Juízes 3 Estudo: Um Circulo Vicioso

Neste capítulo de Juízes 3 estudo, veremos que Deus havia deixado cinco nações para que, por meio delas, Israel fosse provado, a fim de que aprendessem sobre a guerra. Tratavam-se de cinco príncipes dos filisteus, cananeus, sidônios e heveus.

Através deles, o Senhor os provaria, em sua obediência. No entanto, os israelitas passaram a adorar aos falsos deuses e tomaram suas filhas por mulher, além de as darem aos filhos deles.

Por terem esquecido do Senhor, Ele os entregou a Cusã-Risataim, por oito anos. Ao clamarem ao Senhor, Ele levantou Otniel, sobre o qual veio o Espírito do Senhor, o qual derrotou a Cusã-Risataim e houve paz por quarenta anos.

Israel, então, tornou a fazer o que era mau, até que Deus os entregou a Eglom, o qual, juntamente com Amom e com os amalequitas os feriu, sendo que o serviram por dezoito anos.

Quando clamaram, Deus enviou o benjamita Eúde, para os libertar, o qual matou o rei Eglom e, juntamente com os israelitas, destruíram os moabitas, o que gerou paz para Israel por oitenta anos.

Juízes 3 estudo: Contexto histórico

No capítulo anterior, vimos que o Anjo do Senhor repreende aos israelitas por haverem abandonado a Deus, seguindo a outros deuses, razão pela qual Ele não entregaria aquelas outras nações para dominarem.



Após, vemos que toda a geração que fora liderada por Josué havia morrido. Então, o capítulo narra que aquela nova geração não conhecia ao Senhor e idolatrava deuses estranhos, razão pela qual foram entregues aos seus inimigos.

Deus levantou juízes para os guiarem. Sempre que um juiz morria, o povo se perdia, razão pela qual o Senhor resolveu não retirar os estrangeiros de suas terras, a fim de que os israelitas fossem provados.

(Juízes 3:1-4) Provação divina

v. 1 Ora, estas são as nações que o SENHOR deixou, para por elas provar Israel; tantos quantos em Israel não tivessem conhecido todas as guerras de Canaã;

v. 2 somente para que as gerações dos filhos de Israel pudessem saber, e ensiná-los a guerra, pelo menos aos que antes nada sabiam; 

v. 3 a saber, cinco senhores dos filisteus, e todos os cananeus, e os sidônios, e os heveus que habitavam no monte Líbano, desde o monte Baal-Hermom até a entrada de Hamate. 

v. 4 E eles haveriam de provar Israel através deles, para saber se eles obedeceriam aos mandamentos do SENHOR, os quais ele ordenou aos seus pais pela mão de Moisés. 


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Toda a variedade de habitantes da terra de Canaã serviria para testar o povo de Deus. A lista no v. 3 abrange toda a terra prometida: sudoeste (filisteus), noroeste (sidônios), nordeste (heveus) e sudeste (cananeus).

O Senhor permitiu que estes povos permanecessem na terra para que Seu povo pudesse aprender a guerrear e visse Sua fidelidade em primeira mão, bem como para provar seu compromisso de servir somente a Ele.

(Juízes 3:7-11) Otniel

v. 7 E os filhos de Israel fizeram o mal aos olhos do SENHOR, e se esqueceram do SENHOR, seu Deus, e serviram Baalim e os arvoredos. 

v. 8 Portanto, a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os vendeu à mão de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram Cusã-Risataim durante oito anos. 

v. 9 E quando os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, o SENHOR levantou um libertador para os filhos de Israel, que os libertou; Otniel, filho de Quenaz, o irmão mais moço de Calebe. 

v. 10 E o Espírito do SENHOR veio sobre ele, e ele julgou Israel, e saiu para a guerra; e o SENHOR entregou Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia, em sua mão; e a sua mão prevaleceu contra Cusã-Risataim.
v. 11 E a terra teve descanso por quarenta anos; e Otniel, filho de Quenaz, faleceu. 


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O período em que Otniel foi juiz estabelece o padrão de comparação para todos os juízes depois dele. Aqui Baal está ligado a sua cônjuge mais comum na literatura cananéia, Aserá, em vez de Astarote (ver nota em Jz 2:6-13).

Aserá era uma deusa da fertilidade geralmente representada em forma de árvore. Como consequência da infidelidade de Israel, o Senhor os entregou nas mãos de um opressor, Cusã-Risataim (“Cuchã, o duplamente ímpio”).

A região de Arà dos Dois Rios (Arã Naaraim; v. 8) ficava ao norte de Israel, na Mesopotâmia (Gn 24:10). O fato de um rei arameu oprimir toda a terra de Israel até o sul, na Judéia, era um sinal de seu poder militar.

Após oito anos sob o domínio inimigo, Israel clamou ao Senhor, que levantou e capacitou Otniel. Sendo sobrinho de Calebe, Otniel possuía as credenciais para libertar Israel (v. 9-10; ver nota em Jz 1:13).

Depois de libertar Israel, ele continuou liderando o povo e a nação teve paz por quarenta anos. Não obstante, após a morte de Otniel, o ciclo de pecado e juízo começou novamente.

