Números 11 Estudo: O Descontentamento do Povo de Israel

Em Números 11, veremos que as escrituras relatam que o povo se queixava do alimento que estavam recebendo, de forma a considerar que, no Egito, comiam melhor. O Senhor, então, se ira e manda fogo, o qual consome as extremidades do arraial.

Ao informarem isso a Moisés, este ora a Deus para que cessasse o fogo e, então, fora atendido. Moisés acha pesado seu chamado e expõe, ao Senhor, sua inquietação. Então, Deus manda que Moisés juntasse setenta anciãos, aos quais lhe dariam porção do Espirito que estava sobre Moisés.

Em seguida, Deus manda que a congregação se santificasse, vez que haveriam de comer carne, a ponto de sair pelos narizes. Deus desce, sobre os indicados por Moisés e, estes, somente naquele momento, profetizam.

Por fim, o Senhor manda codornizes, as quais se acumularam, ao redor do arraial, cerca de dois côvados. Enquanto o povo comia, Deus mandou uma praga sobre aqueles que desejaram as comidas dos egípcios.



Contexto histórico

No capítulo dez, de Número, o Senhor determinou que Moisés fabricasse duas trombetas de prata, as quais serviriam para orientar os israelitas.

Quando as duas trombetas tocassem, simultaneamente, toda a congregação se juntaria à porta do templo. Se fosse tocada apenas uma delas, apenas os cabeças das tribos se achegariam.

Conforme fossem tocadas, se daria a ordem da marcha. Então, o capítulo relata que, após dois anos, os israelitas, pela primeira vez, marcham em direção as terras que deveriam conquistar.

Conforme o sinal da nuvem de Deus, marchavam. Por fim, vemos Moisés rogando, a seu cunhado, Hobabe, que se juntasse a Israel, a fim de guiá-los. Acompanhe a seguir o estudo de todos os versículos de Números 11.

Números 11:1-3 – Taberá

Estes versículos estabelecem o padrão de reclamação das narrativas a seguir: (1) reclamação, (2) castigo divino e (3) dar nome ao lugar de acordo com algum aspecto do evento. Assim, o juízo “abrasador” de Deus levou o lugar a ser chamado de Taberá, “chama”.

(Números 11:1) A murmuração dos israelitas

v. 1 E quando o povo se queixou, isso desagradou ao SENHOR, e o SENHOR ouviu isto; e a sua ira se acendeu, e o fogo do SENHOR ardeu entre eles, e consumiu os que estavam nas partes mais distantes do acampamento. 

Os israelitas estavam descontentes (se queixou) e outros estavam literalmente murmurando coisas más (Heb. ro) aos ouvidos de Deus.

Em seu diálogo com Hobabe, Moisés falou três vezes sobre a promessa da bondade de Deus (Heb. tov, yatav), mas o povo começou um protesto contínuo contra Ele.


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O bem e o mal são propositalmente contrastados nestes dois capítulos para dar início aos ciclos de rebelião que dominam os cap. 11-25.

Esta forma de juízo faz paralelo ao que foi dispensado a Nadabe e Abiú (Lv 10:1-3), embora aquele fogo tivesse vindo do meio do tabernáculo

(Números 11:4) Os israelitas pedem carne

v. 4 E no meio deles havia alguns estrangeiros que sentiram um anseio, e os filhos de Israel também choraram outra vez, e perguntaram: Quem nos dará carne para comer? 

Os estrangeiros eram uma multidão mista de israelitas descendentes de Jacó e outros que deixaram o Egito no êxodo.

O texto contrasta com dois eventos paralelos, em Ex 16:1-36, retratando novas perspectivas dos temas da provisão de Deus para o povo e a da questão da liderança a nível humano.

O fator da resposta humana se degradou no presente contexto. Em Êxodo 16, Deus proveu a comida necessária, mas em Números 11 o povo reclamou de Sua provisão.

(Números 11:5) Comparações

v. 5 Nós nos lembramos dos peixes que comíamos livremente no Egito; e os pepinos, e os melões, e os alhos-porros, e as cebolas, e os alhos.


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A murmuração do povo é resumida pelas palavras, nós nos lembramos dos peixes que comíamos livremente no Egito.

Isso equivale a chamar o mal da opressão egípcia de”bem” e a boa provisão do Senhor no deserto de “mal”, A avidez humana insaciável, qualquer que seja o objeto de desejo, levará a uma vida de servidão.

(Números 11:7) O maná

v. 7 E o maná era como semente de coentro, e a sua cor como a cor do bdélio.

A expressão o maná era como semente de coentro é uma das poucas descrições da alimentação do deserto. Esta descrição foi inserida para refutar as reclamações do povo.

A identificação precisa do maná é um tanto experimental. No entanto, sua associação à semente de coentro provavelmente é um indicativo de seu sabor, porque essa semente era usada para dar sabor.

A comparação do maná com bélico indica uma resina aromática amarelo esbranquiçada, semelhante a um derivado da tamargueira encontrado no norte da Arábia.

