Lucas 9 Estudo: Ensinamentos de Jesus

No capítulo 9 de Lucas, veremos que após um tempo com seus discípulos, Jesus quer saber como eles se sairiam sozinhos. Daí Ele lhes concede poder e autoridade para anunciar o Reino de Deus, curar enfermos e expulsar demônios.

O propósito de Jesus fica bem claro: “poder para anunciar o Reino”. A princípio, Herodes acha que João teria voltado dos mortos, mas descarta a possibilidade e age como muitas pessoas, o que há nelas é apenas curiosidade sobre quem é Jesus.

A multiplicação de pães e peixes, este milagre sempre nos estimulou a crer em suas promessas, especialmente porque há contexto de muita escassez, a primeira multiplicação de pães e peixes o Jesus nos mostra que nem mesmo a escassez pode nos impedir de viver a vontade de Deus.

Com Ele, aquilo que é pouco se torna o suficiente. Jesus então faz uma reunião particular com seus discípulos e lhes pergunta: “Quem as multidões dizem que eu sou? Os relatos dos discípulos mostram que elas achavam que ele era “reencarnação” e tudo mais. “Quem vocês dizem que eu sou?”.



Pedro é o único que tem coragem de responder: “O Cristo de Deus”. Ele chama Pedro, Tiago e João para um monte com o propósito de orar, mas algo profundo aconteceu. Jesus transfigurou-se e Moisés e Elias apareceram, para conversar com ele. Uma voz diz que a autoridade, de agora em diante, pertence a Jesus.

Jesus ensina seus discípulos uma lição importantíssima

Veremos um pai procurando os discípulos para que orassem por seu filho, mas eles nada puderam fazer. Ao saber que os discípulos não conseguiram, ficou muito irritado e os acusou de incredulidade.

Em outro momento, os discípulos discutiam sobre qual deles seria o “maior” Jesus pegou uma criança, colocou entre eles e lhes disse: “Quem recebe esta criança em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou.

Pois aquele que entre vocês for o menor, este será o maior”. João ficou desconfortável porque um homem expulsava demônios e não era da mesma “denominação” que eles.

Eles achavam que eram os únicos que podiam manifestar o poder de Deus. Jesus nos ensina amor, tolerância e de quem é a autoridade. Depois, irá até Samaria anunciar as boas novas, mas não crerão nele.

Jesus reforça o discurso do amor ao próximo na pregação. Muitas pessoas acham que seguir a Jesus ou seus ensinos é algo facultativo, mas enganam-se.

Seguir Jesus torna todas áreas da nossa vida secundárias. Família, trabalho, diversão e até mesmo a “religião” deixam de ser prioridades. O Senhor deve ocupar todo o espaço.

(Lucas 9:1-2) A autoridade aos discípulos

v. 1 Então, ele chamando os seus doze discípulos, lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem doenças.
v. 2 E ele enviou-os para pregar o reino de Deus, e para curar os doentes.


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 Quando os doze já tinham observado o ministério de Jesus por vários meses, Ele lhes delegou poder e autoridade sobre demônios e doenças (ver nota em Lc 6:12-13).

A outra missão que eles receberam (Gr. opostello, “enviar”) foi pregar o reino de Deus. Na passagem paralela de Mt 10, os apóstolos foram especificamente orientados a evitar os samaritanos e os gentios, dirigindo-se apenas às “ovelhas perdidas de Israel” (Mt 10:5-6), mas Lucas não incluiu essa restrição.

(Lucas 9:3-5) As ordenanças de Jesus

v. 3 E ele disse-lhes: Nada leveis convosco para vossa jornada, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
v. 4 E em qualquer casa em que entrardes, nela permanecei, e dali partireis.
v. 5 E onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi a poeira de vossos pés, como testemunho contra eles.

Os apóstolos deveriam depender daqueles com quem se hospedassem (nada leveis) e também ir embora se uma família ou cidade não os recebesse.

