Levítico 5 Estudo: A Omissão, a Ignorância e a Culpa

Neste capítulo de Levítico 5 estudo, veremos que se alguém ouvisse a voz da imprecação e não o revelasse, levaria esta iniquidade. Também, se alguém tocasse em algo imundo, seria culpado.

De igual forma, se alguém jurasse ou pronunciasse algo temerariamente e, soubesse depois, seria culpado e deveria confessar seu pecado. Como oferta, deveria ser levado um gado miúdo, cabrita ou cordeira, ou, a depender de suas posses, duas rolinhas ou duas pombinhas.

Ainda, se as posses do indivíduo não lhe permitissem a oferta das aves, traria a décima parte de um efa de flor de farinha, sem azeite e sem incenso e, após retirar uma porção, o sacerdote queimaria.

Se alguém cometesse sacrilégio, deveria trazer um carneiro, sem defeito, conforme avaliado em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, devendo adicionar o seu quinto, que seria dado ao sacerdote. De igual forma, qualquer pessoa que fizesse algo contra os mandamentos, em ignorância, o deveria fazer.

Levítico 5 estudo: Contexto histórico

Anteriormente, foram dadas as instruções quanto aos pecados cometidos em ignorância, contra algum mandamento do Senhor, de forma a causa escândalo. O sacerdote deveria sacrificar um novilho, sem defeito.

Caso fosse a coletividade que houvesse cometido este pecado, em ignorância, também deveriam trazer um novilho e realizar todo o procedimento previsto.



Se o transgressor fosse um príncipe, deveria trazer um bode, mas se fosse alguém do povo, traria uma cabra ou uma cordeira, sem defeito, nos moldes das orientações divinas, mencionadas anteriormente.

Levítico 5:1-13 – As instruções sobre as ofertas

As instruções restantes sobre a oferta pelo pecado fornecem quatro casos de exemplo (v. 1-4) e o procedimento ritual demandado (v. 5-6), bem como diretrizes especiais em relação aos pobres (v. 5-13).

Levítico 5:1-4 – A aplicação do procedimento

Os quatro casos envolvem: pessoas que pecaram ao testemunhar na corte (v. 1), pessoas que ficaram impuras por terem tido contato com animais impuros (v. 2) ou indivíduos impuros (v. 3) e pessoas que fizeram juramentos precipitados (v. 4).

O primeiro e o quarto caso de pecado tinham a ver com juramentos, já o segundo e o terceiro caso diziam respeito à impureza cerimonial.

Uma sugestão para a razão destes quatro casos serem tratados separadamente é que a pessoa continuava culpada por um longo tempo depois de fazer a confissão (Milgrom, Ex 1:3).

(Levítico 5:1) A omissão

v. 1 E se alguém pecar, e ouvir uma voz de blasfêmia, e for testemunha, de algo que viu ou soube, se ele não o disser, então ele levará a sua iniquidade; 


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Disser (lit. “voz de juramento”) indica uma questão judicial na qual se solicita testemunho formal daqueles que têm informações para contribuir no processo judicial.

Tradicionalmente, junto com o juramento vinha uma maldição divina contra aquele que o quebrasse, neste caso, a maldição decorrente era que a falta da pessoa a tornava responsável diante de Deus (Pv 29:24).

O pecador sentia culpa e confessava abertamente seu pecado (Lv 5:5); isso indica que ele teve arrependimento sincero.

O motivo exato dele ter falhado em seu juramento ficou em aberto para uma série de cenários possíveis, inclusive cumplicidade em crime, negligência e esquecimento.

A ausência da qualificação “por ignorância” (Lv 4:2) neste versículo pode significar que o pecado poderia ter sido deliberado.

Entretanto, o pecado era passível de purificação, visto que o erro não era tão grave quanto o crime do falso testemunho e visto que a pessoa mostrou arrependimento.


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(Levítico 5:2) Quanto à impureza

v. 2 ou se uma alma tocar em alguma coisa impura, seja carcaça de um animal impuro, ou a carcaça de gado impuro, seja carcaça de coisas impuras que se arrastam, ainda que lhe seja oculto, contudo, ele será impuro e culpado; 

A possibilidade de tocar uma criatura imunda era sempre um risco (Lv 11:24-28), sendo comum que a pessoa esquecesse ou adiasse o rito de purificação. Para coisas que se arrastam… impura, ver as especificações no capítulo 11.

(Levítico 5:3) A ciência quanto à impureza

v. 3 ou se ele tocar a impureza de um homem, seja qual for a impureza com que o homem se tornou impuro, e lhe for oculto, quando o souber depois, então ele será culpado; 

Para leis de purificação que apontam a impureza de um homem, ver capítulos Ez 22:10.

(Levítico 5:4) Quanto ao juramento

v. 4 ou se ele tocar a impureza de um homem, seja qual for a impureza com que o homem se tornou impuro, e lhe for oculto, quando o souber depois, então ele será culpado; 

Aqui observamos palavras perigosas ditas apressadamente (Sl 106:33); aqui o termo indica jurar descuidadamente, independente de ser algo bom ou não.

