Lucas 14 Estudo: A Verdadeira Honra
Em Lucas 14, veremos que Jesus Cristo mostra mais uma vez que o sábado é mais um dia em que adoramos a Deus por sua bondade e devemos fazer o bem. Na ocasião, o Senhor cura um homem inchado e os fariseus, como sempre, ficam irritados e Ele os questiona: Se um de vocês tiver um filho ou um boi, e este cair num poço no dia de sábado, não irá tirá-lo imediatamente? Uma das maiores lições dos ensinamentos de Jesus é a humildade.
O ser humano por natureza deseja a glória, o lugar de destaque, o reconhecimento. Nesta passagem ele nos ensina que isso deve ser algo natural, e que devemos viver de maneira excelente e dando o nosso melhor.
Se em virtude disso somos honrados, estamos colhendo o fruto do nosso empenho, mas se, porém, quisermos honra apenas por vaidade, seremos envergonhados.
Ainda falando sobre honra, o Senhor Jesus dá um exemplo de quem devemos convidar para um banquete. Normalmente convidamos pessoas amigas, que amamos, mas Jesus contraria este pensamento e nos estimula a fazer diferente.
Na parábola da grande ceia, Jesus mostra a atitude de Deus para com Israel. O povo que recebeu a revelação inicial o desprezou. Sendo assim, Deus enviou seu Filho para espalhar o convite e atrair para o Reino de Deus, gente de todas as nações.
Israel perdeu a exclusividade na eleição. O Senhor também fala abertamente sobre as renúncias que teremos de fazer para segui-lo e que devemos fazer isso diariamente.
Contexto histórico
O capítulo anterior nos mostrou a autoridade, segurança e a maestria como Jesus ministrava seus sermões. Ele ensinou que muitos sofrem males e nos alerta que devemos vigiar e nos arrependermos, pois pode acontecer conosco também.
Jesus curou uma mulher curvada há 18 anos, sendo oprimida por Satanás, e os fariseus o condenam, mas Jesus os chama de hipócritas, porque eles cuidam de seus animais, mas não aceitam que Deus liberte uma filha no sábado.
Aprendemos que o Reino de Deus é como um grão de mostarda, que quando cuidado, se torna um lugar para muitos, assim como o fermento que age na massa.
Recebemos um alerta também sobre a porta estreita e vimos Jesus predizendo mais uma vez sua morte e falando de como Jerusalém persegue e mata os profetas que vem até ela. Acompanhe a seguir o estudo completo de Lucas 14.
(Lucas 14:1-4) A cura do homem inchado
v. 1 E aconteceu que, entrando ele na casa de um dos principais fariseus para comer pão no dia do shabat, eles o estavam observando.
v. 2 E eis que estava ali diante dele um certo homem hidrópico.
v. 3 E Jesus, respondendo, falou aos doutores da lei e aos fariseus, dizendo: É lícito curar no dia do shabat?
v. 4 E eles calaram-se. E tomando-o, ele o curou e o deixou ir;
Esta passagem continua o tema dos fariseus tentando apanhar Jesus em uma armadilha (ver Lc 6:1-11). Hidrópico descreve uma condição conhecida como “hidropsia”, cujo principal sintoma eram os membros inchados Jesus fez cinco milagres no shabat em Lucas (Lc 4:31).
Os mestres da lei (juristas) e os fariseus provavelmente não quiseram responder à pergunta de Jesus sobre ser lícito curar no dia do shabat porque outros já haviam sido humilhados ao tentar debater este tópico com Jesus (ver nota em Lc 13:17).
(Lucas 14:5-6) O questionamento de Jesus
v. 5 e perguntou-lhes, dizendo: Qual será de vós que, tendo um jumento ou boi que caindo em um poço, não o retira imediatamente no dia do shabat?
v. 6 E, novamente, eles não puderam lhe responder acerca dessas coisas.
O mandamento de não trabalhar no shabat (Dt 5:12-14) não deveria ser entendido como dizendo que era proibido salvar (pessoas ou animais) no shabat.
(Lucas 14:7-10) A grande honra
v. 7 E ele propôs aos convidados uma parábola, reparando como eles escolhiam os principais lugares, dizendo-lhes:
v. 8 Quando tu fores convidado por algum homem para as bodas, não te assentes no primeiro lugar, para que não aconteça que esteja convidado um homem mais honrado do que tu,
v. 9 e, vindo o que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este homem; e então com vergonha, tenhas de tomar um lugar inferior.
v. 10 Mas, quando fores convidado, vai e assenta-te no lugar inferior, para que, quando vier o que te convidou, ele possa te dizer: Amigo, sobe para cá. Então, terás honra diante dos que estiverem assentados contigo na mesa.
