Lucas 13 Estudo: A Cura da Mulher Encurvada e o Reino de Deus
Em Lucas 13, é mostrado mais uma vez a autoridade de Jesus, a segurança e a maestria como ministrava seus sermões e como levava o povo a segui-lo pelo exemplo. Ele ensina que muitos sofrem males, não por serem piores do que outros, mas porque estão vivos, mas alerta que devemos vigiar e nos arrependermos, pois poderá acontecer conosco do mesmo modo.
Nesse momento, Ele cura uma mulher que andava curvada por 18 anos, sendo oprimida por Satanás, levando os fariseus a indignar-se pelo fato de tê-la curado em pleno shabat, onde lemos a frase clássica da religiosidade: “Há momentos específicos para a cura”.
Jesus os chama de hipócritas, porque eles cuidam de seus animais, mas não aceitam que Deus liberte uma filha dele no sábado.
Ele ensinará que o Reino de Deus é como um grão de mostarda, que quando cuidado e adubado, se torna um lugar para muitos, assim como o fermento que age em toda a massa, se espalhando.
Ele alertará sobre a porta estreita, que muitos vão querer entrar e tentarão se justificar, mas o Senhor não os reconhecerá. No fim, Ele prediz mais uma vez sua morte, e como Jerusalém persegue e mata os que vem à ela.
Contexto histórico
No capítulo anterior, Jesus nos ensinou sobre o fermento, aquilo escondido. Esse é o fermento, a hipocrisia, fingir algo que não é.
Ele nos alertou que tudo o que está escondido será revelado e que não devemos temer os que matam o corpo apenas, mas aquele que pode não só matar o corpo como nossa alma no inferno.
Ensinou que há um pecado sem perdão: a blasfêmia contra o Espírito. Vimos que não devemos ansiar pelos bens materiais, Deus sabe exatamente do que realmente precisamos, e que devemos apenas obedecer aos mandamentos, o Reino de Deus em primeiro lugar.
Por fim, Ele alerta sobre a sua vinda eminente, dizendo para que fiquem vigilantes, pois ninguém saberá a hora. Acompanhe a seguir o estudo completo de Lucas 13.
(Lucas 13:1-5) Arrependam-se
v. 1 Naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.
v. 2 E, Jesus respondendo, disse-lhes: Pensais que esses galileus, porque padeceram tais coisas, eram mais pecadores que os demais galileus?
v. 3 Eu vos digo: Não; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
v. 4 Ou aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, pensais que foram maiores pecadores do que todos os homens que habitavam em Jerusalém?
v. 5 Eu vos digo: Não; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Não se sabe por que Pôncio Pilatos (ver nota em Lc 3:1) matou estes galileus. A menção dos seus sacrifícios especifica que suas mortes ocorreram na região do templo, provavelmente relacionadas a uma das grandes festas religiosas, em que todos os homens judeus deveriam fazer uma peregrinação a Jerusalém.
Também não se sabe nada acerca das 18 pessoas que foram mortas com a queda da torre de Siloé na zona sudeste de Jerusalém.
As perguntas de Jesus sobre a pecaminosidade dos galileus e dos que foram mortos pela torre aparentemente foram motivadas pela opinião geral de que essas coisas só aconteciam como castigo por pecados específicos.
Jesus contrariou essa opinião e, ao mesmo tempo, enfatizou que todos precisam se arrepender, caso contrário, perecerão espiritualmente por toda a eternidade.
(Lucas 13:6-9) A parábola da Figueira
v. 6 Ele também falava esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; ele foi buscar fruto nela, e não o achou.
v. 7 Então, ele disse ao vinhateiro: Eis que há três anos eu venho buscar fruto nesta figueira e não o acho; corta-a. Por que ela ocupa inutilmente a terra?
v. 8 E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a também este ano, até que eu cave em seu redor e a esterque;
v. 9 e, se der fruto, bem; se não, então depois tu a cortarás.
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A figueira costuma ser usada como símbolo da nação de Israel (Mt 24:32-33). Embora as figueiras novas demorem para começar a dar fruto, três anos era tempo suficiente para a figueira amadurecer e dar seus frutos.
