Gálatas 4 Estudo: A Graça Pela Fé
No capítulo 4 de Gálatas, veremos que Paulo falará sobre a nossa adoção, através de Jesus, esclarecendo o fato, de que antes, estávamos debaixo da autoridade da lei, por causa da ausência obra redentora. A graça manifesta em Cristo é muito maior que a lei, por isso, não devemos voltar aos fracos mandamentos dela.
Neste ponto, Paulo será extremamente franco com os Gálatas, lhes mostrando que em Jesus, somos filhos de Sara e não de Agar, somos livres e não escravos, debaixo da benção de Abraão. Acompanhe a seguir o estudo completo de Gálatas 4.
Contexto histórico
Paulo nos ensinou sobre a insensatez, apresentando o recebimento do Espírito Santo, pelo sacrifício de Jesus, como argumento para a justificação pela fé. A justificação dada a Abraão, consequência da sua fé nas promessas, é nossa herança.
Essa fé em Jesus nos faz participantes da bênção prometida ao Pai da fé e de sua mesma justificação. Ele ensina o propósito original da lei e sua autoridade antes de Jesus, nos mostrando que o acesso a essa fé nos torna filhos de Deus.
(Gálatas 4:1) Herdeiro x servo
v. 1 Agora digo, que o herdeiro, enquanto criança, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo;
No mundo antigo, um herdeiro menor de idade não tinha direito à sua herança e estava temporariamente na mesma situação legal que um servo, nada possuindo.
(Gálatas 4:2) Tutores
v. 2 mas está sob tutores e administradores, até ao tempo determinado por seu pai.
Tutores (Gr. epitropoi) não se refere à mesma ideia de Gl 3:24-25, onde a palavra grega é paidagogos (pedagogo).
Nesse caso, o “tutor” era um escravo que protegia o herdeiro menor de idade, enquanto os administradores eram curadores responsáveis pelas demais necessidades de seu herdeiro até ele atingir a maioridade (o tempo determinado por seu pai).
A analogia serve para ilustrar que Deus tinha todas as coisas sob controle durante o período da lei mosaica, organizando as coisas para a vinda de Cristo.
(Gálatas 4:3) Rudimentos do mundo
v. 3 Assim também nós, quando éramos crianças, estávamos escravizados pelos rudimentos do mundo;
Os rudimentos do mundo são chamados de coisas (ou entes) “que, por natureza, não são deuses” no versículo 8 e de “princípios elementares, fracos e sem poder” no versículo 9.
Uma vez que essas descrições estão ligadas à observação de “dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos” no versículo 10, parece que elas estavam relacionadas com observâncias religiosas baseadas em leis e cadências da natureza.
(Gálatas 4:4) Deus envia seu filho
v. 4 mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
A palavra grega traduzida como plenitude é pleroma, indicando que Cristo veio no tempo exato. Entre os fatores que fizeram desse tempo um momento apropriado estão: a paz mundial (Pax Romana), um excelente sistema de estradas e o predomínio de uma língua por todo o império (o grego koine).
Por esses meios, o evangelho se espalhou de uma forma que em outros tempos seria impossível. Deus enviou seu Filho, nascido de mulher volta o olhar para a promessa de Deus quanto a “semente da mulher”, em Gn 3:15, e pode aludir ao nascimento virginal de Cristo (Is 7:14).
Nascido sob a lei se refere ao fato de Jesus saber o que era viver sob a lei mosaica. Essa expressão implica que Ele cumpriu perfeitamente toda a lei, o que nenhum outro ser humano podia fazer.
(Gálatas 4:5-6) Adoção de filhos
v. 5 para redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
v. 6 E porque vós sois filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos vossos corações, que clama: Aba, Pai.
Uma grande diferença entre os incrédulos e os herdeiros menores de idade dos versículos 1-2 é que, sem um relacionamento com Cristo, todas as pessoas são realmente escravas do pecado, o que é tornado claro pela Lei.
