2 Samuel 1 Estudo: O Amalequita

Neste capítulo de 2 Samuel 1, veremos que as escrituras relatam, neste primeiro capítulo, do segundo livro de Samuel, que, estando Davi em Ziclague, aparece um um homem com vestes rotas e com terra sobre a cabeça.

Vendo a Davi, se inclinou e o relatou sobre a derrota de Israel, sobre a morte de Saul e de Jônatas, seu filho.

Davi o questiona como sabia sobre a morte de ambos e ele informou que Saul havia pedido que ele o matasse, de modo que ele realizou o pedido.

Após, informou que tomou a coroa de Saul e seu bracelete e o levou a Davi. Davi, assim, rasga suas vestes e, juntamente com seus homens, prantearam aquela grande tragédia que sobreveio a Israel.

Davi pergunta quem seria aquele mensageiro e ele informou que se tratava de um amalequita. Ele lhe questiona, ainda, por que ele não temeu intentar contra um ungido de Deus.

Após isso, Davi mandou que um de seus homens matasse aquele amalequita e assim fora realizado. Por fim, as escrituras mostram o lamento de Davi, por Saul e Jônatas.


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2 Samuel 1 estudo: Contexto histórico

No capítulo final, do primeiro livro de Samuel, vemos sendo relatado que os filisteus atacam e derrotam a Israel. Eles, ainda, matam os filhos de Saul e o atingem com uma flecha.

Saul, então, pede que seu escudeiro o transpassasse com sua espada. Ele, porém, teme fazer isso, de modo que Saul se lança sobre ela.

Os filisteus arrancam a cabeça de Saul e pendura seu corpo, juntamente com os corpos de seus filhos, num muro.

Os valentes de Jabes, contudo, retiraram seus corpos daquele muro e o queimaram. Após, tomam os ossos e sepultam.

(2 Samuel 1:1) Davi em Ziclague

v. 1 Ora, aconteceu que, depois da morte de Saul, quando Davi havia retornado do massacre dos amalequitas, e Davi havia permanecido dois dias em Ziclague;

 O relato histórico dos primeiros reis de Israel continua após a descrição da morte de Saul em 1Sm 31.


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Certamente, Davi e seus homens precisavam de um descanso, assim eles ficaram em Ziclague. Além disso, essa região precisava ser reconstruída (1Sm 30:1).

(2 Samuel 1:2) O mensageiro

v. 2 sucedeu que no terceiro dia, eis que um homem saiu do acampamento de Saul com as vestes rasgadas, e terra sobre a sua cabeça; e assim foi que, quando ele veio até Davi, caiu por terra e fez reverência. 

 No terceiro dia, Saul estava morto já há alguns dias, mas Davi havia estado ocupado em outra parte.

Vestes rasgadas, e terra sobre a sua cabeça eram sinais de lamentação, de maneira que Davi imediatamente soube que más notícias eram trazidas.

(2 Samuel 1:4) A mensagem

v. 4 E Davi disse a ele: Como isto se sucedeu? Rogo-te que me contes. E ele respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo também estão caídos e mortos; e Saul e Jônatas, seu filho, estão mortos também. 

 As palavras do povo que fugiu da batalha indicam que Israel tinha perdido a batalha (1Sm 4:17). Saul e Jônatas… estão mortos era uma notícia  mas também uma informação que requer maior verificação.


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(2 Samuel 1:6) O relato do mensageiro

v. 6 E o moço que lhe fez saber e disse: Quando apareci, por acaso, sobre o monte Gilboa, eis que Saul estava reclinado sobre a sua lança; e eis que as carruagens e os cavaleiros o perseguiam implacavelmente. 

Monte Gilboa era o local da batalha, desse modo a palavra do mensageiro o situou no cenário. Saul estava reclinado sobre a sua lança dá o sentido de que uma testemunha ocular estava falando.

A menção de carruagens… e cavaleiros era consistente com o tipo de guerra organizada pelos filisteus, especialmente em um vale onde as carruagens tinham abundante espaço para manobrar.

(2 Samuel 1:8) Amalequita

v. 8 E ele me disse: Quem és tu? E lhe respondi: Eu sou um amalequita. 

 Ironicamente, o homem era um amalequita, parte do grupo que Saul deveria ter destruído por ordem do Senhor [1Sm 15:1-3].

(2 Samuel 1:9) A versão do amalequita

v. 9 Ele disse a mim novamente: Põe-te de pé, rogo-te, sobre mim e mata-me; porquanto a angústia me sobreveio, porque a minha vida ainda está toda em mim. 

