Êxodo 3 Estudo: Moisés se Aproxima da Sarça Ardente
Em Êxodo 3, veremos que num determinado momento, enquanto Moisés apascentava o rebanho de seu sogro, avistou uma sarça em chamas e se aproximou para verificar a razão pela qual não se consumia.
Então, Deus o chama e manda que tirasse as sandálias dos pés. Este assim o faz. Então o Senhor se apresenta como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Deus menciona que ouviu a aflição do seu povo e o resgataria o lavando para uma terra que manava leite e mel. Então manda que Moisés vá a faraó, sendo que o Senhor estaria com ele.
Deus manda que Moisés o apresente ao povo como o “Eu Sou”. Ainda, manda que ele reunisse os anciãos de Israel e os levasse juntamente.
Informa a Moisés que o povo o ouviria e que Faraó resistiria, oportunidade em que o Senhor feriria o Egito. Aduz, por fim, que despojaria o Egito.
Contexto histórico
No segundo capítulo de Êxodo, vemos o nascimento de Moisés, o qual fora escondido por sua mãe, em razão do decreto de morte aos bebês meninos, expedido pelo rei, sendo que, após três meses, Joquebede o coloca num cesto, no rio, vez que não pôde mais escondê-lo.
A filha de Faraó o encontra e, Miriã, sugere uma ama de leite hebreia, que cuidasse do menino, e ela consente.
Moisés cresce e, em determinado momento, ao presenciar o espancamento de um hebreu, mata um egípcio e, posteriormente, foge para Midiã, local em que passa a morar com Reuel e casa-se com Zípora, a qual lhe concebe a Gerson. Acompanhe a seguir o estudo de todos os versículos de Êxodo 3.
(Êxodo 3:1) Moisés em Midiã
v. 1 Ora, Moisés estava apascentando o rebanho de Jetro, seu sogro, o sacerdote de Midiã. E ele conduziu o rebanho para trás do deserto, e chegou ao monte de Deus, até o Horebe.
Muitos deuses antigos estavam associados a uma montanha onde se acreditava que eles vivessem. No entanto, o Senhor de modo algum estava limitado a esta montanha, como as suas ações em outras montanhas e outros lugares deixam claro (p. ex., Gn 22:14).
(Êxodo 3:2-3) A sarça e o fogo
v. 2 E o anjo do SENHOR lhe apareceu em uma chama de fogo do meio de uma sarça. E ele olhou, e eis que, a sarça queimava com fogo, e a sarça não era consumida.
v. 3 E Moisés disse: Eu vou virar agora de lado, e verei essa grande visão, porque a sarça não é queimada.
O Anjo do SENHOR esteve ativo em Gênesis para informar, repreender, proteger, e prover orientação e sucesso (Gn 16:7-11), O relato em Êxodo 3 descreve a conversa que se segue como diretamente entre o Senhor e Moisés, sem preocupação com o modo como o evento ocorreu. O fogo é muitas vezes associado a manifestações especiais da presença de Deus (Êx 13:21-22).
(Êxodo 3:6) O Deus dos patriarcas
v. 6 Além disso, ele disse: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés escondeu a sua face, pois estava com medo de olhar para Deus.
A possibilidade de perigo implícito no contato do ser humano com Deus é refletido em toda a Escritura (Ex 19:21-24). Este lugar era santo, não em virtude de alguma qualidade a ele intrínseca, mas por causa da presença e da atividade de Deus.
O tabernáculo seria um lugar separado pela presença de Deus (Êx 29:43-44). Permanecer à distância e remover as sandálias dos pés era então, e ainda é em muitas culturas, um sinal de respeito e humildade.
A auto-revelação do Senhor, que começou com Eu sou o Deus de teu pai, associava este evento ao passado tanto por mencionar os patriarcas como pelo fraseado da declaração (Gn 15:7). Ela também possuía o tom de um pronunciamento formal de um rei (Gn 41:44).
(Êxodo 3:8) Um lugar que mana leite e mel
v. 8 e eu desci para libertá-los da mão dos egípcios, e para fazê-los sair daquela terra para uma terra boa e grande, para uma terra que mana leite e mel, para o lugar dos cananeus, e dos heteus, e dos amorreus, e dos ferezeus, e dos heveus, e dos jebuseus.
No Egito, os rebanhos israelitas estavam limitados à região de Gósen (ver Gn 46:32-34). Em comparação, a nova terra seria grande, terra em que mana leite e mel levitas ressentidos mais tarde usaram esta expressão para descrever o Egito (Nm 16:12-14).
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Na terra de Canaã, tal abundância dependia da chuva. A palavra para mel pode também descrever um adocicado xarope feito de tâmaras, uvas, e outras frutas fervidas.
