Romanos 2 Estudo: A Justiça do Todo Poderoso
No capítulo 2 de Romanos, veremos que o apóstolo Paulo continuará falando sobre a hipocrisia. Não há como julgar o outro sem que as práticas que procuramos no outro não estejam em nós também.
Deus não segue a nossa linha. Ele é completamente imparcial e justo, retribuindo com paz os que lhe obedecem e com tribulação os que lhe desobedecem.
Paulo continuará apresentando o valor da sinceridade dentro da obediência, citando o exemplo da prática da lei, circuncisão e a incircuncisão.
Contexto histórico
Em Romanos 1, vimos Paulo falando acerca do chamado que todos receberam dos céus. Diante disso, intercedeu e deu graças, pois a fé dos romanos se tornava conhecida por todos, em todo o mundo.
O desejo de vê-los de forma pessoal, algo que planeja há muito tempo e espera ainda não se concretizou, mas irá. Ele declara seu amor e serviço ao Reino, explicando porque vive em anunciar a Jesus.
Ele falou sobre a total degeneração do ser humano, consequência da distância de Deus, dizendo que os homens e mulheres já não se importavam com os mandamentos de Deus, e nem sequer com o próprio Deus. Acompanhe a seguir o estudo completo de Romanos 2.
(Romanos 2:1) Se julgas, a ti mesmo te condenas
v. 1 Portanto, tu és indesculpável, ó homem, qualquer um que julgas; pois no que tu julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois tu que julgas, fazes as mesmas coisas.
Alguns intérpretes consideram que Paulo está falando a respeito de moralistas gentios nos versículos 1-16 e, em seguida, de judeus a partir do versículo 17.
O julgamento e a condenação seguem o pecado como a noite segue o dia. Nem todas as pessoas cometem os mesmos pecados, mas todos mostram, por meio de seu julgamento e sua censura, que não vivem à altura da lei moral que conhecem. Todos são indesculpáveis.
(Romanos 2:2) O julgamento de Deus
v. 2 Mas nós temos a certeza de que o julgamento de Deus é segundo a verdade contra os que cometem tais coisas.
O julgamento vindouro se baseará na verdade de Deus e não poderá ser alterado pela opinião ou pelo protesto humano.
(Romanos 2:3) Acha que escaparás?
v. 3 E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, pensas que, fazendo-as tu, escaparás do julgamento de Deus?
Ninguém escapará do julgamento vindouro de Deus. A justiça humana geralmente é falha. Stalin matou mais de 20 milhões de pessoas e ainda morreu em sua própria cama aos 74 anos de idade.
Contudo, a morte não significou que ele escapou da justiça divina. Todos os seres humanos, grandes ou pequenos, serão ressuscitados para comparecer perante o julgamento divino (Rm 14:10). A escolha sábia é resolver o seu caso com Deus antes do juízo (Mt 5:25-26).
(Romanos 2:4) O arrependimento pela graça
v. 4 Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, não sabendo que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?
A graça deveria levar as pessoas a se arrepender de seus pecados (2Pe 3:7-13).
(Romanos 2:5) Dureza de coração
v. 5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras para ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo julgamento de Deus;
Como a água vai enchendo uma represa, as pessoas acumulam uma dívida de ira à medida que rejeitam a graça de Deus. Um dia a represa se romperá e a inundação da ira divina varrerá pessoas e sociedades inteiras.
(Romanos 2:6-10) A retribuição de Deus
v. 6 o qual retribuirá a cada homem segundo os seus atos;
v. 7 vida eterna aos que perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e imortalidade.
v. 8 Mas indignação e ira aos que são contenciosos, e não obedecem à verdade, mas obedecem à injustiça;
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v. 9 tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do gentio;
v. 10 mas glória, honra e paz a todo homem que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao gentio;
Cranfield (Romans, I:151) esboça 10 interpretações diferentes dessa passagem controversa. A mais provável é que os atos são o resultado da fé de uma pessoa.
Os cristãos são declarados justos pela fé. No momento dessa declaração, a pessoa é unida a Cristo e regenerada pelo Espírito Santo, tornando-se uma nova criação (2Co 5:17), criada para boas obras (Ef 2:10).
Paulo escreveu que o importante é “a fé que opera pelo amor” (Gl 5:6). Portanto, a pessoa de fé, que busca glória, honra e imortalidade e persiste em fazer o bem, demonstra ser “realmente regenerada e, consequentemente, é assegura-” da da vida eterna. Todavia, para a pessoa que obedece à injustiça e desobedece à verdade, seu destino é a ira.
(Romanos 2:11) Todos são iguais para Deus
v. 11 porque não há acepção de pessoas para Deus.
