Marcos 2 Estudo: A Autoridade de Jesus
Em Marcos 2, veremos Jesus sendo interrogado diversas vezes sobre sua autoridade acerca das palavras e termos que usava em seus sermões e sobre os milagres que realizava.
As autoridades da época, incomodadas com a ascensão do ministério de Jesus, procuravam falhas e motivos para cercear as palavras e as boas novas pregadas pelo galileu. Esta seção contém cinco histórias de conflitos relacionados à autoridade de Jesus.
Nelas, Jesus é acusado de blasfêmia, desafiado acerca de sua associação à pecadores, censurado por negligenciar costumes religiosos e acusado de quebrar as leis do shabat (sábado).
Contexto histórico
De acordo com o contexto, Jesus havia acabado de chamar seus primeiros discípulos, os irmãos Simão e André, e João e Tiago, os “filhos do trovão”.
Além disso, numa história paralela, veio a realizar muitas curas e libertações na cidade de Cafarnaum, como a libertação do homem possesso por um espírito imundo na sinagoga, a cura da sogra de Simão e do leproso, a quem Jesus advertiu que não espalhasse o ocorrido ao povo, mas sim ao sumo sacerdote, como Moisés ordenara, para servir de testemunho.
Jesus também recebeu de seu Pai a ordem de ir para as cidades vizinhas, afim de pregar o evangelho do reino. Acompanhe a seguir o estudo de todos os versículos de Marcos 2.
(Marcos 2:1-3) Jesus cura o paralítico de Cafarnaum
v. 1 E, novamente, ele entrou em Cafarnaum depois de alguns dias, e divulgou-se que ele estava na casa.
v. 2 E imediatamente muitos se reuniram, de modo que não havia lugar para recebê-los, nem mesmo diante da porta; e ele lhes pregava a palavra.
v. 3 E vieram até ele, trazendo um paralítico, que era carregado por quatro.
Esta seção contém cinco histórias de conflitos relacionados à autoridade de Jesus. Nelas, Jesus é acusado de blasfêmia, desafiado acerca de Sua associação a pecadores, censurado por negligenciar costumes religiosos e acusado de quebrar as leis do shabat. Ele estava na casa provavelmente se refere à casa de Pedro (ver nota em Mc 1:29-31).
A palavra (lit. “o Gr. logos“, ver também Mc 4:33 – Mc 8:32) foi usada anteriormente para se referir à pregação missionária cristã (At 6:4 – At 8:4 – At 17:11 – Gl 6:6 – Cl 4:3). Aqui, refere-se às boas-novas (Mc 1:14-15). Esta é a única vez que Marcos mencionou um paralítico (Mt 8:6).
(Marcos 2:4) Faça um caminho até Jesus
v. 4 E, eles não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, destaparam o telhado onde estava; e, fazendo uma abertura, eles baixaram o leito onde estava deitado o paralítico.
Destaparam o telhado se traduz, literalmente, por “destelharam o telhado”. A maioria das casas na Palestina era térrea, estruturas com telhado plano e uma escadaria externa.
O telhado era usado para trabalho, secar roupas, dormir e orar. Em cima das vigas mestras eram colocadas pequenas varas ou ramos, cobertos com palha e barro.
Quebrando-o (lit. “tendo escavado”) sugere que cacos de barro devem ter caído nas pessoas embaixo. Um leito era a cama de viagem de uma pessoa pobre (Mc 6:55 – Jo 5:8-11 – At 5:15).
(Marcos 2:5) O poder da amizade
v. 5 E Jesus vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, teus pecados estão perdoados.
A fé deles se refere àqueles que carregaram o paralítico e a este também. Em vez de uma palavra de cura, Jesus proclamou perdão ao paralítico após se dirigir a ele como filho.
Teus pecados é plural e possivelmente específico. A palavra grega para “pecado” indica errar o alvo. Somente aqui Jesus liga o pecado à enfermidade. Talvez houvesse uma relação direta entre os pecados do homem e sua paralisia.
