João 10 Estudo: O Bom Pastor
No capítulo 10 de João, veremos que Jesus ensinará que Ele é o Bom Pastor e que daria a vida por Suas ovelhas. Ele também testificará que o Pai Lhe dera poder sobre a morte e sobre a vida. Alguns o acusarão de blasfêmia por proclamar ser Ele, o Filho de Deus.
Contexto histórico
Anteriormente, Jesus curou um cego de nascença usando uma forma bem peculiar, sendo indagado pelos seus discípulos sobre o pecado hereditário, nos ensinando que existem situações que acontecem para que o nome de Deus seja glorificado.
Os fariseus passam a investigar e questionar o cego e sua família, até o expulsarem da sinagoga porque ele negou-se afirmar que Jesus era pecador por ter curado no sábado.
Não negue sua fé em Jesus! O Salvador foi até o homem, que o adorou e se prostrou diante do Filho de Deus. Acompanhe a seguir o estudo completo de João 10.
João 10:1-42 – Conhecendo e Seguindo a Voz de Cristo
Nesse discurso, Jesus critica os líderes judeus por deixarem de dar a Israel uma orientação espiritual apropriada. Em contraste, Jesus é o Bom Pastor que dá a Sua vida pelas ovelhas.
Por isso, o capítulo 10 provê um comentário sobre o anterior que mostra a mesquinhez legal, o rigor e a insensibilidade da liderança judaica para com Deus.
Jesus não é apenas o Bom Pastor, Ele é também a porta pela qual os fiéis encontram vida abundante e eterna (v. 9-10).
O intercâmbio seguinte, que culmina em outra tentativa para apedrejar Jesus por blasfêmia, ocorreu na festa da Dedicação (v. 22-39).
Ele é seguido por uma referência final a João Batista, que encerra o “ciclo de festas” dos capítulos 5-10 e toda a seção, que começou com o ministério de João Batista e seu testemunho de Jesus.
(João 10:1) O aprisco
v. 1 Na verdade, na verdade, eu vos digo: Aquele que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outros caminhos, esse é ladrão e salteador.
O aprisco das ovelhas podia ser um pátio, perto de uma casa, cercado por um muro de pedras, onde várias famílias guardavam suas ovelhas.
A porta seria guardada por um porteiro contratado. Ladrão pode focalizar a natureza dissimulada de entrada no aprisco, e salteador, a violência (Lc 10:30).
(João 10:2) O Pastor
v. 2 Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
O pastor era o cuidador autorizado do rebanho.
(João 10:3-4) As ovelhas reconhecem o pastor
v. 3 A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama as suas próprias ovelhas pelo nome, e as conduz para fora.
v. 4 E, quando ele coloca para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque elas conhecem a sua voz.
v. 5 E não seguirão um estranho, mas fugirão dele; porque elas não conhecem a voz dos estranhos.
Sobre o porteiro, ver nota no versículo 1. A referência ao pastor chamando as suas próprias ovelhas pelo nome e levando-as para fora pode aludir a passagens como Nm 27:16-18, possivelmente um texto messiânico, ou Ez 34:13.
Às vezes, o êxodo de Israel do Egito é retratado como um rebanho seguindo seu pastor (SL 77:20 – Is 63:11 – cp. Sl 78:52).
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A literatura profética do Antigo Testamento previu uma libertação semelhante para o povo de Deus no final dos tempos (Mq 2:12-13).
(João 10:6) Os discípulos não compreendem novamente
v. 6 Jesus falava-lhes esta parábola; mas eles não compreendiam as coisas que ele lhes falava.
Sobre parábola, ver nota em Jo 16:21.
(João 10:7) Eu sou a porta!
v. 7 Então disse-lhes Jesus novamente: Na verdade, na verdade, eu vos digo: Eu sou a porta das ovelhas.
A referência de Jesus a Si mesmo como a porta pode se referir ao contexto messiânico de Sl 118:20 (ver notas em Jo 6:35).