Sacudi a poeira de vossos pés era um sinal de juízo contra aqueles que rejeitaram os apóstolos e sua mensagem acerca de Jesus.

(Lucas 9:6) O reino se espalha

v. E, eles partindo, foram pelas aldeias, pregando o evangelho, e curando em todos os lugares.

Pregando o evangelho (Gr. eudngelizo) corresponde a “pregar o Reino de Deus” no v. 2. A mensagem do evangelho de Jesus Cristo é o meio de entrar no Reino de Deus.


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(Lucas 9:7-9) A fama de Jesus chega até Herodes

v. 7 Ora, o tetrarca Herodes ouviu tudo que estava sendo feito por ele, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João ressuscitara dentre os mortos,

v. 8 e alguns que Elias tinha aparecido, e outros que um profeta dos antigos havia ressuscitado.

v. 9 E disse Herodes: A João decapitei; mas quem é este do qual eu ouço dizer tais coisas? E ele desejava vê-lo.

 Herodes Antipas estava confuso (perplexo). Ele não conseguia decidir se Jesus era ou não João Batista ressurreto dentro os mortos.

As passagens paralelas (Mt 14:2Mc 6:16) indicam que ele decidiu que Jesus era, de fato, João ressurreto. Algumas pessoas a sua volta, porém, pensavam que Jesus era o profeta Elias (ver Ml 4:5).

O próprio João tinha cumprido uma parte dessa profecia (Mt 11:14). Outros achavam que Cristo era algum outro profeta do antigo testamento que havia voltado.

(Lucas 9:10-11) Os testemunhos dos discípulos

v. 10 E quando os apóstolos retornaram, contaram-lhe tudo o que eles haviam feito. E, tomando-os, retirou-se à parte, para um lugar deserto pertencente a uma cidade chamada Betsaida.

v. 11 E as pessoas, sabendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e curava os que necessitavam de cura.

 Depois que os apóstolos retornaram de sua missão, contaram-lhe o que tinham feito e Jesus reassumiu a liderança do ministério de pregar e curar.

Betsaida era uma cidade que ficava na costa nordeste do mar da Galileia, recentemente reconstruída por Herodes Filipe (ver nota em Lc 3:1).

A tentativa de encontrar um lugar com um pouco de privacidade fora de Betsaida, onde os apóstolos pudessem descansar e conversar com Jesus, foi frustrada pelas pessoas que os seguiram.

Lucas 9:12-17

Além de Sua ressurreição dentre os mortos, a multiplicação de pães para os cinco mil é o único milagre de Jesus que aparece nos quatro Evangelhos (Jo 6:5-14).

(Lucas 9:12-14) A multiplicação de alimentos

v. 12 E quando o dia começou a declinar, vindo os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que indo às aldeias e nas regiões ao redor, se hospedem, e consigam mantimentos, porque aqui estamos em um lugar deserto.

v. 13 Mas ele disse-lhes: Dai-lhes vós de comer. E eles disseram: Nós não temos senão cinco pães e dois peixes, exceto se nós formos comprar comida para todo este povo.

v. 14 Porque eles eram cerca de cinco mil homens. E ele disse aos seus discípulos: Fazei-os assentar em grupos de cinquenta.

 Segundo o Evangelho de João, Jesus, já sabendo o que iria fazer, foi o único que a princípio se preocupou com onde a multidão iria encontrar hospedem e mantimentos tão tarde.

Aqui em Lucas, Jesus respondeu à pergunta que os Doze fizeram desafiando-os, Dai-lhes vós de comer.

Os apóstolos já haviam vasculhado a multidão e só encontraram cinco pães e dois peixes para alimentar cerca de 5000 homens (que, com mulheres e crianças, facilmente devem ter dado um total de 15000 pessoas ou mais).

Para administrar melhor a distribuição, Jesus mandou que os apóstolos organizassem a grande multidão em grupos de cinquenta pessoas.

