Gálatas 6 Estudo: A Lei da Semeadura
Em Gálatas 6, veremos as instruções finais do apóstolo para aquelas igrejas. Os seguintes assuntos são abordados: o amor ao próximo, o engano da vaidade, a lei da semeadura, a glória na carne, uma nova criatura e a saudação final.
Paulo ao encerrar a carta, ensina sobre um tema muito interessante: a lei da semeadura. Paulo explicará em detalhes sobre tais princípios e quais as implicações práticas em nossas vidas.
Ele também abordará a importância e superioridade do novo nascimento em Cristo, contra a hipocrisia da lei.
Contexto histórico
No capítulo 5 Paulo havia falado sobre o fruto do Espírito e como a fé gera em nós, através da ação do Espírito, boas obras.
Talvez o receio dele aqui fosse o de que aquelas pessoas, que já tinham uma tendência para as obras da carne, começassem a criar um padrão elevado demais para a igreja, fazendo com que qualquer deslize fosse motivo de punição.
(Gálatas 6:1) Restaurar com mansidão
v. 1 Irmãos, se algum homem for surpreendido em uma falta, vós, que sois espirituais, restaurai o irmão no espírito de mansidão, considereis a vós mesmos para que também não sejais tentados.
Uma pessoa que cai em pecado num ponto vulnerável deve ser restaurada espiritualmente com mansidão (um dos “frutos do Espírito”; Gl 5:23).
Um dos perigos para aqueles que efetuam essa restauração é que eles próprios podem ser arrastados para o pecado.
(Gálatas 6:2) Carregai o fardo uns dos outros
v. 2 Carregai os fardos uns dos outros para que a lei de Cristo seja cumprida.
A pessoa cuja vida é controlada pelo Espírito Santo (v. 1) deve se aproximar e ajudar a levar (Gr. bastazo; “carregar, suportar”) a carga física, emocional ou espiritual que ameaça esmagar seu irmão na fé.
A lei de Cristo é “ame o seu próximo como a ti mesmo”. Isso tem certa semelhança com o novo mandamento de Jesus: “amem-se uns aos outros” (Jo 13:34).
Não era possível cumprir toda a lei de Moisés (Gl 3:10), mas é possível cumprir essa lei (Gl 5:14) e a lei de Cristo através de atos de amor.
(Gálatas 6:3-5) Não se ache superior ao que caiu
v. 3 Porque, se algum homem pensa ser alguma coisa, quando nada é, ele engana-se a si mesmo.
v. 4 Porém, que cada homem prove sua própria obra, e então poderá gloriar-se em si mesmo, e não em outro.
v. 5 Porque cada um deve carregar o seu próprio fardo.
Quem que pensa ser superior a um cristão caído engana-se a si mesmo e corre o risco de ser também tentado (v. 1).
Não podemos legitimamente nos comparar a outras pessoas, porque cada um recebe do Senhor um fardo (Gr. phortion; não é a mesma palavra do v. 2, mas significa “capacidade”) distinta a cada pessoa.
(Gálatas 6:6) Sustente a quem ensina
v. 6 Que aquele que está sendo instruído na palavra reparta todas as coisas boas àquele a quem ensina.
O princípio de que aquele que é instruído nas Escrituras deve sustentar àquele a quem ensina é afirmado por Paulo em outros lugares (1Co 9:11). Neste “contexto, é uma aplicação de “Suportar os fardos uns dos” outros” (Gl 6:2).
(Gálatas 6:7-8) A lei da semeadura
v. 7 Não vos enganeis; de Deus não se zomba; porque tudo o que o homem semear, isso também colherá.
v. 8 Pois aquele que semeia na sua carne, da carne colherá a corrupção; mas aquele que semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.
Corrupção aqui pode se referir a condenação eternal Vida eterna não significa ganhar a própria salvação, uma vez que a justificação diante de Deus é mediante a fé (Gl 2:16). Vida eterna se refere à vida procedente do Espírito Santo (Rm 6:22).
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(Gálatas 6:9-10) Façamos o bem
v. 9 E não nos cansemos de fazer o bem, porque na estação certa colheremos, se não desistirmos.
v. 10 Por isso, enquanto temos a oportunidade, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente àqueles que são domésticos na fé.
A vida cristã é uma corrida, portanto, não nos cansemos (ou seja, nos fatiguemos ou desanimemos). Fazer o bem não é buscar ser justificado por obras, mas viver como Deus planejou para aqueles que, pela fé, recebem Sua salvação graciosa (Ef 2:8-10).
“Semear para o Espírito” no longo prazo significa aproveitar a oportunidade (Gr. koirós; “ocasião oportuna ou tempo designado””) que o Senhor coloca diante de nós para que façamos o bem a todos.
(Gálatas 6:11) Paulo com problemas de visão
v. 11 Vede com que tamanho de letras vos escrevi com minha própria mão.
Paulo ditou a parte anterior da carta a um amanuen-“se, ou secretário, cujo nome não é mencionado, e agora” acrescenta um pós-escrito com minha própria mão) indicam que Paulo estava com problemas de visão (ver nota em Gl 4:14-15).
(Gálatas 6:12-13) Constrangidos pela aparência
v. 12 Muitos desejam ser bem vistos na carne, eles vos constrangem a ser circuncidados, apenas para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
v. 13 Porque nem mesmo eles que são circuncidados observam à lei; mas querem que vós sejais circuncidados, para que possam se gloriar em vossa carne.