O ano adicional que o trabalhador da vinha pediu era a última chance de a árvore dar fruto. Caso contrário, ela seria cortada.
Essa parábola se refere à última chance de Israel antes do juízo. Se eles rejeitassem a mensagem de Jesus e Seus milagres, o tempo de paciência teria terminado. Todavia, resta uma esperança futura para Israel (Romanos 11).
(Lucas 13:10-13) A cura da mulher encurvada
v. 10 E ele ensinava em uma das sinagogas no shabat.
v. 11 E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade fazia dezoito anos; e estava curvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
v. 12 E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, tu estás liberta da tua enfermidade.
v. 13 E ele impôs suas mãos sobre ela; e imediatamente ela se endireitou, e glorificava a Deus.
A menção desta cura ter sido feita no shabat nos faz lembrar a controvérsia anterior de Jesus com os líderes religiosos (Lc 6:1-11).
A mulher que Ele curou tinha uma grave curvatura da coluna vertebral, causada de alguma forma por um demônio (um espírito maligno). A cura envolveu dois atos:
- Expulsar o demônio e
- Endireitar a coluna.
Este versículo não significa que as deformidades e doenças costumam ser causadas por demônios. Aparentemente este caso era muito raro, um reflexo da guerra espiritual aumentada que estava havendo quando Cristo estava na terra.
(Lucas 13:14-16) A hipocrisia dos fariseus
v. 14 E o governante da sinagoga respondeu com indignação, porque Jesus havia curado no dia do shabat, e disse à multidão: Seis dias há em que o homem deve trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia do shabat.
v. 15 O Senhor respondeu-lhe, e disse: Hipócritas! No shabat não solta da manjedoura cada um de vós o seu boi ou jumento, e não o leva para beber água?
v. 16 E não devia esta mulher, sendo filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás havia prendido, ser solta desta prisão no dia do shabat?
O governante da sinagoga rejeitou a cura porque era o mesmo que trabalhar e, portanto, violava o shabat (ver nota em Êx 20:8-11).
O fato de Jesus usar o plural hipócritas mostra que Ele sabia que este líder estava falando em nome de muitos outros, que tinham a mesma opinião.
Jesus revelou a hipocrisia deles mostrando que todos precisavam fazer algum tipo de trabalho no shabat, neste caso cuidar dos animais da fazenda.
E será que uma mulher judia (filha de Abraão), escravizada por Satanás por tanto tempo, também não deveria ser solta (desamarrada; “desatá-la”) no shabat?
(Lucas 13:17) Jesus os envergonha
v. 17 E, dizendo ele estas coisas, todos os seus adversários ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.
Aqueles que estavam do lado do governante da sinagoga ficaram envergonhados porque ficou parecendo que eles tinham mais compaixão pelos animais do que de uma mulher endemoniada e desfigurada.
(Lucas 13:18-21) O reino de Deus
v. 18 Então ele disse: A que é semelhante o reino de Deus, e a que eu devo comparar?
v. 19 É semelhante a um grão de semente de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu e fez-se grande árvore; e as aves do céu se aninharam em seus ramos.
v. 20 E ele disse outra vez: A que eu compararei o reino de Deus?
v. 21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas da refeição, até ficar tudo fermentado.
Estas duas parábolas fazem alusão ao surpreendente avanço do reino de Deus (o domínio de Deus neste mundo) que Jesus iniciou.
A primeira história focaliza o início pequeno do Reino (semelhante a um grão de semente de mostarda, que proverbialmente era considerada a menor semente do mundo antigo) e sua dramática propagação (uma árvore… seus ramos) por meio do ministério de Jesus.
A segunda parábola reforça a primeira e diz que, no final, o Reino de Deus se estenderia toda a terra, assim como o fermento é capaz de se espalhar em três medidas da refeição.
Embora seja verdade que o levedo, ou fermento, costuma simbolizar o mal na Bíblia (1Co 5:6), esta passagem é uma clara exceção.