(Lucas 9:15-17) O milagre de Jesus

v. 15 E assim eles fizeram, fazendo-os assentar a todos.

v. 16 Então, ele tomou os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, ele abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos seus discípulos para os colocarem diante da multidão.

v. 17 E todos comeram e se fartaram; e foram tomados doze cestos dos pedaços que sobraram.

Quando olhou para o céu, ele abençoou-os, e partiu  os pães, é possível que Jesus tenha feito a tradicional oração de refeição dos judeus: “Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Rei do universo, que da terra fazes vir o pão”.

O milagre da multiplicação dos pães e peixes aconteceu nas mãos de Jesus, quando Ele partiu os alimentos e foi entregando (deu-os) para os discípulos distribuírem.

No final, parece que cada apóstolo recolheu um cesto cheio de pedaços que sobraram, mesmo depois de alimentar milhares de pessoas.

Os judeus eram obrigados a recolher pedaços de comida que caíssem durante as refeições.

(Lucas 9:18-20) Quem dizem que sou?

v. 18 E aconteceu que, enquanto ele orava a sós, estavam com ele os discípulos, e ele lhes perguntou, dizendo: Quem dizem as pessoas que eu sou?

v. 19 E, respondendo eles, disseram: João, o Batista; mas alguns dizem: Elias, e outros dizem que um dos antigos profetas está ressuscitado novamente.

v. 20 E disse-lhes: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.

 O v. 18 é outro exemplo da ênfase de Lucas na oração. As respostas dos discípulos à pergunta de Jesus sobre Sua identidade provam que Herodes Antipas não era o único que estava confuso neste ponto (ver nota nos v. 7-9).

Quando Jesus perguntou a opinião pessoal dos discípulos, Pedro respondeu como porta-voz do grupo. Sua resposta (Jesus é o Cristo de Deus) é a conclusão para a qual tudo aponta no Evangelho de Lucas.

(Lucas 9:21-22) Jesus prediz seu sofrimento

v. 21 E advertindo-os com rigor, ordenou-lhes que não contassem a nenhum homem estas coisas,

v. 22 dizendo: O Filho do Homem tem que sofrer muitas coisas, e ser rejeitado pelos anciãos, e pelos principais sacerdotes e pelos escribas, e ser morto, e ser ressuscitado ao terceiro dia.

Jesus não estava pronto para Se revelar abertamente como o Cristo. Na visão popular dos judeus daquela época, o Messias deveria derrubar o governo romano e, numa onda de popularidade, assumir o reino de Israel.

Contrariando tudo isso, a missão de Jesus era “sofrer” e ser rejeitado pela liderança judaica antes de ser morto e “ressuscitado” dentre os mortos.

Essa foi a primeira de muitas predições de Jesus acerca de Sua morte e ressurreição (Lc 12:50Lc 17:25Lc 18:31-33).

(Lucas 9:23) Negue-se a si mesmo

v. 23 E dizia a todos eles: Se algum homem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e diariamente tome a sua cruz, e siga-me.

 Ser um verdadeiro discípulo de Jesus exige negar a si mesmo. A cruz era a forma de execução mais dolorosa e humilhante da era romana.

Portanto, tomar diariamente a cruz é esperar sofrimentos todos os dias por causa do compromisso com Cristo.

(Lucas 9:24) Entregue sua vida

v. 24 Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa, este salva-la-á.

O princípio de que é necessário perder a vida para salva-la-á (e não viver somente para esse mundo) é a frase que Jesus mais repete nos Evangelhos (Lc 14:26-27Mc 8:34-35Jo 12:25).

Para segui-Lo, devemos sacrificar nossas afeições a este mundo e viver para Cristo e Sua missão.

(Lucas 9:25) A eterna recompensa

v. 25 Pois que vantagem tem ao homem em ganhar o mundo inteiro, se ele se perde ou se destrói a si mesmo?

