Gálatas 2 Estudo: Paulo Repreende Pedro

No capítulo 2 de Gálatas, veremos que Paulo falará os motivos de sua ida a Jerusalém, levando Barnabé e Tito com ele. Após isso, contará como foi o encontro com os outros apóstolos e as recomendações que recebera.

Um momento de tensão entre Paulo e Pedro é relatado aqui. O motivo: a circuncisão. A partir daí, Paulo ensinará que ninguém pode ser justificado pela Lei e que a morte de Jesus na cruz é o único meio de justificação e a essa fé é o único meio aceito por Deus.

Contexto histórico

Em Gálatas 1, Paulo começa a falar do propósito de sua carta: combater a falsidade que estava no meio deles, perturbando-os. Os Gálatas se desviaram do evangelho, então Paulo fundamenta o valor da pregação ao milagre de sua conversão.

Precisavam, mais do que nunca, cuidar para não acabar em uma armadilha do inimigo. A obrigação era deles investirem tempo com Deus em relacionamento, não podendo argumentar que foram enganados, sendo que o apóstolo estava os advertindo sobre tudo o que estava acontecendo.



(Gálatas 2:1) 14 anos depois

v. 1 Então, catorze anos depois, eu subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também Tito comigo.

Essa referência a catorze anos pode ser a quatorze anos completos do calendário ou a doze anos completos mais partes do primeiro e do último.

O tempo pode estar sendo contado a partir:

  1. Da conversão de Paulo (Gl 1:15-16),
  2. Da viagem anterior de Paulo a Jerusalém, ou
  3. Da viagem de Paulo à Síria e Cilícia.

O relacionamento de Paulo com Barnabé, cujo nome significa “filho da consolação” (At 4:36), começou em Jerusalém (At 9:27).

Tito era um convertido através do ministério de Paulo (Tito 1:4) que se tornou um ministro efetivo (2Co 2:13).

(Gálatas 2:2) Uma revelação

v. 2 E subi por causa de uma revelação, e comuniquei-lhes o evangelho que prego entre os gentios, porém particularmente aos que eram de reputação, a fim de eu não correr ou de não ter corrido em vão.

Paulo expôs aos que eram de reputação (pelo menos. Tiago, Pedro e João; ver nota no v.9) o evangelho que pregava, para ter uma discussão proveitosa. A expressão não correr… em vão reflete a preocupação de não semear desunião na igreja.


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O encontro particular de Paulo com os líderes (Gr. dokousin; lit. “os reconhecidos”) em Jerusalém torna improvável que ele estivesse falando do concílio de Jerusalém, que foi maior e mais público (At 15:6,12).

(Gálatas 2:3) Sem obrigação

v. 3 Mas nem Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a circuncidar-se;

Para deixar claro que ele não teve de ajustar sua mensagem do evangelho durante esse encontro particular com a liderança da igreja de Jerusalém, Paulo usou, com exemplo, o caso de Tito (ver nota no v. 1).

Tivesse Paulo se submetido à opinião que havia sido pregada recentemente nas igrejas da Galácia (de que era necessário que os gentios se circuncidar se e guardassem a lei mosaica para se tornarem cristãos; Gl 5:2-3).

Tito, um gentio convertido, teria sido obrigado a circuncidar-se, mas isso não aconteceu, refletindo o fato de que o evangelho de Paulo foi aceito pelos líderes reconhecidos da igreja de Jerusalém.

(Gálatas 2:4) Falsos irmãos

v. 4 e isso por causa da presença dos falsos irmãos, desconhecedores, que secretamente introduziram-se entre nós para espionar a liberdade que temos em Cristo Jesus, a fim de nos escravizar;

A expressão falsos irmãos (Gr. pseudodelphoi) reflete que realmente eles não eram cristãos. Essas pessoas ouviram que Paulo estava discutindo particularmente sobre o evangelho e os gentios, e usaram de engano para “se infiltrarem na festa” com o propósito de restringir a liberdade… em Cristo e reduzir os cristãos à escravidão da lei, que era o que estava acontecendo nas igrejas da Galácia (Gl 5:1).


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(Gálatas 2:5) A verdade do evangelho

v. 5 aos quais não nos sujeitamos nem por uma hora; a fim de que a verdade do evangelho permanecesse convosco.

Para manter a verdade do evangelho, Paulo não se submeteu, por nenhum momento, à argumentação deles sobre a circuncisão.

(Gálatas 2:6) Deus não se leva pela aparência

v. 6 Mas quanto aos que pareciam ser alguma coisa, (o que quer que eles fossem, nenhuma diferença faz para mim: nada me importa; Deus não se deixa levar pela aparência do homem) pois aqueles que pareciam ser alguma coisa quando reunidos nada me acrescentaram,

Tiago, Pedro e João eram os influentes (Gr. doke) “pilares” da igreja (v. 9). As expressões o que quer que eles fossem… Deus não se deixa levar pela aparência não são usadas para depreciá-los. No entanto, como Paulo relata nos versículos 11-14, ele encontrou problemas em Antioquia da Síria com:

  1. Aqueles que reivindicavam autoridade da parte de Tiago (v. 12), e
  2. Com a tentativa hipócrita de Pedro de satisfazer esse grupo.

