1 Coríntios 11 Estudo: Autoexame e a Ceia do Senhor
Em 1 Coríntios 11, aprenderemos com Paulo como os cristãos da sua época deveriam agir sobre o uso do véu. As regras não devem ser aplicadas hoje, sendo um problema bem específico para a época igreja primitiva.
Ele tentará resolver a questão da divisão na igreja e para isso ele abordará o tema da ceia do Senhor, sendo que os cristãos de Corinto estavam desonrando este momento com seu comportamento, isso faz com que ele se pronuncie e os repreenda veementemente.
Ele denuncia a carnalidade deles e os orienta a fazerem um autoexame antes de participarem da ceia do Senhor.
Contexto histórico
Paulo nos advertiu a não cobiçar o que é mal no capítulo anterior, dizendo que aqueles que se rebelaram no deserto foram mortos pela justiça divina.
Devemos fugir do que é mal, por mais que seja impossível resistir, na busca por um relacionamento íntimo com Deus, crendo de todo coração que o seu agir nos livrará da queda.
O inimigo nos conhece e sabe como nos tentar. Sendo obedientes ao Espírito, podemos reconhecer as tentações e escapar de sua presença. Precisamos pedir a ajuda de nosso Pai e buscar forças em Jesus, sem Ele, nada podemos fazer. Acompanhe a seguir o estudo completo de 1 Coríntios 11.
1 Coríntios 11:1: Meus imitadores
v. 1 Sede meus seguidores, como também eu o sou de Cristo.
A exortação de Paulo a que os coríntios fossem seus seguidores se baseava no fato de que ele era um bom imitador de Cristo.
1 Coríntios 11:2-3: Os cabeças
v. 2 Ora, louvo-vos, irmãos, porque vos lembrais de mim em todas as coisas, e guardais as ordenanças, como eu as entreguei a vós.
v. 3 Mas eu quero que saibais que a cabeça de todo homem é Cristo, e a cabeça da mulher é o homem; e a cabeça de Cristo é Deus.
O apóstolo deu um princípio para ser aplicado na adoração comunitária – o princípio da submissão voluntária à autoridade.
Cristo é o cabeça da igreja, por isso, Ele certamente tem autoridade suprema sobre todo homem (cp. 1 Co 3:23; “vocês são de Cristo”).
A expressão “cabeça de todo homem” significa “autoridade sobre todo homem” e se ajusta ao tema dominante da carta: a submissão a Cristo.
O cabeça de Cristo é Deus se refere à autoridade do Pai sobre o Messias encarnado, que é Deus-Homem voluntariamente submisso a Deus.
1 Coríntios 11:4: Não cubra a cabeça ao orar
v. 4 Todo homem que ora ou profetiza, tendo sua cabeça coberta, desonra a sua cabeça.
A situação deste versículo toma proporções públicas na adoração comunitária. Paulo aplica o princípio (“o cabeça de todo homem é Cristo”) a homens orando.
As manifestações externas de piedade não devem desonrar a cabeça do homem cristão (“Cristo”). A expressão tendo sua cabeça coberta significa, literalmente, “com algo descendo ao lado da cabeça”.
Esta referência não é a um chapéu, e sim ao costume romano de puxar a toga sobre a cabeça ao se curvar em adoração pagã, a fim de evitar distrações.
Por causa da associação entre este costume e a adoração pagã, o homem cristão desonrava sua verdadeira cabeça (“Cristo”) ao cobrir sua cabeça física com a toga. Ao imitar este costume pagão, ele envergonhava a Cristo e a si mesmo.
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1 Coríntios 11:5: A questão do véu feminino
v. 5 Mas toda mulher que ora ou profetiza com sua cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque seria como se fosse rapada.
No primeiro século, as mulheres só falavam com sua cabeça descoberta em ambientes privados. Por exemplo, às vezes as mulheres oravam com a “cabeça descoberta” em clubes pagãos reunidos em residências privadas.
Paulo não diz por que as mulheres da igreja de Corinto estavam com a cabeça descoberta. Pode ser que elas tivessem trazido para a igreja práticas religiosas semelhantes aos costumes das reuniões pagãs.
1 Coríntios 11:6: Vergonha para a mulher
v. 6 Pois, se a mulher não se cobre, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é vergonha tosquiar-se ou rapar-se, que ela se cubra.
Paulo explica por que a cabeça descoberta de uma mulher coríntia era uma desonra. A mulher que orava ou profetizava com a cabeça descoberta era como uma mulher com a cabeça… rapada (Gr. te exureymeney).
Paulo igualou a vergonha de uma “cabeça descoberta” (imitando a prática de clubes religiosos pagãos privados; ver nota no v. 5) à vergonha de uma mulher que mostrava publicamente sua devoção pagã (i.e., ter o cabelo cortado ou a cabeça rapada).
Às vezes, as mulheres pagãs de Corinto rapavam seu cabelo e dedicavam as mechas como símbolo de adoração ou do cumprimento de um voto a um deus.