Por mais rica que uma pessoa possa ser nessa vida (ganhar o mundo inteiro), ela estará falida por toda a eternidade (destrói a si mesmo) se morrer sem Cristo.

(Lucas 9:26) Honrar a Deus

v. 26 Porquanto, qualquer que se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando ele vier em sua própria glória, e na de seu Pai e dos santos anjos.

 Se envergonhar de Cristo e de Suas palavras é ser incrédulo, o que traz condenação eterna na segunda vinda de Jesus (2Tm 2:12).

Além disso, também é possível que os cristãos temporariamente se acovardam de medo diante de colegas incrédulos e ajam “com vergonha” de Jesus, como Pedro ao negar Jesus.

Neste caso, o cristão pode perder parte da recompensa celestial (1Co 3:10-15 – 2Co 5:10), mas não sofrerá o castigo eterno.

(Lucas 9:27) O que há de vir

v. 27 Mas em verdade eu vos digo: Há alguns, dos que estão aqui, que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus.

 Esta declaração enigmática diz respeito ao próximo evento do livro – a transfiguração de Jesus (v. 28-35). Há alguns, dos que estão aqui indica Pedro, Tiago e João, que estavam com Jesus em Sua transfiguração (v. 28).

Aparentemente, vejam o reino de Deus significa que a aparência gloriosa de Jesus (v. 29,32) era uma prévia do reino vindouro.

(Lucas 9:28-29) A transfiguração

v. 28 E aconteceu que, quase oito dias depois destes dizeres, ele tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar.

v. 29 E enquanto ele orava, foi alterada a aparência da sua face, e a sua veste estava branca e resplandecente.

 Sobre Pedro, João e Tiago, ver nota em Lc 8:51-53. O tradicional candidato para este monte é o monte Tabor, de 580 metros de elevação, 10 quilômetros à leste de Nazaré.

Todavia, o mais provável é que fosse o monte Hermom, entre Cesareia de Filipe e Damasco, cerca de 2745 metros acima do nível do mar.

Não se sabe em que sentido a aparência do rosto de Jesus foi alterada. Suas roupas são descritas como branca e brilhante (brilhantes, como o brilho de um relâmpago).

É possível que haja uma semelhança intencional com Moisés depois que esteve com Deus no monte Sinai (Êx 34:29-35) ou com a visão do Filho do homem em Ap 1:13-16.

(Lucas 9:30-31) Moisés e Elias

v. 30 E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias,

v. 31 os quais apareceram em glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.

 A tradição judaica esperava que Moisés e Elias (ver Ml 4:5-6) voltassem antes da chegada do Reino de Deus. Assim como Jesus, a aparência deles também estava quase que ofuscante nesta aparição especial.

A palavra morte (Gr. exodos), também usada para indicar o êxodo do Egito no antigo testamento: “falavam do Seu êxodo”.

A escolha dessa palavra pode ser uma associação com a presença de Moisés. Em Jerusalém deixa claro que este “êxodo” seria a morte de Jesus na cruz.

(Lucas 9:32-33) Pedro, Tiago e João ficam maravilhados

v. 32 Mas Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando eles acordaram, viram a sua glória, e aqueles dois homens que estavam com ele.

v. 33 E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, Pedro disse a Jesus: Mestre, é bom estarmos aqui; façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias; não sabendo o que dizia.

Não está claro se Pedro, Tiago e João estavam carregados de sono porque já estava no meio da noite ou se eles perderam os sentidos, como acontecia com Daniel quando anjos apareciam (Dn 8:18 –
Dn 10:9).

Quando Moisés e Elias se apartaram dele, Pedro falou na tentativa de prolongar a cena gloriosa. Contudo, sua ideia era imprevidente por dois motivos:

  1. Fazer três tabernáculos (abrigos temporários) iguais era colocar Moisés e Elias no mesmo nível que Jesus, em vez de adorar somente a Ele (Ap 19:10 – Ap 22:8-9) e
  2. A conversa de Jesus sobre Seu “êxodo”” vindouro em Jerusalém mostra que não havia espaço para demoras no plano redentor de Deus.

