1 Samuel 10 Estudo: O Rei Saul
Neste capítulo 1 Samuel 10, veremos que Samuel então, unge Saul e lhe informa que o Senhor o havia escolhido por príncipe entre Israel e, após isso, o informou de alguns sinais que aconteceriam, após sua saída, entre eles a de que ele, seguindo para Gibeá-Eloim, onde estaria uma guarnição de filisteus, encontraria um grupo de profetas, de modo que Saul seria tomado pelo Espírito do Senhor e, por Ele, mudado.
Ele desceria a Gilgal, antes do profeta e, após, Samuel desceria e, ali, sacrificaria ao Senhor. Tudo isso se sucedeu e todos notaram a mudança de Saul. Samuel, então, convocou o povo, em Mispa e pediu que se colocassem perante o Senhor para que o novo rei fosse escolhido.
A família de Matri, da tribo de Benjamim, fora escolhida, por sorte e dela foi indicado Saul. As escrituras narram que, naquele momento, o procuraram, mas ele se escondia, de modo que o Senhor indicou onde ele estaria e o trouxeram a público.
Samuel, então, o apresenta a todo o povo, o qual exultou em razão daquilo. Samuel, ainda, declarou o direito do reino a todos e os despediu.
Saul, também, foi para casa, em Gibeá e, com ele, uma tropa de homens que Deus havia tocado nos corações. Por fim, é narrado que os filhos de Belial consideravam mal de Saul e o desprezavam, entre si, entretanto, Saul se fazia de surdo.
1 Samuel 10 estudo: Contexto histórico
Samuel passou a conhecer aquele que seria o novo rei de Israel. O benjamita, Quis, perdeu três jumentas e mandou que seu filho, Saul, juntamente com seu moço, fosse as procurar.
Não tendo encontrado, por uma sugestão de seu moço, Saul acaba chegando até Samuel, o qual era denominado vidente e poderia lhe ajudar neste sentido. Deus já havia informado Samuel que Saul viria até ele.
Quando se encontram, Samuel informa que as jumentas já haviam sido encontradas e o convida a passar a noite ali, visto que sacrificariam a Deus e seria servido um banquete e assim ocorre.
No dia seguinte, Samuel pede que o moço que acompanhava Saul fosse adiante, para que ele informasse a mensagem do Senhor.
(1 Samuel 10:1) A unção
v. 1 Então, Samuel pegou um frasco de azeite, e o derramou sobre a sua cabeça, e o beijou, e disse: Porventura o SENHOR não te ungiu para ser capitão sobre a sua herança?
O ato da unção de Saul com azeite foi antecipada em 1Sm 9:16. A pergunta retórica “Porventura, o Senhor não o ungiu?” implica uma resposta afirmativa (BKJ traduz no afirmativo: O SENHOR não te ungiu). Para outros exemplos desse tipo de pergunta, ver Ex 4:14. Sobre capitão, ver nota em 1Sm 9:16.
(1 Samuel 10:2) Os sinais
v. 2 Hoje, quando tiveres partido de mim, então, encontrarás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no limite de Benjamim, em Zelza; e eles te dirão: Os jumentos que foste procurar foram encontrados; e, eis que o teu pai deixou de se preocupar com os jumentos, e por ti se aflige, dizendo: O que farei pelo meu filho?
Samuel forneceu a Saul uma série de sinais que o ajudariam a confirmar para si mesmo que, de fato, Deus os escolhera para liderar Israel. Parece que o sepulcro de Raquel tinha se localizado próximo da fronteira de Efraim.
Baseado em uma compreensão errada de Gn 35:19, uma tradição dos cruzados situou o túmulo próximo a Belém, onde um santuário foi dedicado a ela.
(1 Samuel 10:3) Tabor
v. 3 Então, prosseguirás adiante dali, e chegarás à planície de Tabor, e ali te encontrarão três homens subindo até Deus, a Betel, um carregando três cabritos, e outro carregando três pães, e um outro carregando uma garrafa de vinho;
O local da planície de Tabor é incerto, exceto pelo fato de que ele estava próximo de Betel em Benjamim. Subindo até Deus provavelmente é uma referência a Betel como o lugar onde Deus apareceu a Jacó (Gn 28:15), e, por isso, um santuário religioso onde outros esperavam encontrar se com Ele também.
