João 15 Estudo: A Videira e os Ramos

No capítulo 15 de João, veremos que na derradeira noite de seu ministério, depois da Ceia, Jesus ensinará aos apóstolos que Ele é a videira verdadeira e que seus discípulos são as varas, ou seja, os ramos. Ele ordenará que seus discípulos amem uns aos outros e preveniu-os da perseguição que enfrentariam por seu relacionamento com Ele.

Contexto histórico

Após cear, Jesus ensinou aos apóstolos o que fazer para voltar ao Pai Celestial e ao seu amor e para demonstrar seu serviço a Ele. Então, prometeu-lhes que enviaria outro consolador, o Espírito Santo de Deus, que viria para consolá-los e convencê-los do pecado. É chegada a hora.

O fracasso de Israel em produzir fruto, no entanto, resultou em julgamento divino. Jesus, em contraste, é a videira verdadeira e os Seus seguidores permanecem nele e produzem muito fruto para Deus. Acompanhe a seguir o estudo completo de João 15.

(João 15:1) A videira e os ramos

v. 1 Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador.



Eu sou a videira verdadeira é o último dos sete ditos de Jesus com “eu sou” no Evangelho de João (ver nota em Jo 6:35). “Verdadeira” contrasta Jesus com o Israel do antigo testamento.

José foi chamado de “ramo frutífero” em Gn 49:22. A referência ao Pai como o lavrador remonta à primeira canção da vinha de Isaías, onde Deus é descrito como aquele que cuida de Sua vinha apesar de ser recompensado com uvas azedas (Is 5:1-7).

(João 15:2) Deem frutos

v. 2 Todo ramo em mim que não dá fruto, ele tira, e todo ramo que carrega fruto, ele limpa, para que possa trazer mais fruto.

 Para assegurar uma produção máxima de fruto, o dono da vinha tira (“levanta”) ramos mortos e todos os demais (Hb 6:7-8).

No Evangelho de João, Judas, o traidor, é um exemplo do primeiro caso. Pedro, que negou Jesus por três vezes, é um exemplo do segundo (Jo 18:15-18).

(João 15:3) Estais limpos

v. 3 Agora vós estais limpos pela palavra que eu vos disse.

Sobre vós já estais limpos, ver Jo 13:10-11.

(João 15:4) Permaneçam em mim

v. 4 Permanecei em mim, e eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, a não ser que permaneça na videira, assim também vós não podeis, a não ser que permaneçais em mim.


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A terminologia em remonta à teologia pactual do antigo testamento, inclusive textos proféticos acerca de um novo pacto no futuro (Êx 43:9).

(João 15:5) Sem mim, nada podereis fazer!

v. 5 Eu sou a videira, vós sois os ramos; quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

A repetida referência a fruto sublinha que a fecundidade é o propósito primário de Deus na criação (Gn 1:11-12) e na redenção (v. 8).

Os profetas do antigo testamento vislumbraram um tempo em que o povo de Deus florescerá e brotará, e encherá a face da terra com fruto (Os 14:4-8).

(João 15:6) Lançados no fogo

v. 6 Se alguém não permanece em mim, ele é lançado fora como um ramo, e murcha; e homens os recolhem, e os lançam no fogo, e eles são queimados.

v. 7 Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.

v. 8 Nisto é glorificado o meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
v. 9 Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.


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Esse versículo reflete Ez 15:1-8, onde se diz que uma videira infrutífera só é útil para ser queimada. Fogo é um símbolo bíblico comum para o juízo divino (ver nota em Jo 15:2).

(João 15:10-11) Guardem meus mandamentos!

v. 10 Se vós guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.

v. 11 Estas coisas vos tenho dito para que a minha alegria permaneça em vós, e para que a vossa alegria seja completa.

Obedecer não é uma ação tristonha; pelo contrário, é uma fonte de alegria. Os profetas do antigo testamento anteviram um período de grande regozijo escatológico (Zc 9:9).

(João 15:12-14) Amem uns aos outros!

v. 12 Este é meu mandamento: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
v. 13 Ninguém tem maior amor do que este, de algum homem entregar a sua vida pelos seus amigos.
v. 14 Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

 No antigo testamento, só Abraão (2Cr 20:7) e, por implicação, Moisés (Êx 33:11) são chamados “amigos de Deus”. Jesus estende esse privilégio a todos os cristãos obedientes.

(João 15:15-16) Os chamo de amigos

v. 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas eu tenho-vos chamado amigos, porque todas as coisas que eu ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

v. 16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça; para que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos dê.

Na Palestina do primeiro século, os discípulos normalmente tombam a iniciativa de se vincular a um determinado rabino, e não o contrário.

Como declarava um dito muito conhecido: “Consiga um professor para você”. Jesus rompeu com esse costume e chamou os Seus próprios discípulos.

A designação escolhi para lembra a descrição do antigo testamento acerca do Senhor constituindo o patriarca Abraão (Rm 4:17), a ordenação dos levitas (Nm 8:10), e o comissionamento de Josué por Moisés (Nm 27:18).

