1 Samuel 2 Estudo: Um Novo Cântico
Neste capítulo de 1 Samuel 2, veremos que após levar Samuel ao templo, Ana canta um novo cântico e engrandece a Deus, por meio dele e, após, retorna a sua casa.
O capítulo, ainda, denuncia a terrível corrupção dos sacerdotes, filhos de Eli, os quais tiravam das ofertas partes que não lhes pertenciam, cometendo, assim, grande transgressão.
Samuel era muito pequeno mas já ministrava perante o Senhor. De ano em ano, quando Elcana subia ao templo para adorar, Ana levava uma túnica pequena a seu filho.
Eli rogou que Deus abençoasse Ana com mais filhos e esta veio a conceber mais cinco vezes. As escrituras relatam que Eli ouvia sobre o mau procedimento de seus filhos, os quais se deitavam com mulheres na porta do templo.
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Embora ele os repreendesse, não davam ouvidos, pois o Senhor os queria matar. Por fim, um homem de Deus se achega a Eli e expõe o descontentamento divino acerca do procedimento dele e dos filhos, profetizando o juízo sobre eles, além do fim do sacerdócio na linhagem de Eli.
1 Samuel 2 estudo: Contexto histórico
No capítulo anterior, vimos como se dera o nascimento do profeta Samuel, o qual fora resposta de oração de sua mãe, Ana. Ela era estéril e sofria com as provocações da outra esposa de seu marido, vez que, estra outra, possuía filhos.
Então, as escrituras relatam que Ana se derramou perante o Senhor, quando subiu ao templo e chorou abundantemente, de modo que o sacerdote chegou, até mesmo, a pensar que ela estaria embriagada, no entanto ela explicou que apenas estaria fazendo uma petição, em decorrência de sua grande dor.
O sacerdote Eli, deste modo, a abençoa e roga que o Senhor a ouvisse. Ana havia feito um voto onde, caso o Senhor a abençoasse com um filho varão, este seria entregue a Ele e navalha não passaria em sua cabeça.
Após, vemos que Deus lembra-se de Ana e esta concebe a Samuel. Por fim, após desmamado, ela o entrega no templo.
(1 Samuel 2:9) Um Deus que conhece
v. 9 Ele guardará os pés dos seus santos, e os ímpios serão silenciados na escuridão; pois pela força nenhum homem prevalecerá.
O Senhor não somente vê os atos das pessoas, mas Ele conhece os seus santos (Na 1:7) e o coração dos impios, e os abençoa ou julga de maneira apropriada.
(1 Samuel 2:10) Um cântico profético
v. 10 Os adversários do SENHOR serão quebrados em pedaços; do céu ele trovejará sobre eles; o SENHOR julgará as extremidades da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o chifre do seu ungido.
A palavra hebraica por trás de adversários possui uma conotação legal; ninguém pode instaurar uma ação judicial contra o SENHOR.
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A menção do rei de Deus e do seu ungido pode antecipar o estabelecimento da monarquia em Israel. Alguns intérpretes têm sugerido que Ana falou de maneira profética do reino eterno de Deus sob o Messias.
(1 Samuel 2:11) Samuel ministrava ao Senhor
v. 11 E Elcana foi a Ramá, para a sua casa. E a criança ministrava ao SENHOR diante de Eli, o sacerdote.
O termo ministrava não é usado para escravos, e geralmente denota um nível mais alto de serviço (Js 1:1), incluindo o serviço sacerdotal (Dt 10:8).
(1 Samuel 2:12) Filhos de Belial
v. 12 Ora, os filhos de Eli eram filhos de Belial; eles não conheciam o SENHOR.
O termo filhos de Belial no original significa literalmente “filhos de Belial”. A expressão normalmente denota pessoas moralmente corrompidas: Ana usou a forma feminina da expressão quando rogou a Eli que não a considerasse uma filha de Belial (1 Sm 1:16). Não conheciam. Traduzido corretamente aqui.
(1 Samuel 2:13-14) Os filhos de Eli
v. 13 E o costume dos sacerdotes com o povo era que, quando qualquer homem oferecesse sacrifício, o servo do sacerdote vinha, enquanto a carne estava em fervura, com um gancho para carnes de três dentes em sua mão;
v. 14 e ele o lançava na panela, ou tacho, ou caldeirão, ou pote; tudo o que o gancho de carne trazia para o alto, o sacerdote tomava para si. Assim faziam em Siló a todos os israelitas que para lá iam.
As porções do sacrifício que cabiam aos sacerdotes foram especificamente prescritas na lei de Moisés (Lv 7:32-34).
Um gancho para carnes de três dentes não foi estipulado em parte alguma; pelo contrário, os filhos de Eli estavam fazendo as suas próprias regras para o sacrifício, presumivelmente para assegurar mais para si mesmos.