Ninguém deve pensar que o juízo de Cristo seja manchado por acepção. Ele é um Juiz justo tanto para judeus como para gentios.
(Romanos 2:12) Todos pecaram!
v. 12 Porque todos os que pecaram sem lei, também perecerão sem lei; e todos os que pecaram na lei, serão julgados pela lei;
Esse versículo introduz a lei mosaica na discussão do juízo vindouro. A Lei será considerada pelo restante de Romanos.
Os judeus viam a Lei mosaica como essencial na diferença entre judeus e gentios. Paulo, no entanto, ensina que a Lei não salva ninguém, mas apenas revela o pecado, pois a pessoa não atinge os requisitos exigidos pela Lei. Portanto, no juízo, a posse da Lei constituirá uma base de condenação.
(Romanos 2:13) Não ouça apenas, pratique!
v. 13 (porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os praticantes da lei serão justificados.
Deuteronômio 6:4 chama Israel para “ouvir” a declaração da identidade de Deus, entretanto, Dt 6:5 diz em seguida que o simples ouvir não é suficiente. A pessoa deve amar a Deus de todo o coração, o que requer obediência.
Por conseguinte, ninguém será declarado justo pela obediência à Lei, pois pessoa alguma obedece perfeitamente a Lei (Rm 3:20). O único que cumpriu a Lei de forma incorrupta foi Jesus, o Justo.
(Romanos 2:14-15) Tornam-se lei para si mesmos
v. 14 Porque quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas contidas na lei, não tendo eles lei, são a lei para si mesmos;
v. 15 os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando também a sua consciência, e os seus pensamentos, ou acusando-os, ou defendendo-os),
Os gentios não possuem a lei como guia moral, mas possuem uma lei interna que instrui sua consciência. Todos os seres humanos a possuem naturalmente por terem sido criados à imagem de Deus (Gn 1:26).
O filósofo Kant falou do “céu estrelado acima e da lei moral no íntimo”. Essa lei moral acusará ou defenderá as escolhas morais diárias, mas finalmente demonstra que todas as pessoas estão aquém da santidade de Deus.
(Romanos 2:16) O julgamento por meio de Jesus chegará
v. 16 no dia em que Deus julgar por meio de Jesus Cristo os segredos dos homens, conforme o meu evangelho.
Deus conhece todos os segredos e Jesus será o juiz final (Jo 5:22-30). O juízo vindouro será: segundo a verdade, proporcional à rejeição da revelação recebida, em conformidade com as obras praticadas, sem parcialidade e em resposta ao evangelho.
(Romanos 2:17-20) Mais é dado, mais é cobrado
v. 17 Eis que tu que és chamado de judeu, e descansas na lei, e te vanglorias em Deus;
v. 18 e conheces a sua vontade, e aprovas as coisas mais excelentes, sendo instruído pela lei;
Judeu era o nome dado ao povo que voltou do exílio para a Judeia, entretanto, mais tarde, esse nome passou a incluir todo o povo hebreu (os israelitas) por onde quer que vivesse.
Paulo listou oito bases sobre as quais os judeus fundamentavam seu senso de superioridade moral acima dos gentios; por três vezes ele citou a Lei come base.
Os judeus acreditavam que Deus lhes tinha concedido privilégios especiais e dado uma missão para levar luz para os gentios (Is 42:6-7).
Isso é verdade. Todavia, Jesus ensinou: “a quem muito for dado, muito será requerido dele; e para o homem que muito foi confiado, muito mais se exigirá dele” (Lc 12:48).
Além disso, Jesus advertiu os líderes religiosos: “Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23:28). A mera posse da Lei não alcança o favor divino.
(Romanos 2:21-23) A hipocrisia
v. 21 Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que um homem não deve furtar, tu furtas?
v. 22 Tu, que dizes que um homem não deve cometer adultério, tu cometes adultério? Tu, que abominas os ídolos, tu cometes sacrilégio?
Seguindo o exemplo de Jesus, Paulo expôs a hipocrisia judaica. Ele fez isso com uma série de cinco perguntas retóricas que culpavam seu povo por falta de justiça essencial.
Paulo não quis dizer que cada judeu cometesse todos esses pecados, mas que todos transgrediram a Lei e carecem de justiça para entrar na presença de Deus. Jesus ensinou que até mesmo cometer adultério no pensamento constitui violação da Lei (Mt 5:27-28).
Paulo sabia de sua própria experiência que seu coração estava cheio de cobiça (Rm 7:7-10) e, consequentemente, de injustiça.
Há” exemplos, em relatos contemporâneos, de todas as cinco violações literais, inclusive um caso famoso de sacrilégio em Roma.