Em um banquete, os principais lugares são os que ficam perto do anfitrião. Com esta parábola, Jesus quis dizer que o perigo de, arrogantemente, escolher o melhor lugar do banquete era que a pessoa que o convidou – no caso, Deus – poderia pedir que você saísse dali e fosse para um lugar inferior da mesa do banquete, trazendo humilhação em vez de honra. Era mais sábio sentar no lugar dos humildes e então ser convidado para passar para um lugar de honra.
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(Lucas 14:11) Se humilhe
v. 11 Porque, qualquer que se exaltar a si mesmo, será humilhado, e aquele que se humilhar a si mesmo, será exaltado.
O princípio de que a arrogância leva à humilhação aparece várias vezes na literatura de sabedoria do antigo testamento, principalmente em Provérbios.
O fato de que a humildade pode levar à exaltação é um tema comum nas páginas do novo testamento (Lc 18:14 – Tg 4:10 – 1Pe 5:6).
(Lucas 14:12-14) A verdadeira hospitalidade
v. 12 E ele disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos, para que não aconteça que eles também te tornem a convidar, e te seja recompensado.
v. 13 Mas, quando tu deres um banquete, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos;
v. 14 e tu serás abençoado; porque eles não podem te recompensar; pois tu serás recompensado na ressurreição dos justos.
A verdadeira hospitalidade (dar um jantar ou um banquete) terá recompensa do Senhor se você convidar aqueles que não podem retribuir o favor.
A ressurreição dos justos é o lado positivo da ressurreição mencionada nos texto de Dn 12:2. Provavelmente é o mesmo que a “primeira ressurreição” citada em Ap 20:4-6.
(Lucas 14:15) Comer o pão
v. 15 E, ao ouvir estas coisas, um dos que estavam assentados com ele à mesa, disse-lhe: Abençoado é o que comer pão no reino de Deus.
A declaração sobre abençoado é o que comer pão no reino de Deus futuro é verdadeira. A pessoa, no entanto, que disse isso provavelmente achava que muitos que estavam à mesa na casa do fariseu (v. 1) teriam essa bênção; esta pessoa estava enganada.
A história que Jesus conta a seguir (v. 16-24) mostra uma realidade bem diferente.
(Lucas 14:16-20) O grande banquete
v. 16 Então, ele lhe disse: Certo homem fez uma grande ceia e convidou a muitos;
v. 17 e enviou seu servo, na hora da ceia, para dizer aos convidados: Vinde, pois todas as coisas estão preparadas.
v. 18 E todos em consenso começaram a dar desculpas. O primeiro disse-lhe: Eu comprei um pedaço de terra, e preciso ir vê-lo; peço-te que me desculpes.
v. 19 E outro disse: Eu comprei cinco juntas de bois, e vou examiná-las; peço-te que me desculpe.
v. 20 E outro disse: Casei-me e, portanto, não posso ir.
Esta história representa aqueles que são convidados para a grande ceia do Messias no Reino de Deus futuro (v. 15).
Todos aqueles que foram convidados primeiro (os líderes religiosos do povo judeu) deram desculpas para não ir.
(Lucas 14:21-24) Os gentios receberão o reino dos Céus
v. 21 E, vindo aquele servo, anunciou essas coisas ao seu senhor. Então, o dono da casa, irritado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, e os aleijados, e os coxos, e os cegos.
v. 22 E disse o servo: Senhor, está feito como tu ordenaste, e ainda há lugar.
v. 23 E disse o senhor ao servo: Sai pelas estradas e sendas, e obriga-os a entrar, para que a minha casa possa estar cheia.
v. 24 Porque eu vos digo: Que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
Após a rejeição daqueles que representavam os líderes religiosos, os desfavorecidos a quem Jesus veio ministrar (Is 61:1) foram convidados.
Porém, ainda havia lugar para mais gente. Então, um grupo ainda maior também foi convidado (pessoas que vieram das estradas).
Estes são os gentios. À participação dos não judeus no evangelho é um tema comum no Evangelho de Lucas.
(Lucas 14:25-26) O fardo de seguir a Jesus
v. 25 E iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
v. 26 Se algum homem vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e esposa, e filhos, e irmãos, e irmãs, sim, e também a sua própria vida, ele não pode ser meu discípulo.
“Aborrecer” é uma hipérbole que expressa o mesmo princípio encontrado em Mt 10:37, onde Jesus diz: “O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim”.
Lucas e Mateus querem dizer a mesma coisa. Os discípulos devem amar mais a Jesus do que a sua própria família.
(Lucas 14:27) Carregue sua cruz
v. 27 E quem não carregar a sua cruz, e não vir após mim, não pode ser meu discípulo.
Sobre carregar a cruz, ver nota em Lc 9:23.
(Lucas 14:28-32) O preço do discipulado
v. 28 Porque qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro para calcular o seu custo, para ver se tem o suficiente para acabá-la?
v. 29 Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não sendo capaz de acabá-la, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
v. 30 dizendo: Este homem começou a edificar e não foi capaz de acabar.
v. 31 Ou qual é o rei que, indo guerrear contra outro rei, não se assenta primeiro a se aconselhar se com dez mil é capaz de sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
v. 32 Do contrário, estando o outro ainda longe, ele envia embaixadores e pede condições de paz.
