2 Samuel 23 Estudo: Os Valentes de Davi
Em 2 Samuel 23, veremos que Davi apresenta suas últimas palavras, provavelmente, como poeta, descrevendo seu relacionamento com Deus e as promessas recebidas. Por fim, o capítulo revela os denominados valentes de Davi, oportunidade em que é mencionado o momento em que três deles, ao ver o rei suspirar por água, foram até o acampamento dos filisteus para retirá-la de um poço.
Então, Davi conta que ofereceu a referida água ao Senhor, como libação, vez que jamais beberia algo obtido com muito perigo, o que colocou em risco a vida daqueles homens. Acompanhe a seguir o estudo completo de 2 Samuel 23.
(2 Samuel 23:1) As últimas palavras de Davi
v. 1 Ora, estas são as últimas palavras de Davi. Davi, o filho de Jessé, disse; e o homem que foi exaltado às alturas, o ungido do Deus de Jacó, e o doce salmista de Israel, disse:
O cabeçalho deste capítulo: Estas são as últimas palavras de Davi, não deve ser entendido cronologicamente.
Outras palavras de Davi aparecem após esta seção e mesmo em 1 Reis (1Rs 1:28-35). Talvez a seção contenha as últimas declarações públicas registradas de Davi ou o seu testemunho a respeito da obra de Deus por intermédio de sua vida.
Ungido (Heb. mashiach) enfatiza a dedicação de Davi ao serviço de Deus. Deus de Jacó liga Davi à história dos patriarcas; a obra do Eterno em Davi era a continuação da obra que começou com Abraão.
(2 Samuel 23:2) Deus falava através de Davi
v. 2 O Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua palavra estava na minha língua.
As palavras de Davi deveriam ser entendidas não como pretensiosas, mas como descrevendo um senso de admiração por Deus usá-lo para comunicar as Suas palavras.
(2 Samuel 23:3) Reverência ao Senhor
v. 3 O Deus de Israel disse, a Rocha de Israel falou comigo: Aquele que rege sobre os homens precisa ser justo, regendo no temor de Deus.
Sobre Rocha, ver nota em 2Sm 22:2. Temor de Deus denota uma reverência saudável diante do poder e da majestade do Senhor. O livro de Provérbios associa tal atitude a sabedoria e conhecimento (Pv 1:7).
(2 Samuel 23:5) A dinastia de Davi
v. 5 Embora a minha casa não esteja assim com Deus; ele fez comigo um pacto eterno, ordenado em todas as coisas, e seguro; pois esta é toda a minha salvação, e todo o meu desejo, mesmo que ele não o faça crescer.
Minha casa denota a família de Davi. O pacto eterno com a dinastia de Davi estava ordenado em todas as coisas, e seguro. O rei estava confiante de que o Senhor a concretizaria em todos os aspectos.
(2 Samuel 23:6-7) Os filhos de Belial
v. 6 Porém, todos os filhos de Belial serão como espinhos lançados fora, porque não podem ser pegos com mãos;
v. 7 mas o homem que neles tocar deve estar cercado com ferro e com haste de uma lança; e eles serão completamente queimados com fogo no mesmo lugar.
A experiência de Davi tinha lhe ensinado que os filhos de Belial não tinham futuro no plano de Deus. Visto não serem úteis e para nada servirem, o dia de seu julgamento certamente virá.
(2 Samuel 23:8-39) Os valentes
Estes são os nomes e os relatos de alguns homens valentes que Davi tinha. Deus abençoou Davi com militares excepcionais.
A lista inclui os três heróis famosos que alteraram o curso dos eventos em duelos e os trinta guerreiros que serviram em um destacamento especial.
Havia homens de diversas tribos de Israel e até mesmo uns poucos estrangeiros entre os homens que se uniram a Davi.
(2 Samuel 23:9) Eleazar
v. 9 E depois dele vinha Eleazar, o filho de Dodô, o aoíta, um dos três valentes com Davi, quando eles desafiaram os filisteus que estavam lá reunidos para a batalha, e os homens de Israel fugiram;
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Desafiaram (BTX) é o mesmo termo usado para as palavras de Golias contra Israel (1Sm 17:10).
(2 Samuel 23:10) Eleazar contribui na vitória sobre os filisteus
v. 10 ele se levantou, e feriu os filisteus até que a sua mão ficou exausta, e a sua mão ficou presa à espada; e o SENHOR operou uma grande vitória naquele dia; e o povo retornou depois dele somente para despojar.
Eleazar mostrou tenacidade quando feriu os filisteus, no entanto, o Senhor concedeu a vitória. Os soldados voltaram mais tarde para despojar, um meio de assegurar um “pagamento extra” por seu serviço militar.
