João 5 Estudo: A Cura do Paralítico e a Autoridade de Jesus
Em João 5, encontramos dois eventos significativos do ministério de Jesus: a cura do paralítico no tanque de Betesda e o discurso do Mestre contra os judeus. Neste estudo, aprenderemos lições importantes sobre como Deus age em nossas vidas e sobre a maneira como devemos tratar o próximo.
Ao realizar o terceiro milagre registrado no evangelho de João, Jesus cura um homem que era paralítico há 38 anos, demonstrando sua compaixão por aqueles que muitas vezes são marginalizados pela sociedade.
O paralítico, que havia perdido a esperança ao tentar receber ajuda para sua cura, destaca que ninguém o assistia em sua busca por transformação. No entanto, o Mestre se aproxima dele, e apenas uma palavra é necessária para que ele volte a andar.
Além disso, diante da indignação dos judeus em relação à cura realizada no sábado, Jesus explica como Deus valida seu ministério, tanto em palavras quanto em ações. Por meio da vida que se manifesta em Jesus, todos nós podemos ser curados, transformados e, principalmente, salvos. Ninguém pode impedir essa obra divina em nossas vidas.
Contexto Histórico
O capítulo 5 do evangelho de João se passa em um período em que Jesus se dirigia a Jerusalém para participar de um festival, coincidindo com o dia de sábado. Neste cenário, o Mestre se dirige intencionalmente ao tanque de Betesda, onde realiza a cura de um homem paralítico.
Após o milagre, Jesus instrui o homem a carregar seu leito, uma ação que provoca a indignação dos judeus, pois consideram que isso viola as leis do sábado estabelecidas por Moisés.
Esse episódio marca um ponto crucial na narrativa, pois Jesus não apenas desafia a interpretação rígida da lei, mas também revela sua profunda relação com Deus, apresentando-se como o Filho que age em conformidade com a vontade do Pai.
Essa provocação resulta em uma crescente hostilidade e perseguição por parte dos líderes judeus, que veem nele uma ameaça à sua autoridade e às tradições religiosas que defendem.
(João 5:1) A Festa em Jerusalém
1 Depois disso, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu para Jerusalém.
Depois da cura do paralítico em Betesda, a passagem indica um intervalo indefinido de tempo, sugerindo que pode ter se passado até um ano e meio desde a última festa mencionada no evangelho, que foi a Páscoa (ver nota João 2:13).
Durante essa celebração, Jesus purificou o templo e teve um diálogo significativo com Nicodemos. A “festa dos judeus” mencionada neste versículo, embora não identificada pelo nome, é frequentemente associada à Festa das Cabanas (ou Sucot), que ocorre no outono e celebra a colheita e a proteção de Deus durante os anos de peregrinação no deserto.
A expressão “Jesus subiu para Jerusalém” denota não apenas uma viagem geográfica, mas também um ato de cumprimento das tradições judaicas, uma vez que as festas eram momentos cruciais para a vida espiritual e comunitária do povo. Essa subida à cidade sagrada é emblemática do ministério de Jesus, que frequentemente se concentrava em cumprir a vontade do Senhor e em ensinar sobre o Reino de Deus.
Esse momento também prepara o cenário para os eventos subsequentes, onde Jesus não apenas participa da festa, mas também realiza ações que desafiam as normas estabelecidas e revelam sua identidade messiânica. Ao observar esses detalhes, é possível entender melhor o contexto em que Jesus atuava e a importância dessas celebrações na vida dos judeus.
(João 5:2) O Tanque de Betesda: Local de Esperança e Cura
2 Ora, em Jerusalém, próximo ao mercado das ovelhas, há um tanque, que é chamado na língua hebraica Betesda, o qual tem cinco alpendres.
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A palavra Betesda traduz-se como “casa de misericórdia”, um nome que reflete bem a realidade das pessoas que se encontravam naquele local. Essas pessoas, muitas vezes doentes e marginalizadas, esperavam com esperança a cura através de um milagre. O tanque, descrito por João como situado próximo ao mercado das ovelhas, atraía muitos que ansiavam por alívio de suas aflições.