É necessário calcular o preço de ser um discípulo de Cristo. Assim como o homem que não prevê o custo total da construção de uma torre é ridicularizado por ter “começado algo que não pôde terminar, o discípulo também” deve entender qual o preço para completar a carreira cristã antes de assumir este compromisso.
Da mesma forma, um rei deve considerar friamente as probabilidades antes de decidir entre guerra e paz.
(Lucas 14:33) A essência de ser discípulo
v. 33 Assim, pois, qualquer de vós que não renunciar a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.
A essência de ser um discípulo de Cristo é o compromisso incondicional com Ele. Isso envolve abrir mão das coisas materiais deste mundo.
(Lucas 14:34-35) Sedes sal da terra
v. 34 Sal é bom; mas, se ele perder o sabor, com que se há de temperar?
v. 35 Nem servirá para a terra, nem para adubo; mas homens lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
A maior parte do sal do mundo antigo não era pura e perdia seu sabor (“insípido“) facilmente, tornando-o impróprio até para ser usado como fertilizante ou catalisador para se queimar esterco.
O perigo de deixar nosso testemunho “perder o sabor” é que podemos ser descartados do serviço do Senhor. Sobre ouvidos para ouvir, ver nota em Lc 8:5-8.
5 importantes lições que podemos aprender em Lucas 14
- Humildade e Serviço: Jesus ensina sobre a importância da humildade ao ser convidado para um banquete e observar como as pessoas escolhem os melhores lugares. Ele destaca que quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado. Isso nos lembra da importância de servir aos outros com humildade, sem buscar reconhecimento ou posição elevada.
- Generosidade e Misericórdia: Jesus conta a parábola do grande banquete, onde o anfitrião convida pessoas de diferentes origens para a sua festa. Isso nos ensina sobre a generosidade de Deus, que oferece salvação a todos, independentemente de sua posição social ou histórico pessoal. Também nos desafia a praticar a mesma generosidade e misericórdia em nossas vidas, acolhendo e servindo aqueles que estão em necessidade.
- Compromisso Total com Cristo: Jesus enfatiza a importância de contar o custo de seguir a Ele. Ele usa a ilustração da construção de uma torre e da preparação para a batalha para destacar a necessidade de compromisso total e renúncia de tudo para ser Seu discípulo. Isso nos lembra que seguir a Cristo requer um compromisso total e sacrifício de nossas próprias vontades e desejos.
- Valorizar a Família Espiritual: Jesus ensina sobre a importância de priorizar o Reino de Deus sobre os relacionamentos familiares terrenos. Ele declara que aqueles que fazem a vontade de Deus são Sua família. Isso nos desafia a valorizar e priorizar os relacionamentos espirituais e a comunhão com outros crentes, reconhecendo que somos parte da família de Deus.
- Renúncia e Discipulado: Jesus conclui com a advertência de que seus discípulos devem renunciar a tudo, inclusive a si mesmos, para segui-Lo. Ele enfatiza que seguir a Cristo exige compromisso total e renúncia de nossos próprios interesses. Isso nos desafia a avaliar se estamos dispostos a renunciar a tudo por amor a Cristo e a abraçar o chamado ao discipulado radical.
Conclusão
Uma das coisas que mais irrita a Deus é a hipocrisia. Não podemos servir ao Senhor fingindo ser uma coisa que não somos ou cobrando dos outros as coisas que nós não fazemos!
Ele mostra isso aos fariseus salvando seu filho e seu boi, mas que condenavam a cura no sábado. Outro momento sagrado é o da refeição, é um momento familiar, de aconchego, de gratidão, de relacionamento.
Ao convidar alguém fragilizado, assim como Jesus nos ensina através da parábola, você se mostrará à disposição, aberto a ajudar, abraçar. É uma demonstração de cuidado e amor.
Observe que no Salmo 23, o Pastor prepara uma mesa para o peregrino que está fugindo de seus inimigos: “Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos.
Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice”. (Salmos 23:5). A parábola da grande ceia nos mostra o agir de Deus em relação a Israel, aqueles que receberam a promessa da lei, mas que desprezaram ao reino.
Deus Pai envia seu Filho e não expande o convite e resolve atrair gente de todas as nações. Israel acaba de perder a exclusividade e agora “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
Hoje, muitas pessoas acreditam que podem escolher o que viver no Evangelho. Na verdade, é uma vida tão comum que nem chega a parecer com o discipulado de Cristo.
Ou seja, a renúncia, a morte diária, o descontentamento com as “modas do mundo”, a inimizade com o mundo, denúncia ao pecado e amor ao pecador, são as marcas de um verdadeiro cristão, portanto, não desista e não tenha uma vida cristã corrupta e de pecado.
Seja um verdadeiro servo de Jesus, porque valerá muito a pena.
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