O juramento era esquecido; das duas uma: ou não podia ou não devia ser realizado. Tipicamente, um juramento não cumprido acarretava punição divina.

Até mesmo falhar em cumprir um juramento com fins malignos resultava em culpa, porque Deus exigia que Seu povo falasse a verdade, assim como Ele é verdadeiro (2Sm 22:31). Por causa da gravidade deste pecado, só se devia jurar depois de refletir cuidadosamente (Nm 30:2).

(Levítico 5:5-6) As determinações ao ofensor

v. 5 E será que, sendo ele culpado em uma destas coisas, então ele confessará que pecou naquela coisa

v. 6 E ele trará sua oferta pela transgressão ao SENHOR, pelo pecado que ele pecou, uma fêmea do rebanho, um cordeiro ou cabrito das cabras, como oferta pelo pecado; e o sacerdote fará expiação por ele acerca do seu pecado. 

O ofensor era obrigado a tomar duas medidas por qualquer destes quatro crimes. A raiz de confessará (Heb. vadah) também pode significar “cantar em alta voz” (Sl 7:17), mostrando que a confissão envolvia declarar o pecado publicamente (Lv 16:21).

A indenização da oferta pelo pecado (Heb. ‘asham) era a oferta de um animal; a palavra pode significar “culpa [Lv 4:13].

É a palavra para “oferta de restituição” (tradicionalmente oferecida pela “culpa” ou “transgressão”) em Lv 5:14.

(Levítico 5:7) Ofertas alternativas

v. 7 Mas se ele não for capaz de trazer um cordeiro, então ele trará por sua transgressão que cometeu, duas rolas ou dois pombinhos ao SENHOR; um como oferta pelo pecado, e o outro para uma oferta queimada. 

Sobre aves como oferta alternativa, veja nota em Lv 1:14.

(Levítico 5:8) Duas aves

v. 8 E ele os trará ao sacerdote, o qual oferecerá aquele que é para a oferta pelo pecado primeiro; e lhe torcerá a cabeça junto ao pescoço, mas não o dividirá. 

Eram necessárias duas aves, visto que a oferta pelo pecado era composta de duas partes (Lv 4:6-10): (1) o derramamento do sangue e (2) a queima de seus órgãos internos e sua gordura.

A oferta pelo pecado conferia purificação e aceitação perante Deus, o que era necessário para que a oferta queimada (que indicava devoção) fosse adequada.

(Levítico 5:11) Ricos e pobres

v. 11 Mas se ele não for capaz de trazer duas rolas ou dois pombinhos, então, aquele que pecou trará pela sua oferta a décima parte de um efa de farinha fina por uma oferta pelo pecado; ele não colocará óleo sobre ela, nem colocará em cima qualquer incenso, porque isto é uma oferta pelo pecado.

Embora a oferta pelo pecado apresentada pelos muito pobres fosse semelhante à oferta de alimento por causa da farinha de trigo, ela é identificada como oferta pelo pecado, e não como oferta de alimento (“oferta… preparada no fogo,” Lv 2:16).

O óleo e o incenso característicos da oferta de alimento (ver nota em Lv 2:1) eram omitidos da oferta pelo pecado porque simbolizava a alegria da adoração.

A quantidade de farinha era pequena o suficiente para que as pessoas muito pobres pudessem custeá-la.

Tanto ricos (p.ex., líderes) como pobres eram pecadores mas, pela provisão graciosa de Deus, todos podiam ser purificados.

(Levítico 5:12) A queima da porção memorial

v. 12 Então ele a trará ao sacerdote, e o sacerdote dela tomará um punhado como um memorial, e a queimará sobre o altar, conforme as ofertas feitas por fogo ao SENHOR; isto é uma oferta pelo pecado. 

A queima da porção memorial (Lv 2:2) correspondia à queima das vísceras do animal sacrificado no procedimento geral das ofertas.

(Levítico 5:13) A porção sacerdotal

v. 13 E o sacerdote fará expiação por ele acerca do pecado que ele pecou em alguma destas coisas, e ele será perdoado; e o resto será do sacerdote, como uma oferta de alimentos.

Habitualmente o restante da farinha pertencia ao sacerdote em ofício (Lv 6:26). Embora essa quantidade fosse mínima, o fato de ser consumida pelo sacerdote simbolizava aos pobres que sua oferta fora aceita por Deus e que ele receberia o perdão. Era a graça do Senhor que concedia o perdão, não o valor da oferta.

(Levítico 5:14) Quanto à restituição

v. 14 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo

A oferta pela transgressão (Lv 5:15), tradicionalmente chamada de oferta pela “transgressão” ou de “restituição,” reparava pecados que defraudam outras pessoas ou “coisas consagradas” a Deus, incluindo ofender o Senhor com falsos juramentos (Lv 6:1-7).

Esta oferta visava o dano de ter privado alguém de algo que lhe era de direito; logo, eram necessárias reparações monetárias.

A palavra “restituição” (Heb. “asham) se refere ao crime (“culpa”) e à oferta ( “oferta dedicada”). A forma precisa do significado da palavra “culpa” é incerta, significando a realidade da culpa ou o sentimento de culpa.