(Marcos 2:6-7) A autoridade de Jesus é questionada
v. 6 Mas estavam ali assentados alguns escribas, que argumentavam em seus corações:
v. 7 Por que fala este homem blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
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Os escribas supuseram que Jesus estava blasfemando ao ouvi-Lo declarar que os pecados do homem foram perdoados.
A pena prescrita para blasfêmia era morte por apedrejamento (Lv 24:16 – Jo 10:33) e foi esta a acusação pela qual Jesus foi executado posteriormente (Mc 14:64).
(Marcos 2:8-11) Jesus sonda todos os pensamentos
v. 8 E imediatamente quando Jesus percebeu em seu espírito que argumentavam entre si, disse-lhes: Por que argumentais sobre estas coisas em vossos corações?
v. 9 O que é mais fácil dizer ao paralítico: Teus pecados estão perdoados; ou dizer: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?
v. 10 Mas para que possas saber que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (ele disse ao paralítico),
v. 11 a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai pelo teu caminho para a tua casa.
Obviamente, a resposta à pergunta de Jesus, o que é mais fácil, é uma reivindicação impossível de comprovar: ter perdoado os pecados do paralítico.
Afinal, o perdão de pecados é algo que não pode ser comprovado visivelmente, de modo que qualquer um pode dizer que perdoou pecados.
Na verdade, ter a autoridade para fazer isso é algo totalmente diferente. Para provar seu direito de perdoar pecados.
Jesus empreende a tarefa mais verificável (mas não menos extraordinária) de curar o homem. Filho do homem era a auto designação preferida de Jesus.
Ela vem de Dn 7:13-14, onde o messiânico Filho do homem recebe poder (ver nota em Mc 1:21-22). A cura provou que Jesus podia perdoar pecados. Sobre ter sido imediatamente. Todos… maravilharam lembra Mc 1:27.
Os escribas acusaram Jesus de usurpar prerrogativas de Deus (2:7), mas as multidões glorificaram a Deus por sua causa.
(Marcos 2:12-14) O poder de Jesus é comprovado
v. 12 E, imediatamente, ele se levantou, tomou o leito e saiu à vista de todos; de modo que todos se maravilharam e glorificaram a Deus, dizendo: Nós nunca vimos algo assim!
v. 13 E ele saiu outra vez para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava.
v. 14 E, enquanto ele passava, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
Mar indica o Mar da Galileia. Somente Marcos identifica o coletor de impostos como Levi, filho de Alfeu (cp. Mt 9:9 – Lc 5:27, onde lemos que Levi era outro nome para Mateus – Mt 10:3).
A coletoria provavelmente era uma tenda da alfândega local. Publicanos tinham reputação semelhante à de ladrões e gentios.
Segue-me lembra Mc 1:17-18, Este é o termo padrão para discipulado nos Evangelhos. Levantando-se, o seguiu mostra que a resposta de Levi ao chamado de Jesus foi imediata.
(Marcos 2:15-17) Os doentes é que precisam de cura
v. 15 E aconteceu que, quando Jesus reclinou-se para comer em sua casa, muitos publicanos e pecadores reclinaram-se também junto com Jesus e seus discípulos; porquanto eram muitos, e eles o seguiam.
v. 16 E quando os escribas e fariseus viram-no comendo com publicanos e pecadores, disseram aos seus discípulos: Por que ele come e bebe com publicanos e pecadores?
v. 17 E Jesus ouvindo isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas os que estão enfermos; eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento.
Reclinar sobre a mesa ao nível do chão, apoiado em um dos cotovelos, com os pés estendidos ao longo do chão, era a posição tradicional das refeições.
Levi convidou Jesus e seus discípulos para um banquete, que incluiu figuras de má reputação – publicanos e pecadores (cp. Lc 5:29). “Pecadores” indica aqueles que deliberadamente violam as leis de Deus.
Ao comer com tais pessoas, de certa forma Jesus se identificou com elas. Todavia, longe de fazer vistas grossas a seus pecados, Jesus ficou com eles porque veio salvar pecadores.