 As alegadas palavras de Saul podiam se ajustar com as circunstâncias de 1Sm 31:3-4; ver a próxima nota.

(2 Samuel 1:10) Quanto a morte de Saul

v. 10 Assim, pus-me sobre ele e o matei, porque estava certo de que ele não conseguiria viver depois de ter caído; e tomei a coroa que estava sobre a sua cabeça, e o bracelete que estava no seu braço, e os trouxe até aqui para o meu senhor.

Com suas palavras pus-me sobre ele e o matei, o amalequita reivindicou a responsabilidade pela morte do rei Saul.


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Além disso, o fato de o homem possuir a coroa… e o bracelete do monarca morto forneciam prova da presença do amalequita em Gilboa e de que Saul estava morto de fato.

Há duas possibilidades de harmonização deste versículo com 1Sm 31:4. A primeira é admitir que Saul caiu sobre sua espada mas não morreu imediatamente, e assim teria pedido ao amalequita para ajudá-lo a fenecer de maneira mais rápida.

A segunda é mais provável é que o amalequita chegou à cena após a morte de Saul, porém antes de os filisteus chegarem.

Ele viu uma oportunidade para receber uma recompensa, e assim levou a coroa e o bracelete a Davi e mentiu a respeito do modo como Saul havia morrido.

Talvez Davi tenha detectado a fraude do amalequita, o que em parte explicaria sua ordem no versículo 15.

(2 Samuel 1:11-12) Davi lamenta

v. 11 Então Davi tomou as suas vestes e as rasgou; e do mesmo modo todos os homens que estavam com ele; 

v. 12 e eles se lamentaram, e choraram, e jejuaram até o anoitecer, por Saul e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do SENHOR, e pela casa de Israel; porque haviam caído à espada. 

 Por toda a sua vida, Davi havia permanecido tão leal quanto possível à casa de Saul. O rei de Israel estava morto, consequentemente, Davi e todos os que estavam com ele se lamentaram, e choraram, e jejuaram.

(2 Samuel 1:14) A repreensão de Davi

v. 14 E Davi lhe disse: Como não temeste estender a tua mão para destruir o ungido do SENHOR? 

A referência feita por Davi a Saul como o ungido do SENHOR (1Sm 24:6) salienta o respeito que ele tinha pela mão de Deus sobre o seu antigo rei, apesar dos conflitos que havia experimentado com Saul.

(2 Samuel 1:15-16) Davi manda matar o amalequita

v. 15 E Davi chamou um dos moços, e disse: Vai perto, e lança-te sobre ele. E ele o feriu, de modo que morreu. 

v. 16 E Davi disse a ele: O teu sangue esteja sobre a tua cabeça; porque a tua boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do SENHOR. 

 Ao ordenar a morte do amalequita, Davi se distanciou ainda mais de participação ou consentimento na morte de Saul.

(2 Samuel 1:17) Davi lamenta por Saul e Jônatas

v. 17 E Davi lamentou com esta lamentação por Saul e por Jônatas, seu filho. 

O exemplo mais longo de uma lamentação na Bíblia é o livro das Lamentações, embora muitos salmos também sejam assim classificados (Salmo 3).

(2 Samuel 1:18) A divulgação do lamento de Saul e Jônatas

v. 18 (Ele também lhes ordenou que ensinassem aos filhos de Judá o uso do arco; eis que está escrito no livro de Jaser).

Davi ordenou que os judaitas em toda a parte aprendessem este lamento. Tal imperativo forneceu indicação adicional de seu profundo pesar e do respeito que ele tinha por Saul e Jônatas.

O livro de Jaser (ou “Livro dos justos”) é mencionado também em Js 10:13. Ele nunca foi descoberto, mas parece ter sido uma coleção de algumas das grandes obras de Deus entre o Seu povo.

(2 Samuel 1:19) A beleza de Israel

v. 19 A beleza de Israel está morta sobre os teus lugares altos; como caíram os poderosos.

A beleza também pode ser traduzido como “gazela”, descrevendo Saul como um animal majestoso. As gazelas geralmente habitam os lugares altos, portanto, a imagem se ajusta bem.

(2 Samuel 1:20) O desejo de Davi

v. 20 Não conteis isso em Gate, não o publiqueis nas ruas de Asquelom; para que não se regozijem as filhas dos filisteus, para que as filhas dos incircuncisos não triunfem. 