(2 Samuel 23:11) Samá
v. 11 E, depois dele vinha Samá, o filho de Agé, o haratita. E os filisteus estavam reunidos em tropa, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas; e o povo fugiu dos filisteus.
As lentilhas eram uma fonte comum de alimento.
(2 Samuel 23:12) O relato da vitória sobre os filisteus
v. 12 Ele, porém, pôs-se de pé no meio do terreno, e o defendeu, e matou os filisteus; e o SENHOR operou uma grande vitória.
Os filisteus e outros inimigos frequentemente subiam pelos vales de Judá para saquear suprimentos de alimentos.
(2 Samuel 23:13) A caverna de Adulão e o vale de Refaim
v. 13 E três dos trinta chefes desceram, e vieram até Davi na época da colheita à caverna de Adulão; e a tropa dos filisteus acampou no vale de Refaim.
A caverna de Adulão ficava no vale de Elá (1Sm 17:2) abaixo de Belém. Já o vale de Refaim localizava-se a sudoeste de Jerusalém.
(2 Samuel 23:14) A fortaleza de Davi
v. 14 E Davi estava, então, em uma fortaleza, e a guarnição dos filisteus estava, naquele tempo, em Belém.
A fortaleza provavelmente designa a caverna na qual Davi se refugiou. Uma guarnição dos filisteus ocupava Belém – talvez um movimento destinado a tirar Davi de seu esconderijo.
(2 Samuel 23:15) Davi suspira por água
v. 15 E Davi ansiava, e disse: Ah, se alguém me desse de beber das águas do poço de Belém, que fica junto ao portão.
Provavelmente, o desejo vocalizado de Davi veio não apenas de sua sede, mas de seu desejo de que sua cidade natal conhecesse novamente a paz que permitia às pessoas beberem livremente da água do poço de Belém.
(2 Samuel 23:16-17) Quando os valentes levaram água para Davi
v. 16 E os três homens valentes irromperam pelo exército dos filisteus, e retiraram água do poço de Belém, que ficava junto ao portão, e a tomaram e trouxeram até Davi; todavia ele não quis beber dela, mas derramou-a ao SENHOR.
v. 17 E ele disse: Esteja longe de mim, ó SENHOR, que eu faça isto; não é este o sangue dos homens que foram arriscar as suas vidas? Por isto ele não quis bebê-la. Estas coisas fizeram estes três homens valentes.
Os três guerreiros sob o comando de Davi aceitaram o desejo de seu líder como um desafio e fizeram a jornada de 40 quilômetros ida e volta, colocando em risco a própria vida para obter água de Belém (v. 15).
A resposta de Davi revelou a profundidade à qual ele foi movido pela lealdade e bravura de seus homens.
A água do poço de Belém era uma dádiva muito preciosa em razão do sacrifício que os homens fizeram para obtê-la. Consequentemente, era um sacrifício apropriado para o Deus de Davi.
(2 Samuel 23:18) Abisai
v. 18 E Abisai, o irmão de Joabe, o filho de Zeruia, era chefe entre os três. E ele levantou a sua lança contra trezentos, e os matou, e teve o nome entre os três.
Abisai, irmão de Joabe, exerceu um papel de liderança na ascensão de Davi ao poder e à realeza (v 18).
(2 Samuel 23:20) Benaia
v. 20 E Benaia, o filho de Joiada, o filho de um homem valente, de Cabzeel, que havia feito muitos atos, ele matou dois homens de Moabe semelhantes a leões; também desceu e matou um leão no meio de uma cova, no tempo da neve.
Benaia era um guerreiro bem conhecido (2Sm 8:18). Apesar de sua posição em uma cova e do mau tempo que impedia tanto sua destreza quanto sua mobilidade, ele matou um leão.
(2 Samuel 23:24) Asael
v. 24 Asael, o irmão de Joabe, era um dos trinta; Elanã, o filho de Dodô de Belém;
Asael foi o soldado morto por Abner durante a guerra civil de Israel após a morte de Saul (2Sm 2:18-23).
(2 Samuel 23:25) Samá
v. 25 Samá, o harodita, Elica, o harodita;
O haredita pode designar uma pessoa do vale de Harode que leva desde o vale de Jezreel até Bete-Sea (1Sm 31:10) no vale do Jordão.
(2 Samuel 23:26) Heles
v. 26 Heles, o paltita; Ira, filho de Iques, o tecoíta;
O tecoíta era um cidadão Tecoa, 11 quilômetros ao sul de Jerusalém.
(2 Samuel 23:27) Abiezer e Mebunai
v. 27 Abiezer, o anatotita; Mebunai, o husatita;
Anatote, localizada em Benjamim, foi mais tarde a cidade natal do profeta Jeremias (Jr 1:1).