(João 10:8) Ladrões e salteadores
v. 8 Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
Todos quantos vieram antes de mim pode ser uma alusão aos pretendentes messiânicos que prometiam liberdade a seus seguidores, mas, em vez disso, os conduziam a conflito armado e ruína (At 5:36-37 – At 21:38).
A referência a ladrões e salteadores faz lembrar a menção aos pastores de Israel “que só cuidam de si mesmos” e não do rebanho (Ez 34:2-4).
(João 10:9) A porta da salvação
v. 9 Eu sou a porta; se algum homem entrar por mim, ele será salvo, e entrará e sairá, e achará pastagens.
Jesus é a porta para a salvação (cp. Jo 14:6). Em outros lugares, o novo testamento fala da “entrada” no reino de Deus como se fosse através de uma porta (Mt 7:7 – Jo 25:10 – At 14:22).
Entrará e sairá reflete a terminologia pactual, especialmente as bênçãos pela obediência (Ot 28:6 – cp. Sl 121:8).
Faz lembrar também a descrição, por Moisés, de Josué, que introduziu Israel na terra prometida (Nm 27:16-17). Achará pastagem descreve a segurança da provisão de Deus (1Cr 4:40 – Sl 23:2 – Is 49:9-10 – Ez 34:12-15).
(João 10:10) O ladrão
v. 10 O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
A promessa de Jesus de vida abundante aqui e agora nos traz à memória passagens proféticas do antigo testamento como Ez 34:12-15. Ver nota em Jo 5:26.
(João 10:11) O BOM pastor
v. 11 Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
Jesus é o bom pastor. No antigo testamento, Deus como o verdadeiro pastor é contrastado com pastores infiéis que o Senhor haverá de julgar (Jr 23:1-4 – Ez 34 – Zc 11:4-17).
Davi (ou o Messias davídico) também foi descrito como um bom pastor (2Sm 5:2 – Sl 78:70-72 – Ez 37:24 – Mq 5:4), como Moisés o foi (Is 63:11 – cp. Sl 77:20).
A referência ao bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas traz à lembrança o jovem Davi (1Sm 17:34-37).
(João 10:12) O mercenário
v. 12 Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vê o lobo vindo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as apanha, e dispersa as ovelhas.
v. 13 O mercenário foge, porque ele é mercenário, e não cuida das ovelhas.
O mercenário não se importa com as ovelhas e as abandona na hora do perigo. Os mercenários de Israel (Ez 22:27) são contrastados com Deus e Seu Messias, cujo papel segue o modelo do “bom pastor” de Deus por excelência, o rei Davi (1Sm 17:34-36).
(João 10:14) Ele nos conhece!
v. 14 Eu sou o bom pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
Sobre Jesus como o bom pastor, ver nota nota no versículo 11.
(João 10:15-16) Ele dá a vida pelas suas ovelhas!
v. 15 Assim como o Pai me conhece, também eu conheço o Pai; e eu dou a minha vida pelas ovelhas.
v. 16 E eu tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho, e um pastor.
As outras ovelhas… não são deste aprisco se refere aos gentios (Is 56:8). Jesus anteviu uma futura missão gentílica após Sua morte na cruz.
Haverá um rebanho, e um pastor faz alusão a Ez 34:23 – Ez 37:24. Cristãos judeus e gentios estarão unidos em uma única comunidade messiânica.
(João 10:17-18) O Pai me ama!
v. 17 Por isto o meu Pai me ama, porque dou a minha vida para que possa tomá-la novamente.
v. 18 Nenhum homem a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou. Eu tenho poder para a dar, e eu tenho poder para tomá-la novamente. Esse mandamento eu recebi de meu Pai.
Esse mandamento eu recebi reflete uma linguagem pactual, associando o relacionamento de Jesus com o Pai à descrição do antigo testamento do relacionamento de Deus com Israel.
(João 10:19-21) Há divisão
v. 19 Houve, pois, novamente uma divisão entre os judeus por causa dessas palavras.
v. 20 E muitos deles diziam: Ele tem demônio e é louco, por que o escutais?
v. 21 Outros diziam: Essas palavras não são de quem tem demônio pode um demônio abrir os olhos dos cegos?