(1 Samuel 10:4-5) A guarnição dos filisteus
v. 4 e eles te saudarão, e te darão dois pães; os quais receberás das suas mãos.
v. 5 Depois disso, tu virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e sucederá que, quando chegares lá na cidade, encontrarás uma companhia de profetas descendo do lugar alto com um saltério, e um tamborim, e uma flauta, e uma harpa adiante deles; e eles profetizarão;
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O outeiro de Deus (Heb. giv’ath ha-elohim) é provavelmente Gibeá, cidade natal de Saul e, por fim, sua capital (v. 10).
A presença de uma guarnição dos filisteus significava que os inimigos de Israel estavam invadindo seriamente o território israelita.
Se os filisteus controlassem Benjamim, eles poderiam suspender as comunicações de Israel entre o norte e o sul e restringir seriamente a principal rota de acesso à costa do Mediterrâneo.
(1 Samuel 10:6) O Espírito do Senhor sobre Saul
v. 6 e o Espírito do SENHOR virá sobre ti, e tu profetizarás com eles, e serás transformado em outro homem.
Virá sobre ti poderia ser traduzido como “tomará você de assalto”, um significado que poderia melhor se ajustar ao contexto.
Serás transformado em outro homem descreve apropriadamente uma vida que Deus mudou (Rm 12:2).
(1 Samuel 10:7) A orientação de Samuel
v. 7 E será que, quando estes sinais chegarem a ti, farás segundo o que te pedir a ocasião; pois Deus está contigo.
As palavras de Samuel farás segundo o que te pedir a ocasião indicam que, assim que os sinais se cumprirem, Saul saberá o que fazer (Mc 13:11).
(1 Samuel 10:8) Gilgal
v. 8 E tu descerás adiante de mim até Gilgal; e eis que descerei a ti, para ofereceres ofertas queimadas, e para sacrificares sacrifícios de ofertas pacíficas; sete dias tu aguardarás, até que eu venha a ti para te mostrar o que farás.
Gilgal ficava no vale do Jordão, próximo a Jericó. Era o local do acampamento de base de Israel durante os dias da conquista (Js 4:19). Mais tarde, tornou-se um lugar no qual se ofereceu sacrifício ilícito (Am 4:4; 5:5).
(1 Samuel 10:9) Um coração novo
v. 9 E assim foi que, quando ele virou as costas para se afastar de Samuel, Deus lhe deu um outro coração; e todos aqueles sinais se cumpriram naquele dia.
As palavras Deus lhe deu um outro coração demonstram o início da ação de Deus cumprindo a palavra profética de Samuel.
A confirmação de todos aqueles sinais… naquele dia enfatiza ainda mais a verdade da palavra de Samuel para Saul.
(1 Samuel 10:10) A atuação do Espírito
v. 10 E, quando eles chegaram lá no outeiro, eis que uma companhia de profetas o encontrou; e o Espírito de Deus veio sobre ele, e ele profetizou no meio deles.
Sobre o Espírito de Deus veio sobre ele, ver nota no versículo 6.
(1 Samuel 10:11) Os conhecidos de Saul
v. 11 E sucedeu que, quando todos os que o conheciam anteriormente o viram, eis que ele profetizava no meio dos profetas, então as pessoas disseram umas às outras: O que é isso que sobreveio ao filho de Quis? Está Saul também entre os profetas?
A expressão os que o conheciam descreve os cidadãos de Gibeá, provavelmente a família e os amigos de Saul.
A pergunta deles: Está Saul também entre os profetas? reflete a perplexidade deles, visto que eles nunca souberam que ele profetizasse.
(1 Samuel 10:12) O provérbio de Saul
v. 12 E um do mesmo lugar respondeu e disse: Mas quem é o pai deles? Por isso tornou-se um provérbio: Está Saul também entre os profetas?
A pergunta do homem cujo nome não é mencionado: Mas quem é o pai deles? lembrava aqueles que estavam perplexos com o profetizar de Saul que era Deus, e não o homem, quem determinava a pessoa que seria um profeta Seu.
O Espírito de Deus capacitava os profetas (inclusive Saul) para o seu ministério; sua linhagem era irrelevante.