As cinco colunas ou alpendres ao redor do tanque proporcionavam abrigo, criando um ambiente que lembrava um pátio de espera. Essa estrutura era não apenas um local físico, mas também um símbolo de desespero e anseio pela cura.
A menção de que muitas pessoas estavam ali é um testemunho da necessidade urgente de intervenção divina em suas vidas, reforçando a ideia de que, mesmo em meio à dor e ao sofrimento, a misericórdia de Deus se manifestava.
Assim, Betesda se torna um espaço onde a esperança se encontrava com a compaixão, um lugar que preparava o cenário para o milagre que Jesus realizaria ali. (ver nota Jo 1:13)
(João 5:3-4) A Multidão de Enfermos à Espera da Cura
3 Nestes jazia grande multidão de pessoas enfermas, cegos, mancos e paralíticos, esperando o movimento da água. 4 Pois um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; aquele, pois, que primeiro entrava na água, após ter sido agitada, sarava de qualquer enfermidade que ele tivesse.
A passagem menciona que havia uma grande multidão de pessoas enfermas, como cegos, mancos e paralíticos, ao redor do tanque de Betesda, esperando o movimento da água. Essa espera reflete a desesperança e a busca por cura das pessoas que se encontravam em situações difíceis. No entanto, é importante notar que o judaísmo oficial provavelmente não apoiava a superstição associada aos supostos poderes de cura daquele tanque.
Essa crença popular em um efeito milagroso da água poderia ser vista como uma desvio da verdadeira fé e confiança em Deus, que é o verdadeiro agente de cura e transformação em nossas vidas.
O fato de as pessoas permanecerem ali, aguardando um sinal sobrenatural, revela a profunda necessidade de esperança que essas pessoas sentiam, mesmo que, no fundo, a cultura religiosa da época não validasse tal prática. Essa dinâmica entre a crença popular e a perspectiva religiosa oficial destaca a complexidade da fé e da busca por cura em tempos de sofrimento.
Essa cena se torna ainda mais significativa quando consideramos que, apesar das tradições e práticas que poderiam ser criticadas, Jesus chegou a esse lugar de necessidade e compaixão, demonstrando que, mesmo em meio à dúvida e ao desespero, Ele é capaz de trazer esperança e cura verdadeira.
(João 5:5) A Longa Espera do Paralítico
5 E ali estava um certo homem, que tinha uma enfermidade há trinta e oito anos.
A palavra enfermidade utilizada aqui pode se referir a condições como “paralisado” ou “coxo”, visto que a expressão grega traduzida como “inválido” abrange essas condições. Embora não tenhamos informações sobre a idade exata desse homem ou há quanto tempo ele estava no tanque de Betesda, é notável que ele sofria de sua enfermidade há trinta e oito anos.
Esse período é significativo, pois ultrapassa a média de vida de muitas pessoas na antiguidade e se aproxima do tempo que os israelitas passaram peregrinando no deserto, conforme relatado em Deuteronômio 2:14.
Além disso, é importante observar a tendência de João em selecionar milagres que são considerados “difíceis” e surpreendentes, enfatizando o poder e a autoridade de Jesus sobre as enfermidades. Para uma comparação, podemos olhar para a cura de um paralítico em Mateus 9:1-8, que também destaca a capacidade de Jesus de transformar vidas por meio de Sua intervenção.
A história desse homem serve como um poderoso lembrete do alcance da compaixão de Deus, Senhor, Criador e Altíssimo, que se importa profundamente com os que sofrem e busca restaurar a vida de maneira milagrosa.
(João 5:6) O Encontro Transformador de Jesus com o Paralítico
v. 6 E Jesus, vendo este deitado e sabendo que ele estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Tu queres ficar são?
A expressão “sabendo” sugere um conhecimento sobrenatural por parte de Jesus, que já havia se manifestado em outras ocasiões (ver notas em João 4:19). Ao observar o homem deitado, Jesus se aproxima dele, o que pode ter sido motivado por um pedido de esmola, como é relatado em Atos 3:1-5.
A pergunta de Jesus, “Tu queres ficar são?“, não é apenas um convite à cura, mas também uma reflexão sobre o desejo do paralítico de mudar sua condição. Essa interação destaca a compaixão de Jesus e Sua capacidade de transformar vidas.
