Juízes 19 Estudo: A Falência Humana

Juízes 19 estudo.

Em Juízes 19, é narrado a história de um levita e sua concubina. Este levita, peregrinando, tomou para si uma concubina. Ela, aborrecendo-se dele, o deixou e voltou para a casa de seu pai, ficando lá por quatro meses.

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Seu marido, então, foi atrás dela, para que retornasse. Após ser recebido, com alegria, por seu sogro, no quarto dia, levantou-se, de madrugada, para regressar, porém o pai da moça insistiu para que ele ficasse, se alimentasse e fosse embora apenas mais tarde e, deste modo se fez.

No quinto dia ele partiu até Jebus. Então, a bíblia narra que ele decide pernoitar em Gibeá, entretanto, não encontrou lugar. Ao anoitecer, vinha do campo um homem velho e, após ouvir o levita, o ofereceu repouso em seu lar.

Enquanto eles se alegravam, naquela casa, os moradores daquela cidade cercaram o local e insistiram para que o velho entregasse aquele homem a eles, para que dele abusassem, contudo o velho rogou que aquilo não fizessem e, como alternativa, ofereceu a concubina daquele homem e, ainda, sua filha virgem.



As escrituras relatam que ele acabou entregando a concubina e aqueles homens abusaram dela por toda noite, de modo que, amanhecendo o dia, ela veio a porta da casa onde estava seu senhor.

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Ele a chamou, porém ela não respondeu. Então, ele a tomou e se dispôs para sua casa. Lá chegando, despedaçou a concubina com um cutelo, em doze partes, e as enviou aos limites de Israel.

Contexto histórico

Os danitas buscavam para si herança, então, enviaram cinco homens a explorar e expiar a terra, de modo que chegaram até a casa de Mica.

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Encontrando lá o sacerdote levita, pediram que consultasse a Deus sobre seus intentos e o levita aduziu que poderiam ir em paz. Encontraram, então, Laís, local que lhes pareceu suscetível.

Ao retornarem, informaram o ocorrido a seus irmãos. Os danitas, então, saíram com seiscentos homens e, novamente, pararam na casa de Mica.

De lá levaram o sacerdote levita, seus ídolos, bens e estola sacerdotal. Por fim, prevaleceram em Laís e a conquistam. Lá levantaram, para si, aquela imagem de escultura, feita por Mica.

(Juízes 19:1) O levita e a concubina

v. 1 E sucedeu, naqueles dias, quando não havia rei em Israel, havia um certo levita hospedado no lado do monte Efraim, que tomou para si uma concubina de Belém de Judá.

 A primeira linha deste capítulo antecipa o rumo da história. Assim como o levita da história anterior, este levita também estava vivendo ao lado do monte Efraim e tinha ligação com Belém de Judá (Jz 17:7), desta vez por meio do casamento com uma concubina, uma esposa de posição inferior.


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Não é dito o nome do levita, como também acontece com quase todos os personagens desta história. Isso ressalta o fato de que este episódio não foi singular, e sim característico de todo este tempo sem lei.

(Juízes 19:2-4) O abandono da concubina

v. 2 E a sua concubina agiu como prostituta contra ele, e foi-se embora dele para a casa do seu pai, para Belém de Judá, e esteve lá durante quatro meses inteiros. 

v. 3 E o seu marido se levantou, e foi atrás dela, para conversar amigavelmente com ela, e para trazê-la de volta, tendo consigo o seu servo, e um par de jumentos; e ela o trouxe para a casa do seu pai e, quando o pai da donzela o viu, ele alegrou-se em encontrá-lo. 

v. 4 E o seu sogro, o pai da donzela, o deteve; e ele permaneceu com ele por três dias; assim eles comeram e beberam e ali se alojaram. 

 A concubina do levita agiu como prostituta, termo amplo que abrange imoralidade sexual e deserção em geral.

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No antigo Israel não havia cláusulas para que uma mulher se divorciasse de um homem; não obstante, ela o deixou e voltou para a casa de seu pai. Finalmente, depois de quatro meses, o levita foi tentar persuadi-la a voltar com ele.

O pai da moça ficou feliz em vê-lo e lhe deu uma recepção calorosa. Como era de costume no antigo Oriente Próximo, os requisitos da hospitalidade envolviam vários “dias de festa”.