(Gálatas 2:7-8) Paulo e Pedro

v. 7 antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me foi confiado, assim como o evangelho da circuncisão foi confiado a Pedro;

v. 8 (porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, o mesmo operou também em mim para com os gentios);

Paulo não estava dizendo, nesses versículos, que havia duas mensagens do evangelho. Mas sim que ele foi designado por Deus como apóstolo aos gentios (At 22:21) enquanto Pedro servia como apóstolo aos judeus. Deus estava operando por meio de ambos os ministérios.

(Gálatas 2:9) Me deram as mãos

v. 9 e quando Tiago, Cefas e João, que pareciam ser os pilares, perceberam a graça que me foi dada, deram a mim e a Barnabé suas mãos direitas em sinal de comunhão; nós iríamos aos gentios e eles aos circuncidados.

A unidade de pontos de vista entre Paulo e os líderes da igreja de Jerusalém foi simbolizada pela mão direita… de comunhão – um sinal comum de amizade e concordância.

(Gálatas 2:10) Lembrar dos pobres

v. 10 Recomendaram-nos apenas que nos lembrássemos dos pobres; justamente o que eu também estava determinado a fazer.

Que nos lembrássemos dos pobres constituía a principal razão de Paulo e Barnabé terem feito essa viagem a Jerusalém (At 11:28-30).

(Gálatas 2:11) Face a face me opus

v. 11 Quando, porém, Pedro foi para Antioquia, me opus a ele face a face, porque ele era reprovável.

Em razão do comportamento hipócrita de Pedro (Cefas) em Antioquia, Paulo o enfrentou face a face.

(Gálatas 2:12-13) O erro de Pedro

v. 12 Porque, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas, quando aqueles vieram, ele retirou-se e separou-se deles, temendo os que eram da circuncisão.

v. 13 Os demais judeus se afastaram como ele, de modo que mesmo Barnabé foi levado por eles a essa dissimulação.

A hipocrisia de Pedro baseada no medo ficou ainda mais evidente porque, além de comer com os gentios na igreja de Antioquia da Síria, ele tinha sido instruído anteriormente, por meio de uma visão, para ter comunhão com o gentio Cornélio.

As palavras de Tiago no concílio de Jerusalém não refletem que ele acreditasse ser necessário que os gentios se circuncidavam a fim de se tornarem cristãos (cp. At 15:1-5), entretanto, Tiago aconselhou o respeito, por parte dos gentios, para com as práticas judaicas tradicionais.

A hipocrisia de Pedro influenciou os demais judeus na igreja de Antioquia, inclusive Barnabé.

(Gálatas 2:14) Pregar o que não vive

v. 14 Mas, quando vi que eles não andavam corretamente segundo a verdade do evangelho, eu disse a Pedro diante de todos eles: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como os judeus, como obrigas os gentios a viverem como os judeus?

Assim que percebeu que a verdade do evangelho estava em jogo, Paulo confrontou Pedro (Cefas) diante de todos (ou seja, numa reunião da igreja).

O comportamento de Pedro, ao participar da refeição com os gentios, antes da chegada em Antioquia do grupo “da parte de Tiago (v. 11-12), mostrava que ele acreditava ser correto viver como os gentios entre os gentios.

Portanto, sua decisão posterior, no sentido de obrigar os gentios na igreja de Antioquia a viverem como os judeus, foi vista como inconsistente e hipócrita.

(Gálatas 2:15) Naturalmente judeus

v. 15 Nós que somos naturalmente judeus, e não pecadores dentre os gentios;

Teologicamente, Paulo sabia que todos (não apenas os gentios) são pecadores (Rm 3:23). Provavelmente, ele estava usando uma expressão (pecadores dentre os gentios) que seus oponentes, que eram naturalmente judeus e, aparentemente, se orgulhavam disso, usavam para descrever os não-judeus.

No entanto, em vista do gracioso pacto de Deus com Israel, os judeus possuíam determinadas vantagens espirituais (Rm 9:4-5).

(Gálatas 2:16) Justificado pela fé em Jesus

v. 16 sabemos que um homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé de Jesus Cristo, nós também cremos em Jesus Cristo, para que pudéssemos ser justificados pela fé de Cristo, e não pelas obras da lei, porque pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.

Justificação é um conceito legal que significa “ser declarado (e não ser feito) justo”. Fé significa confiar na obra redentora de Jesus Cristo sobre a cruz. Quando Paulo fala da mensagem que nós… cremos, o plural “nós” pode se referir a:

  1. “Todos os irmãos” com Paulo nessa ocasião (Gl 1:2);
  2. Paulo e os gálatas, que acreditaram quando ouviram a pregação de Paulo pela primeira vez (Gl 3:2); ou
  3. Ambos.

(Gálatas 2:17) Ministro do pecado?

v. 17 Porém, se enquanto procuramos ser justificados por Cristo, nós mesmos também formos achados pecadores, por acaso seria Cristo o ministro do pecado? De forma alguma.