⚠️ Receba Estudos Exclusivos no Whatsapp:
Portanto, era necessário que Jesus morresse, para redimir (Gr. exagorozo; “resgatar mediante compra”) pecadores do mercado de escravos.
Uma segunda grande diferença é que os cristãos recebem a adoção de filhos em lugar de serem filhos por laços de sangue. Jesus Cristo é o único Filho que possui uma relação natural com Deus, o Pai.
Todos os outros filhos (inclusive as mulheres, uma vez que “filiação” consistia em uma posição legal) são filhos por adoção. Aba significa “Pai” em aramaico, mas possui uma conotação pessoal, como “Papai” ou “Papa”.
(Gálatas 4:7) Somos filhos
v. 7 Portanto, já não és servo, mas filho; e se és filho, então és também herdeiro de Deus por meio de Cristo.
O apelo de Paulo aos membros das igrejas da Galácia era que a pessoa que tenta ser justificada diante de Deus.por obras é um servo da lei mosaica.
Mas aquele que é justificado pela fé em Cristo não é mais um escravo, mas filho,” com plenos direitos de herdeiro dos infinitos tesouros de Deus.
(Gálatas 4:8-11) Voltar a escravidão?
v. 8 Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.
v. 9 Agora, porém, depois de conhecerdes a Deus, ou melhor, sendo conhecidos por Deus, como é que tornais aos elementos fracos e miseráveis, aos quais desejais novamente estar em escravidão?
v. 10 Observais dias, e meses, e tempos e anos.
v. 11 Eu tenho receio por vós, de que eu tenha trabalhado convosco em vão.
Os leitores de Paulo tinham estabelecido um relacionamento verdadeiro com Deus por meio da fé em Cristo. Ele pergunta como eles podiam voltar a ser escravizados a um ponto de vista de justificação por obras que era tão “fraco e miseráveis, como os elementos que, no passado,” tinham adorado (v. 3).
A presença de mestres judeus na Galácia torna provável que os dias fossem observâncias sabáticas, enquanto meses e tempos tinham a ver com estações mais longas do calendário judaico (p. ex., o tempo entre a Páscoa e o Pentecoste).
Anos seriam anos sabáticos ou o Ano do Jubileu. Uma vez que os membros das igrejas da Galácia tinham voltado ao ponto em que estavam antes de Paulo chegar – escravizados espiritualmente – ele temia que seus melhores esforços tivesse sido em vão.
(Gálatas 4:14-15) Onde está?
v. 14 E minha tentação, que estava em minha carne, nem por isto me desprezastes, nem me rejeitastes, antes me acolhestes como a um anjo de Deus, até mesmo como Cristo Jesus.
v. 15 Onde está agora aquela bem-aventurança da qual falastes? Pois tenho em memória que, se possível fora, vós teríeis arrancado os teus próprios olhos e dado-os para mim.
Não se sabe qual seria a natureza exata da tentação de Paulo. Uma teoria considera que Paulo foi apedrejado e dado por morto (At 14:19) naquela região quando de sua primeira viagem missionária.
Isso poderia ter causado muitos tipos de ferimentos, inclusive aqueles relacionados à visão. Alguns entendem que o “espinho na carne” de Paulo (2Co 12:7) dizia respeito a problemas visuais. Outros pensam que Paulo contraiu malária nas terras baixas do sul da Ásia Menor (At 13:13-14).
(Gálatas 4:16) Tornei-me vosso inimigo?
v. 16 Tornei-me, portanto, vosso inimigo, porque vos disse a verdade?
Paulo se entristeceu porque os gálatas agora o viam como um inimigo, simplesmente porque ele lhes disse aquilo que eles precisavam ouvir (a verdade), e não aquilo que eles queriam escutar.
(Gálatas 4:17-18) A ilusão no zelo
v. 17 Eles zelosamente têm afeto por vós, mas não para o bem; sim, eles vos excluiriam, a fim de que vós possais ter afeto por eles.
v. 18 Mas é bom ser zelosamente sempre afetado por uma coisa boa, e não somente quando estou presente convosco.