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(Juízes 19:5-9) A insistência do sogro

v. 5 E sucedeu, no quarto dia, quando eles se levantaram cedo pela manhã, que ele se levantou para partir; e o pai da donzela disse ao genro: Consola o teu coração com uns bocados de pão e, depois, segue o teu caminho. 

v. 6 E eles se assentaram, e comeram e beberam os dois juntos; pois o pai da donzela havia dito para o homem: Fica contente, rogo-te, e demora-te a noite toda, e deixa com que o teu coração se alegre.

v. 7 E, quando o homem se levantou para partir, o seu sogro insistiu com ele; e por isso ele voltou a se alojar ali. 

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v. 8 E ele se levantou cedo pela manhã no quinto dia para partir; e o pai da donzela disse: Consola o teu coração, rogo-te. E eles se demoraram até a tarde, e ambos comeram. 

v. 9 E quando o homem se levantou para partir, ele, a sua concubina e o seu servo, o seu sogro, o pai da donzela, disse-lhe: Eis que agora o dia se aproxima do anoitecer, rogo-te que te demores a noite toda; eis que, o dia chega ao fim; aloja-te aqui, para que o teu coração possa se alegrar; e, amanhã, toma cedo o teu caminho, para que possas ir para a tua casa. 

Na manhã do quarto dia, o levita estava ansioso para seguir viagem, mas seu anfitrião o deteve com mais ofertas de hospitalidade, as quais seria indelicado rejeitar naquela cultura. Consequentemente, ele foi persuadido a ficar mais uma noite.

Em uma cena quase cômica, o dia seguinte teve o mesmo desfecho: o anfitrião insistindo em mais hospitalidade e o levita tentando ir embora. Nestas trocas, a concubina sequer aparece.

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(Juízes 19:10-12) A partida

v. 10 Porém o homem não quis se demorar naquela noite, mas se levantou e partiu, e veio até diante de Jebus, que é Jerusalém; e com ele havia dois jumentos selados; a sua concubina também estava com ele. 

v. 11 E quando eles estavam junto a Jebus, o dia já estava bem declinado; e o servo disse ao seu mestre: Vem, rogo-te, e tornemo-nos para dentro desta cidade dos jebuseus, e nela nos alojemos. 

v. 12 E o seu mestre lhe disse: Não nos desviaremos para uma cidade de estrangeiro, que não é dos filhos de Israel; nós atravessaremos para Gibeá. 

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 Como consequência deste excesso de hospitalidade, já era tarde quando o levita e seu grupo se puseram a caminho.

Ao chegarem à cidade de Jebus (Jerusalém), apenas dez quilômetros de viagem de Belém, o dia estava quase terminando. O servo do levita propôs que buscassem onde passar a noite na cidade.

Naquele tempo Jerusalém ainda estava nas mãos dos Jebuseus e o levita estava relutante em procurar a hospitalidade dos não israelitas. O medo do levita é duplamente irônico.

Primeiro, se os israelitas tivessem ido adiante com a conquista no início, Jerusalém já estaria no domínio de Israel a essa altura Segundo, o tratamento que eles receberam de seus companheiros israelitas em Gibeá seria bem pior do que tudo que pudessem ter esperado dos jebuseus.

(Juízes 19:13-15) Gibeá

v. 13 E ele disse ao seu servo: Vem, e aproximemo-nos de um destes lugares para nos alojarmos a noite toda, em Gibeá, ou em Ramá. 

v. 14 E eles passaram adiante e seguiram o seu caminho; e o sol baixou sobre eles quando eles estavam junto a Gibeá, que pertence a Benjamim. 

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v. 15 E eles viraram para aquele lado, para entrar e se alojar em Gibeá; e quando ele entrou, assentou-se em uma rua da cidade; pois não houve homem algum que os recebesse na sua casa para alojamento. 

O levita decidiu avançar mais uns dez quilômetros até as cidades israelitas de Gibeá ou… Ramá. Quando chegaram a Gibeá, o sol já tinha se posto. Eles ficaram na rua da cidade.

De acordo com o costume do antigo Oriente Próximo, ali os estrangeiros podiam esperar receber hospitalidade.

Mas não iria aparecer nenhuma oferta de hospitalidade, diferente do que aconteceu em Belém.

