Lucas 3 Estudo: A Pregação de João e o Batismo de Jesus
Em Lucas 3, veremos que João começa o seu ministério no deserto próximo ao Jordão. Ele era um profeta diferente, sua missão era preparar o coração do povo para Jesus. A pregação de João confrontava ao arrependimento, a mudança de atitude, que acontecia de fato, com eles sentindo o constrangimento da palavra, perguntando a João o que deviam fazer.
Ele os instruía no caminho de santidade e os exortava a que dessem frutos de arrependimento. O testemunho de João era tão forte e tão poderoso, que as pessoas passaram a pensar que ele era o Cristo mesmo sem realizar nenhum milagre.
Contudo, ele era o milagre. Ele era a voz. João dizia que o Messias seria muito maior do que ele. Enquanto eu “Eu os batizo com água… Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo”.
Certo dia então, enquanto batizava no Jordão, Jesus chegou, no entanto, quando ele foi batizado por João, enquanto ainda orava, o Espírito Santo desceu sobre ele e a voz de Deus Pai foi ouvida por todos dizendo: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”.
Contexto histórico
Iniciando com uma lista de todas as autoridades locais da época e encerrando com a genealogia de Jesus, este capítulo apresenta a disparidade entre o governo da terra e o governo do Céu.
Todos os nomes citados no início, por mais que seus cargos lhe conferissem privilégios, não se comparavam com o nome acima de todos que encerra o capítulo.
Ao vir a João “a palavra de Deus, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados”, apresentou-se perante o mundo o que já estava previsto desde a sua criação, ou seja, a autoridade maior da igreja de Deus, o sumo sacerdote.
Deus conferiu a um andarilho do deserto um poder que autoridade humana nenhuma poderia superar. Movido pelo Espírito Santo, chamava o pecado pelo nome.
Mas não com o fim de puni-los, e sim de corrigi-los e endireitar “as suas veredas”. Diante das multidões, sua voz clamava em favor daquele que viria após ele, preparando seus corações para recebê-Lo.
A finalidade de João colocar o “dedo na ferida” daqueles que o ouviam não era para magoá-la ainda mais, mas para que os “feridos” sentissem a dor de quem necessita de cura.
Aquelas respostas dadas por João ao povo não representavam salvação por obras, mas os frutos da salvação, ou seja, a consequência de quem já foi salvo.
Que o Espírito Santo continue nos guiando “a toda a verdade”, fazendo de nós suas testemunhas nos últimos dias, que anunciemos “o evangelho ao povo”. Acompanhe a seguir o estudo completo de Lucas 3.
(Lucas 3:1) César
v. 1 Ora, no décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes sendo o tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da região de Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene,
O décimo quinto ano do reinado de Tibério César pode ter sido no mínimo 26 d.C. e no máximo 29 d.C., porque Tibério já tinha recebido parte de sua autoridade de seu padrasto, Augusto (ver nota em Lc 2:1), muitos anos antes dele morrer.
Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Samaria e Idumeia (região ao sul da Judeia e a oeste do mar Morto) de 26-36 d.C. Ele era responsável pela administração e coleta de impostos regional.
Quando Herodes, o Grande, morreu (4 a.C.), seu filho Herodes Antipas se tornou tetrarca (um príncipe secundário) da Galileia e da Pereia (região a leste do rio Jordão) e seu outro filho, Herodes Filipe, foi tetrarca da Itureia e da região de Traconites (a leste e a nordeste do mar da Galileia) de 4-34 d.C.Nada se sabe acerca de Lisânias, tetrarca de Abilene (região próxima a Damasco).
(Lucas 3:2-3) Anás e Caifás
v. 2 sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio a palavra de Deus até João, filho de Zacarias, no deserto.
v. 3 E ele percorreu toda a região ao redor do Jordão, pregando o batismo do arrependimento para remissão dos pecados;
Teoricamente, o sumo sacerdócio de Anás terminou em 18 d.C. Ele continuou, no entanto, usando o título de sumo sacerdote e exercendo considerável influência enquanto seu genro Caifás era sumo sacerdote a maior parte do tempo até 37 d.C.