Os mestres judeus que estavam constrangendo os gálatas a se circuncidarem faziam isso pela aparência e para evitar ser perseguidos por judeus incrédulos em virtude da cruz de Cristo, como Paulo o foi (At 14:19).
Eles não tinham base para se gloriar uma vez que eles próprios não observam a lei (ver nota em Gl 3:10).
(Gálatas 6:14-15) Nova criatura
v. 14 Porém, de maneira alguma eu devo me gloriar, exceto na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.
v. 15 Porque em Jesus Cristo, nem a circuncisão e nem incircuncisão de nada valem, mas uma nova criatura.
A única base para o cristão se gloriar está na morte de nosso Senhor Jesus Cristo, que faz de nós uma nova criatura (ver 2Co 5:17), Sobre o mundo está crucificado para mim, ver notas em Gl 2:19-20.
(Gálatas 6:16) Israel de Deus
v. 16 E com todos os que andarem de acordo com esta regra, estejam sobre eles a paz e a misericórdia, e também sobre o Israel de Deus.
O Israel de Deus pode significar:
- A igreja gentílica, que, pela fé, herdou a promessa dada por Deus a Abraão (Gl 3:29) ou
- Mais provavelmente, o “remanescente” do Israel crente “escolhido pela graça” (Rm 11:5), em contraste com os “falsos irmãos” entre os judeus (Gl 2:4), que buscavam ser justificados pela “prática da Lei” (Gl 2:16).
(Gálatas 6:17) Fim a perseguição
v. 17 De agora em diante que nenhum homem me cause problema, porque trago em meu corpo as marcas do Senhor Jesus.
Paulo pede que esta carta ponha fim à perturbação que ele vinha enfrentando por conta de sua oposição à justificação pelas obras da lei e sua defesa da justificação pela fé (Gl 2:16).
As marcas de Paulo eram originárias de ferimentos que recebeu por causa de perseguição (At 14:19). Ele as considerava ainda mais significativas que a “marca” da circuncisão.
(Gálatas 6:18) Benção apostólica
v. 18 Irmãos, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vosso espírito. Amém (Aos Gálatas escrito desde Roma).
Paulo encerra Gálatas com a mesma nota com que a iniciou – a graça (ver Gl 1:3). É significativo também que, na última frase de Paulo, ele trata os gálatas como irmãos.
Embora eles tenham sido tentados por “outro evangelho” Paulo encerra esta carta na expectativa de que eles continuem irmãos.
5 importantes lições que podemos aprender em Gálatas 6
- Responsabilidade pelos Irmãos: Paulo enfatiza a importância de os cristãos cuidarem uns dos outros, especialmente quando um irmão ou irmã está em pecado ou dificuldade (Gálatas 6:1-2). Isso nos lembra da responsabilidade mútua dentro da comunidade cristã e da importância de oferecer suporte e encorajamento uns aos outros.
- Semeando e Colhendo: Paulo usa a analogia da semeadura e da colheita para enfatizar a lei espiritual da semeadura e colheita. Ele nos lembra que, se semeamos para a carne, colheremos corrupção, mas se semeamos para o Espírito, colheremos vida eterna (Gálatas 6:7-8). Isso nos desafia a viver de acordo com os princípios do Reino de Deus em vez de gratificar os desejos egoístas da carne.
- Persistência na Prática do Bem: Paulo exorta os crentes a não desistirem de fazer o bem, mesmo quando enfrentam desafios ou desencorajamentos (Gálatas 6:9). Isso nos lembra da importância de perseverar na prática do bem, mesmo quando não vemos resultados imediatos, confiando que no tempo certo colheremos os frutos.
- Responsabilidade Pessoal: Paulo enfatiza que cada pessoa é responsável por suas próprias ações e decisões diante de Deus (Gálatas 6:5). Isso nos lembra da importância de assumir responsabilidade por nossas escolhas e de não culpar os outros por nossas próprias falhas.
- Glorificação na Cruz de Cristo: Paulo destaca a cruz de Cristo como o único meio de salvação e exaltação, e se gloria nela como seu único motivo de orgulho (Gálatas 6:14). Isso nos lembra da centralidade da cruz na fé cristã e da necessidade de nos gloriar na obra redentora de Cristo em nossa vida.
Conclusão
Paulo encerra fazendo uma exortação aos cristãos: “cuidado para não zombar a Deus”. Não devemos nos apoiar na graça para viver uma vida de amor ao pecado, de libertinagem.
Em outras palavras, alguém que zomba dos mandamentos de Deus, os conhecendo, sofrerá as consequências.
Pois quem semear carnalidade, isto é, quem vive conduzido pelas paixões carnais, colherá a destruição. Quem tem uma vida fundamentada na prática do pecado, terá uma vida autodestrutiva.
Muitos cristãos acham que podem viver o cristianismo de todo jeito ou do seu jeito e que basta apenas dizer as palavras certas, como num passe de mágica e está tudo bem entre ele e Deus.
O Senhor sonda os nossos corações e se a nossa fé não estiver alinhada ao modo de viver, seremos como o joio, que parece mas não é. Mas se semearmos no Espírito uma vida de obediência, colheremos a vida eterna.
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