(Juízes 19:16-21) Um idoso acolhedor

v. 16 E eis que um homem idoso vinha do seu trabalho no campo, ao anoitecer, que também era do monte Efraim; e ele hospedou-se em Gibeá, mas os homens do lugar eram benjamitas. 

v. 17 E quando ele levantou os olhos, viu um viajante na rua da cidade; e o homem idoso disse: Para onde vais? E, de onde vens? 

v. 18 E ele lhe disse: Nós estamos passando desde Belém de Judá em direção à encosta do monte Efraim; sou de lá, e fui a Belém de Judá, mas agora estou indo para a Casa do ­SENHOR; e não há homem que me receba na sua casa. 

v. 19 Contudo, há feno e forragem para os nossos jumentos; e também há pão e vinho para mim, para a minha criada, e para o moço que está com os teus servos: não há falta de nada. 

v. 20 E o homem idoso disse: A paz seja contigo; de qualquer modo, deixa com que todas as tuas necessidades repousem sobre mim; somente não te alojes na rua. 

v. 21 Assim, ele o trouxe para a sua casa, e deu forragem para os jumentos; e eles lavaram os seus pés, e comeram e beberam. 

Por fim, um homem idoso voltou do trabalho. Assim como o levita, ele era do monte Efraim e apenas morava em Gibeá, o que talvez explique sua maior hospitalidade.

O costume exigia que se mostrasse hospitalidade a qualquer estrangeiro, mas o levita não seria um hóspede pesado. Ele tinha alimento para seu próprio grupo e para seus animais.

A declaração do levita de que estava indo a Casa do Senhor parece estranha neste contexto, já que o templo ainda não tinha sido construído.

É mais provável que um escriba tenha confundido a última letra da palavra hebraica “minha casa” e entendido que se tratava de uma abreviação do nome do Senhor.

A insistência do homem idoso para que fossem a sua casa e não passassem a noite na rua sugere que ele sabia que as coisas não eram como deveriam ser em Gibeá. A rua, dentro dos muros da cidade deveria ser um lugar seguro.

(Juízes 19:22-24) Filhos de Belial

v. 22 Ora, enquanto eles alegravam os seus corações, eis que os homens da cidade, certos filhos de Belial, cercaram a casa ao redor, e bateram na porta, e falaram com o dono da casa, o homem idoso, dizendo: Traz para fora o homem que entrou na tua casa, para que possamos conhecê-lo. 

v. 23 E o homem, o senhor da casa, saiu até eles e lhes disse: Não, meus irmãos, não, eu insisto convosco; não procedei assim impiamente; vendo que este homem veio à minha casa, não façais esta loucura. 

v. 24 Vede, aqui está a minha filha, uma virgem, e a sua concubina; estas eu trarei agora para fora, e podeis humilhá-las, e com elas fazer o que lhes parecer bom; mas não façais tamanha vileza a este homem. 

A recordação da história de Sodoma e Gomorra (Gn 19) já estava presente nos versículos anteriores, quando os estrangeiros chegaram na rua da cidade ao entardecer e encontraram hospedagem com um dos habitantes da cidade.

Agora essa recordação é praticamente reconstituída. A cena da hospitalidade pacífica é destruída com a chegada de certos filhos (lit. “homens de Belial”, ou “homens pervertidos”; Jz 9:4).

O homem idoso os chamou de irmãos, mas disse que sua requisição de sexo com os homens ali hospedados era uma ofensa contra a hospitalidade e a moral.

Seria uma loucura, expressão que caracteriza um ato que clama por justiça e retribuição (Gn 34:7). No entanto, a alternativa proposta pelo homem idoso foi igualmente detestável.

(Juízes 19:25-28) O abuso da concubina

v. 25 Os homens, porém, não quiseram atentar a ele; assim, o homem pegou a sua concubina e colocou-a para fora junto a eles; e eles a conheceram, e dela abusaram a noite toda até a manhã; e quando o dia começou a raiar, eles a deixaram partir. 

v. 26 Então, ao alvorecer do dia, a mulher chegou e caiu junto à porta da casa do homem, onde o seu senhor estava, até que houve luz. 

v. 27 E o seu senhor se levantou pela manhã, a abriu as portas da casa, e saiu para tomar o seu caminho; e eis que a mulher, a sua concubina, estava caída à porta da casa, e as suas mãos estavam sobre a soleira. 

v. 28 E ele lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos. Porém, não houve resposta. Então o homem a colocou sobre um jumento, e o homem se ergueu, e seguiu para o seu lugar. 

 As semelhanças com a narrativa de Sodoma E Gomorra ressaltam as diferenças. Os invasores não eram pagãos, e sim israelitas. Não havia anjos para intervir e salvar os inocentes.