A oferta envolvia a taxa dos danos mais o pagamento de uma sobretaxa de 20% ao sacerdote. O ritual da restituição variava ao indenizar Deus ou outros pelos prejuízos causados.

Além das ofertas listadas aqui, eram necessárias ofertas pela purificação de leprosos (Lv 14:12), pagamento por crimes sexuais contra escravas (Lv 19:20) e o ritual de purificação de um nazireu (Nm 6:12).

(Levítico 5:15) A restituição ao Senhor

v. 15 Se uma alma cometer uma transgressão, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do SENHOR, então ele trará ao SENHOR por sua transgressão um carneiro sem defeito do rebanho, com a tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, por uma oferta pela transgressão. 

O termo cometer uma transgressão (Heb. ma’al) significa “agir traiçoeiramente,” o que pode descrever um sacrilégio contra Deus (Js 7:1) ou trair uma pessoa (Nm 5:6).

Sobre pecados cometidos por ignorância ver nota em Lv 4:2. Coisas consagradas indica de modo geral qualquer coisa que tivesse sido consagrada ao Senhor.

Era um erro comer ilicitamente comidas dedicadas ao Senhor (Lv 22:14) ou um nazireu se contaminar (Nm 6:9-12).

O ritual exigia restituição ao SENHOR, trazendo-se o animal sacrificado a Seu representante, o sacerdote. O ritual era parecido com o da oferta pelo pecado (Lv 7:7).

O transgressor matava o animal do sacrifício no altar principal; o sacerdote aspergia sangue em todos os lados do altar e queimava a gordura, deixando a carne para o sacerdote em ofício comer. A oferta pela transgressão incluía outros detalhes.

O transgressor tinha que indenizar os danos tal como o sacerdote avaliasse (Lv 27:12), conforme o peso padrão do santuário, e acrescentar uma taxa de 20% ao valor.

(Levítico 5:16) Reparação do dano

v. 16 E ele fará restituição pelo dano que ele fez à coisa sagrada, e acrescentará a quinta parte, e a dará ao sacerdote; e o sacerdote fará expiação para ele com o carneiro da oferta pela transgressão, e ele será perdoado. 

O pagamento era feito ao sacerdote, porque a transgressão fora contra o Senhor. Sobre a palavra perdoado, ver nota em Lv 4:20.

(Levítico 5:17) A culpa

v. 17 E se uma alma pecar, e cometer alguma destas coisas que são proibidas de serem feitas, conforme os mandamentos do SENHOR, e ele não sabia, ainda assim será culpado, e levará a sua iniquidade. 

O segundo caso era uma transgressão na qual a pessoa profanava algo santo (e ele não sabia). Isso diferenciava a oferta da transgressão da oferta pelo pecado, que descrevia um transgressor que só percebia seu delito mais tarde.

(Levítico 5:19) A transgressão contra o Senhor

v. 19 Isto é uma oferta pela transgressão; ele certamente transgrediu contra o SENHOR. 

Aqui literalmente significa “contra o SENHOR”.

Conclusão

Vemos, neste capítulo, sendo tratados os pecados ocultos, aqueles que, no momento, não se tivesse conhecimento e, ainda, aqueles que fossem omitidos. Nota-se, portanto, uma advertência sobre a cumplicidade na transgressão de outrem.

Por exemplo, quando alguém via outra pessoa agir com imprecação e, não revelasse o que havia testemunhado, então, esta testemunha levaria a iniquidade, denotando a ideia de cumplicidade, coparticipação, em razão do silêncio.

Podemos destacar sobre a atenção dada pelos pecados decorrentes da cumplicidade no erro de um irmão. Vemos, no decorrer das escrituras, o incentivo a denunciarmos e, não, sermos cúmplices do pecado.

Importante frisar que, não se trata de acusar, julgar, tampouco denegrir, fazer fofoca ou constranger as pessoas. Deus deixa muito claro que devemos amar o próximo como a nós mesmos.

Trata-se, no entanto, de advertir e sinalizar, empaticamente, em sabedoria e amor, o erro que testemunhamos, com o único propósito de livrarmos aquela pessoa da morte e, assim, não nos tornarmos culpados por ela (Ezequiel 3:20 e Tiago 5:19-20).

O silêncio, pode significar negligência e, assim, gerar morte! Outro ponto, importante a ser mencionado, é que, antigamente, existiam situações que tornavam as pessoas, cerimonialmente, impuras, por determinado tempo.

Dentre essas situações, estavam o fluxo de sangue, anormal, em mulheres (Levítico 15:25), animais considerados impuros ao alimento (Levítico 11:47), algumas doenças como a lepra (Levítico 13:14), alguns fluxos corporais, como sêmen ou, ainda, tocar em mortos (Levítico 22:4).

Com a vinda de Cristo, essas questões cerimoniais não fariam mais sentido. Jesus fazia, em Sua mensagem, um paralelo com essas impurezas, deixando claro que o pecado era o real contaminar, o que nos torna impuros.

O sacrifício de Jesus seria a solução! Se obedecermos e andarmos em Sua luz, em comunhão, o sangue Dele nos purifica de todo pecado (1 João 1:7).

Levítico 5 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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