Êxodo 6 Estudo: Liberdade é a Ordem

Neste capítulo de Êxodo 6 estudo, veremos que Moisés, ao apresentar seus questionamentos a Deus, é informado, pelo Senhor, que Ele agiria com mão forte, por isso Faraó os deixaria ir.

Ainda, vemos o Senhor relembrando tudo que prometeu aos patriarcas e como havia ouvido e lembrado de seu povo. Por fim, manda que Moisés também os lembre do Seu plano e da promessa.

Moisés, então, fala com o povo, o qual não lhe ouve. Questionando isso a Deus, Moisés recebe a ordem de dar mandamento a Faraó e aos israelitas para que saíssem do Egito.

Êxodo 6 estudo: Contexto histórico

No quinto capítulo de êxodo, vimos Moisés e Arão colocando o plano de Deus em execução. Eles vão a Faraó e, em atribuição ao Deus de Israel, pedem que o Rei libere o povo para ir ao deserto, ao caminho de três dias, para adorarem, a fim de que não sofram com pestilências.

Faraó questiona a identidade do Deus de Israel e não apenas deixa de atender ao requerido, como castiga os israelitas, tornando seu labor mais penoso.

O povo se queixa com Moisés e Arão, questionando qual seria a razão de estarem os fazendo odiosos perante o rei. Moisés indaga todas essas coisas a Deus.



(Êxodo 6:1) A forte mão do Senhor

v. 1 Então disse o SENHOR a Moisés: Agora verás o que eu farei a Faraó, porque com forte mão ele os deixará ir, e com forte mão ele os expulsará da sua terra.

O fraseado hebraico não inclui o pronome para especificar que a forte mão deve ser a do Senhor e não a do Faraó, entretanto, este ímpeto já foi mencionado em Ex 3:19-20.

(Êxodo 6:2-3) Jeová

v. 2 E Deus falou a Moisés, e lhe disse: Eu sou o SENHOR;
v. 3 e eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, pelo nome de Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome JEOVÁ, não fui conhecido a eles.

Várias tentativas têm sido feitas para derivar outras traduções além de (ou mais precisas que) Deus Todo-Poderoso para o nome hebraico El Shaddai, baseadas em propostas etimológicas com palavras em hebraico ou em outras línguas semíticas.

Mas como acontece com muitos nomes, o uso provê as melhores percepções quanto ao seu significado. Entre os usos encontram-se referências ao exercício de poder e autoridade, discernimento, justiça, disciplina, proteção ou destruição, provisão de bênçãos, e a resposta à oração.

“Shaddai” aparece com maior frequência no livro de Jó 5:17, entre outras), e a combinação com El é proeminente em Gênesis como um nome para Deus em Suas relações com os patriarcas (Gn 17:1).



Noemi usou o nome Shaddai em sua queixa contra Deus (Tt 1:20-21), e ele aparece também em Nm 24:4. A tradução de “Shaddai” por “Todo-Poderoso” é rastreável a traduções gregas feitas antes do tempo de Cristo (pantokrotor) e à Vulgata (Omnipotens).

Entretanto, a palavra “El” está associada a uma palavra hebraica para força, e formas dela aparecem extensamente em antigas línguas semíticas para se referir à divindade. “El” é uma palavra genérica para divindade – uma palavra classificadora – enquanto “Yahweh” é um nome pessoal.

Em vista do nome Yahweh ser usado em Gênesis,muitas vezes até em fala citada (Gn 9:26), estudiosos têm debatido acerca do que se entende quando, em Êx 6:3, Deus diz: pelo meu nome JEOVÁ, não fui conhecido a Abraão, Isaque, e Jacó.

Uma vez que o nome Yahweh era bem conhecido no tempo em que Gênesis foi escrito, alguns têm proposto que o seu uso em Gênesis é anacrônico, contudo, compatível com a prática literária usual – tal como um historiador moderno poderia contar a história dos primeiros anos de um rei usando o nome de trono que ele mais tarde adotou em sua coroação.

Yahweh

Ou pode ser que Ex 6:3 não esteja indicando que o nome “Yahweh” fosse previamente desconhecido dos israelitas, mas sim que agora os israelitas veriam a verdade do significado do nome manifestada diante deles.

Eles haveriam de conhecer Yahweh por experiência própria como o seu Deus, aquele que mantém o pacto. Há paralelos para isto em Is 52:6 e Jr 16:21, que aguardam ocasiões futuras quando as pessoas pessoalmente conhecerão por experiência os Seus atos, os quais preenchem o Seu nome de significado (Is 64:2).