Os oponentes de Paulo em Antioquia da Síria e na Galácia, aparentemente, descreviam a mensagem paulina de ser justificados unicamente pela fé em Jesus Cristo como “um rebaixamento” espiritual dos judeus ao nível de serem “gentios pecadores”, o que de algum modo faria de Cristo… ministro do pecado (ou seja, por tornar os judeus “pecadores” comuns).

A resposta de Paulo a essa ideia absurda constitui a mais forte negação possível – de forma alguma (Gr. mê genoito).

(Gálatas 2:18) A mim mesmo me faço um transgressor

v. 18 Se torno a construir as coisas que eu destruí, eu faço de mim mesmo um transgressor.

Tendo crido em um evangelho de justificação pela fé, independente da lei, Paulo não podia voltar atrás e reconstruir a falsa mensagem do evangelho (salvação pelas “obras da lei”; v. 16) que antes destruíra. Se assim o fizesse, ele seria um transgressor no sentido de pecar contra a graça.

(Gálatas 2:19-20) Morto para a lei

v. 19 Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para que eu possa viver para Deus. 

v. 20 Estou crucificado com Cristo, não obstante, eu vivo, porém, não eu, mas Cristo vive em mim. E a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, que me amou, e entregou-se a si mesmo por mim.

Em sua declaração pela lei, estou morto para a lei, Paulo quis dizer que, em virtude de Jesus ter morrido sob a lei (Gl 3:13), Paulo estava agora separado da lei.

“Eu “morri” se refere a estar crucificado com Cristo, como se o crente tivesse morrido na cruz com Jesus. O cristão continua a viver fisicamente, entretanto, espiritualmente, essa nova vida é pela fé em Cristo.

(Gálatas 2:21) A graça de Deus

v. 21 Não negligencio a graça de Deus, pois se a justiça vem pela lei, então Cristo morreu em vão.

Se fosse possível alcançar a justiça de Deus pelo cumprimento da lei, Cristo teria morrido em vão sobre a cruz, no entanto, visto que a salvação por meio da lei é impossível, a única alternativa é a justificação pela fé em Cristo.

5 importantes lições que podemos aprender em Gálatas 2

  1. Aceitação pela Graça: Paulo enfatiza que a salvação é pela graça mediante a fé em Cristo, não por obras da lei. Isso nos lembra que nossa aceitação diante de Deus não é baseada em nossos esforços, mas na obra redentora de Jesus Cristo na cruz.
  2. Comunhão em Cristo: Paulo destaca a unidade dos crentes em Cristo, independentemente de suas origens étnicas ou culturais. Isso nos ensina a valorizar a comunhão com outros crentes, reconhecendo que somos todos um em Cristo Jesus.
  3. Libertação da Escravidão do Pecado: Paulo relembra que fomos libertos da escravidão do pecado pela morte de Cristo na cruz. Isso nos motiva a viver em liberdade, não mais escravizados pelo pecado, mas vivendo em obediência a Deus e servindo uns aos outros em amor.
  4. Justificação pela Fé: O apóstolo ressalta que somos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei. Isso nos leva a compreender que nossa relação com Deus é estabelecida pela fé, não por nosso desempenho moral, e nos encoraja a confiar na suficiência da obra redentora de Cristo.
  5. Identidade em Cristo: Paulo enfatiza que nossa identidade está em Cristo, e não em nossas realizações ou status sociais. Isso nos lembra de nossa nova posição em Cristo como filhos de Deus e herdeiros de Suas promessas, o que molda nossa perspectiva e prioridades na vida.

Conclusão

Quando Paulo visitou Jerusalém, foi recebido em comunhão e amor, mas quando Pedro visitou Antioquia, Paulo o confrontou por causa de seu comportamento duvidoso.

Notamos neste episódio que Pedro andou com Jesus, e mesmo isso sendo notável, Paulo não o super-respeitou.

Em Antioquia, Pedro ficou surpreso com boa comunhão existente entre judeus e cristãos gentios, comendo juntos e conversavam e por um tempo, Pedro também se sentiu à vontade, mas quando os cristãos de Jerusalém chegaram a cidade, ele mudou.

Pedro começou a afastar-se e a atitude acabou atraindo ao erro até mesmo a um outro grande representante de Cristo, Barnabé.

Indignado, Paulo encarou Pedro face a face, publicamente, para que toda a Igreja visse que Jesus não compactuaria com esse tipo de comportamento.

Defendendo de forma enérgica, que todos, judeus e gentios, todos são salvos mediante a fé em Cristo, garantia dada por meio de sua morte e ressurreição para o mundo, não pela prática de obras legalistas.

Hoje, devemos estar atentos para não cometer o mesmo erro de Pedro. Há muitas denominações, cada uma carregada de muitos comportamentos e doutrinas humanas.

Se não negarmos a morte e ressurreição de Jesus e a também a inclusão de qualquer ser humano na comunhão do corpo, agimos certo, mas se, com base em pré-conceitos que não estão fundamentados na Palavra de Deus, os excluirmos, erramos gravemente.

Gálatas 2 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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