2 Coríntios 12 Estudo: Minha Graça te Basta
Em 2 Coríntios 12, veremos que Paulo falará sobre visões e revelações que recebeu de Deus. Por causa delas, o Senhor Deus lhe pôs um espinho na carne, impedindo-o de ensoberbecer-se e ele, então, percebe que desse processo, a sua fraqueza na carne resulta em força espiritual, se sentindo mais e mais seguro e estável diante de Deus.
Ele falará sobre a sua disposição em servir aos Coríntios e como isso não se tornara um peso para eles, pelo contrário, a presença dele tem sido bênção para todos.
Paulo encerrará expondo seu receio, ele teme que os irmãos de Corinto permitam que as obras da carne os dominem, e que as brigas, invejas e discussões minem a comunhão da igreja. Acompanhe a seguir o estudo completo de 2 Coríntios 12.
(2 Coríntios 12:1) Paulo se gaba como um tolo
v. 1 Não é conveniente para mim, sem dúvida, gloriar-me. Eu passarei às visões e revelações do Senhor.
Neste versículo Paulo continua a se gabar como um tolo, mostrando o quão grandioso ele era em comparação com os falsos apóstolos.
A conversão de Paulo ocorreu em resposta a uma visão (ver At 26:19). Como apóstolo, Paulo recebeu revelações diretas de Cristo (Gl 1:12). As visões aqui mencionadas não são relatadas em nenhum outro lugar.
(2 Coríntios 12:2) Eufemismo de Paulo
v. 2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, eu não posso dizer, ou se fora do corpo, eu não posso dizer; Deus o sabe) o tal foi arrebatado ao terceiro céu.
Um homem em Cristo é um eufemismo de Paulo para si mesmo, fica claro a partir do v.7 que o homem em questão é o próprio Paulo. Ó terceiro céu é o lugar da habitação de Deus.
O primeiro céu é o atmosférico, e o segundo é o planetário. Á época, há catorze anos, deve ter sido por volta de 42 d.C., supondo que a carta de 2 Coríntios foi escrita em 56.
Portanto, esta visão aconteceu antes das viagens missionárias de Paulo e, evidentemente, ele não tinha feito menção delas até agora.
Paulo não tinha certeza se seu corpo (no corpo ou fora do corpo) fora elevado ao céu ou não durante a visão.
(2 Coríntios 12:3-4) O arrebatamento
v. 3 E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, eu não posso dizer; Deus o sabe),
v. 4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras indescritíveis, que ao homem não é lícito proferir.
Além do v. 2, Paulo só fez uso deste verbo (arrebatado) para se referir ao levantamento do corpo dos cristãos que estiverem vivos ao encontro do Senhor nos ares quando Ele voltar, por vezes chamado de arrebatamento (1 Ts 4:17).
A palavra paraíso expressa a mesma ideia do terceiro céu do v. 2. Ela aparece em outras duas passagens do Novo Testamento, em que também significa “céu” (Lc 23:43).
(2 Coríntios 12:6) Vejam e ouçam de mim
v. 6 Porque, embora desejasse gloriar-me, eu não serei um tolo, porque direi a verdade; mas agora disto me abstenho, para que nenhum homem pense de mim acima do que vê em mim, ou que ouve de mim.
Se Paulo quisesse, ele poderia ter contado mais. Contudo, ele se recusou a fazer isso a fim de que os coríntios pudessem julgá-lo com base no que viram ou ouviram dele.
(2 Coríntios 12:7) O espinho na carne
v. 7 E, para que eu não me exaltasse acima da medida, pela abundância das revelações, foi-me dado um espinho na carne, o mensageiro de Satanás para me esbofetear, para que eu não me exaltasse acima da medida.
Paulo não disse o que era seu espinho na carne, mas é provável que os coríntios o soubessem. A incerteza do que era o “espinho” de fato permitiu que os cristãos ao longo das eras aplicassem este conceito a suas próprias circunstâncias.
As hipóteses sobre o “espinho” incluem: enfermidades físicas (vista fraca ou saúde fraca), enfermidades psicológicas e espirituais (depressão, opressão demoníaca ou a contínua tentação de um desejo físico) e oposição a seu ministério (inimigos dentro e fora das igrejas).
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(2 Coríntios 12:8) Paulo pediu que Deus retirasse dele
v. 8 Por essa coisa, eu supliquei ao Senhor três vezes, para que ele se afastasse de mim.
Paulo orou fervorosa e repetidamente até receber a resposta do Senhor. Tal como “sim”, “não” também é uma resposta de oração.
(2 Coríntios 12:9) A minha graça te basta
v. 9 E ele disse-me: A minha graça é suficiente para ti, porque a minha força se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse sobre mim.