(2 Samuel 23:29) Helebe e Itai
v. 29 Helebe, o filho de Baana, o netofatita; Itai, o filho de Ribai, de Gibeá, dos filhos de Benjamim;
Gibea, dos filhos de Benjamim era a cidade natal e a capital de Saul, um fato que mostra que Davi teve alguns seguidores até mesmo dali.
(2 Samuel 23:34) Elifelete e Eliã
v. 34 Elifelete, o filho de Aasbai, filho do maacatita; Eliã, o filho de Aitofel, o gilonita;
De acordo com 2Sm 11:3, Elia era o pai de Bate-Seba. Se este é o mesmo Eliã, então Aitofel, conselheiro de Davi e de Absalão (2Sm 15:31), seria avô de Bate-Seba.
(2 Samuel 23:36) Igal e Bani
v. 36 Igal, o filho de Natã, de Zobá; Bani, o gadita;
Zobá pode ter sido uma cidade-Estado arameia que Davi conquistou (2Sm 8:3-6). Igal provavelmente designa alguém do território de Gade a leste do rio Jordão.
(2 Samuel 23:37) Zeleque e Naarai
v. 37 Zeleque, o amonita; Naarai, o beerotita, o escudeiro de Joabe, o filho de Zeruia;
Davi subjugou Amom em sua fronteira oriental; em algum ponto Zeleque, outro estrangeiro, juntou-se às forças de Davi.
(2 Samuel 23:39) Urias
v. 39 Urias, o heteu: trinta e sete ao todo.
O texto intencionalmente encerra com a menção de Urias, o heteu. Urias foi outro estrangeiro entre os homens fortes de Davi. Ele deu sua vida por Davi sob a mais infeliz das circunstâncias (2Sm 11:14-17).
O fato de que foram ao todo trinta e sete membros dos Trinta pode ser explicado de duas maneiras diferentes: ou Trinta era um título antes que uma figura específica, ou os homens extras foram trazidos para substituir aqueles que tombaram em combate.
5 importantes lições que podemos aprender em 2 Samuel 23
- O Poder da Oração e Louvor: O salmo registrado neste capítulo, atribuído a Davi, revela a importância da oração e do louvor em tempos difíceis. Davi reconhece a soberania de Deus sobre sua vida e expressa confiança em sua proteção e ajuda.
- A Lealdade e Coragem dos Guerreiros: O relato dos valentes de Davi destaca a lealdade e coragem de seus guerreiros. Eles permaneceram fiéis a Davi em meio às adversidades e demonstraram bravura em batalha, ilustrando a importância da lealdade e coragem na vida cristã.
- O Reconhecimento da Grandeza de Deus: Davi reconhece a grandeza e fidelidade de Deus em seu salmo, louvando-o como sua rocha, fortaleza e libertador. Isso nos lembra da importância de reconhecer e louvar a grandeza de Deus em todas as circunstâncias.
- O Cumprimento das Promessas de Deus: O salmo de Davi destaca como Deus cumpre suas promessas aos seus servos fiéis. Ele testemunha como Deus o exaltou e o abençoou como rei de Israel, cumprindo as promessas feitas a ele desde sua juventude.
- O Governo Justo e Piedoso: O reinado de Davi, embora não isento de falhas, é caracterizado por sua busca pela justiça e piedade. Ele governou com sabedoria e integridade, estabelecendo um exemplo de liderança justo para seus súditos e futuras gerações. Isso nos lembra da importância de buscar a justiça e a piedade em nossa própria vida e liderança.
Conclusão
Este capítulo expõe as últimas palavras do rei como salmista inspirado por Deus. Elas podem ter sido um testamento espiritual a Israel e indicava a Salomão o que poderia o tornar um bom líder. Ele relembra como foi recompensado e protegido pelo Senhor.
Ele, ainda, faz menção das promessas divinas para sua descendência e revela que, aquele que governa com justiça e com temor a Deus, é luz.
Em seguida, vemos a apresentação dos denominados valentes de Davi. Os três primeiros, foram os que realizaram os maiores feitos. Os demais, de igual forma, se destacaram por terem sido líderes notáveis, a exemplo de Abisai e Benaia, conhecidos por serem mui corajosos.
Por fim, vemos que Davi menciona Urias, o heteu, como um de seus valentes, quem sabe, como tributo, demonstrando reconhecimento e arrependimento por tê-lo traído.
Importante lembrarmos que Davi iniciou seu exército quando se escondia de Saul, na caverna de Adulão ( 2 Samuel 22:2), oportunidade em que, homens que viviam a margem da sociedade, em aperto, endividados e angustiados, passaram a segui-lo, de modo que ele os chefiou e deles formou soldados, demonstrando sua grande capacidade em liderar pessoas.
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