(1 Samuel 2:15-16) A regra sobre a gordura do sacrifício
v. 15 Também antes de eles queimarem a gordura, o servo do sacerdote vinha, e dizia ao homem que sacrificava: Dá carne para o sacerdote assar; pois ele não terá carne mal cozida de ti, porém crua.
v. 16 E se qualquer homem lhe dissesse: Que não falhem em queimar a gordura neste momento, e, depois, toma tudo quanto desejar a tua alma; ele, então, responder-lhe-ia: Não; mas tu ma darás agora; se não, tomá-la-ei à força.
A gordura era a porção do sacrifício que pertencia ao Senhor (Lv 3:3-5). O texto implica que os filhos de Eli também estavam comendo a gordura dos animais sacrificiais.
A advertência Que não falhem em queimar a gordura neste momento, – advertência esta que era negligenciada indica que o povo comum tinha uma consciência moral maior do que a dos filhos de Eli.
(1 Samuel 2:17) O pecado dos filhos de Eli
v. 17 Por isso o pecado dos jovens era muito grande diante do SENHOR; pois os homens abominavam a oferta do SENHOR.
O verbo hebraico traduzido como abominavam indica forte desagrado ou desprezo; ele também descreveria mais tarde o pecado de Davi com Bate-Seba (2Sm 12:14). Podemos entender como “tratar com pouco caso, desprezar” (Nm 14:11).
(1 Samuel 2:18) Éfoide
v. 18 Porém, Samuel ministrava diante do SENHOR, sendo criança, cingido com um éfode de linho.
Sobre ministrava,ver nota no versículo 11. O éfoide de linho de Samuel era a vestimenta semelhante a um colete usada pelos sacerdotes e pelo sumo sacerdote (Ex 28:6-13). Ela incluía um bordado e 12 pedras como lembrança visível das 12 tribos de Israel.
(1 Samuel 2:19) A túnica de Samuel
v. 19 Ademais, a sua mãe lhe fazia uma pequena túnica, e lha trazia de ano a ano, quando ela subia com o seu marido para oferecer o sacrifício anual.
A pequena túnica que Ana fazia para Samuel pode estar associada àquela prescrita para os sacerdotes (Êx 28:31). Samuel tinha saído da casa de Ana mas não do seu coração.
(1 Samuel 2:20) A bênção de Eli a Ana
v. 20 E Eli abençoava Elcana e sua esposa, e dizia: Que o SENHOR te dê semente desta mulher pelo empréstimo que é emprestado ao SENHOR. E eles seguiam para a sua própria casa.
Pelo empréstimo que é emprestado é literalmente “petição que ela pediu” ou “dedicado que ela dedicou” (1 Sm 1:28), e reforça a natureza especial do nascimento e da dedicação especial de Samuel.
(1 Samuel 2:21) Ana concebe
v. 21 E o SENHOR visitou Ana, de modo que ela concebeu, e deu à luz três filhos e duas filhas. E o menino Samuel crescia diante do SENHOR.
O Senhor visitou Ana é literalmente “Yahweh visitou Ana”. A mesma expressão hebraica ocorre com referência a Sara, esposa de Abraão, quando ela concebeu Isaque, outra criança prometida (Gn 21:1).
Ana foi abundantemente abençoada, no entanto, os seus três filhos e duas filhas são, ainda assim, contrastados com o menino Samuel, que crescia diante do SENHOR.
(1 Samuel 2:22) Eli ciente dos pecados dos filhos
v. 22 Ora, Eli era muito velho, e ouvia tudo o que os seus filhos faziam a todo o Israel; e como eles se deitavam com as mulheres que se reuniam à porta do tabernáculo da congregação.
As palavras muito antigas provavelmente sugerem a falta de força por parte de Eli para impedir os pecados de seus filhos, que,como o texto agora menciona, também incluíam a imoralidade sexual.
(1 Samuel 2:25) Uma advertência
v. 25 Se um homem pecar contra outro, o juiz o julgará; mas se um homem pecar contra o SENHOR, quem intercederá por ele? Não obstante, eles não atentaram à voz do seu pai, porque o SENHOR os mataria.
Em uma disputa entre dois homens, Deus (ou o juiz) podia intervir, mas se o pecado da pessoa fosse diretamente contra o SENHOR, nenhuma intercessão era possível – só a condenação.
As palavras porque o SENHOR os mataria revela que bem semelhante ao caso do Faraó nos dias de Moisés (Êx 4:21), a incredulidade persistente de Hofni e Finéias fez com que Deus os entregou para julgamento.
(1 Samuel 2:26) Samuel é abençoado
v. 26 E o menino Samuel cresceu, e tinha o favor tanto do SENHOR, como também dos homens.
A frase que o menino Samuel cresceu, e tinha o favor tanto do SENHOR, como também dos homens é notavelmente similar à descrição de Jesus quando ainda menino (Lc 2:52).
(1 Samuel 2:27) A profecia contra Eli e seus filhos
v. 27 E veio um homem de Deus até Eli, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Não apareci eu, claramente, à casa do teu pai, quando eles estavam no Egito, na casa de Faraó?
À casa do teu pai… no Egito recorda a escolha que Deus fez de Arão (Êx 4:14-16).
