Números 16 Estudo: A Rebelião de Corá
Neste capítulo de Números 16 estudo, é narrado o momento em que Corá, o levita, juntamente com Datã e Abirão, rebelaram-se contra Moisés e Arão, e foram ter com eles, levando, ainda, mais duzentos e cinquenta homens, príncipes de Israel, eleitos pelo povo, dizendo que toda a congregação era santa e, não havia razão para que Moisés e Arão fossem exaltados entre eles.
Queixaram-se, ainda, que foram retirados do Egito e, até aquele momento, não haviam sido levados a uma terra que manava leite e mel. Então, Moisés mandou que tomassem incensários e, no dia seguinte, colocassem fogo e incenso sobre eles, na porta da tenda da congregação.
Então, a glória do Senhor apareceu a todos. Ele, ainda, mandou que a congregação se afastasse da habitação de Corá, Datã e Abirão.
Após, aconteceu que Deus fez com que eles, todos os seus bens e família, fossem engolidos pela terra, ainda vivos, de forma que pereceram.
Os duzentos e cinquenta homens, também morreram, porém, estes foram consumidos por fogo, o qual saira da parte de Deus.
Então, o Senhor mandou que recolhessem os incensários deles e transformassem em lâminas, que seriam colocadas como cobertura no altar e serviriam como recordação, perante toda a congregação.
Por fim, o capítulo relata que, ainda, no dia seguinte os israelitas murmuraram contra Moisés e Arão, os acusando de matarem o povo do Senhor e se reuniram contra eles, oportunidade em que a nuvem do Senhor e Sua glória apareceu.
Moisés, ao perceber a ira de Deus, mandou que Arão tomasse o incensário e fosse até a congregação fazer expiação pelo povo, porque o Senhor havia se indignado e enviado uma praga.
Arão foi e, em meio aos mortos, se colocou de pé. Neste momento, cessou a praga. Quatorze mil e setecentos homens morreram.
Números 16 estudo: Contexto histórico
No capítulo 15, de Números, Deus reforça as orientações acerca dos sacrifícios, ofertas de manjares e determina que, quando os israelitas entrassem em Canaã, deveriam entregar as primícias, como oferta ao Senhor.
Também dá orientações acerca dos sacrifícios pelos pecados cometidos em ignorância, sendo que, aqueles que cometessem pecados dolosamente, deveriam ser eliminados do meio da congregação.
Em seguida o capítulo narra o momento em que um homem, não guardando o sábado, é pego cortando lenha, razão pela qual o Senhor mandou que o apedrejassem.
Por fim, Deus orienta que os israelitas costurassem borlas, com cordões azuis, nos cantos de suas vestes, a fim de que isso servisse para que eles recordassem dos mandamentos divinos.
Números 16:1-19 – A insurreição
O segundo ciclo de rebelião focaliza o desafio ao sacerdócio anarônico. A insurreição resultou na morte dos 250 seguidores de Corá e de mais 14.700 pessoas por causa da praga que houve em seguida. Esta seção adverte contra violar a santidade do santuário.
(Números 16:1-2) Corá, Datã e Abirão
v. 1 E Corá, filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, e Datã e Abirão, filhos de Eliabe, e Om, filho de Pelete, filhos de Rúben, prepararam os seus homens.
v. 2 E se levantaram perante Moisés com alguns dos filhos de Israel; duzentos e cinquenta príncipes da congregação, famosos na congregação, homens de renome.
Nas sociedades tribais patriarcais do antigo Oriente Próximo, geralmente o filho primogênito preservava as tradições religiosas na família.
Talvez seja por isso que Datã e Abirão, que eram da tribo de Rúben, primogênito de Jacó, decidiram se unir à rebelião.
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No entanto, o líder da insurreição era Corá, um levita da família de Coate. Os coatitas receberam encargos em Nm 3:27-32, mas Corá queria uma posição superior.
(Números 16:3) O argumento de Corá
v. 3 E se congregaram contra Moisés e contra Arão e lhes disseram: Isso deve vos bastar, visto que toda a congregação é santa, todos são santos, e o SENHOR está no meio deles; então por que vos elevais sobre a congregação do SENHOR?
A alegação de Corá de que toda a congregação é santa, todos são santos,e o SENHOR está no meio deles tinha um elemento de verdade, visto que Deus chamou Israel para ser “para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19:6).