Outrora, a insanidade e possessão demoníaca eram muitas vezes ligadas uma à outra. A referência a abrir os olhos dos cegos une o discurso do Bom Pastor à cura do cego no capítulo 9.
As acusações de possessão demoníaca (anteriormente expendidas, ver nota em Jo 7:20) e insanidade eram contraditadas pelo ensino do antigo testamento de que o Senhor é quem dá vista aos cegos (Sl 146:8; cp. Êx 4:11).
(João 10:22) A festa da Dedicação
v. 22 E celebrava-se em Jerusalém a festa da dedicação, e era inverno.
A festa da dedicação celebrava durante oito dias a nova dedicação do templo judaico em dezembro de 164 a.C., depois de sua profanação pelo rei selêucida Antíoco Epifânio em 167 a.C. Era inverno se refere ao mês de dezembro.
(João 10:23) Jesus caminha pelo templo
v. 23 E Jesus caminhava no templo, no pórtico de Salomão.
Sobre o templo, ver nota em Jo 2:14. É provável que, por causa do frio do inverno, Jesus ensinasse na área chamada de pórtico de Salomão, em vez de ao ar livre.
De maneira errônea, a estrutura era comumente considerada como procedente da época do rei Salomão. Mais tarde, o local veio a ser o lugar de reunião da igreja primitiva (At 3:11).
(João 10:24-25) Tu és o Cristo?
v. 24 Então, vindo os judeus o rodearam, e disseram-lhe: Até quando tu irás deixar-nos em dúvida? Se tu és o Cristo, dize-nos claramente.
v. 25 Respondeu-lhes Jesus: Já vos tenho dito, e não o credes; as obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testemunham de mim.
A exigência, se tu és o Cristo, dize-nos claramente parece uma incoerência (Lc 22:67). Se eles não tinham entendido a afirmação de jesus de que Ele era o Cristo, por que tentaram matá-Lo?
Na verdade, o Mestre respondeu que Ele de fato fez essa reivindicação. Sobre as obras de Jesus testificando a Seu respeito.
(João 10:26-29) Vocês não são minhas ovelhas!
v. 26 Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas, como eu já vos tenho dito.
v. 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;
v. 28 e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e nenhum homem as arrancará da minha mão.
v. 29 Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; e nenhum homem pode arrancá-las da mão de meu Pai.
Arrancará (v. 28-29) denota o uso de força (ver nota no v. 1). O comentário contrasta com a figura do mercenário nos versículos 12-13, que abandona o rebanho na hora do perigo, e faz lembrar algumas afirmações no antigo testamento que assinalam a impossibilidade de alguém livrar-se da mão do Senhor.
(João 10:30) Somos um!
v. 30 Eu e o meu Pai somos um.
A reivindicação de Jesus de que Ele e o Pai são um (cp. v. 33-38 Jo 5:17-18) reflete o Shemá, a confissão básica do judaísmo (Dt 6:4), e também equivale a uma atestação de sua divindade.
Mais tarde, é dito que a unidade de Jesus com o Pai é a base sobre a qual os seguidores de Jesus estarão unidos (Jo 17:22).
(João 10:31) Os judeus querem apedrejá-lo
v. 31 Então, os judeus pegaram outra vez pedras para o apedrejarem.
Sobre a tentativa de apedrejar Jesus por blasfêmia, ver notas em Jo 5:18 e Jo 8:59.
(João 10:32) As boas obras de Jesus
v. 32 Respondeu-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai eu vos tenho mostrado; por qual dessas obras me apedrejais?
Sobre as obras de Jesus como um testemunho a Seu respeito.
(João 10:33) Blasfêmia?
v. 33 Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus.
A acusação contra Jesus parece fundamentar-se em Lv 24:16 (cp. Nm 15:30-31 – Mc 14:61-64).
(João 10:34) Jesus ensina os fariseus
v. 34 Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses?
O ponto de Jesus ao citar Sl 82:6 era que, se os juízes humanos são, em certo sentido, chamados de “deuses” nas Escrituras, essa designação é ainda mais apropriada para Ele próprio.