(Êxodo 3:11-12) Deus conosco
v. 11 E Moisés disse a Deus: Quem sou eu, para que vá a Faraó, e para que tire os filhos de Israel do Egito?
v. 12 E ele disse: Certamente estarei contigo, e este será um sinal para ti, de que te enviei: Quando tiveres tirado o povo do Egito, vós servireis a Deus sobre este monte.
A pergunta de Moisés – quem sou eu? – nos faz lembrar a pergunta que um dos hebreus fez a Moisés em Ex 2:14: “Quem te fez por príncipe e juiz sobre nós?” A resposta a estas perguntas não têm nada a ver com a criação ou as habilidades de Moisés.
A promessa do Senhor a Moisés: certamente estarei contigo, depende, para seu valor, de quem o Senhor é; o importante é que Ele está presente porque Ele quer e tem capacidade para agir.
Esta promessa deu a Moisés a base para a autoridade que antes lhe faltava (Ex 2:11-15) e continua o importante tema do envolvimento pessoal de Deus na vida de Seu povo (Gn 28:15).
Servir a Deus com todos os israelitas no monte onde Deus e Moisés estavam se falando seria um sinal para Moisés, porque ele poderia olhar para trás e reconhecer que este culto só foi possível por causa daquilo que o Senhor tinha feito (Ex 18:1-12).
(Êxodo 3:13-15) O Eu Sou
v. 13 E disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós, e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que direi a eles?
v. 14 E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU, e ele disse: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.
v. 15 E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós. Este é o meu nome para sempre, e este é meu memorial para todas as gerações.
A declaração de Deus é enunciada com um caráter terminativo que, por vezes, aparece no final de uma conversa, normalmente para pôr fim a um debate sem que se ofereça alguma informação, como a declaração de Pilatos, “O que escrevi, escrevi” (Jo 19:22; também Gn 43:14).
As declarações contendo EU SOU (v. 14) usam o mesmo verbo hebraico usado na promessa de Deus: “certamente estarei contigo,” no versículo 12 (e também Ex 4:12,15).
O trocadilho com o verbo o torna especialmente proeminente e fará lembrar a promessa, como para recordar a Moisés: “Aquele que promete estar com você é aquele que o envia.”
Uma vez que os verbos hebraicos reúnem grande parte de seu significado temporal a partir de seus contextos, a mesma forma pode indicar o presente ou o futuro, ou ambos ao mesmo tempo, dependendo da situação.
Aqui, as promessas em Ex 3:12 estão voltadas ao futuro; assim, embora o futuro seja apropriado no português, ele não exclui a presença de Deus com Moisés no momento em que eles conversavam. Nem o tempo presente em português “sou” em Ex 3:14 exclui o futuro.
(Êxodo 3:16) Conhecendo o Eu Sou
v. 16 Vai, e ajunta os anciãos de Israel, e dize-lhes: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque, e de Jacó, me apareceu, dizendo: Eu certamente vos tenho visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito,
O nome Yahweh (o SENHOR) está ligado etimologicamente ao verbo hebraico “ser” que aparece de forma tão proeminente nos versículos 12.14. Yahweh não era um estranho. Ele era o Deus dos pais: Abraão, Isaque, e Jacó.
Quatro séculos no Egito não tinham anulado as promessas feitas a eles e a sua descendência (Ex 2:24). Ele agora enviou Moisés aos seus descendentes, os israelitas.
Se os israelitas quiserem saber quem Ele era, eles precisavam olhar o que Ele tinha feito. Quando a presente tradução usa a palavra Senhor (com letras maiúsculas), ela está representando o nome hebraico que pode também ser transliterado “Yahweh” ou “YHWH” ou “YHVH”…
(Êxodo 3:18) A adoração no deserto
v. 18 E eles ouvirão a tua voz; e irás, tu e os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e lhe direis: O SENHOR Deus dos hebreus se encontrou conosco, e agora deixa-nos ir, te suplicamos, três dias de jornada para o deserto, para que sacrifiquemos ao SENHOR nosso Deus.
Três dias de jornada… para que sacrifiquemos era um pedido razoável, uma vez que outros grupos de escravos no Egito recebiam permissão para caminhadas semelhantes a fim de adorar os seus deuses.
Alguma coisa a respeito dos sacrifícios israelitas era repugnante aos egípcios (Ex 8:26); uma jornada de três dias no deserto os faria desaparecer de vista.
(Êxodo 3:20) A mão de Deus
v. 20 E eu estenderei a minha mão, e ferirei o Egito com todas as maravilhas que farei no meio deles; e depois disso ele vos deixará ir.