(João 5:7) A Frustração do Enfermo e a Superstição do Tanque
7 O homem enfermo respondeu-lhe: Senhor, eu não tenho homem algum que me coloque no tanque quando a água é agitada; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
A crença popular atribuía a agitação das águas do tanque de Betesda a uma ação de um anjo que descia para curar os enfermos. Essa superstição fazia com que muitos acreditassem que a primeira pessoa a entrar na água após a agitação seria curada.
O homem enfermo expressa sua frustração ao dizer que não tinha ninguém para ajudá-lo a entrar no tanque. “Eu não tenho homem algum que me coloque no tanque“, revela a solidão e a desesperança que ele sentia. Essa passagem nos mostra como, muitas vezes, as pessoas confiam em crenças populares em vez de buscar a verdadeira cura que vem de Deus.
(João 5:8-9) A Cura do Paralítico e o Mandato de Jesus
8 Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. 9 E, imediatamente o homem ficou são, e tomou o seu leito, e andou; e aquele dia era o shabat.
O termo “leito” (do grego krabattos) refere-se ao leito simples que o paralítico usava, diferente de “cama” (klinárion), como visto em Atos 5:15. Esse leito, geralmente feito de palha, era leve e facilmente enrolado, permitindo que o homem o carregasse.
Embora o dia em que ocorreu o milagre só seja identificado como “shabat” após a cura, essa informação é crucial, pois estabelece a tensão entre Jesus e os judeus incrédulos. Ao instruir o homem a “levantar-se, tomar o seu leito e andar“, Jesus não apenas realiza um milagre, mas também provoca a ira religiosa que surgiria a seguir.
(João 5:10) Judeus e o Shabat
10 Então, os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É dia do shabat, não te é lícito carregar teu leito.
Os líderes judaicos mostraram um exemplo de legalismo religioso ao censurarem o homem curado por carregar seu leito no dia de shabat. Apesar de não haver uma violação explícita das regras bíblicas em relação ao shabat, a ação do homem infringia um código rabínico que proibia a movimentação de qualquer objeto “de um domínio para outro“.
Essa interpretação rígida da lei, que se afastava do verdadeiro espírito da liberdade e da compaixão de Deus, levou à acusação de que Jesus o havia incitado a pecar. Essa situação revela a tensão entre a lei e a graça, enfatizando como o legalismo pode obscurecer a obra de Deus na vida das pessoas.
(João 5:11-14) O Encontro de Jesus e o Curado: Lições de Cura e Advertência
11 Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele mesmo disse: Toma o teu leito, e anda. 12 Então eles perguntaram: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda? 13 E o que fora curado não sabia quem era, porque Jesus havia se afastado, por causa da multidão naquele lugar.14 Depois, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: Eis que tu já estás são; não peques mais, para que te não aconteça coisa pior.
Jesus encontrou novamente o homem que havia curado, próximo ao local de sua cura, no templo (ver nota em Jo 2:14). Ao dizer: “Eis que tu já estás são; não peques mais, para que te não aconteça coisa pior”, Jesus sugere que o sofrimento do homem poderia estar relacionado ao seu pecado. No entanto, isso não implica que todo sofrimento é resultado de transgressões pessoais, como é indicado em outras passagens, por exemplo, em João 9:2, onde os discípulos perguntam sobre o pecado de um cego de nascença.
A expressão “coisa pior” pode referir-se a consequências eternas do pecado, enfatizando a seriedade de se afastar de Deus. A cura física é, portanto, uma oportunidade para refletir sobre a vida espiritual e as escolhas que fazemos, pois Jesus nos chama a uma vida de arrependimento e transformação.
(João 5:15-17) A Perseguição dos Judeus e a Resposta de Jesus
15 O homem partiu, e contou aos judeus que era Jesus o que o curara. 16 E por isso os judeus perseguiam a Jesus, e buscavam matá-lo, porque ele fazia essas coisas no dia do shabat. 17 Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho.