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Também é possível traduzir as palavras de Deus como “Não revelei eu meu nome Yahweh?”(cp. 2Sm 23:5; Sl 105:28). Esta tradução aliviaria a presente dificuldade, no entanto, poucas versões têm considerado ser ela a tradução mais exata.

Para Deus, recordar o nome El Shaddai, um nome profundamente significativo a partir das experiências dos patriarcas, enquanto também se refere a Si mesmo como Yahweh, é parte da ênfase dada à continuidade entre as promessas de Deus aos patriarcas e aquilo que Ele estava fazendo a Israel por intermédio de Moisés.

(Êxodo 6:5) O Deus que ouve

v. 5 E eu também tenho ouvido o gemido dos filhos de Israel, que os egípcios mantêm em servidão; e lembrei-me do meu pacto.

Lembrei-me é uma maneira de Ele dizer que está para agir de acordo com o Seu pacto com os antepassados (Sl 98:1-3).

Êxodo 6:6-8 – O Senhor que liberta

A mensagem de Deus para os israelitas, no inicio, no meio, e no final, coloca ênfase em Sua identidade: Eu sou o SENHOR. Libertar Israel do Egito será parte de um relacionamento permanente entre o Senhor e os israelitas.

Pelo que Ele vai fazer, os israelitas saberão por experiência própria quem Ele é, e a própria identidade deles como o Seu povo será estabelecida e manifestada, Tanto o Senhor como os israelitas serão conhecidos como resultado daquilo que o Senhor vai fazer: vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus; e vós sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tira de debaixo das cargas dos egípcios.

(Lit., e talvez mais fácil de entender “os tirarei de debaixo do trabalho pesado”). E eu vos trarei para a terra, que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. Eu vo-la darei por herança.

A nota de que o Senhor será conhecido como resultado daquilo que Ele vai fazer continua o tema da ação que conduz ao conhecimento (ver Ex 4:1-9), tema que é repetido muitas vezes por todo o livro de Êxodo e serve como um dos elementos unificadores do livro (Ex 7:5).

(Êxodo 6:6) Um Deus invencível

v. 6 Por isso, dize aos filhos de Israel: Eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, e vos libertarei da sua servidão, e vos redimirei com braço estendido, e com grandes juízos,

As referências a debaixo das cargas nos versículos 6 e 7 traduzem a mesma palavra hebraica que foi ouvida duas vezes quando o Faraó acusou Moisés e Arão de estarem levando os israelitas a parar “de trabalhar” (Ex 5:5) e ordenou-lhes que voltassem ao seu “trabalho”; ela é usada também no início da opressão (Ex 1:11).

O Senhor se oporá ao Faraó e a seus planos e será bem-sucedido onde Moisés não o foi, apesar da aparência a princípio.

A promessa eu…os redimirei usa um termo legal que retrata a ação do Senhor como a de um parente próximo que protegia um membro da família ou que recuperava uma propriedade pertencente a alguém na família estendida (Lv 25), Boaz fez isto para Noemi e Rute (Rt 3:2).

Essas questões eram de especial interesse para o Senhor, que obteve a reputação como Redentor supremo (Pv 23:10-11).

O fato do Senhor falar de Si mesmo como redimindo os israelitas por meio de Seu braço estendido esclarecia a natureza do conflito com o Faraó.

Na arte e na literatura egípcias, o Faraó era retratado em roupa de batalha com seu braço estendido como uma forma de mostrar o quão poderoso ele era.

Junto com a “forte mão” (v. 1), o “bravo estendido” foi uma figura bastante usada em referências àquilo que o Senhor fez no tempo do êxodo (Dt 4:34).

Em uma profecia posterior acerca da futura derrota do Egito, os braços do Faraó são quebrados (Ez 30:20-26), e numa terrível reversão do êxodo, a mão e o braço do Senhor são voltados contra Judá (Jr 21:5), mas quando a restauração é profetizada, a mão poderosa e o braço forte do Senhor estão novamente ativos em favor de Seu povo (Ez 20:33-34).

Grandes juízos

Os grandes juízos do Senhor (cp. Ex 7:4) incluirão a ação tomada contra os deuses do Egito (12:12; Nm 33:4).