A história da nação judaica estava repleta de atos de injustiça. Estêvão perguntou: “Qual dos profetas não perseguiram vossos país?” (At 7:52).
Os líderes religiosos da nação contribuíram para a morte de Jesus, Estêvão foi apedrejado pelo Sinédrio e Tiago, o Justo, (meio irmão de Jesus) foi morto na área do templo.
(Romanos 2:24) Desonram o nome de Deus
v. 24 Porque o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós, como está escrito.
Paulo cita Is 52:5 a partir do antigo testamento grego a Septuaginta, para confirmar que o pecado dos judeus trouxe desonra para o nome de Deus entre as nações pagãs, quando os hebreus foram derrotados e exilados. Para a percepção pagã, Yahweh parecia impotente, pois Ele não protegeu o Seu povo.
(Romanos 2:25-29) A circuncisão e a obediência
v. 25 Porque a circuncisão é verdadeiramente proveitosa se tu guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão.
A circuncisão era sinal e selo do pacto que Deus havia feito com Israel (Êx 12:44-49). O rito procedia de Abraão e do pacto que Deus fizera com ele (Gn 17:9-14).
A circuncisão passou a ser um emblema da identidade judaica é, como se pensava, uma garantia de salvação.
Alguns rabinos posteriores chegaram a ensinar a lenda de que Abraão se assentava à entrada do Geena (“inferno”) e não permitiria que algum judeu não circuncidado lá entrasse.
Por implicação, o modo como se vivia não fazia diferença. De igual forma, alguns grupos cristãos passaram a acreditar que o rito do batismo salvava e, desse modo, o batismo chegou a ser adiado até o fim da vida para garantir que todos os pecados fossem “lavados”.
Mas Paulo declarou que a circuncisão (e, por extensão, o batismo) sem obediência é vão. Além disso, Abraão foi um homem de fé a quem Deus aceitou muito antes de ser circuncidado (Gn 15:1-20). O judeu verdadeiro é aquele que possui uma circuncisão espiritual no coração.
5 importantes lições que podemos aprender em Romanos 2
- Evitar a Hipocrisia e o Julgamento: Paulo adverte contra o julgamento dos outros enquanto se pratica as mesmas coisas. Isso nos lembra da importância de evitar a hipocrisia e o julgamento precipitado, pois todos são passíveis de falhas.
- A Importância da Bondade e da Paciência: Paulo destaca que a bondade de Deus nos leva ao arrependimento e nos encoraja a sermos pacientes diante das dificuldades. Isso ressalta a importância de demonstrar bondade e paciência para com os outros, refletindo o caráter de Deus.
- Justiça Imparcial de Deus: Paulo ensina que Deus julgará a todos de acordo com a verdade, sem parcialidade. Isso nos lembra que Deus é justo e imparcial em Seus julgamentos, e devemos confiar em Sua justiça.
- O Papel da Lei na Consciência Humana: Paulo discute como a Lei de Deus é escrita nos corações das pessoas, mesmo sem conhecimento explícito da Lei. Isso destaca que a consciência humana reconhece o certo e o errado, independentemente do conhecimento da Lei escrita.
- A Necessidade de Obediência ao Evangelho: Paulo enfatiza que não é suficiente apenas ouvir a Palavra de Deus; é necessário obedecer a ela. Isso nos desafia a não apenas conhecer a verdade, mas também a viver de acordo com ela em nossas vidas diárias.
Conclusão
Por fim, ao lermos Romanos, a sensação que temos é a de que servimos a um Deus extremamente justo. O Espírito Santo deixa muito claro que cada um de nós receberá exatamente o resultado das nossas escolhas e atitudes.
Quem buscar a Deus por meio de Jesus, receberá vida eterna, mas quem o desprezar, tribulação e angústia colherá.
Supomos que Paulo fale sobre a eternidade, mas apresenta seus resultados ainda nesta vida terrena. Para o cristão genuíno, por mais difícil que seja sua vida, ele sempre está guardado pela paz que excede todo o entendimento.
Mas, o ímpio mais afortunado não pode receber o mesmo sentimento, sua vida é rodeada de tribulações e inseguranças na alma, com medo da morte. É injustiça por parte de Deus? Não! Deus é imparcial, dando as mesmas chances a todos para conhecê-lo.
No lugar mais distante e inabitado do planeta, Deus tem um jeito de se revelar às pessoas, mesmo que não haja internet ou TV, pois antes disso tudo, Ele já falava.
Todos os dias, sem exceção, Ele está à procura de sua habitação favorita, assim como procurou a Adão e Eva no jardim, mas, infelizmente o Senhor tem sido rejeitado. Porém, essa rejeição terá um preço e cada geração pagará a sua conta.
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