A passagem nos mostra um momento crucial em que o homem curado revelou aos judeus que foi Jesus quem o curou. Isso gerou uma intensa perseguição a Jesus, pois os líderes religiosos viam suas ações no dia de shabat como uma violação das regras estabelecidas.
Embora Gênesis 2:2-3 ensine que Deus descansou no sétimo dia da criação, os rabinos judeus entendiam que o Senhor continuava sustentando o universo, sem quebrar o shabat. Essa perspectiva sugere que, assim como Deus está acima das regras do shabat, Jesus também tinha essa autoridade (ver Mateus 12:1-14).
É interessante notar que até mesmo os judeus faziam exceções, permitindo trabalho em casos como a circuncisão, que poderia ocorrer em um sábado (ver João 7:23). A afirmação de Jesus, “Meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho“, reafirma sua posição única, mostrando que sua missão divina transcende as limitações da lei.
Essa interação não só desafiou as normas religiosas da época, mas também destacou a natureza contínua do trabalho de Deus e de Jesus em trazer cura e redenção ao mundo.
(João 5:18) A Acusação de Blasfêmia e Violação do Shabat
18 Portanto, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o shabat, mas também dizia que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Deus.
Os líderes judeus entenderam que Jesus, ao se referir a Deus como seu Pai, estava fazendo-se igual a Deus, o que parecia contrariar o ensino do Antigo Testamento, que afirma: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6:4).
Isso foi visto como blasfêmia, uma grave ofensa religiosa. Além de acusá-lo de violar o shabat, essa acusação de blasfêmia tornou-se central no julgamento de Jesus, sendo usada pelos líderes judeus diante de Pilatos como justificativa para sua condenação (Jo 19:7).
(João 5:19-20) A Unidade e Obediência do Filho ao Pai
19 Então, respondeu Jesus e disse-lhes: Na verdade, na verdade eu vos digo: O Filho não pode fazer nada por si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazendo; porque todas as coisas que ele faz, o Filho também da mesma forma o faz. 20 Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe todas as coisas que ele mesmo faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.
Jesus, ao dizer que “o Filho não pode fazer nada por si mesmo“, reforça a unidade de sua ação com a vontade de Deus. Isso ecoa o que Moisés afirmou em Números 16:28: “o Senhor me enviou a fazer todas estas coisas, porque não as fiz por minha própria vontade“, indicando que tanto Moisés quanto Jesus agiam em total obediência à vontade do Altíssimo.
Jesus não agia de forma independente, mas seguia o que o Pai lhe mostrava. Além disso, “o Pai ama ao Filho” revela uma relação íntima e perfeita entre ambos, e Jesus promete que “maiores obras” ainda seriam reveladas, levando todos a se maravilharem.
(João 5:21) A Autoridade do Filho em Dar Vida
21 Porque assim como o Pai levanta os mortos e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.
A afirmação de Jesus de que “o Filho vivifica aqueles que quer” é profunda, pois, segundo as Escrituras, apenas Deus tem o poder de dar vida e ressuscitar os mortos (2Rs 5:7). Isso revela a autoridade divina de Jesus, colocando-O no mesmo nível do Criador, pois “assim como o Pai levanta os mortos e os vivifica“, o Filho também possui esse poder.
Essa declaração reforça a unidade entre o Pai e o Filho e destaca a soberania de Jesus em conceder vida conforme Sua vontade, mostrando que Ele compartilha do mesmo poder e autoridade do Altíssimo.
(João 5:22) A Autoridade do Filho no Julgamento
22 Porque o Pai a nenhum homem julga, mas confiou ao Filho todo o julgamento;
Assim como dar vida (João 5:21), o ato de julgar é uma prerrogativa exclusiva de Deus, o Criador (Juízes 11:27). No entanto, nesta passagem, vemos que “o Pai a nenhum homem julga, mas confiou ao Filho todo o julgamento”, mostrando que o Senhor delegou ao Filho essa autoridade.
Isso destaca o papel único de Jesus como Juiz, uma função que pertence somente a Deus. Essa entrega do julgamento ao Filho sublinha a relação íntima entre o Pai e o Filho e reafirma a divindade de Jesus, que age com o poder e a autoridade concedidos por Deus.