(João 10:35) A escritura não pode ser anulada
v. 35 Se ele os chamou de deuses a quem veio a palavra de Deus, e a escritura não pode ser anulada,
A afirmação de Jesus de que a escritura não pode ser anulada é evidência de Sua convicção a respeito da inviolabilidade da Palavra escrita do Senhor, mais especificamente, as Escrituras hebraicas (cp. Mt 5:18). Jesus e muitos dos Seus oponentes sustentavam a autoridade da Palavra de Deus.
(João 10:36) Jesus questiona os fariseus
v. 36 àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Tu blasfemas, porque eu disse: Eu sou filho de Deus?
O fato de o texto se referir a Jesus como alguém santificado para o desempenho de uma missão específica, reflete a linguagem usada para outros homens também assim designados como, por exemplo, Moisés, o legislador, Jeremias, o profeta, e os sacerdotes da linhagem de Arão.
(João 10:37-38) Creiam nas obras!
v. 37 Se eu não faço as obras de meu Pai, não acrediteis em mim.
v. 38 Mas, se as faço, ainda que não creiais em mim, crede nas obras; para que saibais e creiais que o Pai está em mim, e eu, nele.
Sobre as obras de Jesus testificando a Seu respeito, ver nota em Jo 5:31-47.
(João 10:39-42) Muitos querem prende-lo
v. 39 Por isso, eles procuravam novamente prendê-lo; mas ele escapou de suas mãos,
v. 40 e retirou-se novamente para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio, e ali ele permaneceu.
v. 41 E muitos recorriam a ele e diziam: João não fez milagre algum, mas todas as coisas que João falava sobre este homem eram verdadeiras.
v. 42 E muitos ali creram nele.
A respeito do lugar onde João batizava, ver nota em Jo 1:28.
5 importantes lições que podemos aprender em João 10
- Jesus é o Bom Pastor: Neste capítulo, Jesus se apresenta como o Bom Pastor que cuida e protege suas ovelhas. Ele conhece suas ovelhas e é conhecido por elas, mostrando a relação íntima que Ele deseja ter conosco.
- O Relacionamento entre o Pastor e as Ovelhas: Jesus destaca a relação especial entre Ele e seus seguidores, comparando-a com a relação de um pastor com suas ovelhas. Isso ressalta a importância do cuidado e da liderança amorosa de Cristo em nossas vidas.
- O Papel do Ouvinte: Jesus enfatiza a importância de suas ovelhas reconhecerem e seguirem sua voz. Isso nos lembra da necessidade de ouvir a voz de Deus em meio ao barulho do mundo e seguir seus ensinamentos com fé e obediência.
- Segurança em Cristo: Jesus promete dar vida eterna às suas ovelhas e protegê-las de qualquer perigo. Isso nos ensina sobre a segurança que encontramos em Cristo e nos encoraja a confiar nele em todas as circunstâncias.
- Unidade e Pertencimento: Jesus fala sobre a unidade das ovelhas em seu rebanho, independentemente de sua origem ou história. Isso destaca a inclusividade do evangelho e nos desafia a valorizar a unidade e o amor entre os seguidores de Cristo.
Conclusão
Concluindo mais um capítulo, em João 10, Jesus faz uma de suas declarações mais conhecidas: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.
A disposição de nos amar foi ao ponto de tirar-lhe a vida, tamanha era a sua dedicação em nos obedecer a Deus.
A motivação é o fato de o cego de nascença, curado no capítulo anterior, ter sido expulso da sinagoga. Jesus utiliza isso para declarar que as ovelhas que lhe pertencem viriam até Ele e seriam acolhidas, sem que nenhuma se perdesse.
Temos um Deus Pai atencioso e bom, totalmente dedicado. O Senhor revela o cuidado e o amor de Deus por nós em suas ações, seu ensino, em suportar os fariseus e sua incredulidade Apesar de tudo, em todo tempo, sempre haverá aquelas pessoas dispostas a crer e se entregar ao Senhor Jesus, honrá-lo e ser grato, por seu perdão, redenção e cura. Amém!
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