(João 15:17-19) A unidade

v. 17 Estas coisas vos mando, que vos ameis uns aos outros.
v. 18 Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou antes de odiar a vós.

v. 19 Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.

Essa unidade maior no final do discurso de despedida trata da hostilidade do mundo em relação a Jesus e a Seus discípulos além de focalizar o ministério futuro do Espírito Santo. Os seguidores de Jesus serão conhecidos pelo amor.

(João 15:20-23) Vocês serão perseguidos por meu nome

v. 20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se eles perseguiram a mim, também perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.

v. 21 Mas todas essas coisas vos farão por causa do meu nome, porque eles não conhecem aquele que me enviou.

v. 22 Se eu não viera e nem lhes houvera falado, eles não teriam pecado; mas agora não têm capa para o seu pecado.

Capa… Ou seja, manto; isto é desculpa, justificação, do grego próphosis. Sobre as obras de Jesus que dão testemunho a Seu respeito, ver nota em Jo 5:31-47.

(João 15:24-25) O justo sofredor

v. 25 Mas isso aconteceu para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Eles me odiaram sem motivo.

v. 24 Se entre eles eu não tivesse feito tais obras, as quais nenhum outro homem fez, eles não teriam pecado. Mas agora, tanto viram quanto odiaram, tanto a mim como ao meu Pai.

Jesus declarou que o ódio dos judeus a Ele cumpria as Escrituras do antigo testamento, especificamente Sl 69:4 (cp. Sl 35:19).

Esse salmo davídico descreve um justo sofredor que tem zelo por Deus, no entanto, é perseguido sem motivo pelos inimigos do Eterno. Assim, Jesus viu as experiências de Davi como uma prefiguração do ódio e da rejeição que Ele mesmo sofreu.

(João 15:26) O consolador

v. 26 Mas, quando vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim;

 Sobre a promessa de Jesus a respeito do Espírito Santo, ver notas em Jo 14:16-17

(João 15:27) Testemunhas de Jesus

v. 27 e vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.

 O chamado aos seguidores de Jesus para servirem como testemunhas faz lembrar a literatura profética do antigo testamento, onde o povo escatológico do Senhor é chamado de Suas “testemunhas” para a nação (Is 44:8).

Nas páginas do novo testamento, os cristãos têm a promessa da ajuda do Espírito em tempos de perseguição (Lc 12:12). O Espírito também exerce uma parte vital na missão da igreja (At 6:10).

5 importantes lições que podemos aprender em João 15

  1. Permanência em Cristo: Jesus compara a relação dos crentes com Ele à relação de um ramo com a videira, enfatizando a importância da permanência nele para produzir frutos espirituais. Essa lição destaca a necessidade de uma comunhão constante com Cristo por meio da oração, meditação na Palavra e obediência aos Seus mandamentos.
  2. Fidelidade na Obediência: Jesus ensina que aqueles que O amam guardarão Seus mandamentos. Essa lição nos lembra da importância de uma vida de obediência a Cristo como evidência genuína de nosso amor por Ele, resultando em uma vida frutífera e em bênçãos espirituais.
  3. Dependência da Graça de Deus: Jesus afirma que sem Ele nada podemos fazer, ilustrando a dependência dos crentes da graça e do poder de Cristo para produzir frutos espirituais. Essa lição nos humilha diante de Deus, reconhecendo nossa insuficiência e necessidade contínua de Sua graça e capacitação.
  4. Alegria na Comunhão com Cristo: Jesus deseja que a alegria Dele esteja em nós e que nossa alegria seja completa. Isso nos lembra que a verdadeira alegria e satisfação são encontradas na comunhão com Cristo, não nas circunstâncias externas, e nos desafia a buscar essa alegria na intimidade com Ele.
  5. Amor uns pelos outros: Jesus ordena que Seus discípulos amem uns aos outros como Ele os amou, demonstrando assim serem verdadeiros discípulos. Essa lição destaca a importância do amor mútuo entre os crentes como um reflexo do amor de Cristo por nós e como testemunho ao mundo do Seu poder transformador.

Conclusão

Concluindo mais um capítulo, Jesus dá mais uma aula sobre seu reino, sempre usando figuras de linguagem e dessa vez Ele usa a videira e seus ramos.

Ele ensina de como devemos nos manter enxertados nele, para que nosso fruto seja constante, pois Ele é a videira. Sobre nos limpar, o Pai podará aqueles que Ele sabe que pode dar mais frutos, e são as aflições e perdas de nossa vida, que não entendemos no momento, mas que se, com fé, crermos e esperarmos no Senhor, veremos que o “agricultor” fez com um propósito.

Ao alertar seus discípulos sobre a perseguição que sofreriam, Jesus dá mais um sinal de que se preocupa com o porvir de todos Eles e mostra que a vida por Ele requer renúncias e perseguições que, muitas vezes, nem mereçamos. Como Jesus nos ama!

João 15 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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