No contexto de Corinto, a “cabeça descoberta” era semelhante às práticas dos clubes pagãos e, portanto, não deixava nítida a divisão entre a devoção ao verdadeiro Deus e a devoção a falsos deuses, resultando em desonra para o marido da mulher cristã e para Cristo.
1 Coríntios 11:7: Diferença entre homem e mulher
v. 7 Pois, o homem certamente não deve cobrir sua cabeça, porque ele é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.
A cabeça descoberta do homem honrava sua cabeça porque permitia que ele refletisse de imediato a imagem e glória de Deus, talvez especialmente à luz do fato de que o homem foi criado primeiro (Gn 1:27).
Logo, o homem certamente não deve cobrir sua cabeça imitando o costume pagão, que via à criação humana como uma criação desprezível de deuses hostis e vãos.
1 Coríntios 11:8-9: O motivo
v. 8 Porque o homem não é da mulher, mas a mulher é do homem.
v. 9 Nem foi o homem criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
O segundo motivo de Paulo dizer que a cabeça descoberta de uma mulher a desonrava é que a primeira mulher foi criada a partir do homem (Gn 2:21-22).
Na ordem criada por Deus, a mulher completa o homem, no sentido de que o homem espelha a imagem de Deus e a mulher reflete a glória do homem.
Isso não significa que a mulher seja inferior ao homem. A mulher completa a criação do homem por Deus como homem e mulher (Gn 1:27) e traz glória ao homem (Gn 2:23).
1 Coríntios 11:10: O respeito da mulher
v. 10 Por esta causa a mulher deve ter poder sobre sua cabeça, por causa dos anjos.
O terceiro motivo pelo qual a cabeça descoberta de uma mulher a desonrava é difícil de interpretar. Talvez o testemunho da igreja para as hostes angelicais fosse afetado negativamente pela cabeça descoberta de uma mulher.
A expressão deve ter poder sobre sua cabeça parece se referir a um símbolo externo que, para os anjos, representava o respeito da mulher à liderança.
1 Coríntios 11:11-15: Costumes da época
v. 11 Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher é sem o homem no Senhor.
v. 12 Porque, como a mulher é do homem, assim também é o homem da mulher, mas todas as coisas de Deus.
v. 13 Julgai em vós mesmos: É decente que uma mulher ore a Deus descoberta?
v. 14 Ou não vos ensina a mesma natureza que é vergonhoso para um homem ter cabelo comprido?
v. 15 Mas se uma mulher tem cabelo comprido, isso é glória para ela, pois seu cabelo lhe foi dado para se cobrir.
Estes versículos são obscuros e têm dado origem a diversas interpretações. É melhor que os hermeneutas continuem tentando entender a passagem e assim tirem novas e mais claras conclusões.
1 Coríntios 11:17-18: Paulo começa a exortá-los
v. 17 Ora, nisto eu declaro a vós, não vos louvo, porque não vos congregais para o melhor, mas para pior.
v. 18 Porque, primeiro de tudo, quando vos ajuntais na igreja, ouço que há divisões entre vós, e em parte eu acredito.
Paulo repreendeu os cristãos por seu comportamento inapropriado e faccioso ao se reunirem como igreja (cp. v. 20).
A palavra “igreja” aponta para sua reunião como um corpo unido e unificado. Nas páginas do Novo Testamento, o termo “igreja” nunca se refere a um edifício ou local de reunião.
1 Coríntios 11:19: Para que os aprovados se manifestem
v. 19 Porque também é necessário haver heresias entre vós, para que os que são aprovados se manifestem entre vós.
Os que são aprovados se refere àqueles que não causavam divisões dentro do corpo. Seu comportamento era exemplar em tempos de discórdia.
1 Coríntios 11:20-22: Tomam a ceia de maneira errada
v. 20 Portanto, quando vos ajuntais em um lugar, isto não é para comer a ceia do Senhor.
v. 21 Porque ao comer, cada um toma antes do outro a sua própria ceia; e um tem fome, e outro está embriagado.
v. 22 Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais aos que não têm? O que vos direi? Devo louvar-vos? Eu não vos louvo.
Para vergonha da igreja, a cena que Paulo descreve parece típica de um ambiente pagão. Em vez de se unirem como um só, os membros estavam focados em seus próprios desejos egoístas.
1 Coríntios 11:23-25: A ceia como Jesus ordenou
v. 23 Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: Que o Senhor Jesus, na mesma noite em que ele foi traído, tomou pão;
v. 24 e tendo dado graças, ele o partiu, e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
v. 25 Depois, da mesma maneira também, ele tomou o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.
É bem provável que recebi do Senhor denote que Paulo recebeu uma revelação especial de Jesus acerca desta questão. Para outros casos em que Paulo recebeu uma revelação especial, ver At 18:9.
A abnegação de Cristo ao entregar Sua própria vida em favor de outros ficou em contraste total com o egoísmo dos coríntios durante a Ceia do Senhor.
