João 16 Estudo: A Obra do Espírito

Em João 16, veremos que Jesus Cristo continuará a ensinar os discípulos e dirá que logo iria para o Pai e que o Consolador viria para guiá-los a toda a verdade e arrependimento. Predisse a própria morte e a própria ressurreição mais uma vez e atestou que vencerá o mundo com o amor. Quanta sabedoria e coragem.

Contexto histórico

Na sua última noite com os seus, após cear, o Mestre mostrou aos apóstolos que Ele é a videira verdadeira e que eles, os ramos, enxertados nele.

Ordenou que seus discípulos se amassem e preveniu-os da perseguição, das calúnias e das afrontas que sofreriam em seu nome. Está cada vez mais próxima a entrega do cordeiro ao matadouro. Acompanhe a seguir o estudo de todos os versículos de João 16.

(João 16:1-2) Vos expulsarão!

v. 1 Estas coisas eu vos tenho dito para que não vos ofendais.
v. 2 Eles vos expulsarão das sinagogas; sim, vem a hora em que todo o que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.



 A expressão vem a hora nos faz lembrar de algumas declarações proféticas ou apocalípticas do tipo “vêm chegando os dias” (Zc 14:1). Sobre expulsão da sinagoga, ver nota em Jo 9:34.

Todo o que vos matar julgará prestar um serviço a Deus, mais provavelmente se refere à perseguição judaica do que a romana. Alguns rabinos acreditavam que matar hereges era um ato de culto divino.

(João 16:3-7) O consolador

v. 3 E essas coisas eles vos farão, porque não conheceram ao Pai, nem a mim.
v. 4 Mas tenho-vos dito estas coisas, para que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que eu vo-las tinha dito. Isto eu não vos disse no princípio, porque estava convosco.

v. 5 Mas agora, eu vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde tu vais?
v. 6 Mas porque eu vos disse essas coisas, a tristeza encheu o vosso coração.

v. 7 Todavia, digo-vos a verdade: Convém-vos que eu vá; porque se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, eu vo-lo enviarei.

A referência ao Consolador (“Paracleto”), remonta à vinda esperada do Espírito e à inauguração da era do reino na literatura profética do antigo testamento (Ver notas em ls 11:1-10).

(João 16:8-11) Ele convencerá!

v. 8 E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo;
v. 9 do pecado, porque eles não creem em mim;

v. 10 da justiça, porque eu vou para meu Pai, e vós não me vereis mais;
v. 11 e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.


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O Espírito Santo julgará o pecado de incredulidade do mundo com base na Sua justiça. Sobre o príncipe deste mundo, ver nota em Jo 12:31.

(João 16:12-13) O Espírito da verdade

v. 12 Eu ainda tenho muitas coisas a vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
v. 13 No entanto, quando ele, o Espírito da verdade vier, ele vos guiará em toda a verdade; porque ele não falará de si mesmo, mas tudo o que ele ouvir, isso ele dirá; e vos anunciará as coisas vindouras.
v. 14 Ele me glorificará; porque receberá do que é meu, e vo-lo mostrará.

A respeito do Espírito da verdade, ver nota em Jo 14:16-17. O ministério do Espírito em conduzir os seguidores de Jesus a toda a verdade cumprirá o desejo do salmista pela orientação divina (Sl 143:10).

Isaías relatou como Deus conduziu o Seu povo no deserto por meio do Espírito Santo (Is 63:14) e previu uma orientação divina renovada no futuro (Is 43:19).

A palavra anunciará (Gr. gnongello) ocorre mais de 40 vezes no livro de Isaías. Nessa obra profética se diz que o anúncio de coisas vindouras pertence exclusivamente a Deus (Is 48:14) e, que o próprio Senhor desafia os enganadores a declarar as coisas vindouras (Is 41:21-29).

(João 16:15-19) Jesus fala de sua morte

v. 15 Todas as coisas que o Pai tem são minhas; portanto eu vos digo, que ele tomará do que é meu, e vo-lo mostrará.

v. 16 Um pouco mais, e não me vereis; e novamente um pouco mais, e ver-me-eis, porque eu vou para o Pai.


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v. 17 Então, alguns dos seus discípulos disseram entre si: O que é isto que ele nos diz: Um pouco mais, e não me vereis; e novamente um pouco mais, e ver-me-eis; e: Porque eu vou para o Pai?

v. 18 Portanto, eles diziam: O que quer dizer isto: Um pouco mais? Nós não sabemos o que ele diz.

v. 19 Ora, Jesus percebeu que o queriam interrogar e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que eu disse: Um pouco mais, e não me vereis; e novamente um pouco mais, e ver-me-eis?

Um pouco nos remete às ocorrências anteriores dessa expressão no Evangelho de João (Jo 7:33). Termos semelhantes foram usados pelos profetas do antigo testamento para anunciar o juízo de Deus (Is 10:25) e a salvação (Is 29:17). No presente caso, a referência é ao breve período entre a crucificação e a ressurreição de Jesus.

(João 16:20) A vossa tristeza será alegria!

v. 20 Na verdade, na verdade eu vos digo, que chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.

Ao predizer que a tristeza dos discípulos se converterá em alegria, Jesus reflete as experiências do povo de Deus no antigo testamento (Et 9:22) e marca o cumprimento das profecias da Escritura hebraica (Jr 31:13).

