Salmo 22 Estudo: Louvando Mesmo em Provas
No Salmo 22, veremos que ele é um salmo de muita profundidade espiritual no qual desde o seu título, Davi já demonstra que o escreveu para Deus, direcionamento identificado na frase “Salmo de Davi para o cantor-mor”.
Davi se encontrava em extrema aflição e somente Deus poderia se condoer por ele lhe concedendo a libertação e repreendendo a angústia do seu coração. Existem várias interpretações para as palavras “Aijelete-Hás-Saar” descritas no título desse salmo.
A maioria dos intérpretes concordam que a melhor tradução dessas palavras é a “corsa da manhã”, que no sentido espiritual denota a corsa como o “sofredor” e a manhã como “alívio”.
Historicamente este salmo relata os pensamentos/ orações de Davi quando sofrera perseguições que pareciam não ter fim. A aflição do sofredor é dura, mas se torna temporária quando ele é capaz de depositar toda a sua confiança em Deus. Acompanhe a seguir o estudo de todos os versículos de Salmo 22.
(Salmo 22:1) As indagações
¹ Meu Deus! Meu Deus!
Por que me abandonaste?
Por que estás tão longe de salvar-me,
tão longe dos meus gritos de angústia?
É possível fazer uma analogia dessas indagações de Davi com o momento do sofrimento de Jesus quando pendurado na cruz, no qual também questiona Deus porque o desamparou.
Mateus 27:46 Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni?”, que significa “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”.
No momento da dor, o sofredor não consegue enxergar o agir e planos de Deus, obtendo a sensação de estar sozinho e desamparado.
(Salmo 22:2) O momento do clamor
² Meu Deus!
Eu clamo de dia, mas não respondes;
de noite, e não recebo alívio!
Verifica-se uma diferença entre as expressões “orar” e “clamar”. A oração pode ser entendida como um momento de conversa com afeto com Deus. O “clamor”, porém, é uma súplica intensa, um grito da alma implorando por misericórdia.
A partir do entendimento dessas diferenças é perceptível a intensidade da angústia de Davi, “eu clamo de dia”.
“Mas não respondes”: No sofrimento o homem é incapaz de entender o silêncio de Deus e o que Ele está fazendo. “De noite, e não recebo alívio”: O sofredor no momento de angústia tende a ser imediatista.
Davi havia clamado de dia e desejava receber o seu alívio o mais breve possível, porém Deus desejou mostrar para Davi que o tempo de solução da luta cabe somente Ele decidir.
(Salmo 22:3-5) Histórico
³ Tu, porém, és o Santo,
és rei, és o louvor de Israel.
⁴ Em ti os nossos antepassados
puseram a sua confiança;
confiaram, e os livraste.
⁵ Clamaram a ti, e foram libertos;
em ti confiaram, e não se decepcionaram.
O povo de Israel foi uma nação escolhida por Deus para herdar a salvação eterna, por isso Deus era o louvor no meio deles.
No momento em que Davi começa a analisar o seu passado, ele lembra de tudo que Deus já havia realizado nas gerações anteriores e viu o quanto Deus foi fiel com o seu povo.
(Salmo 22:6-8) Sentimento de abandono
⁶ Mas eu sou verme, e não homem,
motivo de zombaria
e objeto de desprezo do povo.
⁷ Caçoam de mim todos os que me veem;
balançando a cabeça,
lançam insultos contra mim, dizendo:
⁸ Recorra ao Senhor!
Que o Senhor o liberte!
Que ele o livre, já que lhe quer bem!
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Quando Davi se viu como um verme, ele estava querendo dizer para Deus o quanto se sentia como uma pessoa desprezível e insignificante.
Motivo de zombaria: Mais uma vez é possível fazer uma analogia desse momento de zombaria, com o sofrimento de Jesus na cruz, descrito em Mateus 27:29 (fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça.
Puseram uma vara em sua mão direita e, ajoelhando-se diante dele, zombavam: “Salve, rei dos judeus!”).
No momento da luta, é comum olharmos ao redor e encontrarmos mãos que nos acusam, pessoas que duvidam da nossa capacidade de vencer ou até mesmo pessoas que duvidam que Deus irá nos socorrer. Nesses momentos é preciso depositar a nossa confiança em Deus.
(Salmo 22:9-10) Escolhido desde o ventre
⁹ Contudo, tu mesmo me tiraste do ventre;
deste-me segurança
junto ao seio de minha mãe.
¹⁰ Desde que nasci fui entregue a ti;
desde o ventre materno és o meu Deus.
Deus havia separado Davi antes que ele nascesse. Mesmo a bíblia não mencionando o nome da mãe de Davi, apenas o nome do seu pai e seus irmãos, nesse versículo Davi relata que seus pais confiaram a sua vida nas mãos do Deus Altíssimo e o entregaram ainda pequeno para que ele se tornasse homem segundo o coração de Deus.