Sobre escribas, ver nota em Mc 1:21-22. Muitos destes mestres eram fariseus. Os fariseus (“os separados”] observavam rigorosamente a te escrita e oral, criam em anjos e na ressurreição, opunham-se à influência grega e eram estimados pelo povo. Estavam em constante conflito com Jesus.
Os justos, a quem Jesus diz não ter “vindo para chamar, é uma referência irônica aos fariseus,” justos aos seus próprios olhos.
(Mateus 2:18) A atitude de jejuar
v. 18 E os discípulos de João e os fariseus jejuavam; e vieram e disseram-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?
A questão do jejum surge por causa do comportamento dos discípulos de Jesus, contrastante com o dos discípulos de João Batista e dos fariseus.
Jejuar só era obrigatório no Dia da Expiação (Lv 16:29-30, mas ver Et 9:31 e Zc 8:19 para jejuns que surgiram no período pós-exílico).
Nos tempos do novo testamento, os fariseus jejuavam nas segundas e quintas-feiras (Lc 18:12). O jejum era considerado um ato de piedade (Mt 6:16-18).
(Mateus 2:19-20) Quando jejuar
v. 19 E respondeu-lhes Jesus: Podem os convidados do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles? Enquanto eles têm consigo o noivo, não podem jejuar.
v. 20 Mas dias virão em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar naqueles dias.
Geralmente um casamento durava sete dias Filhos das núpcias (lit. “filhos da câmara nupcial”. “Os que assistem ao esposo”) pode indicar os convidados do casamento ou os servos do noivo.
O noivo lembra a forma como João Batista fala de Jesus (Jo 3:29). Será tirado sugere remoção à força e muda o foco para a iminente morte de Jesus.
O Senhor Jesus afirmou que, depois de ser violentamente “será tirado”, tal como João Batista (Mc 1:14), Seus discípulos jejuariam como os de João faziam naquele momento.
(Marcos 2:21-22) Eis que tudo novo será feito
v. 21 Nenhum homem põe um pedaço de pano novo em roupa velha, do contrário o remendo novo rompe o velho, e faz-se maior o rasgo.
v. 22 E nenhum homem põe vinho novo em odres velhos; do contrário o vinho novo rompe os odres, e o vinho se derrama, e os odres se perdem; mas vinho novo deve ser colocado dentro de odres novos.
Estas são as primeiras parábolas de Jesus em Marcos. Odres para vinho eram feitos de pele de bode macia e flexível.
Odres velhos, que já tinham sido usados para fermentar vinho, perdiam sua elasticidade, tornavam-se frágeis e romperiam se fossem usados novamente, perdendo-se o recipiente e o vinho novo.
Ambas as declarações indicam a impossibilidade de integrar os ensinos de Jesus (o novo) às estruturas e práticas religiosas do judaísmo tradicional (o velho).
(Marcos 2:23-24) O mandamento do shabat
v. 23 E aconteceu que ele passava pelos campos de milho no dia do shabat; e os seus discípulos começaram a colher espigas enquanto caminhavam.
v. 24 E os fariseus lhe disseram: Vê, por que eles estão fazendo no dia do shabat o que não é lícito?
O que não é lícito não especifica que leis foram quebradas. A controvérsia era terem feito isso no shabat, um dia de descanso em que nenhum trabalho era permitido (Êx 20:8-11 – Dt 5:12-15).
Colher e debulhar grãos no shabat eram respectivamente proibidos (Êx 34:21). Os grãos maduros situam esta narrativa no fim da primavera ou início do verão. Sobre os fariseus, ver nota nos v. 15-17.
(Marcos 2:25-26) A defesa de Jesus
v. 25 Mas ele disse-lhes: Nunca lestes o que fez Davi, quando teve necessidade e estava faminto, ele e os que com ele estavam?
v. 26 Como entrou na casa de Deus, nos dias de Abiatar, sumo sacerdote, e comeu os pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos que com ele estavam?
