Mateus 3 Estudo: A Pregação no Deserto
No capítulo 3 de Mateus, vemos João Batista desenvolvendo seu ministério no deserto da Judéia. Ele começou a pregar sobre o Reino de Deus e a chamar as pessoas para serem batizadas em arrependimento.
Além disso, ele declarou que haveria alguém maior do que ele para julgar e purificar a terra de todas as impurezas. João Batista convidou todos os seus ouvintes a se arrependerem.
Ele os advertiu sobre a farsa religiosa e os encorajou a produzir o fruto do arrependimento sincero. Durante um de seus ministérios e batismos, João Batista foi surpreendido pela aparição de Jesus Cristo.
Ele ficou surpreso ao saber que o Senhor foi batizado por ele e João, por sua vez, relutantemente entendeu que esta era a vontade de Deus e foi batizado por Jesus.
Contexto histórico
De acordo com o contexto, antes de entrar no terceiro capítulo do Evangelho de Mateus, há algumas coisas que devemos examinar.
Primeiramente, o capítulo dois termina quando Jesus era criança. O terceiro capítulo começa quando Jesus tem trinta anos.
Quero dizer, há um intervalo de trinta anos de silêncio entre esses dois capítulos. Por que é isso? O que aconteceu nesses trinta anos?
Jesus veio para ser o Salvador do mundo, e por trinta anos, exceto pela Páscoa, quando seus pais o trouxeram para Jerusalém, ele nunca foi à Palestina a não ser a última casa do povo em que viveu. Acompanhe a seguir o estudo completo de Mateus 3.
(Mateus 3:1) A pregação de João Batista
v. 1 Naqueles dias, veio João, o Batista, pregando no deserto da Judeia,
Naqueles dias significa “durante o tempo de residência de Jesus de Nazaré” em vez de “durante o reinado de Arquelau”.
Afinal de contas, Arquelau reinou de 4 a 6 a.C., muito cedo para João, o Batista ter iniciado seu ministério, uma vez que ele deveria ter menos de 12 anos.
No uso do antigo testamento, “naqueles dias” geralmente se referia a um tempo de cumprimento profético (Is 10:20).
Mateus provavelmente usou a expressão em conjunto com suas referências a profecia cumprida para enfatizar que promessas de Deus estavam se cumprindo por intermédio de Jesus e João Batista, arauto e precursor do Messias.
A localização do ministério de João (deserto da Judeia) faz lembrar o ministério do profeta Elias (1Rs 17:3), o qual, conforme criam muitos judeus, apareceria novamente para preparar o caminho para o Messias (Mt 17:10-13). Josefo descreve o ministério de João de maneira que se ajusta bem de perto aos relatos dos Evangelhos.
(Mateus 3:2) A pregação sobre o arrependimento
v. 2 e dizendo: Arrependei-vos, porque o reino do céu tem-se aproximado.
A mensagem de João focalizava o arrependimento e a vinda do reino do céu.Jesus enfatizou a mesma coisa desde o início de Seu ministério (ver nota em Mt 4:17).
O reino é definido como o governo que Deus exerce por meio da pessoa, da obra, e dos ensinos de Jesus. O chamado arrependei-vos significa que devemos abandonar o estilo de vida pecaminoso e expressar tristeza pelo pecado.
(Mateus 3:3) A preparação dos caminhos
v. 3 Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, dizendo: A voz de um clamando no deserto, preparai o caminho do Senhor, fazei planos seus caminhos.
A aplicação que Mateus faz de Js 40:3 a João Batista nos fala tanto de Jesus quanto de João Batista. Afinal de contas, em seu contexto original a profecia falava de alguém que prepara o caminho para a vinda de Yahuah, o próprio Deus.
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Ao usar o texto a respeito da vinda de Yahuah para descrever a vinda de Jesus, Mateus proclamou que Jesus é divino.