Deus tem um propósito em todas as coisas neste mundo, inclusive em nossas vidas. Desde o ventre materno ele nos escolheu para glorificação do seu nome. Porém, é necessário que respondamos afirmativamente ao chamado Dele.
(Salmo 22:11-13) Características dos inimigos de Deus
¹¹ Não fiques distante de mim,
pois a angústia está perto
e não há ninguém que me socorra.
¹² Muitos touros me cercam,
sim, rodeiam-me os poderosos de Basã.
¹³ Como leão voraz rugindo,
escancaram a boca contra mim.
Basã era uma terra de gigantes localizada em uma região bem estruturada e que possuía pastos de qualidade inigualável. Os poderosos de Basã equivalem a homens poderosos, fortes e robustos.
A palavra de Deus nos ensina que como o leão que ruge, o diabo quer nos devorar. O inimigo das nossas almas fica ao nosso derredor buscando brechas para nos destruir.
(Salmo 22:14-15) A intensidade da dor
¹⁴ Como água me derramei,
e todos os meus ossos estão desconjuntados.
Meu coração se tornou como cera;
derreteu-se no meu íntimo.
¹⁵ Meu vigor secou-se como um caco de barro,
e a minha língua gruda no céu da boca;
deixaste-me no pó, à beira da morte.
A água é um fenômeno no qual é difícil de ser controlada pelo homem. Nesse sentido Davi compara a sua dor como a água espalhada, no qual somente Deus é capaz de juntar ou secar.
Davi agora descreve como todas essas perseguições e provações externas afetaram a si mesmo.
Suas forças haviam se esgotado, seu vigor estava gasto e os seus sentimentos estavam totalmente debilitados.
Davi estava se sentindo incapaz de vencer, estava cheio de dor, como se todos os seus ossos estivessem desarticulados.
(Salmo 22:16-18) Situação de Davi
¹⁶ Cães me rodearam!
Um bando de homens maus me cercou!
Perfuraram minhas mãos e meus pés.
¹⁷ Posso contar todos os meus ossos,
mas eles me encaram com desprezo.
¹⁸ Dividiram as minhas roupas entre si,
e lançaram sortes pelas minhas vestes.
Jesus mesmo sendo o Rei do universo foi cercado de soldados maus que perfuraram as suas mãos e pés e o pregaram no madeiro.
Mesmo sendo rei de Israel, Davi estava se sentindo impotente, como se toda a sua vida estivesse nas mãos do povo.
Em Mateus 27:35 (Depois de o crucificarem, dividiram as roupas dele, tirando sortes), é possível comparar o episódio de humilhação do Senhor Jesus com o de Davi.
Enquanto Jesus sentia toda a dor os soldados estavam preocupados com algo tão mesquinho como dividir entre si as roupas de uma vítima.
(Salmo 22:19-21) Oração contínua
¹⁹ Tu, porém, Senhor, não fiques distante!
Ó minha força, vem logo em meu socorro!
²⁰ Livra-me da espada,
livra a minha vida do ataque dos cães.
²¹ Salva-me da boca dos leões,
e dos chifres dos bois selvagens.
E tu me respondeste.
Aqui Davi começa a abrir mais o seu coração diante de Deus. Ele insistiu em continuar orando ao Senhor, para que lhe desse o livramento e fosse salvo dos que o odiavam.
(Salmo 22:22-24) Promessa e convocação para adoração
²² Proclamarei o teu nome a meus irmãos;
na assembleia te louvarei.
²³ Louvem-no, vocês que temem o Senhor!
Glorifiquem-no, todos vocês,
descendentes de Jacó!
Tremam diante dele, todos vocês,
descendentes de Israel!
²⁴ Pois não menosprezou
nem repudiou o sofrimento do aflito;
não escondeu dele o rosto,
mas ouviu o seu grito de socorro.
Ainda que diante da provação, Davi se reergueu e começou a louvar e exaltar a Deus. Fazendo a promessa de que todos iriam ouvir o seu louvor e conhecer os feitos de Deus.
O Rei de Israel reconheceu que Deus não o desampararia.
Que todos os aflitos se alegrem nisto e reconheçam também que somente em Deus há socorro, alto refúgio e salvação. Você poderá entender também esse acompanhamento de Deus no estudo do salmo 23.
(Salmo 22:25-28) Os votos de Davi
25 De ti vem o tema do meu louvor
na grande assembleia;
na presença dos que te temem
cumprirei os meus votos.
26 Os pobres comerão até ficarem satisfeitos;
aqueles que buscam o Senhor o louvarão!
Que vocês tenham vida longa!
27 Todos os confins da terra
se lembrarão e se voltarão para o Senhor,
e todas as famílias das nações
se prostrarão diante dele;
28 pois do Senhor é o reino; ele governa as nações.