(Números 11:10-15) O fardo de Moisés

v. 10 Então, Moisés ouviu o povo chorar, as suas famílias, cada homem à porta da sua tenda; e a ira do SENHOR se acendeu grandemente. Moisés também estava descontente. 

v. 11 E Moisés disse ao SENHOR: Por que afligiste a teu servo, e por que não encontrei favor aos teus olhos, por qual razão colocaste os cuidados de todo este povo sobre mim?

v. 12 Eu concebi todo este povo? Fui eu que o gerei, para que me dissesses: Leva-os no teu seio, como a ama leva a criança que ainda é amamentada à terra que juraste aos seus pais?

v. 13 De onde eu poderia obter carne para dar a todo este povo? Porque choram a mim, e dizem: Dá-nos carne para que possamos comer. 

v. 14 Eu sozinho não sou capaz de suportar com todo este povo, porque isto é pesado demais para mim.

v. 15 E, se ages assim comigo, eu te peço, mata-me se encontrei favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha desgraça. 

O resultado do descontentamento em todo o acampamento chamou a atenção de Moisés e de Deus.

Embora estivesse irritado com o povo, Moisés se aproximou de Deus com respeito, afirmando que não podia conduzir todo esse povo sozinho.

Moisés também declarou, se ages assim comigo, eu te peço,mata-me se encontrei favor aos teus olhos.

As palavras de sua murmuração cheia  de miséria beiravam à rebelião, à medida que esta seção preparava o leitor para a rebelião de Moisés e Arão no capítulo 20.

Moisés é a pessoa central no primeiro ciclo de rebelião (cap. 11-15), Arão é o principal líder no segundo ciclo e, no terceiro ciclo, ambos se rebelam, fazendo com que Deus levantasse um novo porta-voz temporário, Balaão.

(Números 11:16) Os anciãos

v. 16 E o SENHOR disse a Moisés: Reúne para mim setenta homens dos anciãos de Israel, a quem conheces como anciãos do povo e seus oficiais; e traze-os ao tabernáculo da congregação, para que possam ficar ali contigo. 

0 termo “anciãos” (Heb. shoterim) também denota mestres da lei, os quais R.K. Harrison sugeriu serem responsáveis por escrever e reunir os documentos que mais tarde se tornaram o Pentateuco.

O tabernáculo da  congregação era o lugar da revelação e da meditação, dois aspectos do relacionamento entre Deus e Seu povo.

(Números 11:17) A distribuição do Espírito

v. 17 E eu descerei, e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o colocarei sobre eles; e eles levarão contigo a carga do povo, para que não a leves sozinho. 

 A presença do Espírito de Deus, que estivesse exclusivamente sobre Moisés, seria agora distribuída às 70 autoridades, dando-lhes uma dimensão espiritual que os separaria para os cargos administrativos e judiciais Ex 18:25-26.

A obra do Espírito de Deus capacitaria as autoridades e os anciãos a desempenhar as incumbências de ensino, julgamento e liderança dos israelitas no deserto.

Deus ratificou as 70 autoridades registradas ao colocar Seu Espírito neles, incluindo dois que permaneceram no acampamento. Mais adiante em Números, Balaão também recebeu o Espírito da profecia de Deus (Nm 24:2).

(Números 11:18) A santificação

v. 18 E dize ao povo: Santificai-vos para amanhã e comereis carne, porque chorastes aos ouvidos do SENHOR, dizendo: Quem nos dará carne para comer? Porque tudo ia bem conosco no Egito; e por isso o SENHOR vos dará carne, e comereis. 

Santificai-vos faz referência ao processo de consagração através da lavagem do corpo e das roupas, usada para preparar o povo para receber uma teofania, isto é, uma manifestação da presença de Deus.

(Números 11:19-20) A medida da provisão

v. 19 E não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias;

v. 20 mas durante um mês inteiro, até que vos saia pelas narinas, até que vos seja repugnante, porque desprezastes o SENHOR, que está no vosso meio, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?

Deus declarou aos israelitas que eles não comeriam um mês inteiro. O suprimento de codornizes em Êx 16:13 veio em resposta à necessidade de comida na primeira jornada pelo deserto, antes de chegarem ao monte Sinai.

Esta demanda surgiu a partir do descontentamento rebelde com a contínua provisão de maná da parte de Deus.

(Números 11:25) O povo profetiza

v. 25 E o SENHOR desceu em uma nuvem, e lhe falou; e tomou do Espírito que estava sobre ele, e deu aos setenta anciãos; e sucedeu que, quando repousava sobre eles o Espírito, eles profetizaram, e não cessou.

O fato de que Deus tirou do Espírito que estava sobre Moisés e o colocou sobre as autoridades israelitas não diminui o Espírito que estava sobre Moisés.

Este milagre proveu o poder e sabedoria necessários para os que trabalhavam a favor de Deus sob a direção de Moisés.

(Números 11:26) Eldade e Medade

v. 26 Mas ficaram dois dos homens no acampamento; um deles se chamava Eldade, e o outro Medade; e pousou sobre eles o Espírito, e eles estavam entre os inscritos, porém não foram ao tabernáculo, e eles profetizavam no acampamento. 