Nessa perícope, o levedo é usado de maneira positiva e nos traz à mente a potência da mensagem de Jesus e de Suas obras em favor da humanidade.
(Lucas 13:22-23) Os salvos
v. 22 E ele percorria as cidades e as aldeias, ensinando e viajando em direção a Jerusalém.
v. 23 Então, disse-lhe um: Senhor, são poucos os que são salvos? E ele lhe disse:
Lucas estruturou seu Evangelho de maneira a enfatizar que Jesus estava viajando em direção a Jerusalém a fim de morrer na cruz.
A pergunta são poucos os que são salvos? reflete dois fatos importantes acerca do ministério de Jesus:
- Muitos de Seus ensinamentos insistem no fato de que o verdadeiro discipulado traz muitos desafios difíceis, e
- Embora grandes multidões viessem ouvir Jesus em todas as cidades e aldeias, eram relativamente poucos os que realmente O seguiam como discípulos.
(Lucas 13:24-27) A porta estreita
v. 24 Esforçai-vos para entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não serão capazes.
v. 25 E uma vez que o dono da casa tiver levantado e fechado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; ele respondendo, vos dirá: Eu não sei de onde vós sois;
v. 26 então, começareis a dizer: Nós comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas.
v. 27 Mas ele vos responderá: Digo-vos que eu não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, todos vós trabalhadores da iniquidade.
Esta história de Jesus respondeu à pergunta do v. 23. Senhor, são poucos os que são salvos? Porque as pessoas não estão entrando pela porta estreita (a fé em Jesus), apesar do Senhor lhes dar essa oportunidade (neste caso, enquanto Jesus estava presente, pregando o evangelho).
Os incrédulos até podiam dizer que conheciam Jesus em Sua vida social (comemos e bebemos contigo) e ministério público (ensinaste nas nossas ruas), mas não conhecem o Senhor de maneira pessoal como seu Salvador (não sei de onde vós sois).
Por não terem sido justificados (declarados justos) por meio da fé em Cristo (Rm 5:1), eram “trabalhadores da iniquidade”, afinal.
(Lucas 13:28-29) Choro e ranger de dentes
v. 28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
v. 29 E eles virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul e assentar-se-ão no reino de Deus.
Uma ironia da vida eterna no reino de Deus é que muitos judeus, apesar de serem o original povo do pacto de Deus, serão deixados de fora por causa de sua incredulidade, ao passo que muitos gentios crentes ocuparão os seus lugares à mesa em plena comunhão, por terem aceito a oferta de reconciliação de Deus em Jesus.
Haverá muita angústia e sofrimento entre os judeus que ficarem de fora (choro e ranger de dentes).
(Lucas 13:30) Os últimos serão os primeiros
v. 30 E eis que, há últimos que serão primeiros; e primeiros que serão últimos.
O Reino de Deus inverte muitos dos valores deste mundo. No presente contexto, a inversão parece se referir ao fato de que os gentios crentes historicamente não faziam parte do povo do pacto de Deus (Israel), mas se tornaram os primeiros a receber em massa o Messias.
Por outro lado, os judeus, que cronologicamente foram os primeiros no plano de Deus, se tornaram espiritualmente os últimos, porque a maior parte deles rejeitou Jesus. Os judeus só irão aceitar Jesus em grande quantidade perto do final dos tempos.
(Lucas 13:31-34) Jesus prediz sua morte
v. 31 No mesmo dia vieram alguns fariseus e lhe disseram: Sai e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
v. 32 E ele lhes disse: Ide e dizei àquela raposa: Eis que eu expulso demônios, e realizo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei aperfeiçoado.
v. 33 Todavia, eu devo caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte; porque não pode um profeta perecer fora de Jerusalém.
v. 34 Ó Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que a ti são enviados; quantas vezes eu quis ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e vós não quisestes!
Parece que Jesus levou o alerta destes fariseus ao pé da letra, embora dificilmente eles realmente desejassem proteger Jesus de Herodes Antipas.
O mais provável é que eles simplesmente quisessem que o Mestre fosse embora da região.