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João Batista viveu no deserto da Judeia por alguns anos (ver nota em Lc 1:80) e depois se mudou alguns quilômetros para nordeste, para a região ao redor do rio Jordão, provavelmente não muito ao norte do mar Morto.
João pregava o arrependimento (mudança de mente e coração, neste caso em relação a Jesus e aos pecados de cada um) para remissão dos pecados, usando o batismo de água como sinal externo da purificação interna.
(Lucas 3:4-6) Voz do que clama em meio ao deserto
v. 4 conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, dizendo: A voz de um clamando no deserto: Preparai o caminho do Senhor, faça seus caminhos retos.
v. 5 Todo vale se encherá, e todo monte e colina serão reduzidos; o que é torto será feito reto, e os caminhos acidentados serão aplanados;
v. 6 e toda carne verá a salvação de Deus.
A citação de Is 40:3-5 mostra que João era o precursor do Messias (preparai o caminho do Senhor; ver Ml 3:1 Ml4:5).
A linguagem apocalíptica descreve de maneira figurada toda a terra ficando em pé de igualdade (todo monte e colina será reduzido) e todos os “caminhos sendo reto antes da chegada do Messias. Toda carne indica que tanto judeus como gentios veriam a salvação de Deus.
(Lucas 3:7) Raça de víboras
v. 7 Então, ele dizia às multidões que vinham para ser batizadas por ele: Ó geração de víboras, quem vos advertiu para fugir da ira vindoura?
Dentre as multidões que se ajuntavam para ouvir João pregar (ver nota no v. 2-3) e serem batizados (Gr. boptizo; “lavar, mergulhar”), algumas pessoas não eram sinceras.
João as chamou de cobras venenosas e as advertiu a mudar de atitude e fugir da ira vindoura (i.e., do juízo, baseado na ira justa de Deus). Jesus é quem salva os cristãos da ira que há de vir” (1Ts 1:10).
(Lucas 3:8-9) Frutos do arrependimento
v. 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer dentro de vós mesmos: Nós temos a Abraão por nosso pai; porque eu vos digo: Que destas pedras, Deus pode levantar filhos a Abraão.
v. 9 E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, portanto, que não produz bom fruto é cortada, e lançada no fogo.
Os frutos (impacto comportamental) do arrependimento (ver nota nos v. 10-14) – ou a falta deles – provam se a pessoa se arrependeu de verdade ou não.
No dia do juízo (está posto o machado), a alegação de ascendência judaica (Abraão por nosso pai) não vai significar nada, a menos que a fé da pessoa seja verdadeira, como a de Abraão (ver Gn 15:6 – Gl 3:6-7).
(Lucas 3:10-14) O que faremos?
v. 10 E o povo perguntava-lhe, dizendo: Então, o que nós faremos?
v. 11 Ele respondendo, disse-lhes: Aquele que tiver duas túnicas, reparta com o que não tem; e aquele que tem alimentos, faça o mesmo.
v. 12 Então, vieram também os publicanos para serem batizados e disseram-lhe: Mestre, o que nós faremos?
v. 13 E ele disse-lhes: Não cobreis além daquilo que vos foi designado.
v. 14 E também os soldados perguntaram-lhe, dizendo: E nós, o que faremos? E ele lhes disse: Não pratiqueis violência a nenhum homem, nem acuseis ninguém falsamente, e contentai-vos com o vosso salário.
A pergunta que o povo fez a João (então, o que nós faremos?) é a mesma que foi feita a Pedro no Pentecostes (At 2:37).
Para o povo em geral, João respondeu: tenham compaixão (reparta com o que não tem); para os publicanos (“cobradores de impostos”, eles tinham permissão de aumentar os impostos para cobrir “despesas”): não cobreis nada além do que é devido; para os soldados: não abusem do poder militar, pelo contrário, contentai-vos com o vosso salário.
(Lucas 3:15-17) Acham que João é o Cristo
v. 15 E, enquanto o povo estava em expectativa, e todos os homens meditavam em seus corações sobre João, se ele era o Cristo ou não,
v. 16 João respondeu, dizendo a todos: Em verdade, eu vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias de seus calçados; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo;
v. 17 cuja a pá está em sua mão, e ele limpará cuidadosamente a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro; mas ele queimará a palha no fogo inextinguível.