(Mateus 3:4) As vestes de João
v. 4 E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e o seu alimento era locustas e mel silvestre.
As vestes de João eram semelhantes às de Elias (2Rs 1:8) e seu ministério e estilo de vida se comparavam também ao de Elias, e incluíam sua residência no deserto da Judeia, sua dieta austera, seu chamado para que Israel se arrependesse, e sua confrontação com um rei mau e sua esposa. Jesus explicou o sentido destes paralelos em Mt 11:14.
(Mateus 3:5-6) O batismo no Rio Jordão
v. 5 Então vinham a ele Jerusalém e toda a Judeia, e toda a região ao redor do Jordão,
v. 6 e eram por ele batizados no Jordão, confessando os seus pecados.
Embora os judeus exigissem que os gentios descessem às águas para se converterem do paganismo ao judaísmo, João requer que também os judeus arrependidos fossem batizados.
Esta ousada mudança implicava que os judeis não pertenciam a Deus simplesmente em virtude de serem descendentes de Abraão (ver nota em v. 7-9).
Assim como qualquer outra pessoa, os judeus étnicos precisavam arrepender-se para entrar no reino vindouro.
Ao contrário das repetitivas lavagens rituais de outros grupos religiosos, o batismo de João parece ter sido um evento único associado a um arrependimento permanente e a uma vida transformada.
(Mateus 3:7-9) Os frutos dignos do arrependi
v. 7 Mas ele vendo muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Ó geração de víboras, quem vos advertiu para fugir da ira vindoura?
v. 8 Dai, pois, frutos dignos de arrependimento.
v. 9 e não pensai em dizer dentro de vós mesmos: Temos a Abraão por nosso pai, pois eu vos digo que Deus pode, destas pedras, levantar filhos a Abraão.
Em Mt 2:4 os chefes dos sacerdotes e os escribas identificaram o lugar do nascimento do Messias mas não fizeram esforço algum para visitá-lo.
Pelo contrário, a atenção deles estava voltada para o poder mundano. A descrição negativa é agora seguida pela acusação de João de que os principais sacerdotes dos judeus eram uma geração de víboras (ver nota em Mt 12:34) fugindo da ira de Deus Vindoura.
João enfatizou que o reino vindouro seria acompanhado por bênçãos para o povo de Deus e por punição para os que não se arrependerem.
João sabia que os fariseus e saduceus não tinham a intenção de confessar os seus pecados porque presumiam que a descendência de Abraão garantia que eles escapariam da ira de Deus.
Esta crença se refletiu na Mishná, que declarou: “Todo o Israel terá parte no mundo vindouro”.
A declaração de João sobre fazer surgir filhos de Abraão destas pedras envolve um jogo de palavras em aramaico.
A palavra filho (ben) soa de modo parecido à palavra pedra (eben). Uma pedra não possui qualquer valor intrínseco, no entanto, o Deus Todo-Poderoso pode transformar rocha inútil em uma pessoa e incluí-la em Seu povo pactual se assim o desejar (Is 51:1-2).
Consequentemente, a descendência de Abraão não dava aos judeus motivos para vanglória. A advertência de João prenuncia a incorporação dos gentios crentes no povo de Deus, um importante tema no Evangelho de Mateus.
(Mateus 3:10) As árvores que não dão bons frutos
v. 10 E também agora está posto o machado à raiz das árvores; pois, toda árvore não produzindo fruto bom, é cortada e lançada no fogo.
Assim como o dono de um pomar punha o machado às arvores improdutivas, assim também Deus punirá aqueles que deixarem de produzir “fruto dignos de arrependimento” (v. 8).
Nos ensinos de João e de Jesus, fruto representa as boas obras que resultaram de uma milagrosa transformação interna (Mt 7:15-20).
Mais tarde, a maldição da figueira e a parábola dos lavradores perversos ilustrarão as consequências de se deixar de produzir bons frutos (Mt 21:18-22).