(João 5:23) A Igualdade de Honra entre o Pai e o Filho
23 para que todos os homens honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
Jesus descreve a si mesmo como o mensageiro autorizado de Deus, semelhante a Moisés e aos profetas que serviram como agentes e porta-vozes do Criador. A ideia de que “o agente de um homem é como o próprio homem” (Heb. shaliach) era um conceito aceito pelos judeus.
Assim, a ordem de que todos devem honrar o Filho como honram o Pai estabelece a posição única de Jesus. Esse ensino não apenas reivindica a divindade de Jesus, mas também afirma que não honrar o Filho é o mesmo que não honrar o Pai que o enviou (Jo 5:23).
(João 5:24-25) A Promessa de Vida Eterna e a Voz do Filho de Deus
24 Na verdade, na verdade eu vos digo: Quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas já passou da morte para a vida. 25 Na verdade, na verdade eu vos digo: Vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
As palavras de Jesus nesta passagem evocam a poderosa visão de Ezequiel no vale dos ossos secos (Ez 37), onde Deus traz vida a ossos que estavam mortos. Jesus afirma que “quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna“, ressaltando que a fé nele é fundamental para a salvação.
Ele enfatiza que, mesmo aqueles que estão mortos, “ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.” Essa declaração demonstra a autoridade de Jesus sobre a vida e a morte, afirmando que Ele possui o poder de ressuscitar os mortos e dar vida eterna, refletindo a capacidade de Deus, o Criador, de restaurar e revitalizar.
(João 5:26-30) A Autoridade do Filho e a Promessa da Ressurreição
26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim deu ao Filho ter vida em si mesmo. 27 E deu-lhe autoridade para também executar julgamento, porque ele é o Filho do homem. 28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz, 29 e sairão os que fizeram o bem para a ressurreição da vida, e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. 30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo; como eu ouço, eu julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha própria vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.
A declaração de que Jesus tem vida em si mesmo é profunda e reflete a afirmação inicial do Evangelho de João, onde é dito que “Nele estava a vida” (Jo 1:4). Essa característica divina de Jesus também é apoiada pela sua declaração: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11:25).
Como Ele é a própria vida, Jesus possui o poder de conceder vida a todos que Nele creem, oferecendo não apenas vida abundante no presente, mas também a promessa de vida eterna (Jo 10:10).
Ademais, a passagem também destaca a autoridade que Jesus recebeu do Pai, tanto para dar vida quanto para julgar. Ele menciona que haverá um momento em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz e serão ressuscitados. Os que fizeram o bem ressurgirão para a vida, enquanto aqueles que fizeram o mal enfrentarão a condenação.
Essa distinção enfatiza a importância das escolhas e ações durante a vida. Por fim, Jesus reafirma sua submissão ao Pai, declarando: “Eu não busco a minha própria vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.” Essa declaração ressalta a harmonia entre a vontade do Filho e do Criador, mostrando que seu julgamento é sempre justo e alinhado com os propósitos de Deus.
(João 5:31) A Validade do Testemunho: A Necessidade de Múltiplas Testemunhas
31 Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.
Jesus, ao afirmar que “se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro”, enfatiza a necessidade de confirmação por testemunhas externas para validar a veracidade de um testemunho. Essa prática está em linha com a tradição judaica, que requer múltiplas testemunhas para corroborar uma afirmação (Jo 19:15).
Embora Jesus tenha autoridade divina, Ele destaca que Sua afirmação deve ser sustentada por evidências que vão além de Sua própria declaração. Isso demonstra não apenas humildade, mas também um compromisso com a verdade e a justiça, elementos fundamentais em Seu ministério.
(João 5:32) O Testemunho Autêntico: A Confirmação de Jesus
32 Há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
Jesus menciona um “outro” que dá testemunho dele, referindo-se a Deus, o Pai, que é a fonte suprema de validação. A prática de evitar mencionar o nome de Deus diretamente era uma forma de demonstrar reverência e respeito entre os judeus.
Na parte “E eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro” sublinha a certeza de Jesus sobre a autenticidade desse testemunho, destacando que sua missão e identidade são confirmadas por Deus. Isso reforça a ideia de que a mensagem de Jesus não é apenas de sua própria origem, mas profundamente enraizada na vontade do Criador.
