ser um meio de salvação.
O principal propósito da Lei era revelar o pecado em toda a sua extensão, apontando assim para necessidade que o homem tem do dom da justiça.
Romanos 3:21-26
A expressão mas agora assinala uma mudança decisiva na argumentação de Paulo. De acordo com um intérprete, os versículos 21-26 constituem o “centro e o coração de Romanos 1.16 como um todo”.
Esse parágrafo (uma sentença única no original grego) constitui uma admirável condensação de teologia. Ele inclui três modos de se descrever a obra de Jesus na cruz e os benefícios que procedem do evangelho: justificação, redenção e propiciação.
Cada termo descreve o evangelho apelando para uma esfera diferente da vida antiga. “Justificação” é um termo extraído das experiências nos tribunais.
Os pecadores estão condenados no tribunal de Deus, no entanto, livremente, Ele declara “sem culpa” todo aquele que depositar sua fé em Cristo.
“Redenção” é um termo emprestado do mercado de escravos. Todas as pessoas são escravas do pecado em virtude de sua natureza caída, mas os cristãos são comprados por Deus e libertados para a nova vida em Cristo.
“Propiciação” é um termo que procede dos rituais no templo, onde o animal sacrificial, ao ser morto, ficava figuradamente debaixo da ira de Deus.
Jesus sofreu a ira de Deus na cruz. Por nossa fé em Cristo, a ira que procede do Senhor é considerada satisfeita e não nos encontramos mais debaixo da ira.
A justiça de Deus foi assim manifestada e dada no evento da cruz. Os pecadores obtêm perdão não por sua lealdade à Lei, mas pela fé naquele que cumpriu toda a justiça em nosso favor.
A expressão a lei e os profetas se refere ao Antigo Testamento, e todo a Escritura hebraica é entendida corretamente como dando testemunho de Jesus e Sua obra.
(Romanos 3:22) A justiça está em Jesus
v. 22 a justiça de Deus, que é pela fé de Jesus Cristo para todos, e sobre todos os que creem; porque não há diferença;
Jesus é o objeto da fé e o meio de obtenção do dom da justiça de Deus. Ó dom é para judeus e gentios que creem.
(Romanos 3:23) Privados da glória de Deus
v. 23 porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus.
Todos erraram o alvo que Deus pretendeu para a raça humana e perderam a glória da criação original (Sl 8:5). Crer nas boas-novas dá início ao processo de restauração à glória (Rm 8:30).
(Romanos 3:24) Justificados pela graça
v. 24 Sendo justificados livremente pela sua graça através da redenção que há em Cristo Jesus;
Justificados significa que os cristãos são declarados justos (Rm 5:1,9). O Juiz considera os cristãos inocentes por causa da obra de Jesus na cruz.
Livremente significa que Deus concede justificação não em virtude de algum mérito dos cristãos, mas unicamente por sua graça, a misericórdia e o amor imerecidos de Deus.
Redenção é um termo comercial que se refere à compra da liberdade para os escravos. O preço da compra de nossa liberdade foi o sangue de Jesus Cristo (ver Mc 10:45).
(Romanos 3:25) A propiciação perfeita
v. 25 a quem Deus estabeleceu para ser uma propiciação através da fé no seu sangue, para declarar a sua justiça pela remissão dos pecados que são passados, na paciência de Deus;
Propiciação é um termo que procede do sistema sacrifical do Antigo Testamento e do templo. A palavra grega hilosterion era usada para a tampa da arca do pacto.
Lutero a traduziu como “Gnadenstuhl” (“mercy seat” em inglês, propiciatório, Hb 9:5). No Dia da Expiação, de acordo com o antigo pacto, o sumo sacerdote aspergia sangue sobre a arca para fazer expiação pela nação.
Por esse ritual, os peca dos eram considerados expiados, as pessoas reconciliadas com Deus e a ira divina desviada. Os pecados de seres humanos, no entanto, não podiam ser literalmente expirados pela morte de animais (Hb 10:4).
Portanto, Jesus veio realizar aquilo que nenhum sacerdote, ao matar um animal ou esse ao ser sacrificado, jamais poderia realizar. Deus Pai tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2Co 5:21).
Isso envolve uma dupla imputação. Nosso pecado foi imputado a Jesus na cruz, e Sua justiça foi imputada a todos que creem.
Justificação não é uma ficção legal; os cristãos são justificados pela imputação da própria justiça de Deus em Seu Filho.