E não houve juízo do céu ao raiar do dia como aconteceu com Sodoma e Gomorra. De manhã, o levita se levantou de seu descanso e abriu as portas da casa para seguir viagem, como se nada tivesse acontecido na noite anterior.

(Juízes 19:29-30) A atitude do levita

v. 29 E, quando ele havia chegado à sua casa, pegou uma faca e usou-a na sua concubina, e a dividiu, junto com os seus ossos, em doze pedaços, e a enviou para todos os termos de Israel. 

v. 30 E foi assim que, todos os que viram isto disseram: Nunca se fez ou viu algo assim desde o dia em que os filhos de Israel saíram da terra do Egito até o dia de hoje; considerai-o, tomai conselho e falem o que pensam. 

Não há menção da morte da concubina na história, o que levanta uma pergunta: ela estava morta quando o levita a encontrou ou morreu no instante em que ele a dividiu em doze pedaços?

A falta de resposta às suas palavras sugere que ela estava morta. No mínimo, a ação do levita vai contra o respeito normal demonstrado para com um corpo morto em Israel, trinchando-o como se fosse a carcaça de um animal e enviando os pedaços às doze tribos de Israel como uma convocação para a guerra.

A passagem semelhante em Jz 11:7, em que Saul cortou um par de bois em doze partes e as distribuiu entre as tribos,mostra que este ato incluía uma maldição implícita.

Aqueles que não respondessem à convocação poderiam esperar um destino semelhante. Todos os que viram a horrível mensagem concordaram que tal ultraje exigia uma resposta.

5 importantes lições que podemos aprender em Juízes 19

  1. Consequências do Pecado: A história de Juízes 19 ilustra vividamente as terríveis consequências do pecado e da decadência moral na sociedade. A falta de respeito pelos princípios morais leva a um declínio espiritual e social.
  2. Proteção dos Vulneráveis: O relato destaca a importância de proteger os vulneráveis e desamparados na sociedade. A mulher concubina foi submetida a terríveis abusos, ressaltando a necessidade de justiça e compaixão pelos mais fracos.
  3. Responsabilidade das Lideranças: Os líderes da cidade de Gibeá falharam em proteger e cuidar do estrangeiro que buscava abrigo em seu meio. Isso destaca a responsabilidade das lideranças em promover o bem-estar e a segurança de todos os cidadãos.
  4. Julgamento Divino: O desfecho trágico da história, com a guerra civil que se seguiu à violência contra a mulher, serve como um lembrete do julgamento divino sobre o pecado e a injustiça. Deus não fica indiferente ao mal e intervém para trazer justiça.
  5. Necessidade de Arrependimento e Mudança: A narrativa conclui com uma reflexão sobre a necessidade de arrependimento e mudança de coração. A história de Juízes 19 ressalta a importância de buscar a Deus, reconhecer o pecado e buscar a restauração espiritual e social.

Conclusão

Mais uma vez vemos as escrituras expondo histórias que descreviam o cenário caótico encontrado neste contexto. Eram tempos de caos religioso, social e político.

Por esta razão, é compreensível que o levita tenha tido um mínimo de critério na escolha do local em que pernoitaria.

De igual forma, é compreensível a vontade do seu sogro em insistir para que eles ficassem um pouco mais em sua casa.

Vemos que, de uma cena doméstica tranquila, o texto passa a expor uma terrível cena de violência, injustiça, semelhante a ocorrida com os anjos que se achegaram a casa de Ló, em Sodoma (Gênesis 19:1-29), sendo que, por tamanha perdição, o Senhor decidiu destruir a cidade.

O que vemos neste momento, é que, novamente, a sociedade havia alcançado os níveis mais extremos de degradação possíveis. Deste modo, vemos as consequências da desobediência de Israel.

Quando aqueles que estariam responsáveis por levar as demais nações a Cristo negligenciaram seu propósito, a falência humana, resultante da queda do homem, tornou-se mais evidente, o que nos leva a compreender melhor o propósito do sacrifício de Cristo, sem o qual o mundo estaria perdido.

Juízes 19 estudo.

Sobre o Autor

Olá, me chamo Lázaro Correia, sou Cristão, formado em Teologia e apaixonado pela Bíblia. Aqui no Blog você vai encontrar diversos estudos Bíblicos e muito conteúdo sobre vida Cristã.

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