Porém, este papel se fundamentava na obediência fiel de Israel à revelação de Deus. Deus conferira posições elevadas a Moisés e Arão; eles não haviam tomado essas funções para si.
(Números 16:6-7) A resposta de Moisés
v. 6 Fazei isto: Tomai incensários, Corá e toda a sua congregação.
v. 7 E amanhã, perante o SENHOR, ponde fogo e incenso neles; e o homem a quem o SENHOR escolher, este será o santo; isso deve vos bastar, filhos de Levi.
Os incensários eram cadinhos ou vasilhas rasas com alças longas (Lv 10:1) nos quais os sacerdotes transportavam brasas vivas, sobre as quais se aspergia incenso.
O incenso realçava o aroma suave das ofertas queimadas que subiam aos céus, simbolicamente entrando nas narinas de Deus (Lv 1:9).
As palavras de Moisés, e o homem a quem o Senhor escolher, este será o santo, apresentam o desafio à corte de Deus, a fim de que Ele defenda o verdadeiro servo fiel.
(Números 16:9-10) A soberba
v. 9 Parece-vos pouco que o Deus de Israel tenha vos separado da congregação de Israel, para vos trazer a si, para fazer o serviço do tabernáculo do SENHOR e para estar diante da congregação, para ministrar-lhes?
v. 10 E ele vos trouxe para perto dele, e a todos os teus irmãos, os filhos de Levi, contigo; procurais também o sacerdócio?
Corá e os coatitas tinham uma posição privilegiada entre as três famílias dos levitas por carregar os objetos santos do tabernáculo (Nm 3:27-32), mas queriam uma glória maior para si.
(Números 16:11-14) Os ruídos
v. 11 Por esse motivo tu e toda a tua congregação estais congregados contra o SENHOR; e o que é Arão, que murmurais contra ele?
v. 12 E Moisés mandou chamar a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e eles disseram: Não subiremos.
v. 13 É pouco nos terdes feito subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares neste deserto? E também fazer-te príncipe sobre nós?
v. 14 Além disso, não nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste herança de campos e vinhas; arrancarás os olhos a estes homens? Nós não subiremos.
Os rebeldes asseveram que Moisés havia falhado em levar o povo a um lugar de descanso e abundância. Eles não iriam admitir que fora a sua rebelião que levou ao juízo do do deserto.
(Números 16:19) A glória do Senhor
v. 19 E Corá reuniu toda a congregação contra eles, à porta do tabernáculo da congregação; e a glória do SENHOR apareceu a toda a congregação.
A glória do Senhor, provavelmente manifesta como nuvem (v. 42), interveio dramaticamente à vista de toda a congregação de Israel.
(Números 16:22) A intercessão
v. 22 E eles caíram sobre os seus rostos, e disseram: Ó Deus, Deus dos espíritos de toda carne, pecará um só homem, e te enfurecerás com toda a congregação?
Apenas os verdadeiros servos de Deus – Moisés e Arão – caíram sobre os seus rostos e, arriscando suas vidas, apelaram para a graça do Senhor, a fim de que toda a congregação não sofresse sua ira.
O verdadeiro servo de Deus coloca as necessidades do povo antes de seu próprio bem estar.
Números 16:23-33 – A misericórdia de Deus
Pela graça de Deus, em resposta à súplica de Moisés e Arão, somente os instigadores da revolta foram consumidos.
(Números 16:26) As determinações de Moisés
v. 26 E falou à congregação, e disse: Afastai-vos, eu vos peço, das tendas destes homens ímpios, e não toqueis em nada do que é deles, para que não pereçais em todos os seus pecados.
As tendas, famílias e bens dos líderes rebeldes foram efetivamente dedicados à destruição (Heb. cherem) e quem quer que tocasse uma destas coisas seria engolido na devastação.
(Números 16:33-35) O juízo
v. 33 E eles, e tudo o que lhes pertencia, desceram vivos ao abismo, e a terra se fechou sobre eles, e pereceram do meio da congregação.
v. 34 E todo o Israel, que estava ao redor deles, fugiu ao clamor deles; porque diziam: Para que a terra também não nos engula.
v. 35 E saiu fogo do SENHOR e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso.
Neste momento da história de Israel,o abismo (Sheol) era considerado um sombrio e incompreensível reino dos mortos, o mundo inferior do bem e do mal onde as pessoas eram reunidas a seus ancestrais na morte.