Ambas as orações estenderei a minha mão …e ele vos deixará ir usam uma forma do mesmo verbo hebraico, fazendo uma ligação firme entre causa e efeito.
Quando a mão de Deus entrou em ação, os israelitas saíram do Egito. A disputa seria entre a mão do Senhor e o “poder [lit. “mão”] dos egípcios” como personificado pelo Faraó (v. 8).
(Êxodo 3:21-22) Os despojos
v. 21 E eu darei favor a esse povo aos olhos dos egípcios, e acontecerá que, quando fordes, não ireis vazios,
v. 22 mas cada mulher pedirá de sua vizinha, e da que estiver hospedada em sua casa, joias de prata, e joias de ouro e vestes, e as poreis sobre vossos filhos, e sobre vossas filhas, e despojareis os egípcios.
Presentes de prata e de ouro cumpririam o que o Senhor tinha dito a Abraão (Gn 15:14), repetindo o padrão da própria partida de Abrão do Egito com os bens que lhe foram dados (Gn 12:16,20).
A palavra traduzida como “despojareis” possui um uso paralelo em 2Cr 20:25 para descrever o saque de cadáveres em um campo de batalha. Seu uso em Ex 3:22 e 12:36 pode ser um exagero intencional.
Ele contribui para demonstrar a natureza da vitória do Senhor sobre o Egito, que pode ser a razão de Ex 3:22 mencionar particularmente que as mulheres israelitas normalmente não-combatentes – fariam os pedidos. Em Ex 11:2 e Ex 12:35 os homens também participam.
5 principais lições que aprendemos no estudo de Êxodo 3
- Chamado de Deus: O encontro de Moisés com Deus na sarça ardente mostra como Deus chama e equipa seus servos para cumprir sua vontade. Isso nos lembra que Deus pode nos chamar de maneiras inesperadas e nos capacitar para cumprir sua obra.
- Santidade de Deus: A presença de Deus na sarça ardente revela sua santidade e poder. Isso nos ensina a reverenciar a Deus em nosso relacionamento com Ele e a reconhecer sua soberania em nossas vidas.
- Compaixão de Deus: Deus ouve o clamor do povo de Israel no Egito e mostra compaixão ao enviar Moisés para libertá-los. Isso nos lembra da compaixão de Deus para com os oprimidos e sua disposição em agir em nosso favor.
- Confiança em Deus: Moisés inicialmente reluta em aceitar a missão dada por Deus, mas, eventualmente, confia em seu poder e direção. Isso nos desafia a confiar na liderança e no poder de Deus, mesmo quando enfrentamos incertezas e obstáculos.
- O Nome de Deus: Deus revela seu nome a Moisés como “EU SOU O QUE SOU”, enfatizando sua autoexistência e eternidade. Isso destaca a importância do nome de Deus e sua autoridade sobre todas as coisas, incentivando-nos a confiar nele como o Deus que é sempre presente e fiel.
Conclusão
Neste capítulo veremos Deus se revelando a seu povo, o qual já havia em muito se multiplicado, conforme Ele havia previsto a Abraão. Interessante o amor de Deus ao se apresentar ao Seu povo.
Até então, a família de Jacó, que se multiplicara no meio de um povo idólatra, apenas havia ouvido as histórias do Senhor com seus servos Abraão, Isaque e Jacó, somente aos quais o Eterno havia se manifestado.
Aquela família, agora, era um povo, mui numeroso. A bíblia relata que toda a geração de José e seus irmão havia morrido.
Então, Deus tira Moisés do Egito e o envia a Jetro, o qual lhe ensina a ser pastor de ovelhas. Deus primeiramente, se manifesta de forma sobrenatural, na sarça que não se consumia, atraindo a atenção de Moisés.
No início do diálogo, ao pedir que Moisés tirasse as sandálias, revela sua santidade. Esse ato, significava reverência e respeito. Os calçados sempre foram retirados por trazerem a impureza do solo.
Isso denota que santidade e impureza são incompatíveis. Após, o Senhor o contextualiza, mostrando que seria o Deus de Abraão, Isaque e Jacó e mostra toda sua fidelidade a promessa feita aos patriarcas.
Ele revela Sua onisciência, todo Seu amor e justiça, ao mencionar que ouviu a aflição daquele que Ele chamou de Seu povo. Por fim, expõe Seu poder ao dizer todas as coisas que faria para garantir seu intento.
Chama atenção, ainda, quando Ele se denomina como o “Eu Sou”, trazendo uma ideia de certeza, continuidade e plenitude. Diferente de estar, Ele é!
Deus desejava se revelar ao Seu povo, mostrando toda sua Glória. Mais que ouvir falar, agora, os israelitas teriam uma íntima revelação do Criador.
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