O zelo pode iludir (ver nota em Gl 1:13-14), como no caso dos falsos mestres na Galácia. O único modo para esses mestres manterem o zelo das igrejas da Galácia era excluí-los das demais igrejas que não buscavam ser justificadas pela “prática da Lei” (Gl 2:16).
(Gálatas 4:19) Dores de parto
v. 19 Meus filhinhos, por quem de novo sinto dores de parto, até que Cristo seja formado em vós,
Paulo desejava que os gálatas pudessem “nascer de novo” (ver Jo 3:5-8) uma segunda vez, o que era impossível (Hb 6:4-6).
Emocionalmente, ele se sentia como uma mulher em dores de parto, dando à luz a mesma criança pela segunda vez (ou seja, uma tentativa para trazer os gálatas de volta à justificação pela fé, afastando assim as enfases erradas a respeito das obras da lei).
(Gálatas 4:20) Paulo se preocupa
v. 20 eu desejo estar presente agora convosco, e mudar o tom da minha voz; porquanto eu me encontro em dúvida a respeito de vós.
Paulo não apreciava tratar com severidade aqueles com quem ele se preocupava, mas ele não sabia mais o que fazer a respeito da situação deles, porquanto ele que não podia estar fisicamente com eles.
(Gálatas 4:21) Não ouvis a lei?
v. 21 Dizei-me, vós que quereis estar sob a lei: Não ouvis a lei?
A lei não se refere especificamente à lei de Moisés, mas aos Livros da Lei – o.Pentateuco (ou seja, Gênesis a Deuteronômio). A lógica de Paulo era que até mesmo a própria lei contesta a visão dos falsos mestres.
(Gálatas 4:22-23) Sara x Agar
v. 22 Porque está escrito, que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro de mulher livre.
v. 23 Mas aquele que nasceu da escrava nasceu segundo a carne, e aquele que nasceu da mulher livre nasceu da promessa.
Gênesis registra o nascimento desses dois filhos – Ismael, nascido de Agar, uma escrava, e Isaque, nascido de Sara, uma mulher livre.
Ismael nasceu segundo a carne, porque Sara e Abraão usaram Agar para obterem um filho por sua própria engenhosidade, e não pela confiança paciente na promessa de Deus (Gn 16). Isaque nasceu como Deus prometeu (Gn 15:4), após muitos anos de espera por parte de Abraão e Sara.
(Gálatas 4:24-26) Livres
v. 24 Tais coisas são uma alegoria; pois estes são os dois pactos: o do monte Sinai, que gerou para a escravidão, que é Agar.
v. 25 Porque Agar é o monte Sinai na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em cativeiro com seus filhos.
v. 26 Mas a Jerusalém que está lá no alto é livre, e é a mãe de todos nós.
Paulo declarou que usava tais coisas como uma alegoria (Gr. allegoroúmeng). De um lado da comparação entre os pactos estão (a) o monte Sinai, onde a lei de Moisés foi dada, (b) Agar, a mãe de Ismael e (c) a atual cidade de Jerusalém, de onde os falsos mestre tinham vindo parra Antioquia da Síria (Gl 2:11-13) e Galácia.
Esse lado da comparação representa a escravidão espiritual através da lei. Do outro lado da comparação está a Jerusalém do alto, uma esperança judaica que será plenamente realizada somente nos novos céus e nova terra (Ap 21:2).
É interessante observar que, nesse ponto, quem é mencionada como “sendo a mãe não é Sara, mas “a Jerusalém espiritual”.
(Gálatas 4:27) Alegra-te
v. 27 Porquanto está escrito: Alegra-te, tu estéril que não tens; esforça-te e clama, tu que não estás de parto, pois a desolada tem muito mais filhos do que aquela que tem um marido.
A citação de Is 54:1 nesse versículo declara que os filhos nascidos após o exílio seriam mais felizes e em maior número que os filhos julgados de forma justa por transgredirem a lei.
A implicação é que aqueles que ainda repousam na lei estão sendo substituídos pela igreja e seu evangelho isento da lei.