Neste incidente, os corpos dos líderes rebeldes, suas famílias e seus bens mergulharam no abismo escancarado a seus pés. O fogo do juízo consumiu os outros 250 rebeldes.
O segundo censo nos informa que o destino de Corá foi o mesmo de Datã e Abirão. O Sheol é descrito como abrindo sua boca para receber os mortos (Pv 1:12).
Uma descrição semelhante é encontrada no mito da criação de Ugarite, onde o deus Mot recebeu Baal em sua boca como um cordeiro nas mandíbulas de um leão.
No Pentateuco, o reino do Sheol e dos mortos está sob o poder do Deus de Israel. Como Moisés havia proferido a maldição antes que ela ocorresse, ninguém poderia dizer que o juízo fora casual.
(Números 16:36-40) Um memorial
v. 36 E o SENHOR falou a Moisés, dizendo:
v. 37 Dize a Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, que tire os incensários do meio do incêndio e espalhe o fogo longe, porque eles são santificados.
v. 38 Os incensários dos que pecaram contra suas próprias almas, que se façam deles folhas estendidas, como cobertura para o altar, porque os ofereceram perante o SENHOR, portanto são santificados, e serão por sinal para os filhos de Israel.
v. 39 E Eleazar, o sacerdote, tomou os incensários de bronze, com que haviam oferecido aqueles que foram queimados, e deles se fizeram folhas estendidas, para cobertura do altar.
v. 40 Para ser um memorial para os filhos de Israel, para que nenhum estrangeiro, que não seja da semente de Arão, se aproxime para oferecer incenso diante do SENHOR, para que não seja como Corá e sua companhia, como o SENHOR lhe havia dito, pela mão de Moisés.
A instrução divina (E o SENHOR falou a Moisés) veio ao receptor fiel, que seguira os mandamentos do Senhor do início ao fim deste evento miraculoso.
A morte pode ter tanto efeitos contaminadores como purificadores. Tocar e até mesmo estar próximo de mortos poderia tornar uma pessoa impura.
No entanto, na conclusão desta seção no capítulo 19, a impureza dos mortos foi purificada com uma mistura de água santa e cinzas de uma novilha vermelha queimada.
Deus ordenou a Moisés: tire os incensários do meio do incêndio e espalhe o fogo longe, porque eles são santificados… e serão por sinal para os filhos de Israel. A morte dos 250 cúmplices rebeldes pelo fogo trouxe purificação aos incensários de bronze.
A partir de então, a matéria prima poderia ser usada para fazer um revestimento extra de bronze para o altar do sacrifício.
Conclusão
Mais uma vez, vislumbramos a dificuldade do encargo de Arão e Moisés, ao liderar um povo de dura cerviz. Desta vez, Corá, o levita, não satisfeito com as escolhas divinas, encabeça a rebeldia dos israelitas, os posicionando contra seus líderes, o que terminou em juízo de Deus a todos os insurgentes.
Deus levava muito a sério o poder da influência. Diversas vezes, vemos que o Senhor manda que, aqueles que andassem em desobediência, fossem excluídos do povo (Números 15:30).
Essa orientação se dava com base na inteligência do princípio mencionado por Paulo, segundo o qual, um pouco de fermente, levedaria toda a massa (1 Coríntios 5:6).
O fermento, proibido por Deus nas ofertas cerimoniais, como já mencionamos, fala de aparência, daquilo que deteriora, daquilo que não reflete a verdade.
Sempre haverá pessoas ruins que, com uma aparente “justiça”, enredarão àqueles imaturos no entendimento das verdades espirituais.
As escrituras mencionam que há caminhos que, ao homem, inicialmente, podem parecer bons, mas, na realidade, são morte (Provérbios 14:12).
Todos somos influenciáveis, naturalmente. Somos predispostos a aprender, ouvir, para buscarmos estimulação, motivação, orientação. Temos a opção de escolher o que nos influenciará.
As escrituras ensinam que, se não estivermos firmes na palavra, poderemos cometer equívocos, erros tamanhos que poderão nos custar a vida.
Apenas o amadurecimento, no entendimento das leis do Senhor, nos possibilitará adquirirmos o filtro que necessitamos para que não venhamos a ser enredados por todo vento de doutrinas (Efésios 4:14).
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