(1 Samuel 10:13) Lugar alto
v. 13 E quando terminou de profetizar, ele chegou ao lugar alto.
O lugar alto era o lugar de adoração de onde o grupo de profetas tinha acabado de vir (v. 5).
(1 Samuel 10:14) O tio de Saul
v. 14 E o tio de Saul disse a ele e ao seu servo: Para onde fostes vós? E ele disse: Procurar os jumentos; e quando vimos que eles não estavam em parte alguma, viemos a Samuel.
O tio de Saul pode ser Ner (1Sm 14:50), pai de Abner, que mais tarde se tornou general de Saul, mas o texto não afirma isso com certeza.
(1 Samuel 10:15-16) A reserva de Saul
v. 15 E o tio de Saul disse: Conta-me, rogo-te, o que Samuel te disse.
v. 16 E Saul disse ao seu tio: Ele nos contou claramente que os jumentos foram encontrados. Porém, sobre o assunto do reinado, do qual Samuel havia falado, ele não lhe contou.
Saul estava relutante em compartilhar as palavras de Samuel sobre o assunto do reinado logo que voltou para sua casa.
Talvez ele sentisse que os parentes e os amigos teriam mais dificuldade para acreditar que ele seria o seu novo líder.
(1 Samuel 10:17) Mispa
v. 17 E Samuel convocou o povo para se congregar ao SENHOR em Mispá;
Sobre Mispá, ver nota em 7:5.
(1 Samuel 10:18) As palavras de Samuel
v. 18 e disse aos filhos de Israel: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Eu retirei Israel do Egito, e vos livrei da mão dos egípcios, e da mão de todos os reinos, e daqueles que vos oprimiam;
Samuel não trouxe suas próprias palavras, mas as palavras de Deus. Eu retirei Israel do Egito recordava o dramático livramento que Deus proporcionou ao Seu povo através do êxodo (Ex 14).
Os reinos que os oprimiam descrevia muitos povos ou nações com que Israel se defrontou no caminho para Canaã, além de todos os inimigos que continuaram a disputar o direito de Israel à terra.
(1 Samuel 10:19) As instruções sobre a monarquia
v. 19 e vós, neste dia, rejeitastes o vosso Deus, que vos salvou pessoalmente de todas as vossas adversidades e das vossas tribulações; e vós dissestes a ele: Não, mas põe um rei sobre nós. Agora, portanto, apresentai-vos diante do SENHOR, pelas vossas tribos, e pelos vossos milhares.
Samuel sugeriu que o pedido do povo por um rei era na realidade uma rejeição do fiel cuidado de Deus em favor de um líder humano.
A lei de Moisés estabelecia os termos para a escolha de um rei (Dt 17:14-20), mas a fala de Samuel deixou claro que o povo tinha pecado ao pedir um rei neste período de sua história.
Sua ordem apresentai-vos convocou o povo para comparecer diante do Senhor a fim de que Ele pudesse revelar Sua escolha do líder de Israel.
(1 Samuel 10:20-21) A confirmação de Saul
v. 20 E depois que Samuel fez todas as tribos de Israel se aproximarem, a tribo de Benjamim foi tomada.
v. 21 Quando ele havia feito a tribo de Benjamim se aproximar pelas suas famílias, a família de Matri foi tomada, e Saul, o filho de Quis, foi tomado; e quando eles o procuraram, ele não pôde ser encontrado.
Estes versículos provavelmente descrevem o sorteio. A orientação dada por Deus ao processo comprovaria ao povo, e mais uma vez a Saul, a Sua escolha do rei de Israel.
(1 Samuel 10:22) A reação de Saul
v. 22 Por isso, eles continuaram a consultar o SENHOR, se o homem ainda haveria de ir para lá. E o SENHOR respondeu: Eis que ele se ocultou no meio das coisas.
Os exegetas geralmente interpretam que as tribos perguntaram se o homem ainda haveria de ir para lá, era um pedido a respeito do paradeiro de Saul.
Outros sugerem que a frase seja traduzida como; “É algum outro aqui?” ocultou no meio das coisas provavelmente sugere um lugar nas imediações.
