Êxodo 23 Estudo: A Instituição do Ano Sabático e Reuniões Solenes
Neste capítulo de Êxodo 23 estudo, veremos, ainda, prescrições acerca da injúria e falso testemunho, sendo exposto, ainda, a necessidade de demonstrar empatia, inclusive, com os próprios inimigos.
Também, vemos a instituição de deveres aos juízes, aqueles que operariam a lei, devendo, estes, agirem com imparcialidade, justiça, igualdade e honestidade. É instituído, também, o Ano sabático, além de ser reforçada a questão do sábado.
Após, vemos a determinação quanto à realização de três festas anuais, quais sejam: a festa dos pães asmos, a festa da sega e a festa da colheita.
Por fim, Deus anuncia que enviaria seu Anjo à frente do povo e os daria a terra dos heteus, cananeus, jebuseus, heveus e heteus, requerendo, ainda a obediência dos israelitas.
Êxodo 23 estudo: Contexto histórico
No capítulo anterior, vimos as prescrições divinas acerca da propriedade privada, as quais previam reparação pecuniária, de caráter educativo, entre outros.
Ainda, foram dadas determinações acerca das relações civil e religiosas, como por exemplo, a condenação a feitiçaria, zoofilia, a determinação de observância quanto à entrega de primícia ao Senhor, entre outras orientações.
(Êxodo 23:1-5) A honestidade nas relações
v. 1 Não levantarás falso rumor; não porás a tua mão com o ímpio para ser testemunha falsa.
v. 2 Não seguirás uma multidão para fazeres o mal; nem falarás em uma causa modificando a ação após muitos, distorcendo o julgamento.
v. 3 Nem ao homem pobre favorecerás na sua causa.
v. 4 Se encontrares o boi ou o jumento de teu inimigo desgarrado, certamente o levarás de volta a ele novamente.
v. 5 Se vires o jumento de alguém que te odeia deitado debaixo de sua carga, deixarás de ajudá-lo? Certamente o ajudarás.
Estes versículos tratam de toda situação econômica ou todo sentimento pessoal que poderia tentar alguém a tratar outra pessoa com injustiça. O favoritismo com o pobre ou com o rico é excluído (Lv 19:15).
Mesmo em questões particulares envolvendo a necessidade de um inimigo, um israelita deve não apenas levar de volta o animal perdido mas também prestar ajuda no local (Mt 5:43-48).
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(Êxodo 23:6-9) Deus de justiça
v. 6 Não perverterás o direito de teu pobre na sua causa.
v. 7 Guarda-te de questões falsas; e o inocente e o justo não matarás, porque não justificarei o ímpio.
v. 8 E tu não aceitarás presente; porque o presente cega o sábio, e perverte as palavras do justo.
v. 9 Não oprimirás o estrangeiro, porque conheceis o coração de um estrangeiro, visto que fostes estrangeiros na terra do Egito.
Como em Ex 22:21-26, os israelitas devem se lembrar quem eles foram e como era ser um estrangeiro, e deve considerar quem o Senhor é em Seu amparo à justiça.
A advertência em Ex 23:7 para não se executar uma pessoa inocente vem com uma razão: porque não justificarei o ímpio. Isto pode se referir a Deus finalmente levando à justiça uma pessoa culpada que pode escapar do tribunal quando os juízes cuidam para não executar uma pessoa inocente.
Ou pode se referir a Deus levando à justiça alguma testemunha ou algum juiz que contribui para a execução de uma pessoa inocente.
De qualquer modo, o Senhor declarou a Sua preocupação com a manutenção da justiça (Dt 10:17). Com estas coisas em mente, os israelitas devem amparar a justiça de maneira idêntica para o pobre, o rico, e os estrangeiros.
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Êxodo 23:10-19 – O Deus provedor
A seção acerca dos sabbats e das festas possui como sua linha unificadora a inclusão de matérias com associações agrícolas, mesmo a proibição contra a invocação de outros deuses.