(Juízes 3:12-14) Eglom

v. 12 E os filhos de Israel novamente fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR; e o SENHOR fortaleceu Eglom, rei de Moabe, contra Israel, porque eles haviam feito o mal aos olhos do SENHOR. 

v. 13 E ele reuniu para si os filhos de Amom e Amaleque, e foi e feriu Israel, e possuiu a cidade das palmeiras. 

v. 14 Então os filhos de Israel serviram a Eglom, o rei de Moabe, por dezoito anos. 

 Desta vez o inimigo era Eglom, rei de Moabe, ajudado pelos filhos de Amom e Amaleque. Estas tribos viviam a leste de Israel, na Transjordânia, fazendo com que a cidade das palmeiras (Jericó) fosse uma base natural para governarem o território que conquistassem.

Israel demorou mais para aprender sua lição do que no primeiro ciclo: eles suportaram dezoito anos de sofrimento antes de clamar por libertação.

(Juízes 3:15-17) Eúde

v. 15 Mas quando os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, o SENHOR lhes levantou um libertador, Eúde, filho de Gera, um benjamita, um homem canhoto; e por ele os filhos de Israel enviaram um presente a Eglom, rei de Moabe. 

v. 16 Mas Eúde fez para si um punhal que tinha dois gumes, de um côvado de comprimento; e ele o cingiu debaixo das suas vestes, sobre a coxa direita. 

v. 17 E ele trouxe o presente para Eglom, rei de Moabe; e Eglom era um homem muito gordo. 

 Quando Israel clamou ao Senhor, Ele mais uma vez providenciou um libertador: Eúde, um homem canhoto.

Ser canhoto parece ter sido relativamente comum entre os homens de Benjamim (Jz 20:16), o que é irônico, já que este nome significa “filho da mão direita”, A expressão idiomática incomum usada aqui (lit.” retardado na mão direita”) sugere que ser canhoto deve ter sido considerado um defeito e que o segundo libertador de Israel não tinha a aparência perfeita do primeiro.

Eúde também usou uma estratégia diferente para libertar Israel: assassinando o opressor por meio de engano e astúcia, em vez de se engajar em um combate logo de início.

Para isso, Eúde fez uma espada relativamente curta e a escondeu em sua coxa direita, do lado oposto ao que um destro preferiria.

O nome Eglom significa “novilho”, aspecto que se repercute em toda a narrativa quando se enfatiza que era “gordo”.

Normalmente esta caracterização era positiva no antigo testamento, no qual o tamanho físico era sinal de grande riqueza. Entretanto, ao lado do nome Eglom, essa caracterização o destacou como um novilho cevado, pronto para o abate.

(Juízes 3:18-22) A morte de Eglom

v. 18 E quando ele terminou de oferecer o presente, ele despediu as pessoas que carregavam o presente. 

v. 19 Mas ele mesmo voltou-se novamente das pedreiras que ficavam junto a Gilgal, e disse: Tenho um recado secreto para ti, ó rei; que disse: Guarde silêncio. E todos os que estavam perto dele se retiraram da sua presença. 

v. 20 E Eúde veio até ele; e ele estava assentado em um salão de verão, que ele mantinha para si apenas. E Eúde disse: Tenho uma mensagem de Deus para ti. E ele se levantou do seu assento. 

v. 21 E Eúde estendeu à frente a sua mão esquerda, e pegou o punhal da sua coxa direita, e o cravou na sua barriga; 

v. 22 e o cabo também penetrou depois da lâmina; e a gordura se fechou sobre a lâmina, de modo que ele não conseguiu retirar o punhal da sua barriga; e a sujeira saiu. 

 Eúde foi enviado ao opressor Eglom para lhe entregar o tributo de Israel, missão que cumpriu e depois voltou para o território israelita.

É importante dizer que o ponto de referência que identificou o território de Israel foi junto aos ídolos que estão perto de Gilgal, um indicativo do estado da adoração israelita naqueles dias.

Em seguida, Eúde despediu o restante de seu grupo e voltou sozinho para se encontrar com Eglom. Ele apelou para a presunção de Eglom ao dizer, tenho um recado secreto para ti.

A palavra hebraica traduzida como “recado” também significa “palavra” ou “algo”. Os leitores originais devem ter “muito antes de entendido de que se tratava o “segredo” Eglom.

Uma vez a sós, Eúde entregou a “mensagem” de Deus para Eglom atravessando-o com a espada escondida.

Aparentemente, Eglom era tão gordo que os 45 centímetros, incluindo o cabo, couberam em sua barriga.

Algumas versões dizem que as entranhas de Eglom lou, mais precisamente, os excrementos dentro de seus intestinos saíram para fora, a humilhação definitiva do inimigo já derrotado de Israel.

(Juízes 3:24-26) Os servos

v. 24 Quando ele saiu, os seus servos chegaram; e quando viram, eis que as portas do salão estavam trancadas; e disseram: Certamente ele cobre os seus pés na sua câmara de verão. 

v. 25 E eles esperaram até ficarem envergonhados; e, eis que ele não abria as portas do salão; por isso pegaram uma chave e as abriram; e eis que o seu senhor estava caído morto em terra. 

v. 26 E Eúde escapou enquanto eles esperavam, e passou além das pedreiras, e escapou para Seirá. 