(Mateus 3:11) O arrependimento e o batismo
v. 11 Eu realmente vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujos calçados não sou digno de carregar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
A remoção dos calçados do dono era uma tarefa tão humilde que os hebreus possuidores de escravos ou servos não podiam exigi-la de escravos hebreus.
Todavia, João se viu como indigno de efetuar para Jesus a própria tarefa que os escravos eram dispensados de fazer.
O Batista expressou sua profunda humildade porque Jesus era mais poderoso do que ele, e este grande poder se expressava por meio de um novo batismo que era imensamente superior ao de João.
O batismo de João era uma expressão pública de arrependimento, mas este batismo não podia mudar o coração de uma pessoa.
Jesus, porém, batizou os arrependidos com o Espírito Santo, e os tornou santos por meio de uma transformação interna.
A citação que Mateus fez de Jr 31:15 em Mt 2:18 pretendia, provavelmente, trazer à lembrança dops leitores a promessa do novo pacto (Jr 31:31-34).
A referência ao batismo com o Espírito recorda a promessa relacionada em Ez 36:24-27 na qual Deus declarou, “E eu colocarei o meu espírito dentro de vós, e vos farei andar nos meus estatutos, e guardareis os meus juízos, e os farei”.
Esta obra do Espírito foi salientada novamente no batismo de Jesus. Jesus teria o poder para transformar o caráter humano de um modo que João não podia.
Jesus também batizaria o povo com fogo, uma referência ao julgamento divino contra pecadores impenitentes.
(Mateus 3:12) A separação do joio e do trigo
v. 12 Cuja a joeira está em sua mão, e limpará minuciosamente a sua eira; recolherá no celeiro o seu trigo, mas queimará a palha no fogo inextinguível.
A joeira era usada para lançar os grãos de trigo ao ar para separar do joio. O vento soprava a casca inútil (chamada palha) para longe enquanto os grãos, sendo mais pesados, caíam na eira.
A palha então era recolhida e queimada. A parábola de João descrevia, assim, um futuro julgamento divino no qual todas as pessoas são joeiradas, tendo como resultado que os seguidores do Messias serão preservados por Deus, enquanto os impenitentes são juntados para punição.
Apesar de a palha ser altamente inflamável e rapidamente consumida pelo fogo, dando possivelmente a imprensão de que o julgamento divino é apenas temporário, João deixou claro que o fogo que aguarda os impenitentes nunca se apagará.
A punição de Deus contra os pecadores impenitentes é eterna.
(Mateus 3:13) O batismo de Jesus
v. 13 Então Jesus foi da Galileia ao Jordão ter com João, para ser batizado por ele.
Aparentemente, Jesus e Sua família ainda viviam em Nazaré (na Galileia) nessa ocasião.
(Mateus 3:14) A santidade de Jesus
v. 14 Mas João o impedia, dizendo: Eu que tenho necessidade de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
João o impedia porque reconhecia a superioridade de Jesus. Além disso, por sua declaração, o Batismo identificou Jesus como o Santo que viria depois dele (v. 11).
João sabia que ele necessitava do batismo de Jesus, o batismo com o Espírito, mas ele também compreendia que o Jesus sem pecado não buscava a água do batismo como expressão de arrependimento.
(Mateus 3:15) Jesus insiste no batismo
v. 15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa que assim seja por agora, pois nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu.
Jesus explicou que o batismo era essencial para a Sua perfeição. Jesus desejava agradar Seu Pai, obedecendo às ordens dos profetas (João foi o maior dos profetas; Mt 11:9-13), e identificando-se com a causa dos justos de Deus entre o povo.
Se Ele tivesse se recusado a participar do batismo de João, Jesus se assemelharia a um rebelde, em vez daquele que veio para cumprir toda a justiça.