Tema do meu louvor na grande assembleia: Jesus deve ser o tema dos cultos e reuniões dos servos de Deus. Hoje o evangelho tem sido distorcido e as pessoas têm esquecido que Ele é quem deve ser o centro das pregações.
Cumprirei os meus votos: Todas as promessas que são feitas à Deus devem ser cumpridas rigorosamente, pois Deus pedirá contas à você, conforme descrito em Deuteronômio 23:21 (Se um de vocês fizer um voto ao Senhor, o seu Deus, não demore a cumpri-lo, pois o Senhor, o seu Deus, certamente pedirá contas a você, e você será culpado de pecado se não o cumprir).
(Salmo 22:29-31) Promessas futuras
²⁹ Todos os ricos da terra
se banquetearão e o adorarão;
haverão de ajoelhar-se diante dele
todos os que descem ao pó,
cuja vida se esvai.
³⁰ A posteridade o servirá;
gerações futuras ouvirão falar do Senhor;
³¹ E a um povo que ainda não nasceu
proclamarão seus feitos de justiça,
pois ele agiu poderosamente.
Para finalizar mais uma vez Davi busca enaltecer a capacidade de operar milagres e a grandeza do Pai Celestial.
Quando o rei menciona que todos os ricos da terra se banquetearão e o adorarão é uma demonstração de fé pois em Mateus 19:24 Jesus diz que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. O problema não está em adquirir riquezas em si, mas no apego indevido a elas.
Gerações futuras ouvirão falar do Senhor: Nos dias atuais vemos cumprir essa promessa descrita nesse salmo 22, pois nunca se ouviu tanto falar de Deus como atualmente.
Essa geração tem vivido momentos difíceis e nunca imaginados e como meio para vencer muitos tem procurado Deus.
Com as facilidades digitais a palavra de Deus tem sido levada aos quatro cantos da terra, facilitando o acesso aos assuntos celestiais.
Nós como testemunhas dos grandes feitos de Deus devemos ter a gratidão constante em nossos corações, procurando separar um tempo do nosso dia para agradecer a Deus por tudo o que acontece em nossas vidas.
5 importantes lições que podemos aprender com o Salmo 22
- Confiança em Deus na Adversidade: O Salmo começa com as palavras de Jesus na cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Salmo 22:1). Isso nos ensina sobre a experiência da solidão e do abandono, mas também sobre a confiança de que Deus está presente mesmo nos momentos mais difíceis.
- A Promessa de Resgate e Livramento: Apesar da aflição descrita no Salmo, há uma forte ênfase na confiança de que Deus resgatará e livrará o salmista (Salmo 22:4-5, 8, 24). Isso nos lembra da fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas e nos encoraja a confiar em Sua intervenção em nossas vidas.
- Reconhecimento da Soberania de Deus: O Salmo reconhece a soberania de Deus sobre todas as nações e sobre a vida do indivíduo (Salmo 22:28-31). Isso nos ensina sobre a grandeza e o poder de Deus, que reina sobre tudo e todos, e nos incentiva a rendermos nossas vidas completamente a Ele.
- Louvando a Deus Mesmo em Meio à Aflição: Apesar das circunstâncias difíceis descritas, o salmista louva a Deus e O exalta por Sua grandeza e fidelidade (Salmo 22:22-23). Isso nos ensina sobre a importância de louvar a Deus mesmo em meio às dificuldades, pois Ele é digno de todo louvor e adoração.
- A Esperança da Redenção e Restauração: O Salmo termina com uma nota de esperança e confiança na redenção e restauração que Deus trará (Salmo 22:26, 30-31). Isso nos lembra de que, mesmo nos momentos mais sombrios, podemos ter esperança na obra redentora de Deus em nossas vidas e no mundo.
Conclusão
O Salmo 22 é um hino de profunda aflição seguido de confiança inabalável em Deus. Nele, o salmista expressa suas angústias e dores, mas também reconhece a presença constante e o poder redentor do Senhor.
Ao longo do salmo, vemos a dor do salmista ecoando as palavras de Jesus na cruz, cumprindo as profecias messiânicas.
Essa conexão nos leva a contemplar a obra redentora de Cristo e nos lembra de que, mesmo em meio às nossas maiores aflições, podemos confiar na fidelidade de Deus e na promessa da vitória final.
Assim, o Salmo 22 nos convida a encontrar esperança e segurança na presença e no amor de Deus, que é nosso refúgio e fortaleza em todas as circunstâncias.
Sobre o Autor
2 Comentários
Boa noite, gostaria de saber como faço para ter a liberdade de poder copiar alguns de seus comentários que são excelentes. Abraço, Antonio Francisco de Araújo.
Olá, boa tarde, seria copiar para publicar em algum lugar? Se sim, peço que faça a referência ao nosso blog.