(João 5:33-34) O Testemunho de João Batista sobre a Verdade
33 Vós mandastes a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu, porém, não recebo testemunho vindo de homem, mas eu digo estas coisas, para que possais ser salvos.
A referência de Jesus a João Batista destaca a importância do testemunho na confirmação da verdade. João, como precursor de Cristo, foi enviado para dar testemunho da verdade que é Jesus. Ao afirmar que “eu, porém, não recebo testemunho vindo de homem”, Jesus enfatiza que Sua autoridade não depende da validação humana, mas de Sua própria natureza divina.
Isso ecoa na afirmação de Jesus em João 14:6, onde Ele se declara “a verdade“, e se reflete no diálogo com Pilatos em João 18:37, onde a verdade de Jesus é confrontada com as realidades deste mundo.
(João 5:35-36) O Testemunho de João Batista e as Obras de Jesus
35 Ele era a luz que iluminava e resplandecia, e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz. 36 Mas eu tenho um testemunho maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, essas obras que eu faço testemunham de mim, que o Pai me enviou.
A descrição de Jesus sobre João Batista como uma “luz que iluminava e resplandecia” reflete a profecia do Salmo 132:17, onde Deus promete preparar “uma lâmpada” para Seu ungido. Embora João fosse uma candeia importante, ele não era a Luz verdadeira, que é Jesus (Jo 1:7-9).
O testemunho de João era limitado e temporário, e a expressão “por um pouco de tempo” pode sugerir que João já estivesse morto ou preso, conforme discutido em Jo 3:29-30.
Jesus destaca que seu testemunho é ainda maior, pois “as obras que o Pai me deu para realizar” também atestam Sua missão divina e a autenticidade de Seu ministério. Essas obras não apenas corroboram Seu testemunho, mas também mostram que Ele é enviado diretamente por Deus, o Criador.
(João 5:37) O Testemunho do Pai Sobre Jesus
37 E o próprio Pai, que me enviou, tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma.
A afirmação de que “o Pai… tem dado testemunho de mim” pode se referir à voz de Deus durante o batismo de Jesus, registrada em Mateus 3:17, onde Deus declara que Jesus é Seu Filho amado. Embora essa passagem não seja mencionada explicitamente no Evangelho de João, a ideia do testemunho divino também pode ser encontrada nas Escrituras, como em Lucas 24:27-44, onde Jesus explica aos discípulos as profecias que O apontavam.
Quando Jesus diz que seus ouvintes “nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma,” Ele parece aludir ao momento em que Israel recebeu a Lei no Monte Sinai. Naquele evento, embora a voz de Deus tenha ressoado, o povo não viu a Sua forma, conforme registrado em Êxodo 20:18-21. Essa observação destaca a incapacidade dos líderes judeus de reconhecerem a presença e a autoridade de Deus em Jesus, apesar do testemunho que lhes foi dado.
(João 5:38) A Palavra de Deus e a Falta de Fé em Jesus
38 E a sua palavra não permanece em vós, porque vós não credes naquele que ele enviou.
A afirmação de que “a sua palavra não permanece em vós” reflete a condição espiritual dos ouvintes de Jesus, que não guardavam a palavra de Deus em seus corações. Isso lembra o que está em Josué 1:8-9, onde é enfatizada a importância de meditar na palavra do Senhor para ter sucesso e coragem.
A falta de fé dos ouvintes em “aquele que ele enviou” resulta na ausência da verdade divina em suas vidas. Sem crer em Jesus, eles não podem experimentar a transformação que vem de um relacionamento genuíno com Deus, o Criador e Altíssimo.
(João 5:39) A Escritura e seu Testemunho sobre Jesus
39 Examinai as escrituras; porque nelas pensai que tendes a vida eterna; e são elas que testificam de mim.
A afirmação de Jesus em “Examinai as escrituras” destaca a importância das Escrituras Sagradas, mas enfatiza que elas não são a fonte da vida eterna. Elas servem como um testemunho sobre Ele, que é a verdadeira fonte de vida.