Davi não desejava que os inimigos de Israel se alegrassem, mas eles já estavam festejando (1Sm 31:9). Gate e Asquelom eram duas cidades importantes dos filisteus [ver nota em 1Sm 5:1).

(2 Samuel 1:21) Gilboa

v. 21 Vós, montes de Gilboa, não haja orvalho, nem haja chuva sobre vós, nem campos de ofertas; porque ali o escudo dos poderosos está jogado de modo vil, o escudo de Saul, como se ele não tivesse sido ungido com óleo. 

Davi convocou os montes de Gilboa, o local da morte de Saul, para participarem da lamentação, deixando de receber o orvalho e a chuva, dois tipos de umidade mais comuns ao norte onde Gilboa se localizava do que no sul onde Davi estava.

O hebraico parece refletir a profundidade da extrema emoção de Davi. A frase o escudo de Saul, como se ele não tivesse sido ungido com óleo, talvez indique a limpeza e o polimento das armas de Saul. O conceito de unção era próprio para Saul, o ungido de Deus.

(2 Samuel 1:22) A admiração de Davi

v. 22 Do sangue dos mortos, da gordura dos poderosos, o arco de Jônatas não voltava atrás, e a espada de Saul não retornava vazia.

 Davi elogiou o rei e o príncipe por sua bravura e por não recuarem diante do grave perigo.

(2 Samuel 1:23) Saul elogia a Saul e Jônatas

v. 23 Saul e Jônatas eram queridos e agradáveis nas suas vidas, e nas suas mortes não foram separados; eles eram mais ágeis do que as águias, eram mais fortes do que leões.

 Davi também elogiou o relacionamento que Saul e Jônatas tinham.Inicialmente Samuel revela o relacionamento estremecido de Jônatas com seu pai, quando Jônatas tentou ser um filho leal de Saul e também um amigo fiel de Davi.

Davi declarou o mútuo compromisso de Saul e Jônatas porquanto morreram lutando um ao lado do outro.

(2 Samuel 1:24) Os benefícios de Saul

v. 24 Vós, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestiu de escarlata, com outros deleites; que colocava ornamentos de ouro sobre a vossa indumentária. 

A expressão vestiu de escarlata revela que as vitórias militares de Saul tinham provido estabilidade ou mesmo tempos prósperos para muitos israelitas.

(2 Samuel 1:26) O amor a Jônatas

v. 26 Estou angustiado por ti, meu irmão Jônatas; tu me fostes mui agradável; o teu amor para comigo foi maravilhoso, passando o amor de mulheres.

 Davi chamou Jônatas de irmão e se referiu à sua amizade. Sua relação com Jônatas incluía um vínculo pactual de profundo respeito e lealdade mútuos (1Sm 18:1-3).

Como homens distintos na sociedade, eles tinham muito em comum desenvolveram uma profunda relação que Davi considerava mais preciosa que o amor das mulheres.

O texto não sugere que Davi tivesse um relacionamento homossexual com Jônatas ou que Davi tivesse um relacionamento pobre com suas esposas.

Pelo contrário, ele fala de um indestrutível laço de amizade entre homens, o qual tem sido testemunhado incontáveis vezes e em inúmeras culturas através da história.

Conclusão

O primeiro capítulo deste livro relata o momento em que Davi recebe a triste notícia de que Saul e Jônatas haviam morrido. Não bastasse isso, Israel encontrava-se derrotado!

É relatado que um amalequita se achega a Davi, com vestes rotas e terra sobre a cabeça, o que indicava, naquela cultura, que aquela pessoa se encontrava de luto.

Ao ser questionado sobre como sabia de tudo aquilo, o amalequita informa que, a pedido de Saul, o matara, muito embora as escrituras tenham relatado, no último capítulo, do primeiro livro de Samuel, que Saul havia se lançado sobre a espada de seu escudeiro, o qual, de igual forma, também, havia se matado.

Não sabemos qual a razão para que este amalequita tenha transmitido a informação desta forma, uma vez que sua versão diverge da informada anteriormente.

Há o entendimento de que este homem tenha inventado aquele desfecho para tentar se beneficiar. Independentemente, seja lá qual havia sido a intenção deste mensageiro, sua revelação acabou trazendo-lhe ruína, pelo que acabou morrendo, vez que Davi muito se indignou com o fato de ele ter declarado que se dispôs a levantar a mão contra um ungido do Senhor.

2 Samuel 1 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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