Os israelitas achavam fácil imitar as culturas vizinhas que invocavam outros deuses na expectativa de melhorar a fertilidade de suas colheitas e rebanhos.
(Êxodo 23:10-11) Um Deus fiel
v. 10 E seis anos semearás a tua terra, e colherás o seu fruto,
v. 11 mas no sétimo ano a deixarás descansar e ficar sossegada, para que os pobres do teu povo possam comer. E o que eles deixarem, os animais do campo comerão. Da mesma maneira agirás com tua vinha, e com teu olival.
A provisão do Senhor para o Seu povo de ano em ano seria semelhante à Sua provisão do maná a cada dia haveria sobra o suficiente para o sétimo dia e para o sétimo ano, de modo que todos poderiam comer sem trabalho incessante.
(Êxodo 23:12) O descanso da criação
v. 12 Seis dias farás tua obra, e no sétimo dia descansarás, para que o teu boi e o teu jumento possam descansar, e o filho de tua serva, e o estrangeiro, possam ser revigorados.
Os dois animais e os dois tipos de pessoas aqui são ilustrações e não uma lista exaustiva de quem iria descansar e renovar as forças (cp. Ex 20:10).
(Êxodo 23:13) A proibição quanto aos deuses
v. 13 E em todas as coisas que vos tenho dito, guardai-vos; e do nome de outros deuses nem fazei menção, nem sejam ouvidos da vossa boca.
Este versículo não significa que um israelita jamais devia pronunciar o nome de um deus falso, visto que os nomes de alguns deuses pagãos são incluídos nas Escrituras.
Antes, é uma proibição da invocação de algum outro deus para orientação, ajuda, ação de graças, e louvor.
(Êxodo 23:14-17) As reuniões solenes
v. 14 Três vezes por ano celebrarás uma festa para mim.
v. 15 Guardarás a festa dos pães ázimos (Comereis pão ázimo sete dias, como te ordenei, no tempo determinado do mês de abibe; porque nele saíste do Egito; e ninguém aparecerá vazio perante mim).
v. 16 E a festa da sega, as primícias do teu trabalho, que semeaste no campo; e a festa da colheita, que é no fim do ano, quando tiveres colhido o teu trabalho do campo.
v. 17 Três vezes por ano todos os teus homens aparecerão diante do SENHOR DEUS.
A festa dos pães sem fermento ocorria perto do início da colheita da cevada; a festa da sega ocorria no tempo da colheita do trigo; e a festa da colheita, do encerramento comemorava a conclusão de toda a colheita, inclusive das vinhas e dos olivais.
Trazer as primícias do teu trabalho, os primeiros itens colhidos, era uma expressão de gratidão pela colheita como vinda do Senhor e de fé que Ele supriria o restante da colheita (Dt 26:1-11).
O nome Senhor DEUS enfatiza a Sua soberania e podia também ser traduzido como “Yahweh, o Soberano (ou “Senhor”)”. Qualquer rei antigo que não recebesse o tributo prescrito na ocasião apropriada concluiria que o seu vassalo estava tramando uma rebelião (1Rs 12:16-19).
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No antigo Oriente Próximo, o comparecimento de todos os teus homens demonstraria a lealdade ou a rebelião daqueles com potencial para o serviço militar.
(Êxodo 23:18-19) As orientações quanto ao sacrifício
v. 18 Não oferecerás o sangue do meu sacrifício com pão levedado; nem ficará a gordura do meu sacrifício até de manhã.
v. 19 O primeiro das primícias da terra trarás para a casa do SENHOR teu Deus. Não cozinharás um cabrito no leite de sua mãe.
Com base em Ex 34:25, o sacrifício e as ofertas referem-se ao cordeiro pascal, que era sacrificado, assado, e comido na véspera da semana da festa dos pães sem fermento. Todo fermento deveria ser dispensado antes de se oferecer o cordeiro pascal (Dt 16:2-4).