Ao afirmar que as Escrituras “testificam de mim,” Jesus convida seus ouvintes a reconhecer que toda a revelação escrita aponta para Ele como o Messias prometido. Assim, mesmo que as Escrituras sejam essenciais, é a relação pessoal com Jesus, o Filho de Deus, que traz a verdadeira vida eterna (Jo 3:16).
(João 5:40-43) A Rejeição do Verdadeiro Messias
40 E não quereis vir a mim para terdes vida. 41 Eu não recebo honra dos homens. 42 Mas eu vos conheço e sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43 Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.
A rejeição de Jesus por parte dos líderes religiosos é um tema recorrente nas Escrituras. Ele afirma que “não quereis vir a mim para terdes vida“, o que ressalta a resistência deles em aceitar a salvação que Ele oferece.
Em Mateus 24:5, Jesus prevê a aparição de falsos cristos como um sinal dos últimos tempos. O historiador judeu Flávio Josefo menciona vários pretendentes messiânicos que surgiram antes da destruição do Templo em 70 d.C., refletindo a busca do povo por líderes que prometeriam libertação.
Jesus também declara que “não recebo honra dos homens,” indicando que Sua missão não dependia da validação humana. Ele revela seu conhecimento sobre a falta de amor de Deus nos corações deles, enfatizando que “se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.”
Isso sugere que eles estavam mais dispostos a aceitar impostores que se apresentavam como salvadores do que ao próprio Filho de Deus, que veio em nome do Pai. Essa situação destaca a tragédia da rejeição do verdadeiro Messias por aqueles que buscavam vida, mas falhavam em reconhecer a fonte dela.
(João 5:44-47) A Busca de Glória entre os Homens
44 Como podeis crer, vós que recebeis honra uns dos outros, e não buscais a honra que vem só de Deus 45 Não penseis que eu vos hei de acusar para o Pai; há um que vos acusa, Moisés, em quem vós confiais. 46 Porque se vós crêsseis em Moisés, teriam crido em mim, porque de mim ele escreveu. 47 Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?
O apelo de Jesus a Moisés nesta passagem prepara o terreno para a apresentação de Jesus como o novo Moisés no capítulo 6, onde Ele se torna o provedor do novo “pão do céu”. Ao mencionar Moisés como aquele que testemunha contra os judeus, Jesus alude a Deuteronômio 31:26-27, onde a Lei é descrita como uma testemunha contra o povo de Israel. Isso sugere que a Lei, dada através de Moisés, serve como um padrão para o comportamento do povo.
Além disso, quando Jesus afirma que “se vós crêsseis em Moisés, teriam crido em mim, porque de mim ele escreveu”, Ele se refere ao Pentateuco, que é atribuído a Moisés, e à profecia de Deuteronômio 18:15, que fala de um “profeta como” Moisés que haveria de vir.
Essa conexão evidencia que a rejeição de Jesus implica também a rejeição da própria Escritura, pois se não acreditam nos escritos de Moisés, que são a base da fé judaica, como poderiam aceitar as palavras de Jesus? Assim, Jesus enfatiza a necessidade de reconhecer Sua missão e identidade como o cumprimento das promessas feitas por Deus, o Senhor, ao Seu povo.
Conclusão
Concluímos neste estudo de João 5 que a passagem nos revela a profunda conexão entre Jesus e o Pai, destacando a natureza única de Cristo como aquele que possui vida em si mesmo e que é a fonte da vida eterna. Jesus não apenas afirma sua divindade, mas também reforça a importância da fé n’Ele como o caminho para a salvação.
Além disso, a relação entre Jesus e as Escrituras é enfatizada, mostrando que elas não são apenas um conjunto de regras, mas testemunhos que apontam para o Messias.
A referência a Moisés destaca a continuidade da revelação de Deus ao Seu povo, enfatizando que a verdadeira honra e a vida eterna são encontradas em Cristo.
Por fim, este capítulo nos desafia a refletir sobre nossa resposta a Jesus e à Sua Palavra, questionando se realmente O reconhecemos como a luz que ilumina nosso caminho e a fonte de nossa vida espiritual.
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