(Lucas 9:34-35) A autoridade de Jesus

v. 34 Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e eles se atemorizaram ao entrarem na nuvem.

v. 35 E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.

 A nuvem que cobriu a cena faz lembrar a nuvem que encobriu o tabernáculo no deserto (Êx 40:34-35).

A voz que saju da nuvem mescla o que foi dito em Lc 3:22, no batismo de Jesus, com uma alusão a Dt 18:15, em que Israel deveria ouvir (a ele ouvi) o profeta semelhante a Moisés que viria (o Messias).

(Lucas 9:36-37) Não contem a ninguém

v. 36 E quando a voz passou, Jesus foi achado só. E eles guardaram silêncio, e naqueles dias não contaram a nenhum homem daquelas coisas que tinham visto.

v. 37 E aconteceu que, no dia seguinte, descendo eles do monte, veio ao encontro dele uma grande multidão. 

 Lucas não diz por que os três apóstolos guardaram silêncio a experiência que tiveram, mas Mt 17:9 afirma que Jesus lhes ordenou que não contassem aquilo a ninguém até que Ele ressuscitasse. Em 2Pe 1:16-18, Pedro relembra sua experiência na transfiguração.

(Lucas 9:38-42) O menino possesso

v. 38 E, eis que um homem da multidão gritou, dizendo: Mestre, eu te suplico que olhes para meu filho, porque ele é meu único filho.

v. 39 Eis que um espírito o toma, e ele de repente grita; e ele toma-o até ele espumar novamente, e com dificuldade o abandona, ferindo-o.

v. 40 E eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e eles não puderam.

v. 41 E, respondendo Jesus, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando eu estarei contigo e vos suportarei? Traze-me aqui o teu filho.

v. 42 E, quando ele se aproximava, o demônio o derrubou e agitou. E Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, e o entregou novamente ao seu pai.

 Não sabemos se esses discípulos que não conseguiram curar o menino dominado várias vezes por um demônio eram os nove apóstolos, que não viram a transfiguração de Jesus, ou se eram alguns do grupo maior de seguidores.

Também não sabemos se essa geração é incrível. Quando Jesus repreendeu o demônio, o menino foi curado imediatamente.

(Lucas 9:43-45) Ele novamente prediz sua morte

v. 43 E todos se maravilhavam da grandeza do poder de Deus. Mas enquanto todos maravilhavam-se de todas as coisas que Jesus fazia, ele disse aos seus discípulos:

v. 44 Deixai estas palavras em vossos ouvidos; porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens.

v. 45 Mas eles não entenderam esta palavra, e foi-lhes encoberto, para que não o percebessem. E eles temiam interrogá-lo a esse respeito. 

No desfecho da cura do menino endemoniado (v. 38-43), Jesus mudou de assunto e anunciou que em breve seria entregue (Gr. paradidomi, “ser entregue”) e preso.

Os discípulos ficaram confusos com as palavras de Jesus. Lucas diz que isso estava encoberto aos olhos deles até a morte e ressurreição do Salvador.

Enquanto isso, o medo dessa conversa de Jesus sobre traição e morte os impedia de perguntar o que Ele quis dizer com isso.

(Lucas 9:46-48) Quem é o maior?

v. 46 Então, suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.

v. 47 E Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma criança, colocou-a ao seu lado,

v. 48 e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, recebe a mim; e qualquer que receber a mim, recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse será o maior.

Os apóstolos se perguntaram qual deles seria o maior mais de uma vez (Lc 22:24). Jesus sabia do orgulho competitivo por trás da discussão e foi direto ao ponto: espiritualmente, o maior seria aquele que fosse o menor (aquele que fosse verdadeiramente humilde como discípulo de Jesus).