(Gálatas 4:28-30) Filhos da promessa
v. 28 Agora nós, irmãos, como Isaque o foi, somos os filhos da promessa.
v. 29 Como naquele tempo, aquele que era nascido segundo a carne perseguia o que havia nascido do Espírito, o mesmo se dá hoje.
v. 30 Todavia, o que diz a escritura? Lança fora a escrava e o seu filho, porque o filho da mulher escrava não será herdeiro com o filho da mulher livre.
Paulo tomou por certo que os membros das igrejas da Galácia retornariam à sua visão e mostrariam que ele próprios eram filhos da promessa (ou seja, descendência de Abraão por meio da fé em Cristo; Gl 3:29).
No entanto, assim como Ismael perseguiu Isaque em Gn 21:9-10, é de se esperar que os judaizantes perseguirão os verdadeiros cristãos.
Paulo estava confiante que os seus oponentes acabariam exilados do povo de Deus, enquanto a sua própria visão receberia a herança.
(Gálatas 4:31) Filhos da liberdade
v. 31 Assim então, irmãos, nós não somos filhos da mulher escrava, mas sim da que é livre.
Paulo se coloca a si próprio e os gálatas do lado de Isaque e seus descendentes judeus, enquanto os seus oponentes são filhos da criada. Para Paulo, eles não são judeus.
5 importantes lições que podemos aprender em Gálatas 4
- Filiação Espiritual: Paulo compara a situação dos crentes em Cristo com a transição de um herdeiro de menoridade para maioridade. Isso nos ensina sobre nossa nova filiação espiritual em Cristo, onde somos libertos da escravidão do pecado e nos tornamos herdeiros de Deus.
- Libertação da Lei: Paulo contrasta a escravidão da lei com a liberdade em Cristo, enfatizando que a lei nos preparou para Cristo, mas agora somos justificados pela fé. Isso nos lembra que não somos mais escravos da lei, mas somos libertos para viver em obediência pela fé em Cristo.
- Adoção como Filhos: Paulo destaca que, por meio de Cristo, recebemos o Espírito de adoção, pelo qual clamamos “Aba, Pai”, indicando nossa intimidade com Deus como Seus filhos. Isso nos lembra da relação íntima e pessoal que temos com Deus como Seus filhos amados.
- Evitar o Retrocesso espiritual: Paulo exorta os crentes a não voltarem à escravidão da lei, mas a permanecerem firmes na liberdade que têm em Cristo. Isso nos alerta sobre a tentação de retroceder para práticas legais e nos incentiva a permanecer firmes na fé em Cristo.
- Imitação de Cristo: Paulo incentiva os crentes a se tornarem como ele, assim como ele se tornou como Cristo, destacando a importância de imitar o caráter e o exemplo de Cristo em nossas vidas. Isso nos desafia a vivermos vidas que refletem o caráter de Cristo em todas as áreas de nossas vidas.
Conclusão
Concluindo, ao ilustrar essa imaturidade espiritual, Paulo lembra aos gálatas de certas características de um verdadeiro herdeiro, enquanto criança.
Embora tenha o direito de nascença, era mantido em submissão e não tomava decisões. O herdeiro, quando criança, necessitava de um tutor.
Era assim até que ele tivesse idade adulta. Antes da conversão, assim como todos nós, servíamos a falsos deuses inventados, como Zeus e Hermes, mas ao conhecer a Deus e sendo conhecidos por Ele, foram libertos da cegueira espiritual.
Retrocedendo e voltando ao legalismo, Paulo fica pasmo e consternado e mesmo enfrentando as fraquezas do corpo, ele continua a servir com excelência.
Os judeus queriam os alienar, impedindo os Gálatas de ouvirem e receberem a verdade ministrada por Paulo e, profundamente inspirado, ele apresenta uma ilustração das escrituras para concluir sua defesa da justificação pela fé, mencionando o Antigo Testamento e a história de Abraão para fazer um contraste entre o patriarca, Moisés, a Lei, a graça, as obras e a fé.
Sobre o Autor
0 Comentários