Duas autoridades, Eldade e Medade, que não compareceram à cerimônia de apresentação, profetizaram assim como as outras, provando que o Espírito de Deus não pode ser confinado a espaço ou tempo.

(Números 11:31-32) As codornizes

v. 31 E então, veio um vento do SENHOR, e trouxe codornizes do mar, e as fez cair no acampamento, estavam um dia de viagem de um lado, e estavam um dia de viagem do outro lado, ao redor do acampamento, e era dois côvados de altura sobre a terra. 

v. 32 E o povo se levantou todo aquele dia, e toda aquela noite, e todo o dia seguinte, e recolheu as codornizes; aquele que colhera menos, colhera dez ômeres; e as espalharam ao redor do acampamento.

 De forma parecida com o vento que afastou as águas do mar Vermelho no evento do êxodo, um vento dirigido por Deus trouxe grande quantidade de codornizes sobre o acampamento.

No início do século XX, os árabes eram conhecidos por terem capturado entre um e dois milhões de codornizes na migração aviária de outono.

A  quantidade extraordinária de codornizes foi varrida do mar, provavelmente do Golfo de Ácaba (Elate), o vento veio do leste, e desceu em direção ao acampamento de Israel.

(Números 11:33) A praga

v. 33 E quando a carne estava entre os seus dentes, e antes que fosse mastigada, a ira do SENHOR se acendeu contra o povo, e o SENHOR feriu o povo com uma praga muito grande.

 A praga muito grande enviada sobre o povo pode ter sido uma intoxicação alimentar, devido ao tempo que a carne das codornizes ficou exposta ao sol sem processamento e secagem adequada. Mesmo que houvesse explicações naturais, a causa final foi a ira do SENHOR.

(Números 11:34) As consequências do mal

v. 34 E deu àquele lugar o nome de Quibrote-Hataavá, porque ali enterraram o povo que teve o desejo. 

 A bênção se transformou em desejo ardente, e o desafio ardente em doença e morte, fazendo com que fosse àquele lugar.

5 principais lições que aprendemos no estudo de Números 11

  1. Ingratidão e Murmuração: O povo de Israel murmura contra Deus e Moisés por causa da falta de comida no deserto, demonstrando ingratidão pela libertação do Egito. Isso nos alerta sobre o perigo da murmuração e nos ensina a cultivar um coração grato.
  2. Provisão Divina: Deus responde à murmuração do povo fornecendo maná do céu, demonstrando sua fidelidade em prover para as necessidades de seu povo. Isso nos lembra da provisão constante de Deus em nossas vidas e da importância de confiarmos nele em todas as circunstâncias.
  3. Consequências da Gula: Alguns israelitas cobiçam carne e se entregam à gula, desrespeitando a provisão divina do maná. Isso nos alerta sobre os perigos da cobiça e da busca por prazeres carnais em detrimento da obediência a Deus.
  4. Liderança Compartilhada: Moisés é sobrecarregado com as demandas do povo, então Deus instrui a ele a compartilhar sua liderança com setenta anciãos. Isso destaca a importância da liderança compartilhada e da delegação de responsabilidades para promover eficácia e equidade.
  5. O Espírito de Deus: Quando o Espírito de Deus desce sobre os setenta anciãos e sobre os dois que ficaram no acampamento, eles profetizam, indicando a presença e o poder do Espírito Santo. Isso nos lembra da importância do Espírito Santo em capacitar e fortalecer os líderes e o povo de Deus.

Conclusão

Neste capítulo é narrado o momento em que, mais uma vez, os israelitas murmuram, mesmo após todas as experiências já vividas.

Eles haviam acabado de iniciar a marcha, rumo ao destino que Deus lhes indicara, contudo, se deparam, não com a fome, pois Deus lhes provia o maná diariamente, mas com a insatisfação. Eles reclamam pela falta de carne e começam a fazer comparações.

A insatisfação é reprovável pelo Senhor, vez que ela denota ingratidão. Perceba que ela não está presente na escassez, mas, sim, em meio a provisão.

É bem verdade que todos temos desejos. O próprio Deus quis que fossemos dotados deles. A questão está no que fazemos com eles.

A insatisfação cega. Ela não nos permite enxergar todas as bênçãos que temos e passamos a focar naquilo que não temos. O descontentamento é um indicador de ingratidão e insensatez.

Ela denuncia um desajuste interior! Neste capítulo, aprendemos que este sentimento é reprovável. A insatisfação nos faz pecar e o resultado é o juízo de Deus. Precisamos ampliar a visão e fugir deste mal.

Nossos desejos podem gerar pedidos ou reclamações. Eles podem nos levar a esperar no Senhor ou pecar. As escrituras nos ensinam que nos cumpre dominar sobre eles (Gênesis 4:7).

Dominá-los, permite que ampliemos a visão, deixando de focar naquilo que é distração e passageiro. A palavra ensina que é melhor temer a Deus, que invejar o mundo (contentamento). Se assim procedermos, a promessa é de que haverá bom futuro (Provérbios 23:17-18).

Números 11 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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