Regulamentações em Levítico proíbem a ingestão de partes específicas da gordura de animais sacrificados (Lv 3:16-17); a gordura e qualquer outra sobra do cordeiro pascal deveria ser queimada (Êx 12:10).
A proibição do cozimento de um cabrito no leite de sua mãe é repetida em Dt 14:21. Ela podia estar associada à festa do encerramento da colheita, uma vez que as cabras davam à luz por essa época, ou podia se referir a um costume pagão de importância desconhecida.
(Êxodo 23:20-23) O Anjo do Senhor
v. 20 Eis que envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde no caminho e te conduza ao lugar que te tenho preparado.
v. 21 Guarda-te diante dele, e obedece à sua voz; não o provoques, pois ele não perdoará as vossas transgressões, porque o meu nome está nele.
v. 22 Mas se realmente obedeceres à sua voz, e fizeres tudo que eu disser, então serei um inimigo dos teus inimigos, e um adversário dos teus adversários.
v. 23 Pois, o meu Anjo irá adiante de ti, e te conduzirá aos amorreus, aos heteus, aos ferezeus, aos cananeus, aos heveus, aos jebuseus. E eu os eliminarei.
O envio pelo Senhor de um Anjo (Ex 13:21) continua o retrato do relacionamento de Israel com o Senhor como o de um vassalo com um suserano.
O vassalo devia entender que o enviado vinha com a autoridade do rei por trás dele (o meu nome está nele).
(Êxodo 23:24) Orientações contra a idolatria
v. 24 Não te curvarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme as suas obras; mas os destruirás totalmente e quebrarás completamente as suas imagens.
Colunas sagradas podiam ser erigidas como monumentos para vários propósitos (Gn 28:18).
(Êxodo 23:25) Um Deus protetor
v. 25 E servireis ao SENHOR vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós a enfermidade.
O Senhor já tinha mostrado Sua competência nas áreas do pão, da água e da enfermidade (Ex 15:22-26).
(Êxodo 23:26) O dono da vida
v. 26 Não haverá ninguém que lance seus jovens, nem estéril; cumprirei na tua terra o número dos teus dias.
O Senhor se referiu à provisão e preservação da vida em ambos os extremos do espectro – para as crianças e os idosos – tendo já falado acerca do que era necessário no meio (v. 22,25). Ele se interessava por todos os aspectos da vida.
(Êxodo 23:27-29) Intervenções divinas
v. 27 Enviarei o meu temor diante de ti, e destruirei todo o povo a quem fores, e farei com que todos os teus inimigos te virem as costas.
v. 28 E enviarei vespões diante de ti, que expulsarão os heveus, os cananeus, e os heteus, de diante de ti.
v. 29 Não os expulsarei de diante de ti em um ano, para que a terra não se torne desolada e os animais do campo se multipliquem contra ti.
Embora as batalhas militares de Josué possam ser mais típicas da época da conquista de Canaã, esta passagem focaliza aquilo que poderia ser chamado de guerra psicológica e se concentra na retirada dos habitantes anteriores.
O Senhor pode ter pretendido usar uma praga de vespas para expulsar os grupos que viviam na terra (Dt 7:20). Isso também pode ser uma figura de linguagem que se refere à imagem do povo correndo em fuga de um lugar como se perseguidos por um enxame de vespas (cp. Dt 1:44).
Por causa do temor da confusão que o Senhor fomentaria (Js 2:9-11), muitas pessoas iriam embora gradualmente em vez de permanecer para combater.
Josué mencionou que os israelitas estavam se apossando de cidades, olivais, e vinhas que eles não construíram nem plantaram (Dt 6:10-11).
Parece que porções maiores da terra estavam intactas e não destruídas por guerra prolongada. Enviarei o meu temor diante de ti é literalmente: “Enviarei o meu terror diante de vocês.” Deus pode ser interpretado como a origem ou o objeto do terror.