João sabia que a multidão do povo queria saber se ele era o tão esperado Cristo. João respondeu que não havia comparação entre seu batismo com água e o batismo do Messias com o Espírito Santo (ver At 1:5 – 1Co 12:13) e com o fogo do juízo.
Sobre limpará cuidadosamente a sua eira, ver Rt 3:1-3. A palha (que representa os incrédulos) é a casca inútil que fica em cima do trigo (i.e., os crentes); ela é separada na colheita e depois queimada.
Fogo inextinguível se refere, em última instância, ao lago de fogo que arde com enxofre… para todo o sempre (Ap 20:10).
(Lucas 3:18) A exortação do Batista
v. 18 E muitas outras coisas em sua exortação ele pregava ao povo.
Além de pregar arrependimento (v. 3), João também pregava ao povo (Gr. eugngelizo; “pregar o evangelho”), de acordo com as profecias que diziam que o Cristo anunciaria as novas de salvação (ver nota em Lc 4:18).
(Lucas 3:19) A fala contra Herodes e sua esposa
v. 19 Mas Herodes, o tetrarca, sendo repreendido por ele, por causa de Herodias, esposa de seu irmão Filipe, e por todas as maldades que Herodes havia feito,
Sobre Herodes Antipas, o tetrarca, ver nota no v.1. Antipas se divorciou de sua esposa, filha do rei Aretas IV da Arábia, a fim de se casar com a mulher de seu irmão Filipe (Mt 14:3). Esse tipo de casamento era proibido pela Lei de Moisés (Lv 18:16 – Lv 20:21).
(Lucas 3:20) O plano de prender João
v. 20 acrescentou a todas elas ainda esta, a de prender João na prisão.
Estes eventos não estão em ordem cronológica, pois João não poderia ter batizado Jesus (ver nota nos v. 21-22) na prisão.
Lucas se concentrou na discussão do ministério de João antes de passar para o início do ministério de Jesus.
O Batista foi preso em algum momento antes de Jesus dar início a Seu ministério público (Jo 3:22-24). Josefo, historiador judeu, afirmou que João estava na prisão de Maqueronte, a leste do mar Morto.
(Lucas 3:21-22) Jesus é batizado
v. 21 Ora, quando todo o povo fora batizado, aconteceu que Jesus também foi batizado, e orando, o céu foi aberto,
v. 22 e o Espírito Santo desceu como uma pomba em forma corpórea sobre ele, e uma voz veio do céu, dizendo: Tu és o meu Filho amado, em ti eu me comprazo.
Jesus não foi batizado para o perdão de pecados como todos os outros que João batizou. Pelo contrário, Ele foi batizado para identificar a Si mesmo e a Seu ministério com o ministério e a mensagem de Seu precursor (ver notas em Lc 15-17).
A oração (e principalmente Jesus orando) é fortemente enfatizada no Evangelho de Lucas. Esta é a primeira das três vezes que os Evangelhos relatam uma voz do céu falando acerca de Jesus.
As outras duas são na transfiguração (ver nota em Lc 9:34-35) e no templo, na Semana da Paixão (Jo 12:28).
Esta é uma passagem relativamente rara nas Escrituras, em que as três pessoas da Trindade são mencionadas ao mesmo tempo: (1) o Pai, que disse Tu és o meu Filho amado, (2) Jesus, Deus Filho, que estava sendo batizado, e (3) o Espírito Santo que estava como uma pomba, em forma corpórea.
As palavras “Tu és o Meu Filho amado” fazem lembrar Sl 2:7, ao passo que em ti me agrado eu me satisfaço remonta à profecia-chave do Servo messiânico em Is 42:1.
(Lucas 3:23-38) A genealogia de Jesus
A genealogia de Jesus no Evangelho de Lucas é um tanto diferente da genealogia de Mt 1:1-17. A genealogia de Lucas traça a linhagem de Jesus até Adão, enfatizando a relação de Jesus com toda a humanidade, ao passo que a versão de Mateus começa com Abraão e vai até Jesus, enfatizando a relação de Jesus com Israel (i.e., que Ele era o Filho de Abraão, o cumprimento das promessas feitas a Abraão e o Messias Filho de Davi).