(Lucas 9:49-50) O reino é maior

v. 49 E, respondendo João, disse: Mestre, nós vimos alguém expulsando demônios em teu nome e proibimo-lo, porque ele não segue conosco.

v. 50 E Jesus lhe disse: Não o proibais; porque quem não é contra nós, é por nós.

 Ao que parece, o homem que expulsava demônios em nome de Jesus era um discípulo verdadeiro, apesar de não seguir o Mestre de cidade em cidade.

Aqui o princípio espiritual é ter cuidado ao julgar, porque alguém que não é contra nós pode estar do seu lado. A passagem de Lc 11:23 afirma o contrário.

(Lucas 9:51) Jesus irá a Jerusalém

v. 51 E aconteceu que, tendo chegado o tempo para a sua ascensão ele fixou sua face para ir a Jerusalém,

A expressão o tempo para a sua ascensão se refere à ascensão de Jesus aos céus e aos eventos que levariam a ela.

Fixou sua face significa literalmente “fixar o rosto”, expressão hebraica que indica firmeza de propósito apesar do perigo.

A menção da viagem para Jerusalém inicia a terceira seção maior do Evangelho de Lucas.

(Lucas 9:52-56) Os samaritanos não o recebem

v. 52 e enviou mensageiros à sua frente, e eles foram e entraram em uma aldeia dos samaritanos, para lhe fazer os preparativos.

v. 53 E eles não o receberam, porque o seu rosto estava voltado para Jerusalém.

v. 54 E quando os seus discípulos, Tiago e João, viram isso, eles disseram: Senhor, queres que ordenemos que desça fogo do céu para os consumir, assim como fez Elias?

v. 55 Mas, ele voltando-se, repreendeu-os, e disse: Não sabeis de que tipo de espírito sois vós.

v. 56 Porque o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los. E eles foram para outra aldeia.

 Os samaritanos não receberam Jesus porque Ele estava indo para Jerusalém a fim de adorar no templo, e não no monte Gerizim, onde os samaritanos preferiam adorar (ver Jo 4:20-21).

Em Mc 3:17, Jesus dá aos apóstolos Tiago e João o apelido de Boanerges, que significa “filhos do trovão”; provavelmente isso indica que eles tinham um temperamento facilmente inflamável. Desça fogo do céu lembra o que Elias fez em 2Rs 1:9-16.

(Lucas 9:57-58) O chamado

v. 57 E aconteceu que, indo eles pelo caminho, um certo homem lhe disse: Senhor, eu desejo te seguir para onde quer que tu fores.

v. 58 E Jesus lhe disse: As raposas têm tocas, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a sua cabeça.

Jesus avisou a este candidato a discípulo de que ele deveria avaliar o custo de segui-Lo antes de se comprometer.

Afinal, nem o próprio Cristo tinha um lugar para chamar de lar. Seguir a Cristo é se apegar menos às coisas que costumam nos dar segurança física e emocional.

(Lucas 9:59-60) A prioridade do Reino de Deus

v. 59 E ele disse a outro: Segue-me. Mas ele disse: Senhor, permite-me ir primeiro enterrar o meu pai.

v. 60 Jesus lhe disse: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas vai tu e prega o reino de Deus.

 Dificilmente o pai deste homem já havia morrido. Se tivesse, o homem estaria envolvido com os rituais do funeral, em vez de estar falando com Jesus.

Logo, as palavras do homem eram uma desculpa para adiar, talvez por anos, sua responsabilidade de seguir Jesus e cumprir sua missão: pregar o reino de Deus.

(Lucas 9:61-62) O reino em primeiro lugar

v. 61 E outro também disse: Senhor, eu desejo te seguir, mas deixa-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa.

v. 62 E Jesus lhe disse: Nenhum homem, tendo posto a mão no arado, e olhando para trás, é apto para o reino de Deus.