(João 16:21-26) A dor de parto

v. 21 A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, logo após ela ter dado à luz a criança, já não se lembra da angústia, pela alegria de haver nascido um homem ao mundo.

v. 22 Agora portanto, vós tendes tristeza; mas eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria, nenhum homem vo-la tirará.

v. 23 E naquele dia não me perguntareis nada. Na verdade, na verdade eu vos digo: Tudo quanto pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vo-lo há de dar.

v. 24 Até agora não pedistes nada em meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa alegria possa ser completa.

v. 25 Estas coisas eu vos tenho dito por provérbios; mas virá a hora em que eu não falarei mais por provérbios, mas abertamente eu vos falarei sobre o Pai.

v. 26 Naquele dia pedireis em meu nome; e não vos digo que eu rogarei ao Pai por vós;

A ilustração de uma mulher dando à luz identifica-se com a experiência humana. Embora as dores que precedem o parto sejam intensas, toda angústia é esquecida assim que nasce a nova criança.

Em outra parte, Jesus falou do fim dos tempos como “o início das dores” e tempos de “grande tribulação” (Mt 24:8).

(João 16:27-28) O Pai me enviou

v. 27 pois o próprio Pai vos ama, porque vós tens me amado, e tens acreditado que eu saí de Deus.

v. 28 Eu saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez eu deixo o mundo, e vou para o Pai.

A descrição de Jesus como tendo vindo do Pai e entrado no mundo e como deixando o mundo e voltando para o Pai segue o modelo da descrição da Palavra de Deus que é enviada, realiza o seu propósito e retorna para Aquele que a enviou (ver nota em Jo 1:1).

(João 16:29-32) As ovelhas serão espalhadas

v. 29 Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não dizes provérbios.

v. 30 Agora estamos certos de que tu sabes todas as coisas, e não necessitas de que algum homem te interrogue; por isso nós cremos que tu vieste de Deus.

v. 31 Respondeu-lhes Jesus: Agora vós credes?

v. 32 Eis que vem a hora, sim, agora é chegada, em que vós sereis dispersos, cada homem para o que é seu, e me deixareis só; mas eu não estou só, porque o Pai está comigo.

 A predição de Jesus de uma hora vindoura na qual os Seus seguidores serão espalhados (cp. Jo 19:27) pode aludir a Zc 13:7 (citado em Mt 26:31).

As ovelhas abandonarão o Pastor e voltarão para suas casas, contudo, Jesus não está só em razão da presença constante do Seu Pai.

(João 16:33) Tende bom ânimo!

v. 33 Estas coisas eu vos tenho dito para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

O discurso de despedida de Jesus termina com uma nota de triunfo (1Jo 5:4-5).

5 principais lições que aprendemos no estudo de João 16

  1. Promessa do Espírito Santo: Jesus promete enviar o Espírito Santo para consolar, guiar e capacitar os discípulos. Isso nos ensina sobre a presença contínua e o auxílio do Espírito Santo em nossas vidas cristãs.
  2. Alegria Apesar da Tribulação: Jesus fala sobre a alegria que os discípulos terão, mesmo em meio à tribulação, por causa da vitória que Ele conquistou. Isso nos lembra que nossa alegria não depende das circunstâncias externas, mas da nossa relação com Cristo.
  3. O Poder da Oração em Nome de Jesus: Jesus enfatiza a importância de pedir ao Pai em Seu nome e promete que o Pai responderá. Isso nos encoraja a orar com fé, confiando na intercessão de Jesus e no poder da oração em nossa vida diária.
  4. O Fim da Tristeza e a Vitória em Cristo: Jesus assegura aos discípulos que sua tristeza se transformará em alegria quando Ele ressuscitar dos mortos. Isso nos lembra que, em Cristo, encontramos a verdadeira fonte de alegria e esperança que transcende as dificuldades temporárias.
  5. Perseverança na Fé: Jesus encoraja os discípulos a permanecerem firmes na fé, mesmo diante das perseguições e desafios que enfrentarão. Isso nos desafia a perseverar em nossa fé, confiando na promessa de Jesus de que Ele venceu o mundo e nos fortalecerá em todas as situações.

Conclusão

Continuando sua jornada, Jesus aproveita esse tempo com seus discípulos para os ensiná-los de tudo aquilo que será necessário para que a igreja e o reino dele se espalhem da maneira correta e que, através do amor, mudem a forma como o mundo age e vive.

E isso só é possível através do Espírito da Verdade que Ele enviou para nós e que habita dentro de nós, fluindo como um rio de águas vivas do nosso interior. E Ele que nos convence do pecado, dos erros, da necessidade do arrependimento.

Sua morte, a qual ele descreve e antecipa aos discípulos, traria um novo tempo, uma nova história, e ao compará-la as dores do parto na gravidez nos ensina que a dor do processo é infinitamente menor do que o prazer da promessa, o viver após sua morte e falta, levaria os discípulos a entenderem que é necessário a perda para a conquista! Glória a Deus!

João 16 estudo.

Sobre o Autor

Lázaro é um dedicado estudioso da Bíblia, com 64 anos de vida e uma paixão inabalável pela Palavra de Deus. Formado em Teologia pela Universidade Messiânica e com uma sólida carreira como advogado, ele utiliza seu vasto conhecimento para compartilhar ensinamentos bíblicos de forma acessível e profunda. Pai de três filhos, Lázaro escolheu a internet como sua principal plataforma para disseminar seus estudos e reflexões, dedicando-se a compartilhar estudos bíblicos, mesmo sem estar vinculado a uma congregação específica.

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