Saul tinha hesitado em revelar seu destino ao próprio tio (v, 16), e agora parecia demorado em aceitar a responsabilidade da monarquia.
(1 Samuel 10:23) A altura de Saul
v. 23 E eles correram e o tiraram de lá; e quando ele ficou de pé no meio do povo, ele era mais alto do que qualquer um do povo, do ombro para cima.
Sobre ele era mais alto do que qualquer um do povo ver nota em 9:2. Por outro lado, pessoas altas eram frequentemente vistas em outras partes nas Escrituras como ameaças (Nm 13:28).
(1 Samuel 10:24) A aparência
v. 24 E Samuel disse a todo o povo: Vedes vós aquele que o SENHOR escolheu, que não há ninguém como ele no meio de todo o povo? E todo o povo gritou, e disse: Deus salve o rei.
Pelo menos, de acordo com os padrões de realeza que a nação nutria, Saul parecia a escolha certa. O grito entusiasmado do povo: Deus salve o rei indicava a aceitação imediata que Saul recebeu da multidão.
(1 Samuel 10:25) O custo de um rei
v. 25 Então, Samuel contou ao povo a conduta do rei, e a escreveu em um livro, e o colocou diante do SENHOR. E Samuel despediu todo o povo, cada homem para a sua casa.
A expressão a conduta do rei fazia lembrar a advertência ao povo acerca do custo de se ter um rei (8:11-18). Samuel a escreveu em um livro como testemunho ou pacto permanente entre o povo e Saul.
Colocar o livro diante do Senhor Significava colocá-lo no tabernáculo (Ex 40:22), o que enfatizava a supervisão de Deus nesse processo; Ele responsabilizaria Israel por esta decisão.
(1 Samuel 10:26) Gibeá
v. 26 E Saul também foi para a casa em Gibeá; e para lá foi com ele um grupo de homens, cujos corações Deus havia tocado.
Gibeá, a cidade natal de Saul,tornou-se, então, a capital de Israel. Grupo de homens,cujos corações Deus havia tocado representavam o início do exercito de Saul; o Senhor estava provendo a Saul os recursos necessários para ele governar Israel.
(1 Samuel 10:27) Os filhos de Belial
v. 27 Porém, os filhos de Belial disseram: Como este homem nos salvará? E eles o desprezaram, e não lhe trouxeram presentes. Porém, ele manteve a sua paz.
A expressão traduzida como filhos de Belial também descreve Hofni e Finéias (2:12). Embora o texto condene a atitude desses homens, eles duvidaram da capacidade de Saul – provavelmente porque ele pareceu muito tímido ao aceitar a monarquia (1Sm 10:22-23).
Eles não lhe trouxeram presentes como ditava o costume na aproximação a um rei. A frase ele manteve a sua paz é literalmente “se fez de surdo”, sugerindo que ele escolheu fazer de conta que as objeções de seus críticos não tinham sido proferidas. Outros se lembrariam dos comentários negativos, de qualquer modo (1Sm 11:12).
Conclusão
O capítulo expõe a cerimônia pública de unção daquele que seria o novo líder de Israel. Até então, Israel vivia numa teocracia, um sistema cujo governante era o próprio Deus. Agora, seria dado início a uma monarquia, cuja liderança seria exercida por uma autoridade terrena.
Pela cerimônia, ficou publicamente comprovado que a escolha de Saul havia sido realizada por Deus. O Espírito Santo o havia empoderado a governar aquela nação. O novo rei iniciaria sua governança num momento crítico para Israel.
O novo sistema de governo funcionaria caso o rei se submetesse a vontade de Deus, contudo, o que veremos é que raramente os líderes israelitas se sujeitariam as leis divinas.
Este início de reinado, no entanto, marcaria uma importante lição. Deus mostraria a Seu povo que Ele não considera a aparência, mas o interior.
Saul se sobressaia em aparência, mas, logo de início, na cerimônia de unção, procurou se esconder, de modo que teve que ser procurado para ser apresentado ao povo, indicando assim um traço negativo para um líder.
Adiante eles conheceriam um rei que não apresentaria uma aparência dentro dos padrões esperados, contudo, seria conhecido como um homem segundo o coração de Deus e que, através de Sua fidelidade, abençoaria a Israel.
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