 Em Lc 14:26, Jesus deixa claro que Ele deve ser a prioridade número um na vida do discípulo, acima até. mesmo da própria família.

Tendo posto a mão no arado, e olhando para trás significa olhar por cima do ombro enquanto se ara a terra, o que torna impossível arar em linha reta.

Os cristãos não podem seguir a Cristo olhando para trás. Ao seguir em frente ao Seu comando, devemos manter o foco em servi-Lo.

5 importantes lições que podemos aprender em Lucas 9

  1. O Poder da Fé e Autoridade em Cristo: Jesus confere aos Seus discípulos autoridade sobre os demônios e poder para curar doenças. Isso destaca a importância da fé e confiança na autoridade de Cristo para superar desafios espirituais e físicos.
  2. Renúncia e Sacrificio: Jesus instrui Seus discípulos a renunciarem a si mesmos, tomarem suas cruzes e segui-Lo. Essa lição enfatiza a necessidade de sacrificar nossos próprios desejos e interesses em prol do Reino de Deus e do serviço aos outros.
  3. Prioridade no Reino de Deus: Jesus ensina que seguir a Ele deve ser a prioridade principal em nossas vidas. Ele repreende aqueles que adiam ou hesitam em segui-Lo, destacando a importância de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar em todas as nossas decisões e ações.
  4. Atitude de Serviço e Humildade: Jesus exemplifica o serviço ao curar os doentes e alimentar as multidões. Ele também ensina aos Seus discípulos sobre a grandeza no Reino de Deus, mostrando que a verdadeira grandeza vem através do serviço e da humildade.
  5. Confronto com a Rejeição: Jesus enfrenta a rejeição em algumas aldeias onde Ele pregou o Evangelho. Isso nos lembra que, apesar de nossos esforços, nem todos aceitarão a mensagem do Evangelho, mas devemos continuar a proclamar a verdade com amor e perseverança.

Conclusão

A capacitação dos discípulos para a missão não foi um privilégio dado apenas a eles. A fama de Jesus era o principal assunto que, a uns alegrava e a outros despertava o temor.

Enquanto Herodes “se esforçava por vê-Lo”, Jesus estava sempre acessível a todos. Ele alimentava as multidões famintas do pão do céu e do pão físico, não fazendo diferença entre as pessoas.

Entretanto, Ele deixou claro que o discipulado não é para todos. Todos são chamados, mas nem todos estão dispostos a renunciar a própria vida e a renúncia do eu requer a fé operante tanto de subir ao monte com Jesus “com o propósito de orar” quanto de com Ele descer e enfrentar a fúria.

Um discípulo de Jesus, a submissão seja é a mais importante ordem no sentido de cumprir a missão segundo a vontade de Deus. Como uma criança obediente a seu pai, Deus espera que, experimentemos “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade” dele.

Ao contrário do pensamento dos discípulos, devemos ter em mente de que Deus possui seus instrumentos externos, usando a luz que possuem com a finalidade de libertar pessoas do inimigo.

A esses, no devido tempo, a luz será revelada pelo Espírito Santo e terão um papel no cumprimento dos últimos dias.

Obra esta que já está sendo realizada. Suas vidas, unidas serão para o mundo um testemunho “de quem, decisivamente”, está indo para a Nova Jerusalém.

Seguir a Jesus não é tarefa fácil. É simples de entender, mas difícil de praticar. Certamente, Jesus deixou bem claro que segui-lo é uma questão de escolha e que envolve vida ou morte, não apenas de quem é chamado, mas de todos os que podem ser alcançados em sua esfera de influência.

Todos sabiam para onde Ele estava indo. Quando as pessoas olham para nós, elas sabem para onde estamos indo? Um verdadeiro discípulo de Jesus não é aquele que fala melhor, mas aquele que sabe para onde vai.

Que pelo poder do Espírito Santo, sejamos verdadeiros discípulos de Cristo e que se cumpra em nossa vida.

Lucas 9 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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