 A estupidez dos servos de Eglom deve ter sido cômica para os primeiros leitores de Juízes. O cheiro deve ter colaborado para que os servos achassem que o rei estava ocupado”.

De fato, o que estava dentro dos intestinos de seu senhor estava saindo, mas não do jeito que eles imaginaram.

(Juízes 3:27-30) O soar da trombeta

v. 27 E sucedeu que, quando chegou, ele soprou uma trombeta no monte de Efraim, e os filhos de Israel desceram com ele do monte, e ele diante deles. 

v. 28 E ele lhes disse: Sigam-me; pois o SENHOR entregou os vossos inimigos, os moabitas, na vossa mão. E eles desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão em direção a Moabe, e não permitiram que nenhum homem os atravessasse. 

v. 29 E eles mataram de Moabe naquele momento, cerca de dez mil homens, todos robustos, e todos homens de bravura; e dali não escapou um homem sequer. 

v. 30 Então Moabe foi subjugado naquele dia, sob a mão de Israel. E a terra teve descanso por oitenta anos. 

Então, Eúde soprou uma trombeta de chifre de carneiro, convocando Efraim para a guerra santa contra  os moabitas sem líder.

Ele atribuiu o mérito devido ao Senhor, que Se envolveu na batalha, e conduziu seu povo num ataque bem sucedido no vaus do Jordão, impedindo que os moabitas batessem em retirada e os separando de possíveis reforços que pudessem chegar.

Cerca de dez mil homens robustos e de bravura devem ser uma forma de afirmar que foi uma vitória esmagadora, de acordo com as regras da literatura antiga. O resultado da vitória foi oitenta anos de paz.

(Juízes 3:31) Sangar

v. 31 E depois dele foi Sangar, filho de Anate, que matou seiscentos homens dos filisteus com um aguilhão de boi; e ele também livrou Israel. 

 Esta nota curta apresenta Sangar, por vezes chamado de “juiz menor”, embora não seja dito explicitamente que ele julgou Israel.

Seu nome é extraordinário de duas maneiras: a forma “Sangar” não é a forma normal de um nome hebraico e a declaração do filho de Anate sugere que ele era (ou tinha sido) um seguidor de Anate, deusa cananeia da guerra.

Aparentemente este estrangeiro libertou Israel abatendo seiscentos filisteus com um aguilhão de bois. Os filisteus (ou Povos do Mar) não eram naturais de Canaã.

Eles chegaram ali entre XII e XI a.C., vindos da Anatólia e de Creta. A partir de suas bases na planície costeira, os filisteus se tornaram um crescente problema para os israelitas, empurrando-os do lado leste até o sopé dos montes de Israel.

Um aguilhão de bois era um bastão pontudo com mais de 2,40 metros de comprimento e uma ponta afiada, provavelmente de metal (1Sm 13:21).

Este é o primeiro de uma série de instrumentos incomuns usados para livramento no livro de Juízes, série que vai desde o martelo de Jael (Jz 4:21), passando pelos jarros e tochas de Gideao (Jz 7:19-20) até a queixada de jumento de Sansão (Jz 15:15).

Conclusão

Neste capítulo, constatamos o início do que podemos chamar de círculo vicioso, onde Israel se corrompia, então era oprimido, se arrependia e Deus enviava livramento.

É narrado que, inicialmente, os israelitas abandonaram ao Senhor e passaram a adorar os deuses daqueles povos estrangeiros e, ainda, davam suas filhas em casamento a eles e, como se não bastasse, tomavam as próprias filhas em casamento.

O capítulo se inicia com um esclarecimento da intenção divina em permitir que Israel coabitasse com aqueles povos que, na realidade, deveriam expulsar.

Essa permissão consiste no fato de que Deus poderia os livrar de transgredir, seja, eventualmente, manifestando-se de forma sobrenatural, enviando profetas, no entanto, a disciplina que eles vivenciariam se faria necessária para memorial e aprendizado.

A figura de um libertador os faria constatar que, por si mesmos, não poderiam livrar-se. Era necessário que Deus intervisse.

Então, vemos que o Senhor levanta, inicialmente, Otniel e, em seguida, Eúde. Ambos derrotaram reis que o próprio Deus permitiu que subjugassem aos israelitas, para os tratar.

Após a atuação destes libertadores, eles experimentavam longos períodos de paz e tudo se repetia. As escrituras ensinam que não existe nada de novo abaixo do sol (Eclesiastes 1:9).

A história sempre se repete, ao passo que as gerações mudam e, não é necessário que se passem muitas gerações para que as pessoas ignorem, totalmente, as experiências de seus antepassados, se não consideram esta realidade.

Os registros históricos são, neste sentido, um elemento primordial, quanto mais as próprias escrituras, as quais nos servem, além de tudo, com um manual de vida. Ter esta sabedoria como princípio, possui valor inestimável (Provérbios 24:32).

Juízes 3 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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