(1 Samuel 2:28) As funções sacerdotais
v. 28 E eu o escolhi de todas as tribos de Israel para ser meu sacerdote, para ofertar sobre o meu altar, para queimar incenso, para vestir um éfode diante de mim. E eu dei à casa do teu pai todas as ofertas dos filhos de Israel feitas pelo fogo.
As responsabilidades listadas eram estritamente limitadas ao sacerdote, a quem a lei de Moisés designou como sendo dos filhos de Arão (Ex 28:1-5).
(1 Samuel 2:30) O juízo
v. 30 Por isso o SENHOR Deus de Israel diz: Eu disse, verdadeiramente, que a tua casa, e a casa de teu pai, deveria andar diante de mim para sempre; mas, agora, o SENHOR diz: Esteja isso longe de mim; pois honrarei os que me honram, e aqueles que me desprezam serão pouco estimados.
Com as palavras estejam longe de mim, Deus indicou que Ele não pôs de lado Sua promessa à linhagem de Arão.
As palavras honrarei os que me honram revelam que Deus tinha julgado a casa de Eli como inadequada para servir como família de sacerdotes entre os filhos de Arão.
(1 Samuel 2:31-32) A família de Eli é castigada
v. 31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço, e o braço da casa do teu pai, e não haverá sequer um velho na tua casa.
v. 32 E tu verás um inimigo na minha habitação, em toda a riqueza que Deus dará a Israel; e não haverá um velho sequer na tua casa para sempre.
Deus em Sua graça não destruiu a família de Eli, mas reduziu drasticamente a sua força (o teu braço).
(1 Samuel 2:34) O anúncio da morte de Hofni e Fineias
v. 34 E isto será um sinal para ti, que sobrevirá aos teus dois filhos, sobre Hofni e Fineias: Em um dia morrerão ambos.
Hofni E Finéias, os principais pecadores, seriam os primeiros a morrer – e no mesmo dia.
(1 Samuel 2:35) O prenuncio de outro ungido
v. 35 Eu levantarei para mim um sacerdote fiel, que fará de acordo com aquilo que está no meu coração e na minha mente; e para ele edificarei uma casa segura; e ele andará diante do meu ungido para sempre.
Alguns sugerem que é a Samuel que a expressão um sacerdote fiel se refere, no entanto, Samuel não teve uma casa firmemente edificada (1 Sm 8:1-5).
O termo pode denotar a linhagem sacerdotal de Zadoque, que finalmente sucedeu a linhagem de Eli (1Rs 2:27), ou todo e qualquer sacerdote que seguiu fielmente o Senhor.
O meu ungido designa a linhagem de Davi, para quem Deus também edificou firmemente uma dinastia (2Sm 7:11-16).
(1 Samuel 2:36) Demais prenúncios para a família de Eli
v. 36 E sucederá que, todo aquele que for deixado na tua casa virá e se agachará diante dele por um pedaço de prata e um bocado de pão, e dirá: Põe-me, rogo-te, em um dos ofícios dos sacerdotes, para que eu possa comer um pedaço de pão.
Este versículo sugere que os descendentes de Eli não participariam nem mesmo das porções sacrificiais reservadas para os sacerdotes (Lv 2:3).
Conclusão
O capítulo inicia-se com o novo cântico de Ana, a qual, como vimos no capítulo anterior, havia subido a Siló para cumprir a promessa de entregar seu filho Samuel para servir ao Senhor no templo, todos os dias de sua vida. Após fazê-lo, Ana expressa, por meio de um louvor, sua gratidão a Deus.
Nele podemos constatar um pouco mais do coração dessa serva, a qual expressa que o homem não deve esperar nada de si mesmo, vez que o Senhor é o Todo Poderoso, que dá e tira a vida e julga a todos. Com isso, Ana expõe, ainda mais, sua sabedoria e seu entendimento sobre o Criador.
Seu cântico, ainda, trata-se de um hino profético, o qual prenuncia de um rei, mesmo quando a monarquia, até então, não havia sido estabelecida em Israel, mas cujo reinado culminaria na vinda do Messias. As palavras de Ana, também, ecoaram no louvor de Maria (Lucas 1:46-55) e no louvor de Zacarias (Lucas 1: 68-79).
Samuel, crescia e se desenvolvia ministrando ao Senhor, de acordo com seu propósito. De ano em ano, Ana levava uma túnica a seu filho, sem os ornamentos oficiais da vestimenta, possivelmente para que isso servisse de lembrança de sua consagração ao Senhor, além de demonstrar o afeto materno.
O capítulo se encerra com a profecia sobre a casa de Eli, o qual havia honrado mais a seus filhos que a Deus, não os disciplinando conforme seus atos corruptos.
O desrespeito contínuo e a impunidade sempre geraram juízo divino. Isso nos ensina que, mais que obedecer, é importante não consentirmos com o erro, vez que isso implica em coautoria e, consequentemente, o devido juízo por negligência.
A profecia proferida contra a casa de Eli, também, sugere a captura da arca da aliança e a destruição de Siló.

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