Jesus defendeu Seus discípulos apelando para a fuga de Davi da presença do rei Saul (1Sm 21:1-6).
Nos dias de Abiatar, sumo sacerdote é exclusivo de Marcos (cp. Mt 12:3 – Lc 6:3), sendo um assunto debatido, porque, na verdade, o evento aconteceu quando o pai de Abiatar, Aimeleque, era sumo sacerdote.
Contudo, Abiatar foi o único sumo sacerdote a escapar do massacre dos sacerdotes feito por Saul (1Sm 22:19-20), e ele era bem conhecido na é uma época de Davi.
Portanto, a referência de Marcos aproximação cabível. Os pães da proposição indicam os 12 “filões de pão ázimo colocados no Santo Lugar do templo,” representando as 12 tribos de Israel.
Eles eram substituídos todos os shabats e somente os sacerdotes podiam comê-los (Lv 24:5-9).
Dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes é uma repetição da expressão dos fariseus no v.24, permitindo que Jesus declarasse que, embora a ação de Davi tecnicamente tivesse sido uma violação da lei do antigo testamento, ele e os seus não foram condenados.
(Marcos 2:27-28) O Senhor do shabat
v. 27 E disse-lhes: O shabat foi feito para o homem, e não o homem para o shabat.
v. 28 Portanto o Filho do homem é Senhor também do shabat.
Somente Marcos registrou a declaração de Jesus acerca das prioridades de Deus quanto ao shabat e aos homens. Sobre Filho do homem, ver nota nos v.8-11. Senhor… do shabat volta o foco para a autoridade de Jesus e afirma Sua posição.
5 principais lições que aprendemos no estudo de Marcos 2
- O Poder do Perdão e da Cura: A história do paralítico trazido a Jesus por seus amigos destaca a conexão entre o perdão dos pecados e a cura física. Isso nos ensina que Jesus tem o poder de perdoar nossos pecados e restaurar-nos integralmente.
- O Chamado para a Fé Ativa: Os amigos do paralítico demonstraram uma fé ativa ao trazê-lo a Jesus, mesmo enfrentando obstáculos. Isso nos desafia a demonstrar nossa fé não apenas em palavras, mas também em ações, buscando ativamente Jesus e compartilhando Sua mensagem de salvação.
- A Autoridade de Jesus sobre a Lei: Ao perdoar os pecados do paralítico, Jesus demonstrou Sua autoridade divina sobre a Lei. Isso nos lembra que Jesus veio para cumprir a Lei e trazer salvação, e Sua autoridade transcende as tradições religiosas humanas.
- A Importância da Compaixão: Jesus demonstrou compaixão ao ver a fé dos amigos e ao curar o paralítico. Isso nos lembra da importância de sermos compassivos com aqueles que sofrem ao nosso redor, buscando ajudar e aliviar o fardo dos outros.
- O Chamado para a Mudança e Transformação: Jesus chamou Levi para segui-Lo, mostrando que veio para chamar os pecadores ao arrependimento. Isso nos lembra que o Evangelho é para todos, e Jesus nos chama para abandonar nosso antigo modo de vida e seguir Seus caminhos de justiça e amor.
Conclusão
Concluindo, podemos perceber a autoridade de Jesus sobre toda as situações, seu dom da palavra de conhecimento quando consegue discernir os pensamentos dos fariseus e o dom da palavra de sabedoria, tendo respostas para todas as questões.
Essa oposição começou a demonstrar que o reino que Jesus veio inaugurar não seria exclusivamente dos judeus, do povo escolhido por Deus, mas seria algo maior, estendendo-se também para os gentios, publicanos e pecadores. Isso será citado em João 1:11 – “Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”.
Jesus passou a não só falar, mas a demonstrar o seu poder contra enfermidades, espíritos imundos e pecados, trazendo para si autoridade reconhecida pelo povo (ver 1 Coríntios 4:20), que passaram a segui-lo onde ia, formando-se multidões de enfermos e possessos, que iam sendo libertados.
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