A suficiência da graça de Deus é mais fácil de compreender intelectualmente do que viver, principalmente para aqueles que naturalmente estão inclinados a confiar em si mesmos.
Deus garantiu que Paulo nunca saísse da graça (ver nota em 2Co 1:2). O poder glorioso de Deus é mais evidente quando mostrado em vasos fracos (ver nota em 2Co 4:7).
(2 Coríntios 12:10) Prazer nos sofrimentos
v. 10 Portanto, eu tenho prazer nas fraquezas, nas censuras, nas necessidades, nas perseguições, nas aflições por causa de Cristo. Porque quando eu estou fraco então eu sou forte.
Todos os sofrimentos de Paulo, recapitulados aqui em cinco expressões curtas, se tornaram ocasiões para ele estar satisfeito e contente (Fp 4:13).
(2 Coríntios 12:11) Eu nada sou
v. 11 Tornei-me tolo em gloriar-me; vós me compelistes. Porque eu devia ter sido recomendado por vós, visto que em nada fui inferior aos muitos principais apóstolos, embora eu nada seja.
Sobre tolo, ver nota em 2Co 11:16. Sobre super apóstolos, ver nota em 2Co 11:5.
(2 Coríntios 12:12) Sinais maravilhosos
v. 12 Verdadeiramente, os sinais de um apóstolo foram manifestos entre vós com toda a paciência, por sinais, maravilhas e poderosos feitos.
Os apóstolos comissionados por Jesus como Seus porta-vozes oficiais receberam dele poder para fazer as mesmas maravilhas e feitos poderosos que Ele fez. Isso autenticava sua autoridade e posição (Mc 6:7).
Hebreus 2:4 diz que “sinais e maravilhas” eram privilégio especial das testemunhas oculares de Jesus. Aparentemente os “super apóstolos” não possuíam estas credenciais.
(2 Coríntios 12:13) Ironia de Paulo
v. 13 Pois, em que éreis inferiores às outras igrejas, exceto que eu mesmo vos não fui um fardo? Perdoai-me este erro.
Paulo não foi um fardo para os cristãos de Corinto porque não exigiu salário por seu ministério (ver nota em 2Co 11:7-8). Perdoai-me este erro é um comentário satírico.
(2 Coríntios 12:14) Os pais devem guardar para os filhos
v. 14 Eis aqui, pela terceira vez, eu estou pronto a ir ter convosco, e não vos serei um fardo; porque não busco o que é vosso, mas a vós; porque os filhos não devem guardar para os pais, mas os pais para os filhos.
A primeira visita de Paulo aos coríntios foi a longa visita de plantação da igreja, por volta de 50-51 d.C. (At 18:11). Sua segunda visita foi a breve experiência dolorosa (2Co 2:1).
Nesta carta Paulo já havia prometido uma terceira visita (ver nota em 9:5), promessa que se cumpriu, como mostra Rm 15:26. Paulo não sobrecarregou os coríntios pedindo dinheiro para seu uso pessoal.
Claro que ele esperou que a comunidade cristã local de Corinto providenciasse a oferta para os santos de Jerusalém (2Co 8-9). O apóstolo queria o coração e a afeição deles, não o dinheiro deles.
(2 Coríntios 12:15) Mais amo, menos amado sou
v. 15 E eu muito alegremente gastarei, e me deixarei gastar por vós, se mais abundantemente vos amo, serei menos amado.
O amor paternal que Paulo sentia pelos coríntios resultou em um grande sacrifício de tempo e dinheiro [ver notas em 2Co 6:12-13).
Ele desejava muito que esse amor fosse correspondido, mesmo não tendo expectativas de que os coríntios o amassem tanto quanto ele os amava.
(2 Coríntios 12:16) Os tomei com astúcia
v. 16 Mas seja assim; eu não vos fui um fardo, mas, sendo astuto, vos tomei com astúcia.
Com a expressão vos tomei com astúcia, ou Paulo está usando de ironia (neste caso, ele quis dizer o contrário) ou está repetindo as calúnias alegadas pelos falsos apóstolos.
O argumento deles deve ter sido parecido com o seguinte: “Certo, Paulo nunca tomou dinheiro de vocês pessoalmente para seu uso particular, mas agora ele veio com esse esquema elaborado para Jerusalém. Paulo está enganando vocês e planeja usar o dinheiro para si próprio”.
(2 Coríntios 12:18) Tito se aproveitou de vós?
v. 18 Eu exortei Tito, e com ele enviei um irmão. Porventura, Tito se aproveitou de vós? Não andamos no mesmo espírito, não andamos nos mesmos passos?
Junto com esta carta, Paulo estava enviando Tito e um irmão cujo nome não é citado (ver 8:6,18,22) a fim de supervisionar a coleta para Jerusalém.