(Mateus 3:16) A consumação do batismo de Jesus
v. 16 E Jesus, quando foi batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
O abrir dos céus demonstra que tanto a voz quanto o Espírito descendente procediam do céu e eram divinos. Os judeus do primeiro século associavam a pomba ao Espírito, uma vez que Gn 1:2 descreve o Espírito com movendo-se sobre a face das águas.
O verbo hebraico traduzido por “mover-se” é o mesmo termo usado para descrever um pássaro agitando rapidamente as asas. Consequentemente, tanto os Rolos de Qumran como o Talmude associam o Espírito de Deus em Gn 1:2 com a pomba.
A descida do Espírito alude assim a Gn 1 e identifica Jesus não somente como alguém capacitado pelo Espírito, mas também como alguém que traz nova criação (2Co 5:17).
(Mateus 3:17) A voz de Deus
v. 17 E eis que uma voz do céu dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
O Pai fala diretamente somente duas vezes em Mateus – aqui no batismo de Jesus e mais tarde na transfiguração. Em ambas as ocasiões, Ele identificou Jesus como Seu Filho e expressou que o aprovava (ver nota em Mt 17:5).
As palavras do Pai no batismo de Jesus combinam dois textos importantes do antigo testamento: Sl 2:7 e Is 42:1.
O Salmo 2 era um cântico entoado na coroação de resi de Israel. Ao aplicar este texto para Jesus, o Pai o identificou como um rei divinamente designado que reinaria com autoridade divina e cujo reino se estenderia aos confins da terra (Sl 2:1-12).
A alusão a Is 42 identificou Jesus como o Servo, a figura messiânica que, segundo a promessa de Is 53:5, seria “ferido por nossas transgressões, ele foi esmagado por nossas iniquidades”.
Mateus 12:18-21 explicitadamente aplica Is 42 a Jesus, e Mt 8:17 claramente aplica Is 53 a Jesus. Com este contexto do antigo testamento em mente, vemos que as palavras do Pai identificam Jesus como Rei e Salvado.
5 importantes lições que podemos aprender em Mateus 3
- O Ministério de João Batista: Mateus 3 nos apresenta João Batista, um profeta que veio preparar o caminho para Jesus. Isso nos ensina sobre a importância da preparação espiritual e do arrependimento antes de encontrar o Messias.
- O Batismo de Jesus: Neste capítulo, Jesus é batizado por João Batista no rio Jordão. Isso nos mostra o exemplo de Jesus em cumprir toda a justiça e nos ensina sobre a importância do batismo como um ato de obediência e identificação com Cristo.
- A Voz do Pai e a Descida do Espírito Santo: Após o batismo de Jesus, uma voz do céu é ouvida dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Além disso, o Espírito Santo desce sobre Jesus em forma de pomba. Isso confirma a identidade divina de Jesus e nos lembra da presença da Trindade em Seu ministério terreno.
- O Chamado ao Arrependimento: João Batista prega um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados, preparando o caminho para a vinda do Reino de Deus. Isso nos lembra da importância do arrependimento como um requisito para experimentar a salvação e a transformação espiritual.
- O Julgamento e a Promessa do Messias: João Batista adverte sobre o julgamento iminente e exorta as pessoas a produzirem frutos dignos de arrependimento. Ele também aponta para o Messias que está por vir, aquele que trará o julgamento e a salvação final. Isso nos desafia a viver vidas de retidão e a estar preparados para o retorno de Cristo.
Conclusão
Concluímos, portanto, que se alguém tem uma visão, sua questão imediata é como tornar essa visão uma realidade; é preciso encontrar uma maneira de transformar o sonho em uma realidade concreta.
Diante disso, este foi exatamente o problema que Jesus enfrentou. Ele veio para levar as pessoas a Deus. O que devo fazer? Que método você vai tomar? Você adotará os métodos de um poderoso conquistador, ou um amor paciente e sacrificial? Este é o problema exposto na tentação. Ele aceitou a tarefa e cumpriu a vontade de Deus aqui na terra.
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