1 Coríntios 11:26: Uma proclamação
v. 26 Porque todas as vezes que comerdes este pão, e beberdes este cálice, proclamais a morte do Senhor, até que ele venha.
A expressão todas as vezes que comerdes este pão, e beberdes este cálice enfatiza que a recordação solene da morte de Cristo é uma proclamação comunitária de “Jesus Cristo, e este, crucificado” (1Co 2:2) até que ele venha novamente.
1 Coríntios 11:27: Culpado do corpo e do sangue
v. 27 Portanto, qualquer que comer este pão e beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
A Ceia do Senhor é uma comemoração do sofrimento e da morte de Cristo em nosso favor. Por isso, participar de maneira indigna é pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.
1 Coríntios 11:28-29: Examinem-se a si mesmos
v. 28 Mas, examine-se o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice.
v. 29 Porque aquele que come e bebe indignamente, come e bebe condenação para si mesmo, não discernindo o corpo do Senhor.
Cada um deve examinar a si mesmo em relação ao sacrifício de Cristo em favor dos cristãos e em relação ao relacionamento que cada crente tem dentro do corpo de Cristo.
A expressão aquele que come e bebe indignamente é um jogo de palavras solene com o termo “corpo”. Os cristãos devem reconhecer que Jesus, sem qualquer egoísmo, sacrificou Seu corpo em favor de outros e que este sacrifício foi planejado para tornar os cristãos um corpo unido e sem egoísmos.
1 Coríntios 11:30-32: O juízo de Deus
v. 30 Por causa disso, muitos estão fracos e enfermos entre vós, e muitos dormem.
v. 31 Porque, se julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
v. 32 Mas, quando somos julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
Se os cristãos de Corinto julgassem e examinassem a si mesmos de maneira correta, isso evitaria o juízo de Deus dentro do corpo de Cristo. Dormem é um termo que Paulo e outros autores da Bíblia utilizam para indicar a morte física (cp. 1Co 15:18).
1 Coríntios 11:33-34: Esperem uns pelos outros
v. 33 Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
v. 34 Mas, se algum homem tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto ao restante, colocarei em ordem quando eu chegar.
Resumindo, Paulo instruiu os coríntios a esperarem a chegada de todos os crentes antes de participar da Ceia do Senhor. Este ato de domínio próprio evitaria divisões desnecessárias dentro do corpo de Cristo.
5 importantes lições que podemos aprender em 1 Coríntios 11
- Respeito na Adoração: Paulo instrui os coríntios sobre a importância de manter a ordem e o respeito durante a adoração, particularmente em relação ao uso apropriado dos símbolos da autoridade e cobertura na igreja.
- Unidade no Corpo de Cristo: Paulo destaca a importância da unidade entre os crentes, enfatizando que, embora possam ter diferenças culturais ou práticas, todos são parte do mesmo corpo de Cristo e devem se unir em amor e respeito mútuo.
- Comunhão e Memória: Paulo ensina sobre a importância da celebração da Ceia do Senhor, que é um ato de comunhão com Cristo e com os outros crentes. É um momento para lembrar o sacrifício de Jesus e renovar nosso compromisso com Ele e com a comunidade da fé.
- Discernimento Espiritual: Paulo adverte os coríntios a praticarem o discernimento espiritual ao participar da Ceia do Senhor, examinando-se a si mesmos para não participarem indignamente e trazerem julgamento sobre si mesmos.
- Equidade e Justiça: Paulo exorta os coríntios a compartilharem seus recursos uns com os outros de forma justa e equitativa, reconhecendo a interdependência e a igualdade no corpo de Cristo, independentemente de diferenças sociais ou econômicas.
Conclusão
Concluindo, Paulo nos fala sobre a diferença entre homens e mulheres no seu tempo, em Corinto, sobre o uso do véu.
Deus é o cabeça de Cristo, Cristo é o cabeça do homem e o homem é o cabeça da mulher, a hierarquia da benção passa por tudo isso, mas hoje em dia nossa cultura é diferente, embora o princípio deva se manter, de forma inegociável.
Também falou sobre participar da ceia, o que ainda é um grande desafio para todos os cristãos, pois é um dos poucos atos deixados por Jesus, e o único que traz a exortação de que devemos fazer um autoexame antes de participarmos.
O apóstolo adverte-nos que, se cada um julgasse a si mesmo, isto é, tivesse consciência de sua condição, não haveria necessidade de recebermos juízo por parte de Deus.
A exortação dele é para que o nosso coração esteja sempre diante de Deus, sem nada encoberto e isso, infelizmente, não é um hábito para muitos de nós, então somos disciplinados.
Diakrino é o termo usado para o autoexame e significa: separar, fazer distinção, discriminar, aprender por meio de diferenças.
Sendo assim, em um tempo de qualidade com Deus sozinhos, colocamos nossos corações diante dele, com arrependimento, em contrição e pela fé, e o Espírito Santo certamente nos ajudará a discernirmos a vontade de Deus, para que sejamos achados irrepreensíveis diante dele. Glória a Deus!
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