Paulo sabia que a conduta de Tito em questões financeiras era, e continuaria sendo, irrepreensível.
(2 Coríntios 12:19) Íntegro perante Deus
v. 19 Novamente, pensais vós que nos desculpamos convosco? Nós falamos em Cristo perante Deus, mas fazemos todas as coisas, ó amados, para vossa edificação.
A integridade de Paulo perante Deus era mais importante do que sua reputação diante de qualquer grupo humano.
(2 Coríntios 12:20) Temo por tudo isso
v. 20 Porque temo que, quando chegar, não vos acharei como eu quereria, e que não serei encontrado por vós como quereríeis; que de alguma maneira haja debates, invejas, iras, contendas, maledicências, murmúrios, inchações, tumultos;
A expressão não vos acharei como eu quereria é outro apelo à minoria de cristãos de Corinto que não se arrependeu (ver nota em 2Co 10:1).
Os oito vícios listados neste versículo eram as “ações” dos falsos apóstolos, que resultariam em condenação eterna (2Co 11:15).
As outras listas de vícios de Paulo (1Co 6:9-10) também observam que aqueles que praticavam tais pecados não faziam parte da família de Deus.
(2 Coríntios 12:21) Paulo se lamenta pelos muitos pecados
v. 21 e que, quando eu for novamente, o meu Deus me humilhe entre vós, e que eu lamente por muitos que pecaram anteriormente, e não se arrependeram da imundícia, e fornicação, e lascívia que cometeram.
A segunda visita de Paulo a Corinto foi devastadora porque os coríntios o rejeitaram (2Co 2:1). Os vícios do v. 20 não eram sexuais como estes.
1 Coríntios 5 mostra que os pecados sexuais eram problemas de longa data na congregação local de Corinto. Os falsos apóstolos devem ter acrescentado ofensa sobre ofensa ao aprovarem a libertinagem sexual.
5 importantes lições que podemos aprender em 2 Coríntios 12
- A Graça Suficiente de Deus: Paulo relata sua experiência de ter um espinho na carne e como Deus respondeu à sua oração pedindo para removê-lo. Deus responde que Sua graça é suficiente para Paulo e que Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Isso nos ensina que, mesmo em nossas fraquezas e dificuldades, a graça de Deus é suficiente para nos sustentar e fortalecer.
- A Glória na Fraqueza: Paulo reconhece que se gloria em suas fraquezas, pois é nelas que o poder de Cristo habita. Isso nos lembra que nossa própria força é limitada, mas quando reconhecemos nossa dependência de Deus e confiamos em Seu poder, Ele é glorificado em nós.
- A Necessidade de Humildade: Paulo menciona sua experiência de ser arrebatado ao terceiro céu, mas ele não se gloria nisso. Em vez disso, ele se concentra em sua fraqueza e dependência de Deus. Isso nos lembra da importância da humildade diante de Deus e dos outros, reconhecendo que tudo o que somos e temos vem Dele.
- A Aceitação da Fraqueza Humana: Paulo fala sobre os sinais de um verdadeiro apóstolo, que incluem fraquezas, sofrimentos e dificuldades. Isso nos ensina que a fraqueza humana não é uma desqualificação para o serviço de Deus, mas é através dela que o poder de Deus é demonstrado em nós.
- A Necessidade de Exame Pessoal: Paulo exorta os coríntios a examinarem a si mesmos para verem se estão na fé. Isso nos lembra da importância de avaliarmos continuamente nossa fé e nosso relacionamento com Deus, buscando crescer em maturidade espiritual e fidelidade a Ele.
Conclusão
Concluindo, Paulo é um dos maiores nomes da história mundial e um dos principais do cristianismo. Sua contribuição é sem precedentes na expansão do Reino, mas tudo isso teve um custo.
Quando o vocacionou, Jesus lhe disse o quanto ele sofreria por causa do evangelho. Paulo recebeu revelações inéditas, coisas que ninguém jamais tinha visto ou ouvido, e para impedir que o orgulho chegasse ao seu coração, Deus colocou um “espinho” em sua carne, não ficando claro o que era esse espinho.
Muitas especulações há, mas nada de concreto, talvez tentações, problemas de saúde e ainda há quem acredite que sejam seus opositores.
Imagino que essa incerteza seja proposital, afinal cada um de nós tem seus próprios espinhos. Fato é que, o apóstolo pede, por três vezes, pedindo a Deus que o livre, mas a resposta que Paulo recebe é: “Minha graça te basta”.
Ao ouvir, a atitude é a de se alegrar até mesmo em suas aflições, entendendo que, quanto mais fraco na carne, maior poder de Deus sobre sua vida será derramado.
Imagine: que conforto é saber que em nossa vida a força não está naquilo que é aparente, mas na presença de Deus que reside dentro de cada um de nós.
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