Apesar do v. 32 aparentar que Jesus continuou mais três dias ali, a menção subsequente de caminhar para Jerusalém a fim de morrer nesse lugar deixa claro que este versículo é uma referência velada a Sua ressurreição vindoura.
A menção de Jerusalém e de Sua própria morte como profeta, em breve, permitiu que Jesus relembrasse o histórico de Jerusalém de matar os profetas que Deus lhe enviava.
Muitas e muitas vezes Jerusalém se afastou do alcance compassivo de Deus (retratado como uma mãe galinha ajuntando seus pintinhos). Em breve, a cidade faria o mesmo com Jesus, o Filho de Deus.
(Lucas 13:35) Não me vereis até a minha volta
v. 35 Eis que a vossa casa vos é deixada desolada; e em verdade eu vos digo: Não me vereis até que venha o tempo em que direis: Bendito é o que vem em nome do Senhor!
A vossa casa vos é deixada desolada (Gr. gphiemi, “abandonar”) revela que a bênção e a proteção de Deus seriam removidas de Jerusalém e, no final, a cidade sofreria o juízo, sendo destruída pelos romanos em 70 d.C. Bendito é o que vem em nome do Senhor é uma citação de Sl 118:26.
Mais tarde, esta expressão foi usada na “entrada triunfal” de Jesus (ver nota em Lc 19:37-38), mas nesse contexto parece que ela olha adiante, referindo-se à segunda vinda de Cristo (ver Zc 12:10 – Ap 1:7).
5 importantes lições que podemos aprender em Lucas 13
- O Chamado ao Arrependimento: Jesus enfatiza a necessidade do arrependimento, advertindo que todos precisam se arrepender para evitar a perdição espiritual. Isso nos lembra da importância de reconhecer e abandonar nossos pecados para encontrar a salvação em Cristo.
- A Parábola da Figueira Estéril: Jesus conta a parábola da figueira estéril, ilustrando a necessidade de frutificar espiritualmente. Isso nos desafia a avaliar nossas vidas e garantir que estejamos produzindo frutos de justiça e santidade em resposta ao amor de Deus por nós.
- A Simplicidade do Reino de Deus: Jesus ensina sobre a natureza do Reino de Deus, comparando-o a uma semente de mostarda e ao fermento na massa. Isso nos lembra que o Reino de Deus cresce de maneira aparentemente insignificante, mas tem um impacto transformador em nossas vidas e no mundo ao nosso redor.
- A Lamentação sobre Jerusalém: Jesus expressa sua tristeza sobre a rejeição de Jerusalém ao seu ministério e profetiza sua destruição por causa da incredulidade. Isso nos alerta sobre as consequências espirituais da rejeição de Cristo e nos lembra da importância de recebermos sua mensagem de salvação.
- A Curva de uma Mulher Enferma: Jesus cura uma mulher que estava encurvada por dezoito anos, demonstrando seu poder e compaixão. Isso nos lembra do cuidado de Cristo pelos aflitos e oprimidos, incentivando-nos a buscar sua cura e libertação em todas as áreas de nossas vidas.
Conclusão
Que capítulo! Que ensinamentos! Jesus continua revelando seu reino, aos seus discípulos, ao povo, aos fariseus, aos que o perseguiam, e a nós, hoje.
Ele novamente reforça a ideia de quem devemos nos arrepender, porque há circunstâncias na vida que vem sem avisar e devemos estar prontos, mesmo sendo bons.
Ao calar a hipocrisia de muitos, Jesus também nos ensina que não há momento para se libertar ou ser instrumento de Deus para libertar a vida de alguém que precisa, que a religiosidade não deve nos limitar em romper em obediência a Deus, mesmo no sábado, curando uma mulher que havia 18 anos que era oprimida por Satanás.
Ao fazer isso, o Reino de Deus começa a se espalhar, assim como Ele compara, com o grão de mostarda e com o fermento na massa, o Reino irá se espalhar havendo que o cuide e regue, quem trabalhe e espalhe no mundo! Glória a Deus.
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