Nos eventos que se seguiram, ambos ocorreram; o Senhor causou temor/confusão e foi também o objeto de medo na medida em que a Sua reputação se espalhava.
O relato de Raabe em Js 2:9 do que estava sucedendo entre as pessoas em Canaã usa a mesma palavra rara para terror ou medo como o faz Êx 15:16.
(Êxodo 23:30-31) A herança
v. 30 Aos poucos os expulsarei de diante de ti, até que tu aumentes, e herdes a terra.
v. 31 E colocarei os teus limites desde o mar Vermelho até o mar dos filisteus, e do deserto até o rio; porque entregarei os habitantes da terra em tua mão, e tu os expulsarás de diante de ti.
Aos poucos os expulsarei e tu os expulsarei admitindo o envolvimento de ambos os esforços divino e humano. Limites desde o mar Vermelho se referem à porção do mar Vermelho conhecida como o golfo de Ácaba (1Rs 9:26).
O mar Mediterrâneo, como é chamado atualmente, é em hebraico literalmente “o mar dos filisteus” visto que eles viviam ao longo da costa (Ex 13:17).
(Êxodo 23:33) Uma armadilha
v. 33 Eles não habitarão na tua terra, para que não te façam pecar contra mim, pois se servires aos seus deuses, isso certamente te será por armadilha.
Te será por armadilha usar a palavra que Ex 10:7 (“ameaça”) usou para expressar o que os homens do Faraó pensavam a respeito de Moisés ao avaliarem os estragos causados pelas pragas.
As armadilhas estavam naturalmente associadas à morte (1Sm 18:21). A idolatria como uma armadilha para os israelitas retratava um sério problema, não uma inconveniência menor (Ex 34:12).
Conclusão
Neste capítulo, é tratado quanto à disseminação de notícias falsas. Vemos este ato sendo veementemente repudiado por Deus, nas escrituras, as quais revelam que, testemunhas falsas, são odiadas por Ele (provérbios 6:16-19), igualmente, àqueles que derramam sangue inocente.
Vemos, ainda, o Senhor ensinando, aos julgadores da época, quanto as suas responsabilidades em manusear a justiça com parcialidade, igualdade e honestidade, determinando que não aceitassem suborno, dentre outras proibições.
Aqui, vale recordar as orientações de Jetro, à Moisés, quando da escolha daqueles que o ajudariam a, inclusive, julgar o povo, sendo que enfatizara, naquele momento, ao seu genro, a importância de escolher homens que, dentre outras características, não fossem avarentos (Êxodo 18:21).
Após, o Senhor estabelece o Ano de Descanso, também, podendo ser chamado de Ano Sabático. Este descanso, além de expor uma sábia estratégia agrícola, faria alusão ao mesmo entendimento aplicado no descanso semanal requerido aos israelitas, sendo que, no sexto ano, o Senhor proveria os recursos necessários para que, no sétimo, descansassem, em obediência.
No verso vinte e cindo, o Senhor prometeu que, se obedecessem a Ele, seriam prósperos. Este período, ainda, seria aquele em que, os servos hebreus, poderiam escolher a liberdade, conforme visto anteriormente (Êxodo 21:2).
Por fim, o Senhor determina que o Seu povo se reunisse em três festas anuais para se recordarem da libertação do Egito (Festa dos pães asmos) e entregar, ao Senhor, a primícia das colheitas (Festa da Sega e Festa da Colheita).
Neste momento, é anunciado, ao povo, que haveria um lugar em que se reuniriam para celebrar, solenemente, e, ali, sacrificar, ofertar e agradecer, ao Senhor, por Suas bênçãos, nos lembrando da importância de, em comunhão, o adorarmos, o glorificarmos, com tudo que temos, tanto material, quanto espiritualmente.
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