(Romanos 3:26) Justo e justificador
v. 26 para declarar, eu digo, a sua justiça neste tempo, para que ele seja justo e justificador daquele que crê em Jesus.
O tempo presente da cruz e da pregação das boas-novas vindicou Deus, mostrando que Ele é justo e justificador daquele que crê em Jesus.
Virou moda traduzir pisteos usados nos versículos 22,26 como “fidelidade de Jesus” em vez de fé em Jesus.
Embora o grego permita essa tradução, ela parece diminuir um pouco a ênfase de Paulo a respeito da fé na obra de Jesus na cruz.
(Romanos 3:27-28) Sem obras da lei
v. 27 Onde está então a vanglória? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.
v. 28 Portanto, concluímos que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.
Ninguém pode se gloriar por sua obra, muito menos se vangloriar por sua fé. A fé não é a causa da justificação, mas o meio pela qual ela se realiza. A causa da salvação é a graça e a misericórdia de Deus.
(Romanos 3:29-30) Há um só Deus
v. 29 É ele Deus somente dos judeus? Não é ele também dos gentios? Sim, também dos gentios;
v. 30 visto que há um só Deus, que justifica a circuncisão pela fé, e a incircuncisão por meio da fé.
Há somente um Deus e um só modo de ser justificado por Ele, não importando a identidade étnica ou nacional da pessoa: pela fé.
A expressão que… justifica não significa que a justificação ocorre em algum tempo futuro (no último julgamento) e que, assim, não seria uma realidade presente para o cristão.
Pelo contrário, ela aponta para o fato de que Deus considera cada um dos crentes justificado quando se chega a Ele por meio da fé. Desse modo, o Senhor “justificará” o seu vizinho amanhã se ele chegar à fé.
(Romanos 3:31) Estabelecemos a lei
v. 31 Anulamos, então, a lei pela fé? De forma alguma! Antes estabelecemos a lei.
Será que o evangelho anula a lei? Para responder a essa pergunta, Paulo considerou o caso de Abraão no capítulo seguinte.
5 importantes lições que podemos aprender em Romanos 3
- Universalidade do Pecado: Paulo enfatiza que tanto judeus quanto gentios estão sob o pecado, mostrando que ninguém está isento da necessidade de salvação. Isso nos lembra da condição universal da humanidade e da nossa dependência da graça de Deus para a redenção.
- Justificação pela Fé: Paulo destaca que somos justificados pela fé em Jesus Cristo, não por obras da lei. Isso nos ensina que nossa salvação não é alcançada por mérito próprio, mas é um dom gratuito de Deus, recebido pela fé.
- A Necessidade da Lei: Embora Paulo argumente que ninguém é justificado pelas obras da lei, ele também reconhece o valor da lei ao revelar o conhecimento do pecado. Isso nos leva a apreciar a lei como uma revelação do caráter santo de Deus e a reconhecer nossa necessidade de um Salvador.
- A Demonstração do Amor de Deus: Paulo declara que Deus demonstra seu amor por nós ao enviar Jesus para morrer por nossos pecados. Isso nos lembra da imensidão do amor de Deus e da profundidade de seu sacrifício em nosso favor.
- A Universalidade da Salvação: Paulo ressalta que Deus é o Deus tanto dos judeus quanto dos gentios, oferecendo salvação a todos que creem em Jesus. Isso nos encoraja a compartilhar o evangelho com todas as pessoas, independentemente de sua origem ou contexto cultural.
Conclusão
Concluindo, como exemplo de que os judeus não têm posição preferencial, Paulo afirmou que tanto judeus quanto gentios estavam sob o poder e controle do pecado e sob a condenação que resulta dele, a morte.
Primeiro para os gentios e depois para os judeus, e para validar sua acusação, Paulo citou seis passagens do Antigo Testamento.
Todos nós não temos capacidade espiritual pela qual podem, normal e automaticamente, exercer bondade verdadeira para com os outros. Em vez disso, o pecado nos torna egoístas e egocêntricos, incapazes de nos doarmos pelo próximo.
Percebemos também a maldade em várias partes do corpo humano, indicando, figuradamente, que cada parte contribui para a condenação daquela pessoa.
O Temer a Deus é a essência de uma pessoa piedosa e para um judeu, não temer a Deus era o cúmulo do pecado.
Paulo usa isso para nos ensinar que devemos oferecer nosso corpo, nossas vontades, nossos desejos, tudo diante de Deus, como um sacrifício vivo ao altar do Pai. Só assim decidimos morrer para nós mesmos e vivermos o que Cristo entregou para nós.
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