Ezequiel 14:21 também usa este termo e define os juízos ali esboçados como incluindo perdas na guerra (“a espada”), a fome, os animais selvagens e a peste, todas enviadas como punição de Israel por causa da idolatria (Ex 5:17).

(Êxodo 6:10-12) Moisés insiste em suas limitações

v. 10 E o SENHOR falou a Moisés, dizendo:
v. 11 Entra, dize a Faraó, rei do Egito, que ele deixe os filhos de Israel sair da sua terra.

v. 12 E falou Moisés diante do SENHOR, dizendo: Eis que os filhos de Israel não me ouviram. Como, então, Faraó me ouvirá, que sou de lábios incircuncisos?

Não obstante as rejeições que Moisés recebera, o Senhor o instruiu a tentar novamente. Nem mesmo os israelitas o ouviram;como o o ouvirá o Faraó? A auto-depreciação de Moisés, é literalmente “sou de lábios incircunciso”.

O termo “incircunciso” é usado em outros lugares para ouvidos que não podem ouvir (Jr 6:10) e também como uma descrição depreciativa dos inimigos de Israel (Jz 14:3).

(Êxodo 6:13) Uma ordem

v. 13 E o SENHOR falou a Moisés e a Arão, e lhes deu ordem para os filhos de Israel, e para Faraó, rei do Egito, para que tirassem os filhos de Israel da terra do Egito.

Esta genealogia poderia teoricamente ter sido colocada numa localização diferente que exigisse menos esforço e repetição. Aqui ela interrompe a conversa entre o Senhor e Moisés e cria um suspense ao forçar os leitores a aguardar a resposta que Moisés presumivelmente logo recebeu.

Em resposta a questões levantadas nos capítulos 2-6 a respeito da identidade e das capacidades de Moisés, ela supre uma identificação formal de Moisés e Arão que Ex 6:13 tornam ainda mais formal.

(Êxodo 6:16-25) A linhagem sacerdotal

v. 16 E estes são os nomes dos filhos de Levi, segundo as suas gerações: Gérson, e Coate, e Merari; e os anos da vida de Levi foram cento e trinta e sete anos.

Esta família seria importante para a  instituição do culto no tabernáculo no deserto, uma vez que Arão e seus filhos, e finalmente uma linhagem de seus filhos (Nm 25:1-18), seriam designados sacerdotes. Os filhos de Moisés não são mencionados.

Conclusão

Neste capítulo vemos o Senhor relembrando Moisés das etapas que, já havia revelado, fariam parte da execução do plano de libertação do povo.

É como se o Senhor estivesse acalmando seu servo lhe dizendo que tudo estava sob controle. Então, Deus manda que Moisés voltasse ao povo e lhes comunicasse, novamente, sobre Seu plano.

Após obedecer a determinação divina, Moisés relata que o povo não lhe atendera. Deus então, o manda ir a Faraó e aos israelitas, a fim de que fossem tirados daquela terra.

Se nota que a palavra de Deus a Faraó e aos israelitas, que já estavam desestabilizados, é de ordem, mandamento.

Vimos, nos capítulos anteriores, que Deus havia se lembrado de Sua promessa pelo clamor aflito dos israelitas.

Quando vemos Deus relembrando o povo do motivo pelo qual estaria os tirando dali, insistindo em manter o plano, a impressão é a de que Ele os estaria forçando a algo que não desejavam, sendo que por isso haviam clamado.

A realidade é que, diante da primeira circunstância desfavorável, eles sequer mostraram o interesse em resistir.

Então, Deus se posiciona, agora, dando ordens não apenas a Faraó, mas aos israelitas. O Senhor sabia que seu povo estaria sofrendo e Ele não permitiria que desistissem agora.

Eles precisavam entender quem era o Deus de Israel. Portanto, a liberdade se torna um mandamento. Estava proibido desistir por conta do medo ou das retaliações de Faraó.

É compreensível entender esse posicionamento de autoridade do Senhor, vez que Ele sabia que, se Seus planos dependessem das decisões humanas, nunca prosperariam, afinal, o homem, muitas vezes, se baseia em suas limitações, as quais sobressaem a sua fé.

Em todas as escrituras, semelhantemente ao que estamos vendo na história, a ordem é prosseguir. Deus deseja que nossa fé seja baseada Nele.

Vemos, nas escrituras, o salmista dando ordens a sua alma: Bendiga! Vemos Jesus dizendo: Tenham bom ânimo! Nosso esforço está apenas em permanecer e descansar. Ele proverá a força!

Êxodo 6 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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