João 9 Estudo: A Cura do Cego e a Cegueira Espiritual
Em João 9, veremos que Jesus curará um cego de nascença usando uma forma bem peculiar. Os fariseus investigarão e questionarão esse homem e o expulsarão da sinagoga porque ele negará afirmar que Jesus era pecador por ter curado no sábado. O Salvador procurará o homem, e este o adorará como verdadeiro Filho de Deus.
Contexto histórico
No capítulo anterior, Jesus esteve na Festa dos Tabernáculos e, indo ao templo, passou a ensinar o que deveriam fazer para receber um testemunho de que os ensinamentos dele vinham de Deus.
Houve discussão sobre quem Jesus seria, Jesus então passa a usar metáforas, água e luz, para atestar a própria personalidade celestial. Ele também ensinou muitas coisas relativas ao Espírito Santo e seu agir. Acompanhe a seguir o estudo completo de João 9.
João 9:1-41: A luz do mundo
A identidade de Jesus como “a luz do mundo” foi ilustrada em Seu sexto e penúltimo “sinal” registrado no Evangelho de João – a cura de um cego de nascença (ver nota em Jo 2:11).
Como no capítulo 5, Jesus curou no shabat e assim sofreu perseguição por parte dos líderes judeus.
Todavia, em contraste com o paralítico do capítulo 5, que não mostrou fé e relatou de Jesus às autoridades, o que era cego mostrou um maior desenvolvimento de fé e terminou adorando ao Senhor (Jo 9:38). O Mestre condenou os fariseus por sua cegueira espiritual (v. 40-41).
João 9:1-2: A pergunta dos discípulos
v. 1 E quando Jesus passou, viu um homem que era cego de nascença.
v. 2 E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Mestre, quem pecou, para que ele nascesse cego, este homem ou seus pais?
A pergunta dos discípulos refletia a suposição, costumeira no antigo judaísmo, de que o sofrimento podia ser rastreado até a descoberta de pecados específicos (cp. Jó 4:7).
A preocupação por trás dessa suposição é inocentar o Senhor de injustiça contra pessoas inocentes (Êx 20:5 – Nm 14:18 – Dt 5:9).
O novo testamento, no entanto, deixa claro que o sofrimento nem sempre é resultado direto do pecado a cerca da causa do sofrimento de alguém, mas compreender que até o mal pode contribuir para a maior glória de Deus (esp. a crucificação; cp. Jo 12:28).
João 9:3-5: Eu sou
v. 3 Jesus respondeu: Nem este homem pecou, nem seus pais; mas para que nele se manifestassem as obras de Deus.
v. 4 Eu devo fazer as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando nenhum homem pode trabalhar.
v. 5 Enquanto eu estou no mundo, eu sou a luz do mundo.
Sobre Jesus como a luz do mundo, ver notas em Jo 6:35.
João 9:6-7: O cego de nascença
v. 6 Tendo dito isso, cuspiu na terra, e fez lama com a saliva, e ungiu os olhos do homem cego com a lama,
v. 7 e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa: Enviado). Portanto, ele foi no seu caminho, lavou-se, e voltou vendo.
A ação de Jesus enviando o homem para lavar-se no tanque de Siloé faz lembrar a de Eliseu enviando Naamã para banhar-se no rio Jordão (2Rs 5:10-13).
As palavras que significa “enviado” podem ser uma referência messiânica ao texto de Gn 49:10 (cp. Is 8:6); ver notas em Jo 1:38). Após Jo 9:7, não se ouve Jesus novamente até o versículo 35.
João 9:8-14: A questão do sábado
v. 8 Portanto, os vizinhos e aqueles que antes tinham visto que ele era cego disseram: Não é este aquele que estava assentado mendigando?
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v. 9 Alguns diziam: Este é ele. E outros diziam: Parece-se com ele; mas ele dizia: Eu sou ele.
v. 10 Diziam-lhe, portanto: Como foram abertos os teus olhos?
v. 11 Ele respondeu e disse: Um homem chamado Jesus fez lama, e ungiu os meus olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Tendo ido e me lavado, eu recebi a visão.
v. 12 Disseram-lhe, então: Onde está ele? Ele disse: Eu não sei.
v. 13 Eles levaram aos fariseus aquele que antes era cego.
v. 14 E era dia do shabat quando Jesus fez a lama, e lhe abriu os olhos.
A menção do shabat aqui (cp. Jo 5:9) retoma a controvérsia anterior sobre o sétimo dia no capítulo 5. Jesus umedeceu um pouco de terra com Sua saliva e, em seguida, a amassou para fazer barro.
Amassar farinha e, por analogia, amassar barro, estava entre os 39 tipos de trabalho proibido no shabat pela tradição rabínica judaica.
João 9:15-16: Os fariseus divididos
v. 15 Então, outra vez os fariseus também lhe perguntaram como recebera a visão. Ele lhes disse: Ele pôs lama sobre os meus olhos, eu me lavei, e vejo.
v. 16 Por isso, alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, porque não guarda o dia do shabat. Outros diziam: Como pode um homem pecador fazer tais milagres? E havia uma divisão entre eles.
A divisão entre os fariseus segue os diferentes modos de raciocínio observado pelas escolas de Shamai e Hilel.
O primeiro argumentava, a partir de princípios fundamentais, que “qualquer um que transgrida a lei é um pecador”, enquanto o segundo, a partir dos fatos estabelecidos de um caso, “Jesus realizou uma boa obra”.
João 9:17-22: O poder dos judeus
Sobre os judeus e o poder que tinham, ver nota em Jo 7:13.
João 9:23-24: O questionamento dos fariseus ao cego curado
v. 23 Portanto, seus pais disseram: Ele já tem idade; perguntai a ele.
v. 24 Então, chamaram novamente o homem que fora cego, e lhe disseram: Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador.