Em Lucas, a genealogia passa por Natã, um dos filhos mais novos de Davi, enquanto que em Mateus ela passa por Salomão, herdeiro do trono de Israel, sucessor de Davi.
Como os capítulos 1-2 narram os eventos do ponto de vista de Maria, segue a linhagem biológica de Jesus através de Maria, pois o v. 23 afirma que Jesus só era “sendo filho de José”.
Em contraste, está no meio de uma seção contada do ponto de vista de José e traça a linhagem legal de Jesus, demonstrando Seu direito ao trono de Davi através de Seu “pai adotivo, José.”
(Lucas 3:23) Jesus inicia seu ministério
v. 23 E Jesus, ele mesmo, iniciou em seus quase trinta anos de idade, sendo (como se supunha) o filho de José, que era filho de Eli,
Jesus, ele mesmo, iniciou seu ministério quando tinha quase trinta anos – idade em que os levitas começavam o serviço sacerdotal (Nm 4:46-47). Sendo filho de José reafirma a profecia da concepção virginal de Jesus. Jesus não era filho biológico de José, como todos imaginavam.
(Lucas 3:38) Adão, filho de Deus
v. 38 que era filho de Enos, que era filho de Sete, que era filho de Adão, que era filho de Deus.
Nesta genealogia, Adão é chamado de filho de Deus porque foi criado diretamente por Deus (ver Gn 2:7).
5 importantes lições que podemos aprender em Lucas 3
- Preparação para a Vinda do Senhor: O ministério de João Batista, anunciando a necessidade de arrependimento e batismo para o perdão dos pecados, nos lembra da importância de nos prepararmos espiritualmente para a vinda do Senhor Jesus Cristo.
- Fulgor da Palavra de Deus: João Batista enfatiza a importância da Palavra de Deus, proclamando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados. Isso destaca a centralidade das Escrituras em nosso relacionamento com Deus e a necessidade de vivermos de acordo com seus ensinamentos.
- Frutos do Arrependimento: João instrui as pessoas a produzirem frutos dignos de arrependimento, demonstrando uma mudança real de coração e comportamento. Isso nos lembra que a verdadeira fé se manifesta em ações concretas e transformação de vida.
- A Unção e Identidade de Jesus: O batismo de Jesus no rio Jordão é um momento de revelação da identidade divina de Jesus como o Filho amado de Deus. Isso destaca a importância da unção do Espírito Santo para o cumprimento do ministério de Jesus na terra.
- A Importância da Genealogia de Jesus: A genealogia de Jesus, traçando sua linhagem desde Adão até José, destaca a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas ao longo da história e preparar o caminho para a vinda do Messias. Isso nos lembra da soberania de Deus sobre a história humana e sua fidelidade às suas promessas.
Conclusão
Não se tem informação sobre o nosso Senhor Jesus, desde os seus doze anos de vida até a sua entrada no trigésimo ano.
Frequentemente pensamos que seria uma satisfação e um benefício para nós, se tivéssemos diários de sua adolescência e juventude, do que acontecia com Ele; mas nós temos à nossa disposição a infinita sabedoria do Senhor para nos ser transmitida.
E se não nos aprimorarmos através desta sabedoria, podemos certamente saber que tampouco nos aprimoraríamos mais se tivéssemos aqueles tipos de registro da vida de Jesus.
A grande intenção era nos dar um relato do evangelho dele, o qual devemos crer e pelo qual temos esperança na salvação.
O Evangelho teve início com o ministério e o batismo de João, o Batista; portanto, se apressou em nos fazer um relato destes fatos tão importantes e talvez nós pudéssemos desejar que Lucas tivesse omitido tudo o que já tinha sido relatado pelos outros, e tivesse escrito somente o que era coisa nova, como tinha feito nos seus dois primeiros capítulos.
Mas era a vontade do Espírito de que algumas coisas fossem estabelecidas não somente pela boca de duas testemunhas, mas pela boca de três; então, não devemos julgar que se trate de uma repetição cansativa, e nem o faremos, se renovarmos as nossas reflexões sobre estes assuntos, com os sentimentos alinhados. Glória a Deus.
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