A exortação dos fariseus ao homem curado, (Dá Glória a Deus!) era uma advertência solene para que ele dissesse a verdade (Js 7:19 – 2Cr 30:8 – Jr 13:16).
João 9:25-28: Discípulos de Moisés
v. 25 Ele respondeu, e disse: Se é pecador ou não, eu não sei; uma coisa eu sei, que, havendo eu sido cego, agora vejo.
v. 26 E tornaram a dizer-lhe: O que ele te fez? Como ele abriu os teus olhos?
v. 27 Então ele respondeu: Eu já vos disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós, porventura, fazer-vos também seus discípulos?
v. 28 Então, eles o injuriaram, e disseram: Tu és seu discípulo, nós, porém, somos discípulos de Moisés.
A reivindicação dos fariseus de serem discípulos de Moisés foi prejudicada por seu fracasso em ouvir Àquele sobre quem Moisés escreveu (ver nota em Jo 5:45-47).
João 9:29: Superiores
v. 29 Nós sabemos que Deus falou a Moisés; quanto a este indivíduo, nós não sabemos de onde ele é.
A afirmação dos fariseus, sabemos que Deus falou a Moisés, remonta à ação de Deus dando a Moisés a Lei no monte Sinai (Êx 33:11 – Nm 12:2-8).
João 9:30-33: A santidade cura
v. 30 O homem respondeu e disse-lhes: Porque aqui está uma coisa maravilhosa: que não sabeis de onde ele é, e ainda ele tem aberto os meus olhos.
v. 31 Agora nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se algum homem é um adorador de Deus, e faz a sua vontade, ele nos ouve.
v. 32 Desde o princípio do mundo, nunca se ouviu que nenhum homem tivesse aberto os olhos de um que nasceu cego.
v. 33 Se este homem não fosse de Deus, ele nada poderia fazer.
A premissa maior do homem curado, de que Deus não ouve a pecadores, é confirmada pelo antigo testamento (Sl 34:15 – Jo 66:20 – Sl 109:7 – Sl 145:19).
Sua premissa menor, de que não havia precedente para que algum homem tivesse aberto os olhos de um cego de nascença, também é confirmada pela ausência desse tipo de ocorrência no antigo testamento ou em fontes extrabíblicas.
A conclusão do homem, se este homem não fosse de Deus, ele nada poderia fazer (cp. Jo 3:2), harmoniza-se com a visão judaica comum de que milagres eram realizados em resposta à oração.
João 9:34-37: Ele é expulso pelos fariseus
v. 34 Responderam eles e disseram-lhe: Tu nasceste inteiramente em pecados, e queres ensinar-nos? E expulsaram-no.
v. 35 Jesus ouviu que o haviam expulsado, e achando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?
v. 36 Ele respondeu e disse: Quem é ele, Senhor, para que eu possa crer nele?
v. 37 E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é ele quem fala contigo.
A acusação dos fariseus contra o homem curado pode aludir a Sl 51:5. E expulsaram-no se refere à expulsão da sinagoga (ver nota em v. 22).
O modo como isso foi feito sugere uma ação impulsiva e não uma excomunhão baseada em um procedimento formal.
João 9:38-41: Guias cegos
Dar vistas aos justos cegos (Sl 146:8 – Is 29:18 – Is 35:5 – Is 42:7) e cegar pessoas iníquas que podem ver (ls 6:10 – Is 42:19 – Jr 5:21 – cp. Mt 13:13-15) são temas comuns do antigo testamento. Em outros lugares, Jesus chamou os fariseus de “guias cegos” (Mt 23:16).
5 importantes lições que podemos aprender em João 9
- O Poder de Jesus para Curar: A história do homem cego mostra o poder de Jesus Cristo para trazer cura física e espiritual. Isso nos lembra que Jesus é capaz de transformar nossas vidas e nos curar de nossas enfermidades, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais.
- A Importância da Fé e Obediência: Jesus instruiu o homem cego a lavar-se no tanque de Siloé, e ele obedeceu, resultando em sua cura. Isso destaca a importância da fé e obediência em nossa jornada de vida cristã, confiando nas palavras e instruções de Jesus.
- Discernimento Espiritual: Enquanto o homem cego ganhou visão física, os fariseus, apesar de sua visão física, permaneceram cegos espiritualmente. Isso nos lembra da necessidade de discernimento espiritual para reconhecer a obra de Deus em nossas vidas e não sermos enganados por falsas aparências.
- Testemunho e Perseverança: O homem curado enfrentou a oposição e questionamentos dos fariseus, mas ele permaneceu firme em seu testemunho sobre Jesus. Isso nos encoraja a perseverar em nossa fé e testemunho, mesmo diante da oposição e dúvida.
- A Luz do Mundo: Jesus declara ser a “Luz do Mundo”, trazendo luz àqueles que estão espiritualmente cegos. Esta afirmação destaca o papel de Jesus como nosso guia espiritual e aquele que nos traz compreensão, clareza e direção em nossas vidas.
Conclusão
Concluindo, o cego, que não enxergava, passa a enxergar melhor que os fariseus. Neste capítulo, o povo, que antes eram cegos, descobrem a luz. Os fariseus que pensavam enxergar corretamente, são mais cegos que tudo.
Presos à velha observância das leis e dogmas, eles mentem quando dizem que veem. O pior cego é o que não quer enxergar!
Jesus confronta os fariseus, sobre sua cegueira espiritual limitada pela religiosidade e pela arrogância, e ao cego, humilde, Jesus cura e traz nova vida, e assim seja conosco nessa era, que não coloquemos limites em nada, mas que possamos buscar o reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar e sobre todas as coisas! Amém!
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